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sexta-feira, 23 de junho de 2017

Quando Perdes Tudo Não Tens Pressa de Ir a Lado Nenhum

Autor: Dulce Garcia
Edição: 2017/ fevereiro
Páginas: 272
ISBN: 9789897022524
Editora: Guerra & Paz

Sinopse:
Um homem, duas mulheres, uma criança. A história de um triângulo amoroso à luz do que são hoje as relações sentimentais, marcadas por separações e recomeços e jogos psicológicos variados. Um romance onde se fala de paixão, desejo, raiva e um medo incrível da loucura. Também tem ameaças, mentiras e sexo. E humor, esse lado cómico que existe em todos os episódios, até nos mais trágicos.
O que nos leva a apaixonarmo-nos e deixar tudo para trás? Como é possível mentirmos para obrigarmos alguém a ficar ao nosso lado. É normal um pai não gostar de um filho? E o amor, sempre o amor, é hoje uma doença ou a única terapia?
Isabel sempre disfarçou os seus sentimentos debaixo de uma capa de serenidade, sobretudo desde que o irmão enlouqueceu depois de assistir a uma autópsia. Mas apaixona-se.
Uma história de amor escandalosamente contemporânea, que fala de desejo e raiva, da violência do fim dos casamentos e da luta em torno da guarda dos filhos, da culpa de quem decide partir e de como isso pode arrasar o futuro.


A minha opinião:
"O amor é o único lugar onde os adultos recuperam uma parte da infância."  (pag. 126)

Depois de um romance histórico numa perspectiva feminina, nada melhor do que ler um romance atual com ambas as perspetivas, alternadamente, a feminina e a masculina. Um primeiro romance com muito génio, perspicácia e humor. A temática não é fácil. E nem todos poderão querer ler um romance acerca de um triângulo amoroso num jogo psicológico tão comum hoje em dia. Afinal, andamos todos atrás da felicidade, procuramos escapar à solidão e é tudo tão intenso e dramático que se torna ridiculo, cruel e imaturo. Com "bagagem" se chega e com mais "bagagem" se parte e daí os saltos temporais em que se ganha em entendimento e nada se perde da estória. 

Atrevo-me a escrever que o título é perfeito. Longo, mas combinado com a capa e a sinopse ficamos logo com uma ideia do que se espera desta leitura. E é mais, muito mais. Um romance que não se deve perder. Sem pressa, ler e descobrir pontos em comum que nos podem levar a alguns lugares. 

"Que estranha raça (...) A nossa. Fazemos os possíveis por passar cada vez menos tempo sozinhos; arranjamos amantes, amigos, empregos absorventes e doenças que nos afastem da consciência; procuramos a salvação fora do casulo quando o único sentido da vida está no forro do que somos." (pag. 18) 

"O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou do coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sózinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguém antes de terminar de lembrá-lo."  (pag.95) 

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