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domingo, 27 de setembro de 2020

Oração a que faltam joelhos

 


A minha opinião:

Improvável este romance não me chamar a atenção com este título e esta capa belíssima. Mal conseguia esperar para o começar a ler!

Kate Souza não é uma protagonista qualquer que apela à compaixão. Um narrador, ora seco, ora abupto, que mistura conflitos claros e zonas cinzentas, estranhezas coerentes e assustadoras, numa narrativa que começa logo após a morte do pai por afogamento no rio Lima num regresso a Portugal depois de emigrados nos EUA onde enviuvara.

Consciência, medo, solidão e morte. Os temas recorrentes em muitos pensamentos desordenados que Kate catalisa na escrita. Conto da Realidade.  Cenas imprevisíveis do dia a dia também. O caos interior em pequenas metáforas do exterior em palavras que fazem eco em quem lê. Era uma vez uma história. 

Não foi uma leitura fácil. E não correspondeu às minhas expectativas. Bem escrito mas com uma estrutura circular e não linear para uma leutura do mundo. 

Autor: Jacinto Lucas Pires
Páginas: 168
Editora: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-03330-7
Edição: 2020/ setembro

Sinopse: 
Órfã de mãe, desde cedo Kate Souza aprendeu a conviver com os silêncios do pai António e o espaço que estes ocupavam na ampla casa familiar, de madeira, com cerca e relvado à frente, igual a tantas outras, nessa terra das oportunidades para onde há muito os pais haviam emigrado. No entanto, quando António morre afogado no rio Lima, durantes as primeiras férias de Kate em Portugal, ela sente-se perdida, culpada e com uma história nas mãos. Uma história que é a sua vida. Talvez seja isso que – num mundo duro e doente, com cada vez menos capacidade de imaginação – faz dela escritora.
Identidade e culpa, amizade e amor, jornalismo e literatura, totalitarismo e loucura, terrorismo e religião cruzam-se na história desta mulher, num tempo e num mundo onde, à falta de outro milagre, as velhas linguagens parecem querer renascer.

A Dádiva da Costureira de Paris

A minha opinião:
Uma fotografia antiga. Um fragmento da familia por parte da mãe. Uma ténue ligação para o pouco que sobrara, ajudou Harriet a moldar os seus sonhos para o mundo da moda. Três jovens elegantes numa esquina em Paris há mais de quarenta anos pareciam chamá-la para ir ao encontro do passado. Fios de vida que se entrelaçam inexplicávelmente. 

A história recua até 1940 com Claire e a par vai contando também a história de Harriet em 2017. O domínio dos alemães e o estigma dos ataques terrorristas. Fascinante. Duas mulheres com mais em comum do que os laços de sangue como avó e neta.

Gosto muito da escrita despretensiosa e concisa da autora, bem como dos enredos de época que enlevam e ensinam. Sem moralismo retratam pessoas comuns com todas as suas dificuldades e sonhos. Neste romance, a determinação obstinada e a coragem de três mulheres , heroínas da vida quotidiana em tempo de guerra. O paradoxo do amor em tempos extraordinários numa história emocionante. Mais um romance de Fiona Valpy que ganhei em não perder.

Autor: Fiona Valpy
Páginas: 320
Editora: TopSeller
ISBN: 9789895641192
Edição: 2020/ setembro

Sinopse: 
Uma inesquecível história de amizade e coragem que atravessa gerações e une o destino de três mulheres audazes.

Harriet chega a Paris com pouco mais do que os seus sonhos e uma fotografia antiga. O destino leva-a à Rue Cardinale, ao mesmo prédio onde a sua avó Claire vivera e trabalhara décadas antes. Ansiosa por saber mais sobre o seu passado, Harriet procura pistas sobre a vida da avó, mas o que descobre é uma história muito mais negra e dolorosa do que alguma vez imaginara.

Em 1940, três costureiras tentam sobreviver numa Paris ocupada pelos nazis, uma cidade onde tudo parece faltar. Enquanto Claire se envolve com um oficial do Exército Alemão, Mireille ajuda a Resistência, participando em missões cada vez mais arriscadas, e a enigmática Vivienne desempenha um papel que não pode revelar às suas companheiras.

À medida que se enredam mais profundamente em atividades clandestinas, o cerco aperta-se em torno destas três mulheres, e os segredos que guardam ameaçam não só a amizade que as une como também as suas vidas. As escolhas difíceis que são obrigadas a fazer acabarão por determinar o seu futuro e o das gerações vindouras.

domingo, 20 de setembro de 2020

Apneia

 

A minha opinião:

Tinha que ler este romance que sabia ser marcante. Perturbador. Angustiante até, em determinadas passagens por breves frases e capítulos curtos, que tudo fazem sentir com muito sentido. Nada que não soubesse sobre as várias nuances de uma relação abusiva em que o filho é apenas um joguete usado pelo pai contra a mãe que o ama e quer proteger. A mulher que ousou abandoná-lo quando lhe pertencia. A mulher que luta para manter a integridade e a sanidade e perservar o amor que a liga ao filho. 

Avassalador e tão real. Soberbamente bem escrito mas isso eu já sabia. Simples e bela escrita mas para conseguir lidar com a amálgama de emoções que me suscitou tive que o ler em doses homeopáticas numa leitura conjunta com algumas amigas.

Muitas questões para refletir e quase todas muito difíceis e delicadas. A guarda partilhada, sucinta e concisa, na página 350 é uma delas. E ainda... A identidade e a proteção de menores nos tribunais. O fracasso do sistema em dar uma solução ao sofrimento de uma criança caindo nas malhas da manipulação. Os erros e a indiferença. O desespero e o cansanço. Egos e fragilidades. E a depressão não aceite. Um falhanço apenas para os fracos e os burgueses. E por fim, o mal na forma de todos os abusos.

Ao concluir senti um alivio e um desalento enorme. O desfecho foi perfeito. A arte de sobreviver mas a que custo. Um romance de intervenção. Um grito. Uma pedrada no charco. Um romance extraordinário.

Autor: Tânia Ganho
Páginas: 696
Editora: Casa das Letras
ISBN: 9789896608101
Edição: 2020/ julho

Sinopse: 
Quando Adriana ganha finalmente coragem para sair de casa com o filho de cinco anos, pondo fim ao casamento com Alessandro, mal pode imaginar que o marido, incapaz de aceitar o divórcio, tudo fará para a destruir - nem que para isso tenha de destruir o próprio filho.

Apneia é uma viagem ao mundo sórdido da violência conjugal e parental, através de um labirinto negro em que os limites da resistência psicológica são postos à prova, ameaçando desabar a qualquer instante, e dos meandros tortuosos de uma Justiça por vezes incompreensível, desumana e desfasada da realidade.

Escrito com uma sobriedade e frieza inquietantes, Apneia é um romance intenso, absorvente e perturbador, que ilustra com uma autenticidade desarmante o estado de guerra em que vivem milhares de famílias estilhaçadas, e com o qual, inevitavelmente, muitos leitores se vão identificar, encontrando nestas páginas ecos da sua própria experiência.

O teu nome é uma promessa

 

A minha opinião:

Deborah Smith. O teu nome é uma promessa desde que li A Doçura da Chuva. Não desilude. Romances ternos com personagens valentes e estóicas, oriundas de familias desavindas ou generosas, que se bateram pelo que queriam ou mereciam desde crianças. Não são romances cor de rosa porque tem tonalidades escuras que ensombram, mas no fim temos um fantástico colorido como o do pôr do sol que tanto nos emociona. 

Um romance bem escrito com alguma adrenalina por conta das contrariedades e tragédias que os honrados protagonistas enfrentam é um livro extenso com uma boa caracterização no cenário Salgueiro Azul que torna esta história muito visual.

Os Colebrooks e os Mackenzies deveriam ser unidos mas a lealdade e a família os separou e foram precisas mais de quinhentas páginas para desatar todos os nós que os impediam. Um romance que remonta os grandes clássicos. Nada lamechas ou banal é um romance que prende enquanto seguimos o evoluir das personagens e o desvendar de alguns segredos negros. O fim é expectável mas não diminui em nada o entusiasmo de o descobrir. 

Autor: Deborah Smith
Páginas: 524
Editora: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-03331-4
Edição: 2020/ junho

Sinopse: 
Sempre existiram MacKenzies e Colebrooks na propriedade do Salgueiro Azul, as suas histórias entrelaçadas como os galhos graciosos dos salgueiros raros que ali crescem. Porém, Artemas Colebrook e Lily MacKenzie partilham mais do que história: as suas almas ligaram-se uma à outra e àquela terra no dia em que, aos sete anos, ele segurou a minúscula Lily, minutos após o seu nascimento. Mas a tragédia que, mais tarde, a traz de volta à pequena fazenda onde passou a infância também transforma os irmãos de Artemas em seus eternos inimigos.


Divididos entre a lealdade às respetivas famílias e o amor que foi crescendo entres eles, Artemas e Lily terão de aprender a aceitar que a devoção que nutrem um pelo outro desde crianças se transformou em desejo, e que não mais poderão negar um sentimento capaz de destruir tudo aquilo por que lutaram na vida.

O Olhar que Me Persegue

 

A minha opinião:

Brutal! Sem ser trepidante é intrigante e como que deslisamos de um crime sem explicação para um casamento banal e uma família comum que não esconde segredos mas tem algo de peculiar que, gradualmente se vai revelando. 

A psicóloga Sara habilitada para interpretar ações e emoções humanas é apanhada num redemoinho em que é confrontada com a mentira do marido antes de desaparecer. Um encontro com os amigos numa sexta feira que não aconteceu. Sara acompanha jovens problemáticos num consultório anexo à sua casa, enquanto esta permanece em obras. Pouco acolhedora. Distante e solitária Sara reage ao olhar que a persegue questionando as suas memórias e percepções. 

Um thrller psicológico nórdico com uma protagonista/ narradora absolutamente vulgar e convincente. Fácil de se gostar sem que nada o faça prever.

Autor: Helene Flood
Páginas: 368
Editora: Dom Quixote
ISBN: 9789722070584
Edição: 2020/ setembro

Sinopse: 
Quem é afinal, Sara, a jovem psicóloga cujo marido desapareceu? Será que as suas competências em interpretar emoções a irão ajudar a resolver o mistério do seu desaparecimento?

O Olhar Que Me Persegue combina um ambiente francamente contemporâneo e realista com um suspense assustador e uma visão perturbadora sobre as nossas mais recônditas facetas, tanto na vida familiar como nos relacionamentos.

Um thriller arrepiante que disseca a relação de um jovem casal, em que as emoções têm o papel principal.

Nomeado para o Norwegian Bookseller’s Prize em 2019, O Olhar Que Me Persegue é o primeiro de três thrillers psicológicos de Helene Flood, todos com protagonistas femininas, e tendo por cenário a cidade de Oslo.

Numa abordagem totalmente diferente da dos seus congéneres nórdicos, mas igualmente brilhante, a jovem autora demonstra grande talento para gerir tanto o enredo como a qualidade da escrita.

Noivos à Força

 

A minha opinião:

Num casamento tudo pode correr mal, para mais quando este é quase de borla. Uma intoxicação alimentar não é surpreendente, em que a irmã gêmea da noiva e o irmão do noivo escapam incólumes e vão juntos na viagem de lua de mel para o Havaí, o que é muito divertido porque estes dois detestam-se e as peripécias e os diálogos sarcásticos e espirituosos são uma constante.

Juvenil, pode ser, mas é uma leitura fresca e revirogante, sem ser tonta. Claro que acaba conforme se deseja mas até lá é uma comédia romântica deliciosa que se lê com gozo,

Autor: Christina Lauren
Páginas: 352
Editora: TopSeller
ISBN: 9789896688752
Edição: 2020/ agosto

Sinopse: 

Olive está habituada a não ter sorte. Seja no amor, na carreira ou em qualquer outro aspeto da sua vida, o azar está sempre à espreita. Já Ami, a sua irmã gémea, é tão sortuda que conseguiu organizar toda a sua festa de casamento com os prémios que ganhou em concursos online. Só que a boda de sonho da irmã é sinónimo de pesadelo para Olive, que terá de passar toda a cerimónia com o detestável Ethan Thomas, irmão e padrinho do noivo.


Mas a sorte de Olive parece estar prestes a mudar, já que todos os convidados apanham uma intoxicação alimentar e só ela e Ethan não são afetados. E com o casal doente, há uma lua de mel no Havai com tudo pago… e sem noivos!


Encorajada por Ami e determinada a impedir que Ethan goze umas férias gratuitas sozinho, Olive decide esquecer as diferenças que os separam e embarcar rumo ao paraíso. Afinal, será assim tão difícil evitarem-se um ao outro durante dez dias? Até nem seria, se Olive não desse de caras com o seu novo patrão e não precisasse de se fingir apaixonada numa idílica lua de mel.


O problema é que essa mentira inocente ganha contornos mais graves e o infortúnio de Olive parece agravar-se cada vez mais. Mas Olive não se sente azarada. Na verdade, começa até a sentir-se… uma felizarda.

Caminhos de paixão - A História de La Diana - Vol. II

 

A minha opinião:

Se não fosse Florencia Bonelli, não creio que lesse este livro. Nada contra mas aparenta ser mais um romance de sonho. E não é bem assim. Personagens muito belas, estóicas mas fraturadas por traumas que remontam a histórias passadas que devem ser contadas. A Guerra dos Balcãs. A violência sobre as mulheres. A impunidade. O tráfico de seres humanos. 

Diana é o nome da deusa romana da caça que escolheu para si porque pretende caçar os dragões que a perseguem, principalmente um. O amor apanha-a de surpresa, para mais com a sua afefobia. Uma tórrida história de amor com muita adrenalina, dado o clima de suspeição e corrupção em Saraievo. 
O passado impõe-se e vai sendo revelado através do diário que Diana escreve. 

Extremos de paixão e ódio que a autora consegue muito bem conjugar sem quebrar o interesse e o ritmo. A beleza destas personagens atraiu os predadores e levou a que os combatesse. O bem a combater a escravatura moderna num romance muito cinematográfico.

Autor: Florencia Bonelli
Páginas: 424
Editora: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-03270-6
Edição: 2020/ agosto

Sinopse: 

Mariyana Huseinovic foi uma das vítimas da devastadora Guerra dos Balcãs. Profundamente marcada pelas torturas vividas durante os anos de cativeiro, construiu uma identidade atrás da qual conseguiu proteger-se e sobreviver. Assim nasceu La Diana, uma mulher de armas, independente e destemida, mas indisponível para amar.
O seu regresso à Bósnia no âmbito de uma missão especial traz-lhe, no entanto, uma grande surpresa: Lazar Kovac. Este homem - humilde, carinhoso e encantador, que tem em comum com La Diana um passado traumático - não só será capaz de deitar por terra os muros que ela levantou em torno de si para se proteger, como também de a incentivar a resolver um assunto do passado que a impede de encontrar a felicidade.
Conseguirá ela cumprir a sua missão e recuperar a paz? Poderá La Diana continuar a fugir de Vuk, o monstro que a torturou e que agora a procura insistentemente? Estará a felicidade realmente no seu caminho? Neste segundo volume de Caminhos de Paixão, retoma-se a história de uma das personagens mais complexas e admiráveis de Florencia Bonelli.
Numa narrativa imperdível, La Diana acompanhará o leitor numa viagem pelos caminhos do medo, mas também da redenção e do amor.


A Vida Mentirosa dos Adultos

 

A minha opinião:

A vida familiar vista através do conflito interior de uma adolescente. Uma observação indevidamente escutada levantou muitas questões sobre si e os familiares do lado parental. A aproximação com a tia Vittoria precipitou o caos. Não havia nada a fazer. Giovanna, ou Giannina, era mesmo com a tia.

E de novo, personagen femininas muito fortes e veementes. Inquietantes, num discurso em que o estilo de vida napolitano não é alheio. Os seus ódios, a sua necessidade de vingança, a sua linguagem, gera um misto de medo e fascínio. Atmosfera única dos romances de Elena Ferrante.

A jovem Giovanna é fscinada pela intensidade dos seus sentimentos,tão a propósito e tão característicos. Um objecto como pivõ de alguns atritos, onde o amor e o ódio estão entrelaçados numa narrativa algo densa e muito bem escrita. 


Autor: Elena Ferrante
Páginas: 304
Editora: Relógio D'Água
ISBN: 9789897830662
Edição: 2020/ setembro

Sinopse: 
«Dois anos antes de sair de casa, o meu pai disse à minha mãe que eu era muito feia» é a frase inicial deste romance. A revelação é feita por Giovanna, que ao olhar paterno se transformara de criança encantadora em adolescente imprevisível, que parecia tornar-se cada dia mais parecida com a desprezada tia Vittoria.

A frase ouvida sem que os pais o soubessem vai levar Giovanna a procurar conhecer a tia, cujas fotografias foram apagadas dos álbuns de família e é evitada em todas as conversas.

Para saber se estará realmente a tornar-se semelhante à tia, vai visitar a zona empobrecida de Nápoles, a conhecer uma versão diferente dos seus pais, provocando sem o saber a desagregação da sua família intelectual, compreensiva e perfeita na aparência.

Confirmando a sua mestria narrativa e o profundo conhecimento do que se passa na cabeça das adolescentes, Ferrante constrói um enredo surpreendente, ligando uma história de iniciação aos episódios de uma pulseira que passa de mão em mão. Giovanna move-se entre duas famílias e duas zonas da cidade em busca dela própria, na passagem da adolescência para a idade adulta.

Rainha Vermelha

A minha opinião:

As primeiras páginas surpreendem. Personagens marginais, linguagem virulenta e irónica, escrita casual e escorreita.

Rainha Vermelha é um projeto, designação proveniente de Alice no País das Maravilhas.
Antonia Scott é uma personagem extraordinária e daí o sucesso deste thriller bem engendrado e bem contado onde acontecem crimes no seio dos homens mais ricos e poderosos de Espanha. Jon Gutiérrez que vive com a mãe, é gay e não é que esteja gordo, é o inspector da polícia encurralado e empurrado pelo mentor, que não é alheio a este sucesso. Uma dupla brilhante para uma leitura obsessiva. Ezequiel é a personificação do diabólico, que tem outro rosto. E sim, Antonia e Jon vão regressar e eu vou querer ler.  


Autor: Juan Gómez-Jurado
Páginas: 464
Editora: Editorial Planeta
ISBN: 9789897773693
Edição: 2020/ agosto

Sinopse: 
Antonia Scott não é polícia, nem criminologista. É uma mulher com uma inteligência fora do comum que trabalha na sombra e que já resolveu crimes difíceis. Mas, após um acidente com o marido do qual se sente responsável, decide que não o tornará a fazer.

Jon Gutiérrez é um polícia que cometeu um erro que ameaça acabar com a sua carreira. Tem como missão, convencer Antonia a sair da reclusão para resolver um crime misterioso.

Um fenómeno literário, com mais de 450 mil exemplares vendidos em Espanha, traduzido em 40 países.

Asas de Prata

 

A minha opinião:

Mesmo em férias ler um livro num dia é um novo recorde. Viciada na vingativa Faye que, por algumas páginas parecia ter perdido a fria fúria que a domina quando é levada ao limite, por um amor intempestivo, enquanto lhe tentam tirar a Revenge, quase me fez abrandar o ritmo, mas esperava a reação... que não se fez esperar.

De início, a letra míuda não me agradou e o alto consumo de álcool de Faye também não. Os excessos de uma personagem tão controversa e desabrida que parecia estar a perder o controle. A explicação já conhecida do livro anterior, encadeou com acontecimentos recentes e novas revelações chocantes e não mais consegui parar de ler.

Faye é uma personagem de ficção que apela á união e força do sexo feminino para combater maus tratos, abusos e traições mas a trama vertiginosa de uma mulher inteligente, determinada e sem escrúpulos agrada, para mais num thriller com estas características. Rápido. Com acção.

Women Power, pode ser. Não achei tão bom quanto o anterior. Talvez, porque se perdeu o factor surpresa. Ainda assim não frustou. Que venha mais um. 

 Autor: Camilla Läckberg
Páginas: 376
Editora: Suma de Letras
ISBN: 9789897840548
Edição: 2020/ agosto

Sinopse: 
Depois do grande sucesso internacional de Uma Gaiola de Ouro, chega mais um episódio da história de Faye: traição, redenção e solidariedade feminina num novo drama sobre a vingança.

Graças a um plano refinado e cruel, Faye deixou para atrás a traição e as humilhações sofridas pelo agora ex-marido Jack e parece ter assumido as rédeas da sua existência: é uma mulher independente, reconstruiu a sua vida num outro país e longe do seu passado, Jack está na prisão e a empresa que Faye fundou, Revenge (Vingança), está crescendo com sucesso.

Mas novos desafios correm o risco de quebrar a serenidade conquistada com muito esforço. De facto, o lançamento da marca Revenge nos Estados Unidos de América desperta uma séria ameaça e Faye é forçada a retornar a Estocolmo.

Rua de Paris em Dia de Chuva

 

A minha opinião:

Rua de Paris em Dia de Chuva é uma delícia.

A autora, referida pelo narrador, identifica-se com o artista Gustave Caillebotte. Mais do que um mero interesse de uma romancista por uma personagem. A autora recorda coisas como se as visse porque sente que as viu. Uma ligação misteriosa que a leva a agarrar-se às fotos e documentos que Helena, uma professora de História de Arte lhe oferece.

A trama e a escrita não é nada fastidiosa, aliás, é bela, segura e fluída e com ela transporta o leitor para um tempo e um lugar remotos, com fascínio, numa narrativa vivaz que segue a família Caillebotte. Um retrato de época. Dos melhores que já li. Para mais, na companhia de jovens pintores como Monet, Degas, Pissaro, Renoir, entre outros. Os intransigentes. Impressionistas.

Gustave Caiilebotte pintou mais de quinhentos quadros e à boleia de algumas dessas obras Isabel Rio Novo escreve este romance inspirado, com uma das telas como imagem e título de capa. "O quotidiano mais banal pode conter em si estranheza sufíciente para abalar as nossas certezas." (pag. 125)

Autor: Isabel Rio Novo
Páginas: 232
Editora: Dom Quixote
ISBN: 9789722069694
Edição: 2020/ junho

Sinopse: 
Na capital francesa, vivem-se tempos de profundas transformações, com a abertura dos grandes bulevares e o despertar de uma nova corrente artística, o Impressionismo, que irá alterar o olhar dos indivíduos sobre a arte e o mundo.

Mas que história de amor à distância poderão experimentar o protagonista deste romance - um diletante chamado Gustave Caillebotte, amigo e mecenas de pintores como Monet e Renoir e, afinal, ele próprio um artista de primeira linha - e a sua Autora, que há anos persegue a história deste milionário triste e decide agora escrever sobre ela? E que papel desempenha nessa relação a enigmática Helena, uma professora de História da Arte que parece saber tudo sobre Caillebotte?

Combinando o impulso histórico com a tentação do fantástico, Isabel Rio Novo - duas vezes finalista do Prémio LeYa - oferece-nos com Rua de Paris em Dia de Chuva uma peça literária fascinante acerca do poder da arte, que a confirma como uma das vozes mais relevantes da ficção portuguesa contemporânea.

As Provadoras de Hitler

A minha opinião:
Não costumo ler romances sobre o Holocuasto, mas recentemente li dois muito bons, que curiosamente referem o olhar magnético de Hitler e que gostava de ser conhecido como O lobo.

O sofirmento não é uma leitura agradável, mas não é disso que se trata. É uma história de mulheres. A força e resiliência de quem ficou, intimidadas como Provadoras da comida de Hitler que temia ser envenenado. É verídico. Rosa é a narradora. Uma mulher calada, que cria laços com as outras mulheres que não conhecera antes. A intimidade destas mulheres, distintas, resulta numa excelente história, exatamente o tipo de história que eu mais gosto de ler. Mulheres que ninguém fora dali sabia que existiam. Mulheres cativas do poder do lobo sem nunca o verem.

Em segredo, o tenente das SS e a Provadora ultrapassam os limites e o horror a que estavam sujeitos.
Os segredos e a culpa marcaram a vida desta mulher neste romance de profundos sentimentos. Muito bom. Uma Rosa inesquecível.

Autor: Rosella Postorino
Páginas: 336
Editora: Dom Quixote
ISBN: 9789722067942
Edição: 2020/ Fevereiro

Sinopse: 
Prússia Oriental, outono de 1943. Hitler esconde-se na Wolfsschanze - a Toca do Lobo -, o seu quartel-general oculto na floresta. As perspetivas de vencer a guerra começam a esboroar-se e os seus inimigos aproximam-se cada vez mais.
Dez mulheres são escolhidas.
Dez mulheres para provar a comida de Hitler e protegê-lo de ser envenenado.

Rosa Sauer, de 26 anos, perdeu tudo para esta guerra. Os pais morreram e o marido luta na frente russa. Sozinha e sem dinheiro, Rosa toma a fatídica decisão de deixar Berlim devastada pelos bombardeamentos para morar com os sogros no campo, em busca de refúgio. Mas uma manhã, as SS vêm dizer-lhe que foi recrutada para ser uma das provadoras de Hitler: três vezes por dia, ela e nove outras mulheres são levadas para as proximidades da Wolfsschanze, para provar as refeições do Führer. Forçadas a comer o que pode matá-las, na atmosfera turva destes banquetes perversos, as provadoras e os militares das SS traçam alianças insólitas - mas o que é insólito quando se vive no limite? E quando, na primavera de 1944, chega ao quartel o tenente Ziegler, instaurando um clima de terror, um inesperado vínculo nasce entre ele e Rosa.