Páginas

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Ao Sol de Tânger

Autor: Christine Mangan
Edição: 2018/ setembro
Páginas: 288
ISBN: 9789722362641
Tradutor: Miguel Romeira
Editora: Presença

Sinopse:
A última pessoa que Alice espera ver quando chegou a Tânger, com o seu novo marido, é Lucy Mason. Depois de um acidente em Bennington, as duas jovens - outrora colegas de quarto inseparáveis - não se viam há mais de um ano. Mas ali está Lucy, a tentar reparar as coisas e recuperar a cumplicidade de antigamente. Alice talvez devesse sentir algum alívio por ter ali uma amiga, ela ainda não conseguiu adaptar-se à sua vida em Marrocos; tem medo de se aventurar na confusão das medinas e o calor opressivo apavora-a. Lucy, independente e destemida como sempre, ajuda Alice a sair do apartamento e a explorar o país. Porém, Alice depressa dá por si dominada por um sentimento que já conhece: o controlo constante de Lucy.

Para agravar a situação, John, o marido de Alice, desaparece e ela começa a questionar tudo à sua volta: a relação com a sua enigmática amiga, a decisão de se mudar para Tânger e até a sua própria sanidade mental. Uma história afiada como um punhal, numa estreia literária cheia de peripécias, exotismo e charme, escrita com tal mestria, que deixará o leitor arrebatado.

A minha opinião:
Gosto da capa. Bem escolhida. Facilmente e sem nada saber imaginei o tempo e o lugar.  E assumi que seria a foto de Lucy, quem dizia sempre o que lhe ia na cabeça, sabia o que queria e tratava de o conseguir.

Alice... é a outra personagem. Uma jovem mulher marcada pela morte dos pais e com algumas sombras que a rodeavam. 

E Tânger, uma estranha cidade sem lei que pertencia a todos e a ninguém, que pelo peso que tem na história é em si uma personagem com os seus odores, ruídos e clima. 

O enredo é sobre a estranha relação destas duas mulheres, outrora amigas, que alternadamente contam a sua versão. A ligação lembra a série de Elena Ferrante, apesar de o desiquilíbrio de forças entre elas ser mais acentuado. 

Mais um thriller, de estreia, muito competente. Cinematográfico, o que muito apreciei. Mistério, suspense e intriga.

sexta-feira, 16 de novembro de 2018

A Última Mentira

Autor: Kimberly Belle
Edição: 2018/ junho
Páginas: 304
ISBN: 9789897103179
Tradutor: Ester Cortegano
Editora: Chá das Cinco

Sinopse:
O casamento de Iris e Will é perfeito: uma mansão num bairro excelente, carreiras apaixonantes e a excitação de tentarem ter o primeiro filho. Mas na manhã em que Will parte para uma viagem de negócios a Orlando, o mundo idílico de Iris desmorona-se. Um avião que se dirigia para Seattle despenhou-se e, de acordo com a companhia aérea, Will é uma das vítimas mortais.

Confusa e arrasada pela dor, Iris pensa que só pode ser um mal-entendido. Mas à medida que o tempo passa e não há sinal de Will, ela aceita relutantemente que ele morreu. Ainda assim, precisa de respostas. Porque é que Will mentiu sobre o destino da viagem? O que ia fazer a Seattle? E que mais mentiras contou? Infelizmente, há perguntas que só devemos fazer quando estamos preparados para as respostas.

A minha opinião:
Acabei de ler este livro sem saber bem o que opinar. Durante boa parte do livro achei que não convencia, mas mais para o fim conseguiu entusiarmar-me e o fim agradou-me mesmo. O idílio de sete anos de casamento desfaz-se com um trágico acidente de avião em que Iris descobre um rol de mentiras do seu perfeito marido. Não me chocou que uma psicóloga não se tenha apercebido. A paixão tira a lucidez e discernimento dos mais aptos e a relação era tão boa que tentavam ter um filho, contudo a narrativa não evoluiu como eu esperava e não me provocou aquele frémito de ansiedade que gosto, talvez, porque leio muito. 

Gostei da caracterização de um narcisista que dá credibilidade profissional à protagonista. Gostei da Iris e da sua familia. Gostei de Evan. E depois a busca de dados no rasto das pistas que ia apurando fazia sentido, mas... faltou algo. A surpresa. Nem o vilão me enganou.

 Enfim... um thriller "doméstico" mediano.

sábado, 3 de novembro de 2018

Se Esta Rua Falasse

Autor: James Baldwin
Edição: 2018/ setembro
Páginas: 208
ISBN: 9789896656461
Tradutor: José Mário Silva
Editora: Alfaguara

Sinopse: 
Se esta rua falasse, esta seria a história que contaria: Tish, 19 anos, apaixona-se por Fonny, que conhece desde criança. Fazem juras de amor e conjuram sonhos para a vida a dois. Sensual, violento e profundamente comovente, este romance é uma bela canção de blues, de toada doce-amarga, com notas de raiva e ainda assim cheia de esperança. Publicado pela primeira vez em 1974, Se esta rua falasse é o quinto romance de James Baldwin, um dos nomes maiores da literatura americana do século XX e uma das vozes mais influentes do activismo pelos direitos civis.

Um romance manifesto contra a injustiça da justiça e uma história de amor intemporal, é hoje tão pertinente e tão comovente quanto no dia da sua publicação. 

A minha opinião: 
Uma tremenda história de amor. Belíssima como o são todas as grandes histórias de amor. E pungente. 

Escrita simples e inspirada que encanta e desarma quando se trata de pobreza, preconceito e despotismo. Mesmo entre negros, no Harlem, algumas décadas atrás. Se considerarmos que, James Baldwin faleceu em 1987 e fugiu ao racismo e homofobia, percebemos a atualidade deste romance, que provoca alguma angústia, sendo por isso um tanto difícil de ler. Essencial quando esses mesmos problemas ressurgem um pouco por todo o lado.

Fonny, o amor de Tish, narradora e protagonista, é acusado e preso por um crime que não cometeu e tudo gira à volta do esforço para o libertar, enquanto nos dá a conhecer as pessoas que são e o meio onde se movem.  

As personagens são grandiosas e inesquecíveis. Adorei a família de Tish, bem como os protagonistas, claro, e abominei a mãe e irmãs de Fonny. 

O final deixou-me abismada, e no primeiro momento não o entendi. Tive que ler e reler e fiquei naquela "será que é o copo meio cheio ou meio vazio"? Aconteceu o melhor ou o pior aquele jovem casal que tanto sofreu? Depois de uma perda conclui que foi o melhor mas... bolas... custou.