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quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

BALANÇO 2018


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Eliete

Autor: Dulce Maria Cardoso
Edição: 2018/ novembro
Páginas: 308
ISBN: 9789896714581
Editora: Tinta da China

Sinopse:
Novo romance de Dulce Maria Cardoso, sete anos depois do estrondoso sucesso de O Retorno, o livro que pôs Portugal a falar pela primeira vez sobre os retornados, o maior tabu da sua história recente.

Eliete é um romance construído em torno da protagonista homónima, e é o seu mundo que Dulce Maria Cardoso apresenta agora aos leitores. Estar a meio da vida é como estar a meio de uma ponte suspensa, qualquer brisa a balança. A vida da Eliete vai a meio e, como se isso não bastasse, aproxima-se um vendaval.

Mas este é ainda o tempo que será recordado como sendo já terrivelmente estranho, apesar de ninguém dar conta disso. Porque tudo parece normal. Deus está ausente ou em trabalhos clandestinos. De tempos a tempos, a Pátria acorda em erupções festivas, mas lá se vai diluindo. E a Família?


A minha opinião:
Adoro os livros da Tinta da China. Bonitos, jeitosinhos e com fitinha marcador. Um mimo!

Eliete é um nome estranho, não é banal, apesar disso esta mulher nada tem de extraordinário e muito em comum com outras da mesma faixa etária que acumularam memórias e sentir. 

A escrita de Dulce Maria Cardoso e a narrativa na primeira pessoa, merecem uma leitura atenta. Não sei se para todos porque as vozes são maioritáriamente femininas. 

Eliete é a protagonista. Casada, duas filhas adultas e uma profissão irrelevante, sente-se só e mal amada. A avó marca uma viragem quando tem um surto e é hospitalizada. A mãe e as filhas Márcia e Inês são personagens de fundo com pouco relevo, mas impactantes no percurso de Eliete, assim como a amiga Milena. Mulheres sem presença masculina forte, com exceção da avó que viveu com o Sr. Pereira. O final do campeonato europeu de futebol em 2016 é outro acontecimento marcante na existência desta mulher que decide agir em sigilo e ... mudar. 

Poderia ser aborrecido ou mais um romance de uma mulher de meia idade insatisfeita neste Portugal pequenino de clima ameno e brandos costumes, mas a inteligência emocional e a sensibilidade de Eliete tornam este romance empolgante e viciante, que dá que pensar e recordar. Continua...

Imperdível.

terça-feira, 18 de dezembro de 2018

Anoitecer no Paraíso

Autor: Lucia Berlin
Edição: 2018/ novembro
Páginas: 280
ISBN: 9789896655907
Tradutor: Ester Cortegano
Editora: Alfaguara 

Sinopse:
Do Texas ao Chile, do México a Nova Iorque, Lucia Berlin vislumbra beleza nos lugares mais sombrios e pressente escuridão quando tudo parece ser cristalino.

Há um par de anos, o panorama literário mundial foi sacudido por uma colectânea de contos de uma escritora desaparecida e quase esquecida. Era Manual para mulheres de limpeza. A autora, Lucia Berlin, conquistou então o lugar que justamente lhe deveria ter pertencido antes: colocando-se entre os favoritos da crítica e dos leitores e ganhando comparações a Raymond Carver, Alice Munro, Anton Chekhov, Charles Bukowski.

A singular capacidade de Berlin para representar a beleza e a dor da rotina e da vida, a sua desarmante honestidade, o seu irresistível magnetismo, a sua subtil mas inquietante melancolia, as suas personagens tão próximas da vida. Tudo isto se encontra com grande intensidade em Anoitecer no paraíso, uma colectânea que é um deleite para os todos os leitores que se apaixonaram por Lucia Berlin ou um convite aos que ainda não o fizeram.

Volume indispensável da obra de Lucia Berlin, Anoitecer no paraíso foi preparado pelo filho da autora, e está recheado de pequenos tesouros da literatura, inéditos em português.

A minha opinião:
O poder e a beleza das palavras. Algo para saborear e ponderar, como referiu o filho de Lucia Berlin no prefácio. Histórias verdadeiras; não necessáriamente autobiográficas do bando Berlin, mas afinal o que interessa são as histórias que conta. E como as conta! Não são histórias felizes, apresentam momentos alegres, descontraídos, descritos com minúcia e exaltação, mas também com crueza e mágoa. Solidão, vicios, violência e amor. Mulheres fortes, mulheres maduras, anseiam por romance. 

Estranho sortido de histórias, do quotidiano, de diferentes épocas, em distintos lugares, que tanto são extraordinárias como inesperadas. O belo e o grotesco andam a par. Incomodam. Fazem nos olhar para dentro e perceber as contigências da vida e das relações. 

Um talento desaparecido e eterno - Lucia Berlin.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

A Casa à Beira Mar

Autor: Debbie Macomber
Edição: 2018/ setembro
Páginas: 320
ISBN: 9789897761829
Tradutor: Susana Serrão
Editora: IN

Sinopse:
Annie Marlow passou por uma tragédia impensável e decide partir para o único lugar onde se lembra de ter sido feliz: uma casa à beira-mar numa pequena cidade na zona costeira do Noroeste Pacífico. Uma vez lá, Annie começa a restaurar o seu espírito destroçado e apaixona-se por Keaton, que lhe oferece conforto e alívio para a dor. No entanto, a vida tende a colidir com os nossos sonhos e, quando surge uma oportunidade única, Annie tem de decidir se volta a partir ou se permanece na segurança do refúgio - e do homem - que veio a chamar de lar.

A minha opinião:
Depois de algumas leituras mais inquietantes procurei uma história mais serena, até que me deparei com este romance de Debbie Macomber que comprara recentemente, e foi ... redentor, ou não fosse uma história de personagens magnanimas em processo de cura, depois de graves perdas, numa pequena cidade de veraneio. A protagonista, Annie, viu a sua vida mudar drásticamente e procurou recomeçar no lugar onde tinha sido feliz, mas alerto que todas as personagens são emocionalmente envolventes e tem algo para contar nesta história iluminada. LINDO!

(Não gosto de revelar muitos detalhes para não perderem o prazer da descoberta).

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

A Sereia de Brighton


 
Autor: Dorothy Koomson
Edição: 2018/ agosto
Páginas: 512
ISBN: 978-972-0-03115-0
Tradutor: T
Editora: Porto Editora

Sinopse:
Praia de Brighton, 1993

As adolescentes Nell e Jude descobrem o corpo de uma jovem na praia e, quando ninguém o reclama, a vítima passa a ser conhecida como A Sereia de Brighton. Três semanas mais tarde, Jude desaparece e Nell, ainda chocada com os acontecimentos na praia, fica completamente desamparada.

Passados 25 anos, Nell vive atormentada pelo passado, abandonando o emprego para descobrir a verdadeira identidade da jovem assassinada – e o que aconteceu à amiga naquele verão inesquecível.

Quanto mais perto fica da verdade, maior é o perigo. Alguém parece estar a seguir cada passo de Nell, que já não sabe em quem confiar.

Da autora bestseller de a filha da minha melhor amiga, chega-nos uma intrigante história sobre irmãs, segredos e crime.

A minha opinião:
O mistério da Sereia de Brighton durou vinte e cinco. 
Duas adolescentes encontraram o corpo e enquanto uma desapareceu logo de seguida, a outra viu a sua familia ser atormentada e traumatizada pela perseguição policial.

Alternando passado e presente vamos desvendando os contornos deste crime que, Nell procura resolver pelo ADN. A narrativa é partilhada entre Nell e a irmã Macy, também ela com sequelas, como transtorno obsessivo compulsivo. Nell é uma personagem forte com uma missão. Os homens da vida das duas irmãs são... questionáveis. 

Racismo, violência policial, maus tratos infantis são os temas de fundo deste recente romance de Dorothy Koomson, que ficou muito áquem das minhas expectativas. Longo, muito longo, não desenvolvia como eu gostaria, apesar dos capítulos curtos, que ajudam um pouco.

Enfim... não gostei muito.

sábado, 1 de dezembro de 2018

O Silêncio da Cidade Branca




Autor: Eva G. Saénz de Urturi
Edição: 2018/ julho
Páginas: 488
ISBN: 9789892342603
Tradutor: Tânia Sarmento
Editora: Lua de Papel

Sinopse:
Vinte anos depois, a cidade de Vitoria volta a ser assolada por uma série de assassinatos macabros. São em tudo iguais aos crimes do passado. Mas há um pequeno senão: o suposto assassino está preso.

Na altura a imprensa chamou-lhes Os Crimes do Dólmen. Porque foi num dólmen que encontraram as primeiras vítimas: dois recém-nascidos unidos num abraço macabro. Seguiram-se várias outras mortes, encenadas com requinte em monumentos históricos. Tinham sido crimes quase perfeitos. Mas o assassino - um arqueólogo brilhante - acabou por ser apanhado, pelo seu não menos brilhante irmão gémeo, então inspetor da polícia. Caso encerrado. Ou talvez não. na altura Unai era adolescente. Vivia obcecado com os crimes, mas aterrorizado com a perspetiva de ser a próxima vítima. 

Passados vinte anos, tornou-se um profiler implacável, especializado em assassinos em série. e quando o chamam à Catedral Velha de Vitoria, um calafrio percorre-o. nos claustros encontra dois cadáveres e a mesma arrepiante encenação: nus, abraçados, com abelhas vivas na garganta… Mas pistas, nenhumas.

Unai, dá início à caçada. e as suas investigações levam-no a mergulhar a fundo na história da cidade, nos seus antiquíssimos mitos, lendas, segredos. 
Thriller arrepiante, que vendeu meio milhão de exemplares em Espanha, envolve o leitor numa cidade fascinante, Vitoria, que já tinha servido de cenário e inspiração a Os Pilares da Terra, de Ken Follet.

A minha opinião:
Li grandes livros e não me refiro às suas dimensões. Sei que os vou estimar e mais tarde reler.

O Silêncio da Cidade Branca é um destes livros e uma das minhas melhores leituras de sempre e são muitos os que constam nesse registo. Apaixonante. Thriller policial de uma trilogia que anseio ler. 

A capa belíssima e sombria sugeria-me outro género de literatura, mais crua e difícil de processar e não podia estar mais equivocada.

Assassínios com rituais que atentam contra os usos e costumes em lugares históricos de Vitoria. Um único cérebro com poder para mudar a vida de tantas pessoas que nada tinham a ver com os seus motivos.  Um assassino que retoma os seus crimes vinte anos depois. Pontos do passado que conduzem ao presente porque se ligam com personagens que reconhecemos como próximos numa cidade com um cenário de encantar. Tudo conjugado numa narrativa vibrante e envolvente que se desenrola a um bom ritmo e sem que seja possível antecipar quem é o psicopata. Um livro que se lê compulsivamente.  

Por tudo isto e para não gorar expectativas, nada mais acrescento. Apenas não deixem de ler. Muito provavelmente vão gostar!