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quinta-feira, 30 de maio de 2019

Magníficos Estranhos

A minha opinião:
Planeei ler este livro para o projecto de leitura a decorrer "A ler vamos chamar a Primavera" e na primeira tentativa parei na pag. 56 goradas as minhas expectativas.

Mais tarde, retomei e li até ao fim com agrado. Não é uma história que me tenha apaixonado, apesar de bem escrita e sem pontas soltas, para mais sendo um romance de estreia, mas faltou aquele suspense que inquieta e um ritmo mais acelerado que prende. As personagens convencem e a narrativa em três tempos com três narradores está bem feita e explora bem a premissa da importância das histórias que contamos acerca nós mesmos e dos outros. 

Charlie tinha que desvendar a verdade sobre os seus Magníficos Estranhos. E eu precisava de confirmar as minhas suspeitas. Ainda assim, foi um desfecho muito bem conseguido que fechou com chave de ouro.

Autor: Elizabeth Klehfoth
Edição: 2019/ março
Páginas: 464
ISBN: 9789897800726
Editora: Casa das Letras

Sinopse:
Num magnífico dia de verão, Grace Fairchild, a belíssima mulher do magnata do Mercado imobiliário, Alistair Calloway, desaparece da casa de campo da família sem deixar rasto, deixando para trás a filha de sete anos, Charlie, e uma série de perguntas sem resposta.

Anos mais tarde, Charlie continua a lutar com a obscura herança do nome da sua família e o mistério em torno do desaparecimento da mãe. Decidida a, finalmente, pôr o passado por trás das costas, Charlie mergulha na vida escolar de Knollwood, a prestigiada escola de Nova Inglaterra que frequenta, e rapidamente se integra entre a elite da escola.

Charlie foi igualmente escolhida pelo A, a sociedade secreta de elite da escola, conhecida por aterrorizar a faculdade, a administração e os seus inimigos. Pars se tornar membro da mesma, Charlie terá de participar no Jogo, uma caça ao tesouro de alto risco, durante um semestre inteiro, que comprometerá as suas amizades, a sua reputação e até o seu lugar em Knollwood.

À medida que os acontecimentos do passado e do presente convergem, Charlie começa a temer que poderá não sobreviver à terrível verdade sobre a sua família e colocar a sua vida em risco.

segunda-feira, 27 de maio de 2019

Uma Gaiola de Ouro

A minha opinião:
Brutal! Adorei.
Não estou a fazer o comentário "a quente" como a Dora Santos Marques porque o acabei de ler ontem, às tantas, tal era o entusiasmo em confirmar o desfecho que desejava. 

Adoro romances no feminino e adorei Faye, aliás Matilda, uma jovem marcada pelo passado que queria esquecer. Faye queria acreditar que tinha uma vida de sonho. 

Jake é um estereótipo que subestima e estupidifca mulheres mais espertas do que ele. Infelizmente, não é tão ficcional como gostaria. Depois, há Johan e Robin. Bons homens. Chris e Kerstin. Boas amigas. E há a vingança com que eu me deleitei.

Não li outros livros de Camilla Läckberg e não posso fazer comparações, mas vou querer ler mais desta sua incursão feminista.

Imperdível.

Autor: Camilla Läckberg
Edição: 2019/ abril
Páginas: 408
ISBN: 9789896657420
Editora: Suma de Letras

Sinopse:
Uma história dramática sobre fraude, redenção e vingança.

Aparentemente, Faye parece ter tudo. Um marido perfeito, uma filha que muito ama e um apartamento de luxo na melhor zona de Estocolmo. No entanto, algumas memórias sombrias da sua infância em Fjällbacka assombram-na e ela sente-se cada vez mais como se estivesse presa numa gaiola de ouro.

Antes de desistir de tudo pelo marido, Jack, era uma mulher forte e ambiciosa. Quando ele a engana, o mundo de Faye desmorona-se e ela tudo perde, ficando completamente devastada. É então que decide retaliar e levar a cabo uma cruel vingança…

Uma Gaiola de Ouro é um romance destemido sobre uma mulher que foi usada e traída, até tomar conta do próprio destino.

quinta-feira, 23 de maio de 2019

A Vida Escondida Entre os Livros

A minha opinião:
Uma livraria não é mágica, mas pode roubar-nos o coração... ou lentamente curar um coração. 

Uma das últimas frases deste livro que percebi depois de o ler. Loveday curou o dela e eu encantei-me, não com a livraria mas com as maravilhosas personagens.  

A narrativa terna divide-se entre passado com o título Crime e presente como Poesia e gradualmente vamos vislumbrando o que se passou na vida de Loveday que a levou a refgugiar-se nos livros que a salvaram e a pocurar ser invisível. Uma relação falhada ainda a atormenta e Rob insiste em reatar. Archie é o excêntrico dono da livraria de livros em segunda mão que lhe deu um emprego quando a apanhou a roubar um livro.  

Não li a sinospse e não era o que eu esperava. Esperava menos e recebi mais. Esperava muitas referências a livros (e não são tantas assim) e ao seu poder curativo e fui surpreendida com a força do amor filial. O tema subjacente é a violência domèstica que de todo não estava à espera. Um romance mágico de amor e redenção. Tão bom. 

Autor: Stephanie Butland
Edição: 2019/ março
Páginas: 304
ISBN: 9789898917737
Editora: TopSeller

Sinopse:
Era uma vez uma rapariga que confiava os seus segredos aos livros...

No coração de York, em Inglaterra, uma pequena livraria tornou-se o refúgio da jovem Loveday Cardew — o único sítio em que a tímida livreira se sente segura. Só aí pode cuidar dos livros da mesma forma que os livros cuidam de si, ensinando-a a entender os sentimentos que a inquietam: a solidão, com Anna Karénina; a alegria de viver, com A Feira das Vaidades; as paixões avassaladoras, com O Monte dos Vendavais. Depois de uma tragédia que lhe roubou tudo, uma infância passada com uma família de acolhimento e um relacionamento falhado, não é de admirar que Loveday prefira os livros às pessoas. Até que um dia, numa paragem de autocarro, ela encontra um livro perdido. Em busca deste livro surge Nathan, um poeta que se deixa encantar pela jovem livreira mas que não consegue quebrar a sua barreira de gelo, a não ser com a ajuda de Archie, o excêntrico dono da livraria onde trabalha.

Mas é quando os livros da sua infância começam a aparecer misteriosamente na livraria, que Loveday terá de aprender a confiar nos outros, para descobrir quem será a pessoa do seu passado que está a tentar contactá-la.

Terá ela coragem para revelar a vida que, durante tantos anos, tentou esconder entre os livros?

terça-feira, 21 de maio de 2019

A Única História

A minha opinião:
Julian Barnes continua igual a si próprio, com uma trama de uma simplicidade desarmante que se revela de uma complexidade estonteante. Sentimentos e emoções que vemos à lupa guiados pela memória de Paul. Divertido, de início, questiona que palavra usaríamos para descrever uma relação entre um rapaz de dezanove anos e uma mulher de quarenta e oito. E conta a sua história. A única que interessa. 

A narrativa analítica abrange relacionamentos e sentimentos, muitas vezes tristes, descodificando, uma relação desigual como esta. Afinal... andamos todos à procura de um lugar seguro. E se não o encontrarmos, então temos de aprender a passar o tempo. 

Contrariamente ao que seria de se esperar, não se trata de uma paixão avassaladora que derruba barreiras. Um amor envergonhado, em que as restantes personagens como o marido e as filhas de Susan, a amiga Joan ou os amigos e pais de Paul não têm relevo. Personagens sem brilho ou alegria.

Os romances de Julian Barnes são para ler devagar. A fleuma inglesa no seu melhor.

Autor: Julian Barnes
Edição: 2019/ abril
Páginas: 256
ISBN: 9789897224690
Editora: Quetzal

Sinopse:
«Preferiam amar mais e sofrer mais; ou amar menos e sofrer menos?» É com este convite à reflexão - um enunciado falso, já que não temos escolha, pois não se controla o quanto se ama - que Barnes inicia o seu mais recente romance.

À guisa de preâmbulo, o narrador faz-nos notar que, embora todos tenhamos imensas histórias, inúmeros acontecimentos e ocorrências que transformamos em histórias, cada um de nós tem apenas uma, aquela história - a que contamos mais vezes, nomeadamente a nós mesmos. E a primeira questão que se levanta é se o facto de a contarmos e recontarmos nos aproxima da verdade.

A história do narrador deste livro é a da relação amorosa que se inicia entre ele, um jovem de dezanove anos e a senhora Macleod, uma mulher casada de quarenta e muitos, durante um jogo de ténis.

quinta-feira, 16 de maio de 2019

Em Queda Livre

A minha opinião:
Li sobre uma mulher à beira de um ataque de nervos, se não tomasse algo que a ajudasse a relaxar.  Uma vida aparentemente perfeita que saiu dos eixos com a maternidade, a mudança para os subúrbios e o abdicar da carreira. As pressões sociais, as exigências da filha sensível e caprichosa, o distanciamento do marido focado no seu umbigo e o sucesso como blogger levou-a ao limite.
A doença de Alzeihmer do pai agravou o quadro do ponto de vista da protagonista/ narradora em negação. 

Nada de novo na vida de uma mulher que faz coisas demais e se esforça por gerir tudo sem dar parte de fraca. A alternativa é que talvez não seja tão banal. Comprimidos para as dores (de um acidente anterior) que passaram a analgésicos para as dores da vida. Nada disto combina com a capa fofinha deste livro, se não repararmos nos comprimidos rosa choque no pires da chávena.

Como leitora, não gostei muito de nenhuma das personagens, em que reconheço qualidades e defeitos, o que me agarrou à narrativa. No final, esperava mais. A revelação que tardou, não me conquistou e ficou uma sensação agridoce. Compreendi a mensagem e atribuo autenticidade à trama mas achei fastidiosa. 

Autor: Jennifer Weiner
Edição: 2019/ abril
Páginas: 360
ISBN: 9789722535274
Editora: Bertrand

Sinopse:
Allison Weiss é a típica mãe trabalhadora que tenta conciliar um negócio, pais idosos, uma filha exigente e um casamento. Mas quando o website por ela desenvolvido se torna um enorme sucesso, fica completamente esmagada. Enquanto se esforça por manter a vida equilibrada e satisfazer as necessidades dos que a rodeiam, Allison descobre que os analgésicos receitados para uma lesão nas costas a ajudam a lidar com algo mais do que apenas o desconforto físico - fazem com que se sinta calma e capaz de ultrapassar os seus dias cada vez mais agitados.

À medida que as semanas passam os analgésicos vão desaparecendo a uma velocidade cada vez maior e naturalmente, a sua preocupação aumenta. Em pouco tempo vê-se num mundo que nunca imaginara possível: a reabilitação. No longo caminho que Allison se vê obrigada a percorrer, as lições de vida vão-se suceder.

Numa história rica e absorvente, sempre marcada por um toque de humor e caracterizações realistas e carinhosas, Jennifer Weiner acompanha-nos num percurso emocionante de recuperação e redenção.

sexta-feira, 10 de maio de 2019

Maré Alta

A minha opinião:
Gosto de ser surpreendida por um bom livro. Ocasionalmente acontece, quando o livro não é tão divulgado quanto devia, principalmente, quando se trata de novos autores portugueses não consagrados.

Li agora o segundo dos três romances que Pedro Vieira já publicou. O primeiro não li. A ânsia de ler este romance surgiu na sequência de uma entrevista ao autor numa livraria bem conhecida. O avô materno de quem nem o nome sabe foi o mote para um romance que me fisgou logo nas primeiras páginas, pela linguagem brejeira, pejada de expressões populares que, uso e abuso e pelas personagens de ficção que me provocaram comoção e apreço.  E foi uma leitura compulsiva, em suspense, por aquelas vidas difíceis e árduas que povoaram um passado recente. Vidas incompreendidas. Vidas comuns. 

Retrato de um homem, de um família, de um povo.  Portugal do sec. XX. Um romance bestial de homens e mulheres valentes. Bem pensado e bem concebido. Uma epopeia que marca. Não vou perder nenhum outro romance do Pedro.

Autor: Pedro Vieira
Edição: 2019/ fevereiro
Páginas: 472
ISBN: 9789896657314
Editora: Companhia das Letras

Sinopse:
Cabe quase tudo num século de vida de um povo. Naufrágios e glórias, luz e trevas, gente levantada e de joelhos. E, durante todos esses anos, a maré sobe e desce. Há um país que se vai transformando, mesmo visto de longe. Há homens em fuga para a frente, que trocam de nome e de moral. Há mulheres de dentes cerrados. Há filhos deixados para trás. Meadas de histórias e de sangues às quais se perdeu o fio.

Num romance sem heróis, onde todos lutam, sobrevivem e morrem a tentar ser livres, é possível, embora vão, tentar destrinçar, no meio do medo e da culpa, onde acaba a ficção e começa a realidade. E se, por vezes, a intimidade da escrita nos aproxima de acontecimentos distantes, noutros, é a frieza da narrativa que resguarda momentos de grande profundidade. Cortesia de um dos romancistas mais promissores da literatura portuguesa contemporânea, Maré alta é um retrato cru e épico do Portugal do século XX e de quem o viveu, no limiar onde a esperança, o sonho e a memória se confundem e perdem na sucessão de marés.

Um século é muito tempo. Um século não é nada, quando aprendemos a nadar.

quinta-feira, 9 de maio de 2019

Um Ano em Veneza

A minha opinião:
Nicky Pellegrino. Um gosto perdido, agora recuperado. Um romance que apela aos sentidos. Páginas de cor e aventura. Exactamente o que me apetecia ler.

O problema é que seja qual for o livro de Nicky, a comida é a espinha dorsal da história e fico a salivar ansiosa por viajar.

A Kat está numa das cidades mais românticas do mundo, tem cinquenta anos e precisa desesperadamente de uma paixão. Duas mulheres mais velhas e um homen mais novo vão ajudá-la nesse propósito. 

A empatia pela personagem e a admiração por Coco, uma idosa cheia de genica, facilitou a leitura que se fez breve. O destaque vai para Veneza e não posso deixar de comparar com Lisboa devido ao mau estar que certos turistas geram. De resto, é um romance tranquilo e prevísivel que me dispôs bem e se não superou as minhas expectativas, também não as defraudou. Uma espécie de limpa palato, como é referido, para leituras mais exigentes ou pesadas. 

Autor: Nicky Pellegrino
Edição: 2019/ abril
Páginas: 336
ISBN: 9789892344751
Editora: ASA

Sinopse:
Kat é uma aventureira de alma e coração. De tal modo que ganha a vida a viajar para os lugares mais recônditos, a experimentar as iguarias mais exóticas e a escrever sobre as suas experiências. E agora está prestes a embarcar na aventura mais louca de sempre: um relacionamento amoroso.

Perdidamente apaixonada, ela está disposta a ultrapassar todas as barreiras. Massimo é italiano e Kat não tem meias medidas: vai viver com ele para Veneza, ajudá-lo a gerir a sua guesthouse, o Hotel Gondola, explorar a cidade e documentar as suas vivências. Tudo é uma novidade repleta de encanto… os aromas, os sabores, as cores vibrantes dos canais, as pessoas com quem se cruza, e até o homem que a fez querer assentar.

Mas Kat já devia saber que o grande problema das aventuras é que nunca correm da forma que esperamos…

Romântico e delicioso, o novo livro de Nicky Pellegrino transporta-nos para as ruas e os canais de La Serenissima, onde não faltarão - é claro! - os mais ricos e saborosos petiscos venezianos.

quarta-feira, 1 de maio de 2019

As Regras da Cortesia

A minha opinião:
Não podia ter começado o mês de modo mais auspicioso do que ao ler este livro.
Muitos são os que me recomendaram o livro "Um Gentleman em Moscovo", pousado há algum tempo na minha mesa de cabeceira, mas apesar disso comecei com "As Regras da Cortesia", o livro antecessor do autor. A sinopse deste belo livro de capa grossa agradou-me com a promessa de um romance no feminino. 

A escrita elegante e fluída cativou-me de imediato, enquanto a narrativa sem excessos descritivos sagaz no relato da conduta humana apresenta desde o princípio um soberbo retrato de época, que me prendeu a atenção como poucos romances o conseguem.

Katey Kontent é pragmática e deliciosamente irónica. Gosta de ler e faz algumas referências a livros e aos seus autores.

Em 1966 numa exposição de retratos dos anos 30, Katey reconhece um dos rostos e história recua no tempo até ao início de 1938 quando ela e Eve disputam Tinker. Banal, não fosse a linguagem, as reviravoltas e as personagens invulgares que  percebem a rapidez com que Nova Iorque muda de direção: como um catavento ... ou a cabeça de uma cobra. O tempo encarrega-se de mostrar qual dos dois. 

As Regras da Cortesia é um manual de conduta de George Washington que se pode ler na integra no fim do livro. Imperdível!


Autor: Amor Towles
Tradução: Tânia Ganho
Edição: 2019/ março
Páginas: 408
ISBN: 9789722066693
Editora: Dom Quixote

Sinopse;
A última noite de 1937, Katey desliza deslumbrante por entre nuvens de fumo num clube de jazz em Greenwich Village. Tem três dólares na carteira e está empenhada em fazê-los render até ao amanhecer. Não será preciso. Porque na mesa ao lado senta-se Tinker, um jovem banqueiro, aconchegado num extraordinário sobretudo de caxemira. E aquele encontro, naquela noite, define a vida de Katey. A remediada filha de emigrantes russos, que sobrevive a custo em Brooklyn, dirá ali adeus ao passado; e dará início a uma imparável escalada social.

As Regras da Cortesia é uma nostálgica revisitação da eufórica Nova Iorque dos anos 30 - uma cidade a recuperar da grande depressão com banhos de champanhe, festas e cocktails. Narrada em flashback por uma protagonista que recorda, décadas mais tarde, aquele amor da juventude.

Primeira obra de Amor Towles (escreveria a seguir Um Gentleman em Moscovo), revela um autor nascido já em plena maturidade estilística. Encontramos aqui a mesma escrita rendilhada e elegante - e a mesma ternura na evocação de uma época de ouro, e de uma cidade e de uma mulher que se reinventam num tempo de promessas.