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sexta-feira, 31 de julho de 2020

Caminhos de Paixão - A história de La Diana - Vol. I

A minha opinião:
Florencia Bonelli é uma das minhas autoras de culto. Leio tudo o que é publicado em português. E tal como li noutros pareceres, não aprecio particularmente esta capa. Não é bem um romance leve ou doce, como logo no início se revela. Há um bom trabalho de pesquisa e uma boa capacidade de transmitir sucintamente o que não deveria ser ignorado. A guerra dos Balcãs ou o genocídio e toda a podridão que se desenvolveu por trás que La Diana se treinou para combater. Adrenalina, aventura, suspense e algum romance. Garantia de um bom livro de ficção que se lê sem parar.
 
Um romance com personagens carismáticas e envolventes em ambientes requintados e exóticos. Personagens marcadas pelo passado. Personagens fortes que lutam por superar e vencer os traumas e os inimigos. E por fim… o amor. Exatamente o que se espera de um livro que dá gosto ler, para mais nesta época do ano.
 
Aqui há dragões. Eles também existem e surgem entre os ricos e poderosos numa luta entre o bem e o mal. Que venha o(s) próximo(s) livro(s), para encerrar com sucesso a história de La Diana.
 
Autor: Florencia Bonelli
Páginas: 424
Editora: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-03269-0
Edição: 2020/ Julho

Sinopse:
Mariyana Huseinovic adotou o nome de guerra «La Diana» e foi treinada para ser o que mais desejava: uma máquina de matar. Soldado de elite numa agência secreta, é exímia no uso de diferentes armas e na prática de artes marciais. Mas nem sempre foi assim: feliz e amada durante a infância e a adolescência, aos vinte anos Mariyana tornou-se uma das muitas vítimas da Guerra dos Balcãs, vivendo acontecimentos terríveis que a marcaram profundamente e lhe fecharam o coração por muito tempo.
Anos depois do fim da guerra, La Diana tem uma missão secreta que a obriga a voltar à Bósnia, a sua pátria, para investigar e ajustar contas com o passado. Mas o destino é traiçoeiro e coloca-lhe na frente alguém que, através do amor, pode reduzir a cinzas a personagem invulnerável que tanto lutou para criar e atrás da qual se protege. Ao mesmo tempo, sabe que o homem que a aterrorizou a procura incessantemente...
Conseguirá La Diana superar as dores do passado e seguir em frente? Será capaz de enfrentar quem a maltratou? Poderá ela amar e deixar-se amar novamente?
Caminhos de Paixão é o esperado romance de Florencia Bonelli que conta a história de uma das personagens mais admiráveis da trilogia Cavalo de Fogo: La Diana. Uma leitura imperdível e viciante da primeira à última página.

quinta-feira, 30 de julho de 2020

Olive Kitteridge

A minha opinião:
Muito elogiado por quem já o leu em uma outra edição, foi com alguma expectativa que me agarrei a este livro.
Este é um romance sério, sem humor óbvio ou lamechices. Um romance sobre as pessoas que se limitavam a viver numa pequena povoação costeira do Maine. Pessoas simples e maduras que seguiam rotinas, criaram os filhos e interagiam superficialmente com os outros que conheciam há anos. Não houve um acontecimento extraordinário para que isso tivesse mudado. Apenas a vida.
 
OK são as iniciais do nome da protagonista que não era uma pessoa educada ou afável, ao contrário do seu marido que era caloroso e simpático. A meio do livro começamos a captar o papel que vai desempenhar na trama, enquanto até aí se manteve quase despercebida. E o jeito abrupto de OK esconde profundos sentimentos que se valoriza e admira como a escrita límpida e objetiva de Elizabeth Strout. Pessoas quebradas mas resilientes que carregam fardos como o arrependimento e a solidão num livro poderoso sobre a humanidade que se esconde debaixo da pele.
 

Autor: Elizabeth Strout
Páginas: 352
Editora: Alfaguara
ISBN: 9789896657369
Edição: 2020/ Julho

Sinopse:
Em Crosby, uma pacata povoação costeira no Maine, todos conhecem Olive Kitteridge, a temível professora de Matemática do liceu, agora reformada, e Henry, o seu marido, farmacêutico gentil.

E talvez não haja ninguém que conheça tão bem quanto Olive os segredos e os dramas dos habitantes da vila: o desespero de um exaluno que perdeu a vontade de viver; uma pianista alcoólica vítima de uma mãe castradora; uma mãe destroçada pelo crime hediondo do filho; um homem que descobre a ferocidade e as consequências do amor; e a solidão da própria família de Olive, à mercê dos seus caprichos.
Lamentando os ventos de mudança que varrem a sua vila e o mundo, sempre pronta a apontar um dedo crítico, Olive nem sempre dedica aos que a rodeiam a sensibilidade ou tolerância que mereceriam. Mas à medida que todas estas vidas se vão entrelaçando, Olive começa a conhecer-se melhor e a compaixão - pelos outros e por si própria - ganha terreno ao preconceito.

Nas mãos de Elizabeth Strout - autora elogiada pelo olhar clínico sobre a condição humana - a sonolenta vila esquecida na margem do Atlântico torna-se o mundo inteiro, e os seus habitantes somos todos nós, enredados no drama e no milagre diários da vida, com os seus conflitos, tragédias, alegrias - e a coragem que viver sempre exige.

quarta-feira, 22 de julho de 2020

As Sete Mortes de Evelyn Hardcastle

A minha opinião:
De início, não me conquistou como eu supunha. O enredo é demasiado estrambólico para o meu gosto. uma mansão fantástica, decadente, junto a uma floresta onde se repete uma festa com os mesmos convidados dezanove anos depois de um crime hediondo ter acontecido. Um convidado é o narrador mas está traumatizado e desmemoriado. Um mistério para resolver. 

O desconcertante desta trama e simultâneamente o que mais atrai é que o narrador sendo o mesmo vai mudando de corpo e de perspectiva porque o vê através dos olhos de outra pessoa. Oito vidas para revelar um assassino. Ou mais. Uma espécie de maldição ou um jogo cruel de que não se pode escapar sem a resposta. De Blackheath. E não é o único a sofrer deste mal... E antes da pag. 100 já estava enredada e viciada neste enigma. Uma história peculiar em que não notei erros de principiante. Parece uma peça de teatro. Ou um puzzle onde as peças tem de encaixar. Não sou boa nisto e não descobri quase nada. Perdi-me na cadeia dos acontecimentos que inteligentemente formavam um padrão. Acabei por o ler sem parar. 


Autor: Stuart Turton
Páginas: 528
Editora: Minotauro
ISBN: 9789898866943
Edição: 2020/ Junho

Sinopse:
O que começa como uma celebração termina em tragédia. Os Hardcastle organizaram uma festa em Blackheath, a sua casa de campo, para anunciar o noivado da filha Evelyn. no final da noite, quando fogos de artifício explodem no céu, a jovem é morta.

Mas Evelyn não vai morrer uma vez. Até que Aiden Bishop, um dos convidados, não resolva o seu assassinato, o dia vai repetir-se constantemente, sempre com o mesmo final triste.

A única maneira de quebrar este ciclo é identificar o assassino. Sempre que o dia fatídico recomeça, Aiden acorda no corpo de um convidado diferente. E alguém está determinado a impedir Aiden de escapar de Blackheath.

quarta-feira, 15 de julho de 2020

Onde Cantam os Grilos

A minha opinião:
Imaginei que este romance tão admirado era uma fábula moderna com animais e qual não é o meu espanto ao constatar que a história é narrada como a criança de dez anos que foi numa abastada e tradicional herdade do norte e versa a família Vaz. Formiga era a sua alcunha. Esperto e ladino era feliz e acarinhado. Mais… a amargura de adulto levou-o a rebuscar na memória o motivo do seu arrependimento para contar esta história.
 
Simples e natural como a vida na terra. Bela, como uma história de amor. Inesquecível, como os grandes romances trágicos. Assim é este romance.
 
Os últimos romances que li foram de autores portugueses. Não foi planeado. Aliás, fui ao engano em todos eles. Contudo, a minha intuição ou perceção não falhou. Admiro sempre quem consegue escrever com tal mestria e sensibilidade. Até parece fácil. Espero que seja o primeiro de muitos que conto ler.
 
 
 Autor: Maria Isaac
Páginas: 296
Editora: Cultura Editora
ISBN:  9789898886026
Edição: 2017/ Outubro

Sinopse:
Ainda bebé, Formiga foi deixado num cesto nos degraus da casa da Herdade do Lago.
O mistério da sua chegada é apenas mais um na longa história da herdade e das várias gerações dos Vaz, que a assombra de lendas e maldições: uma fonte inesgotável de mistérios fascinantes para a imaginação do rapazinho cabeça de vento.

Deslumbrado pela vida da família que venera de forma atrapalhada, Formiga corre e trepa a árvores, encolhe-se, faz-se invisível, inventa um pouco de tudo para conseguir acompanhar conversas, descobrir mais um segredo.
Mas o último segredo que ele descobre revela-se demasiado grande para a curiosidade bem-intencionada de uma criança, e um erro seu acaba por destruir o único mundo que conhece e pôr fim à sua infância.

Mais de vinte anos depois, Formiga regressa à Herdade do Lago e escreve para um leitor invisível, relembrando tudo o que foi e que não deveria ter sido.
Uma história doce contada pela voz de um adulto que fala pela criança que foi um dia."

Uma Mulher de Cinquenta Anos

A minha opinião:
Não é novidade que gosto de ler um romance no feminino. Um romance de género. As mulheres podem ser complexas, contraditórias e rebuscadas e da fama disso não se livram.
 
Tal como o título indica trata-se do retrato de uma mulher numa idade fronteira que decide pedir a um jornalista com base num diário que escreva as suas memórias sem se revelar.
Não é apenas disso que se trata mas os anseios e esperanças de mulheres nesta condição numa época de transição. E isto, interessa.
 
O subtítulo pode ser dissuasor (ou não) mas não é um livro erótico. E ler esta história conforta porque nos sentimos acompanhadas nos problemas, dúvidas, angústias e medos com que nos identificamos. A intimidade feminina a nu numa narrativa confessional bem escrita que adorei.
 
As imagens de Lisboa surgem nítidas e o povo vívido, enquanto a imaginação da leitora voa solta questionando-se quem se esconde com tanto talento sob pseudónimo porque ler este livro é uma vertigem surpreendente.
 

Autor: Maria Monforte
Páginas: 332
Editora: Gradiva
ISBN:  9789896168032
Edição: 2018/ Abril

Sinopse:
Em cinco dias, com recurso ao diário íntimo, Cármen desnuda a sua vida a um interlocutor que não a conhece nem a pode ver. Entre a consciência e a perdição, entre o que se lhe afigura correcto e a violação das fronteiras, entre o controlo e o irreparável, emergem as fragilidades e desejos, esperanças e desilusões, sensações de companhia e solidão, medos e impulsos irreprimíveis de fruição carnal de uma mulher de 50 anos, viúva há sete.

Mas a autora - Maria Monforte (pseudónimo) - vai mais longe. Explorando a profundidade da dimensão humana; desenvolvendo uma visão feminina transposta para os sentimentos e materializada nas relações que brotam nas esquinas da vida de Cármen; metamorfoseando os tons cinza em cores rubras, no cenário do final dos anos sessenta do Século XX. Uma época em que também o mundo fervilha com novas experiências, e a sociedade portuguesa assiste à queda de Salazar, vivendo a expectativa do fim da ditadura.

Um grande fresco de uma mulher à beira da perdição, num tempo de mudanças estonteantes.

terça-feira, 7 de julho de 2020

Uma Herança de Amor

A minha opinião:
Li ao engano este romance. Julgava a autora portuguesa e o ideal para um desafio, quando ao fim de algumas quantas páginas percebi o engano já estava irremediávelmente enredada na trama e acarinhava as personagens. 

Marina é nobre e a irmã Anna, a submissa e dondoca. Marina não tinha uma casa onde era esperada mas tinha Mathias, e juntos tinham uma missão nos médicos sem fronteiras. Renúnciaram às comodidades para salvar vidas nos lugares mais reônditos e inóspitos do planeta. Naomi partiu-me o coração.

Marina regressa a Maiorca onde viveu a infãncia para reencontrar a sua irmã, mais velha, casada com um enurgemero e vender a sua parte de uma herança que uma desconhecida lhes deixou. E a história acontece. Como a vida... desde o início sabiamos o que tinha acontecido a Anna. A trama recua e salta para nos dar a conhecer o amor que as ligava.

Um romance simples e terno sobre personagens que se perderam. A rocha e o pão de limão com sementes de papoila. E o amor por uma criança só na Etiópia. Despretensioso e comovente. Marcante. Um prazer de ler!


Autor: Cristina Campos
Páginas: 336
Editora: Marcador
ISBN: 9789897543173
Edição: 2018/ Maio

Sinopse:
Anna e Marina não se veem há muitos, muitos anos. Inseparáveis durante a infância nas praias ensolaradas de Maiorca, afastaramse cada vez mais. Anna, a irmã mais velha, loira e delicada, permaneceu na ilha, presa num casamento infeliz; Marina, a mariarapaz da família, fez do mundo a sua casa e vive onde a leva o seu trabalho na Médicos sem Fronteiras.

Quando descobrem que herdaram um moinho com uma padaria, as duas irmãs mal podem esperar para se livrar dele e continuar com as suas vidas. Mas, no momento da assinatura do contrato de venda do imóvel, Marina volta atrás. As circunstâncias e motivações por detrás da doação são demasiado misteriosas para serem ignoradas: quem era María Dolores? Que tipo de ligação tinha com elas essa mulher?

Graças à padaria e às antigas receitas familiares, Marina, Anna e a sua filha Anita encontrarão força para perdoar os erros do passado e enfrentar o difícil futuro que as aguarda.