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quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Conta-me o teu segredo

A minha opinião:
Não é o primeiro mas não foram muitos os livros de Dorothy Koomson que li. O que sei é que gosto da escrita escorreita, sem subterfúgios, em histórias centradas em mulheres que alternadamente se dão a conhecer. Mulheres de fibra. Mulheres com um drama ou um crime por revelar e superar. Mulheres que sabem o que é o preconceito e a injustiça.

A angústia e a culpa. As duas protagonistas são dominadas por este sentir que tentam recalcar, enquanto o criminoso continua a fazer vitimas num romance que me arrebatou até ao empolgante final, sendo este não desprovido de surpresas. 

E mais não conto para não revelar demasiado mas... pode haver uma mudança de papeis. 
Vale a pena ler e descobrir!


Autor: Dorothy Koomson
Páginas: 432
Editora: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-03213-3
Edição: 2019/ Outubro

Sinopse:
Pieta tem um segredo.
Há 10 anos, Pieta foi raptada por um homem que se autointitulava "O Assassino da Venda", e que prometeu não a matar se mantivesse os olhos fechados por 48 horas. Pieta nunca contou a ninguém o que lhe aconteceu, decidindo seguir com a sua vida como se nada se tivesse passado. Mas quando "O Assassino da Venda" começa a perseguir as vítimas sobreviventes, Pieta percebe que terá de revelar o seu segredo para salvar a própria vida...

Jody tem um segredo
Há 15 anos, Jody, polícia, cometeu um erro terrível que permitiu que o criminoso em série conhecido como "O Assassino da Venda" escapasse em liberdade. Ao descobrir que a jornalista Pieta sobreviveu a um ataque desse mesmo homem, Jody percebe que talvez tenha encontrado uma forma de o apanhar. Mas essa decisão poderá colocar a vida de duas pessoas inocentes em risco...
Pieta e Jody mantiveram o silêncio para se protegerem. Se o revelarem agora, estarão a salvar ou a sacrificar alguém?
O novo e emocionante thriller da autora de A filha da minha melhor amiga.

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Sem Mentiras

A minha opinião:
Este livro tentou-me... pelo autor e pela sinopse.

Um rapto no Brasil, em S. Paulo. Um facto que é do conhecimento público. Convence à partida. Uma trama, um bom enquadramento  sócio-politico e personagens marcantes. Robert Wilson provou o seu brilhantismo. Fiquei fã.

A história agarrou-me desde o início com Sabrina, a vitima inocente do sequestro. E... Boxer. Um protagonista com passado, (há outros três thrillers antereiores que não li) mas não é o único.
Neste poderoso thriller temos uma terceira personagem impactante. O tenebroso Iago Melo, que está a negociar a libertação da filha.

Uma história repleta de ação e muita emoção, que podemos dividir em duas partes, em que o pico e do realismo foi durante o combate urbano, mas a intensidade e o desasossego continua até tudo ser revelado.

Autor: Robert Wilson
Páginas: 416
Editora: Dom Quixote
ISBN: 9789722068536
Edição: 2019/ Outubro

Sinopse:
O multimilionário político brasileiro Iago Melo sabe o que quer e como consegui-lo. Sem quaisquer escrúpulos. Quando, apesar de todas as precauções, a sua filha Sabrina é sequestrada, ele contrata formalmente um negociador, mas continua a jogar o seu perigoso jogo, mesmo pondo em risco a vida de Sabrina. Porque um Iago Melo não pode mostrar fraqueza.

Por sorte, ele não contou com a perícia de Charles Boxer, o especialista em sequestros, vindo da Europa, que faz tudo para libertar Sabrina - mesmo contra a vontade do seu cliente. Mas ele não sabe que está profundamente envolvido numa densa rede de política e vingança. E que, no final, a sua dolorosa história pessoal irá desempenhar um importante papel...

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Uma Conspiração de Estúpidos

A minha opinião:
O prefácio, de leitura obrigatória, põe-nos logo em alerta. A mãe do autor é que conseguiu que este livro fosse publicado, depois do suicidio deste, alegando que era formidável, como acabou por ser reconhecido.

Uma conspiração de estúpidos é mesmo isso: uma conspiração de estúpidos com Mrs. Reilly, Ignatius, Mancuso e Jones. Uma Tragicomédia com um protagonista grosseiro e tresloucado que nos faz rir, lamentar e reflectir. Uma sociedade e as suas vicissitudes caricaturizada. E tantas, tantas manhas e manias... numa narrativa endiabrada pautada por muitos diálogos. 

Genial se considerarmos quando foi escrito e a pouca experiência de vida do autor. Um romance intermporal que pode não agradar a todos. Conveniente ler o que se segue para entender melhor a que me refiro.



Autor: John Kennedy Toole 
Páginas: 356
Editora: Terramar
ISBN: 9789727101177
Edição: 2000/ Abril

Sinopse:
O protagonista deste romance é uma das personagens mais memoráveis da literatura norte-americana.


Aos 30 anos, Ignatius J. Reilly vive com a mãe, ocupado a escrever uma demolidora denúncia do século XX, uma perturbante alegação contra uma sociedade perturbada. Devido a uma inesperada necessidade de dinheiro, vê-se catapultado para a febre da existência contemporânea, febre que, por sua vez, contribui para aumentar em alguns graus.


Com prefácio de Nuno Markl surgiu recentemente um nova reedição que reza assim:


"Já tinha ouvido falar e lido algumas referências sobre este clássico da literatura americana, mas nunca me ocorrera lê-lo; a aparente importância da minha frase inicial morre aqui também, pois o que me levou a comprar o livro foi ele estar em saldos e eu precisar de uma obra para ler na viagem de volta a Portugal.
Mal eu sabia que tinha nas mãos um dos meus futuros livros preferidos de sempre e um que me complicaria a apreciação de alguns bons livros que li a seguir («Pronto, é bom mas não é Uma Conspiração de Estúpidos!»). A viagem Nova Iorque — Lisboa passou num instante, com a saga do balofo e arrogante Ignatius e a sua caótica busca por um emprego (e, no fundo, pelo sentido da vida) a ser lida com uma voracidade só interrompida pela ideia de que, mal aterrasse, teria de me dedicar a caçar as outras obras de John Kennedy Toole. Pensamento que depressa esmoreceu ao recordar-me das palavras do escritor Walker Percy no prefácio da minha edição do livro, narrando a triste — mas por fim vitoriosa — saga de Uma Conspiração de Estúpidos. Toole escrevera apenas dois livros — para além deste, A Bíblia de Néon — e suicidara-se em 1969, vítima de uma depressão profunda, alimentada por anos de rejeição do seu trabalho por vários editores. Se o mundo tem hoje esta preciosidade que é Uma Conspiração de Estúpidos, isso deve-se ao comovente e inabalável empenho da mãe do autor, Thelma Toole, e do próprio Walker Percy, que abriu as portas do mundo literário à obra de John Kennedy Toole. O autor morreria longe de imaginar que o seu livro ganharia um Pulitzer e acabaria por tornar-se uma das obras maiores da literatura americana.» 

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Suite 405

A minha opinião:
Suite 405 é nomeada na primeira página deste romance, com o qual recuperei o prazer de ler o que a Sveva escreve.  Li todos (ups!, menos o último que parece que foi o primeiro) e os romances tem todos um elo comum. Um romance com personagens abastadas e priveligiadas, outras humildes e dignas, num cenário de uma beleza absoluta em Itália. 
Personagens que individualmente têm uma história para contar. 

O que me espanta é que não lhes consigo resistir. A escrita fluída, os capítulos curtos, em romances que não são muito fogosos, levam-me a um mundo de glamour e educação que me fazem esquecer tudo o resto. E mais, fico sempre fascinada com algumas personagens. Neste romance foi com Armanda e Chiara. Personagens fortes, com uma obsessão pelos cabelos.

"A música, tal como a leitura, deve ser desfrutada, em todas as suas expressões."  (pag. 362) 
Ora, nem mais! ADOREI.

Autor: Sveva Casati Modignani
Páginas: 376
Editora: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-03247-8
Edição: 2019/ Outubro

Sinopse:
Um automóvel de luxo avança velozmente a meio da noite pela autoestrada que liga Roma a Milão. A bordo segue o conde Lamberto Rissotto, proprietário de uma importante indústria metalúrgica que gere com sensatez, apesar das dificuldades inerentes à crise económica do país. Lamberto tem pressa de chegar a casa: acabou de descobrir a última e embaraçosa loucura da sua lindíssima mas impulsiva mulher e quer terminar definitivamente a relação com Armanda. Para mitigar a desilusão leva na memória a imagem do recente e fugaz encontro com uma desconhecida "muito jovem, muito bonita, com muita classe".
No meio da noite, outro homem viaja na mesma autoestrada de sul para norte, num carro utilitário coberto de pó: é Giovanni Rancati, sindicalista, que regressa de um encontro com operários. Em Milão espera-o a companheira, Bruna, cabeleireira que, após anos de muitos sacrifícios, conseguiu abrir um salão só seu. Vivem juntos num bairro popular, um daqueles em que as casas que partilham a mesma varanda deixam a descoberto as alegrias e as dores de cada um, uma realidade em que é difícil aguentar até ao fim do mês e em que um sonho pode custar as economias de uma vida. Lamberto e Giovanni representam dois mundos opostos e distantes, mas os seus caminhos vão acabar por se encontrar, um pouco por necessidade e um pouco por acaso. Desse encontro nasce um fascinante cruzamento de destinos em que se reflete a Itália de hoje, ainda dividida por contradições e lutas sociais, mas unida por uma profunda e absoluta necessidade de justiça e de amor.

terça-feira, 8 de outubro de 2019

Hotel Melancólico

A minha opinião:
María Gainza é um gosto confirmado. Diferenciado. Boémio. Nos seus livros é como se estivesse a dialogar com o leitor. 

A narrativa de uma mulher com uma mente aguçada e um olhar treinado que nos fala de pintura mas também da arte de viver numa escrita extraordináriamente simples, intima. Um livro infímo e revelante. Uma experiência em si. A realidade pode ser mais estranha do que a ficção e também mais difusa é o que nos explica. 

Duas mulheres que se cruzaram. "A negra" é uma personagem mítica, falsificava obras de arte, enquanto Enriqueta foi a mentora da narradora e o seu ídolo. Viajantes solitários na bolha do tempo do Hotel Melancólico.

Título lindo para um romance marginal. 

Autor: María Gainza
Páginas: 152
Editora: Dom Quixote
ISBN: 9789722068215
Edição: 2009/ Outubro

Sinopse:
Cansado de a ver desocupada, o tio da narradora arranja-lhe um emprego num banco para trabalhar com uma avaliadora de obras de arte. E, contra todas as expectativas, o ofício torna-se absolutamente fascinante, não só pelas incríveis descobertas que faz sobre falsificações, mas sobretudo pelas histórias secretas que a chefe acaba por lhe contar, uma das quais é a do Hotel Melancólico, onde viviam artistas que copiavam quadros para ganhar a vida e por onde passou a misteriosa Negra, figura central deste romance, que falsificava sobretudo a obra de Mariette Lydis, a pintora a quem a alta-sociedade de Buenos Aires encomendava os retratos.

Um belo dia, porém, a chefe estranhamente não aparece para trabalhar e o mais certo é que lhe tenha acontecido algo de grave; mas, se assim for, como será possível continuar a viver sem saber o fim de todas aquelas histórias que ficaram a meio?

Depois do internacionalmente aplaudido O Nervo Ótico, este Hotel Melancólico é, de novo, um romance sobre a relação turbulenta entre a arte e a vida, mas também sobre o engano e a manipulação, sobre a realidade e a ficção, sobre o vivido e o contado; uma narração sinuosa, enigmática e envolvente em que as personagens reais parecem de ficção e o contrário também é verdade.

sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Três Mulheres

A minha opinião:
Três mulheres e as suas histórias de vida ligadas ao desesjo e ao sexo não foi uma leitura fácil. Não por não serem histórias felizes de não ficção, sequer por se tratar de uma leitura crua e incómoda, mas... por ser demasiada informação no dissecar de sentimentos e emoções da Maggie enquanto menor iludida por um professor respeitado; da Lina num casamento sem sentido ou Sloane num casamento aberto. 
Apesar da temática não é um livro erótico. 

Compreendo estas mulheres e sei que foram vitimas e que muito do que relataram se sabe por experiência própria mas cansou-me. Acho que não era o que me apetecia ler. Tanto negrume. Tanto pormenor. Tanta desesperança. 

Autor: Lisa Taddeo
Páginas: 312
Editora: Editorial Presença
ISBN: 9789722364416
Edição: 2009/ Outubro

Sinopse:

Uma fascinante narrativa sobre a vida sexual de três mulheres americanas, fundamentada num rigoroso trabalho jornalístico, empreendido por Lisa Taddeo. o desejo emociona-nos e atormenta-nos; controla os nossos pensamentos, destrói as nossas vidas, porém, pouco falamos sobre ele. Qual força submersa em nós, o desejo não sido devidamente explorado.

Lisa Taddeo numa interessante pesquisa jornalística, realizada ao longo da última década, viajou pelos Estados Unidos onde conheceu mulheres comuns de diferentes origens e regiões, e traz-nos agora um retrato profundo e inovador do desejo.

Começamos por conhecer Lina, no Indiana. Dona de casa, dois filhos. Após dez anos de casamento, já não há sinais de paixão no seu marido. Os seus dias são preenchidos com tarefas domésticas, como cozinhar para um homem que a rejeita. Carente de afeto, Lina sofre de ataques de pânico diários. Quando reencontra um velho amigo nas redes sociais, rapidamente inicia um caso extraconjugal.

Maggie é uma estudante de dezassete anos, no Dakota do Norte. Tem um romance com o seu professor de Inglês, já casado. Apesar de Maggie alimentar esperanças de uma vida em comum, ele termina a relação entre ambos no dia em que faz trinta anos. Passados alguns anos, Maggie não tem um curso, nem carreira, nem sonhos de vida e pensa vingar-se…

Sloane, dona de um restaurante bem-sucedido, é casada e feliz. Mas o marido gosta de a observar a ter relações com outros homens e mulheres. Ele seleciona os parceiros, só para ela ou a três. Ela tem de garantir a satisfação de todos. ao longo dos anos, Sloane tem-se questionado sobre onde termina o desejo do marido e começa o dela. Até que surge um novo parceiro sexual - que traz um segredo que irá finalmente forçar Sloane a refletir acerca de tudo aquilo que define o estilo de vida do casal.

Três Mulheres é o retrato inovador do desejo erótico, expondo a fragilidade, a complexidade e as desigualdades com que a mulher se confronta no relacionamento sexual. Uma obra sem precedentes escrita com grande profundidade e um poder emocional intenso.

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

As Filhas do Capitão

A minha opinião:
Quase seiscentas páginas não é coisa pouca. Os romances de Maria Dueñas são pesos pesados. "O tempo entre costuras" é o único que tenho por ler, enquanto "As vinhas de La Templanza" foi uma leitura prazerosa que me encheu as medidas. Esperava o mesmo deste novo romance da autora e apesar de começar com menos ímpeto foi conquistando paulatinamente o meu entusiasmo com as fantásticas filhas d' O Capitão e a irmã Lito numa Nova Iorque dos idos anos trinta. A narrativa vibrante e vivaz como uma dança de flamenco fácilmente me levou a visualizar as cenas com as aguerridas personagens, os seus afectos, agravos e receios neste romance sobre desprovidos imigrantes. A escrita de Maria Dueñas tem esse poder. 

O romance é sobre o clã formado por quatro mulheres que foram ao encontro do seu destino, quando Emílio assentou arrebatado um negócio que mal conseguiu abrir em que deixou a familia desamparada e endivídada. Duríssima vida esta que as ensinou a sobreviver enquanto eu até às tantas lia impressionada por estas mulheres e ansiosa para conhecer o desfecho que a autora cumpriu com talento e acerto.
Sem mais... Obrigada Porto Editora.

Autor: María Dueñas
Páginas: 576
Editora: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-03218-8
Edição: 2009/ Setembro

Sinopse:
Nova Iorque, 1936.
O pequeno restaurante O Capitão abre as portas na rua 14, um dos enclaves da colónia espanhola que sobrevive na grande cidade americana.

A morte acidental do seu dono, o libertino Emilio Arenas, obriga a que as suas filhas indomáveis – filhas também da loucura dos anos 20 – assumam as rédeas do negócio, enquanto nos tribunais se resolve a herança.

Abatidas pela súbita necessidade de sobreviver, as temperamentais Victoria, Mona e Luz Arenas abrirão caminho através das adversidades, decididas a transformar um sonho em realidade.

Com uma leitura tão ágil quanto envolvente e emocionante, As Filhas do Capitão conta-nos a história de três jovens espanholas que se veem obrigadas a cruzar um oceano, instalando-se numa cidade deslumbrante, e lutar com bravura para encontrar um caminho.

Baseado numa história real, este romance é também um tributo a todas as mulheres que resistem, mesmo quando os ventos sopram em desacordo, e uma homenagem aos valentes que viveram – e vivem – a aventura, simultaneamente épica e quase sempre incerta, da emigração.