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sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

Montanhas Douradas

 

A minha opinião: 

Supunha que o ano 2021 já estava encerrado no que concerne a grandes leituras e até tinha elaborado e divulgado o meu Top 7 mas não poderia estar mais equivocada porque Montanhas Douradas de C. Pam Zhang que tem deambulado comigo desde o verão foi uma revelação esmagadora.

O romance de estreia de uma americana nascida na China que conta uma história de vida na voz de uma criança de 12 anos. A busca de um lugar no mundo de uma familia e todas as narrativas que contavam entre si e como superavam o confronto com a realidade.

Alguns romances são inesquecíveis. Este é indiscutivelmente um deles.
Brutal!

Autor: C Pam Zhang
Páginas: 280
Editora: Bertrand
ISBN: 9789722541107
Edição: 2021/ junho 

Sinopse: 
Passado durante a corrida ao ouro na América, gótico e western em partes iguais (com um toque de fábula), Montanhas Douradas acompanha Lucy e Sam, que, com apenas doze e onze anos de idade, perderam os pais e partem numa viagem fantasmagórica - em direção a um futuro incerto, mas também em direção a um passado desconhecido -, tendo a paisagem californiana e a sua beleza impiedosa não apenas como pano de fundo, mas como personagem. Com uma prosa sucinta, porém cadenciada e rica, este é um romance íntimo e selvagem sobre a memória, o sentido de pertença e a busca de um lugar no mundo.

Uma inesquecível história que anuncia C Pam Zhang como uma das mais deslumbrantes novas vozes na literatura. Numa visão geral, o livro explora a questão racial num país em expansão e questiona o lugar a que pertencem os imigrantes. Mas, página a página, é nas memórias que ligam e separam famílias e na saudade do seu país e da sua casa que assenta este livro descrito pelo The New York Times como viciante e belo.

Top 7 de 2021

  Top 7 : 

1.


2.


3.


4.


5.


6.


7.



Top 5 (Tuga) de 2021

 Top 5 : 

1.

2.


3.


4.


5.



Segunda Casa

 

A minha opinião: 

Depois de ler a trilogia A Contraluz, Trânsito e Kudos, não podia deixar Segunda Casa. A prosa de Rachel é incisiva e muito precisa. Pequenos livros dão para ler e reler sem ficar indiferente.

Mas... contráriamente ao que eu esperava (e senti quando o iniciei), este romance não me agarrou. Muito conturbado emocionalmente e não consegui sentir empatia pelas personagens. 

A narradora, que no fim é identificada como M. conta a Jeffers (desconhecido na trama) o que se passou desde que se deixou impressionar por uma tela que a reconfortou e libertou, o que a levou a convidar o artista, conhecido pela inicial L., para a sua Segunda Casa. A turbulência desta hospitalidade que envolve o marido Tony, a filha Justine e o companheiro Kurt é devastadora para todos os envolvidos. E reveladora mas também extenuante para o leitor que se vê arrastado num rodopio de emoções. Afinal, o diabo andava à solta. E nada mais do que uma homenagem. 

Autor: Rachel Cusk
Páginas: 160
Editora: Relógio D'Água
ISBN: 9789897831843
Edição: 2021/ novembro 

Sinopse: 
Uma mulher convida um prestigiado pintor para passar uma temporada com ela e a sua família, na casa que acabam de construir numa remota zona costeira. Profundamente impressionada com a sua pintura, espera que o particular olhar do artista ilumine com uma nova luz a sua própria existência e os mistérios da paisagem.

Ao longo desse verão, a presença do pintor vai revelar a distância que separa a realidade das ficções que vamos construindo e as subtis dinâmicas de poder que existem nas relações entre homens e mulheres.

O Falcão

 

A minha opinião: 

Li todos ou quase todos os livros de Sveva Casati Modignani e não vou afirmar que é uma das minhas autoras preferidas mas já foi porque alguns romances me absorveram e encantaram como "A siciliana" ou "A viela da Duquesa" ou ainda "6 de abril'96". Atualmente parecem-me um tanto previsíveis e idílicos mas depois de leituras mais pesadas é justamente o que necessito para restaurar a fé em finais felizes. Giulietta é a típica personagem feminina que me agarra, ademais quando é membro de um clube de leitura e sugere um pequeno livro de Steinberg "O milagre de S. Francisco" que eu adorei. Rocco, é o garboso e bem sucedido homem que arrebatou o coração de Giulietta quando era jovem e o reencontro deveu-se a uma arriscada cirurgia no hospital dele e alternadamente cada uma das personagens regressa ao passado e se dá a conhecer. Esta é a estrutura dos romances da Sveva.

Terno e romântico é de leitura compulsiva. Um romance de ricos e privilegiados que nos fazem sonhar. Aprazível. Soube bem.

Autor: Sveva Casati Modignani
Páginas: 416
Editora: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-03461-8
Edição: 2021/ setembro 

Sinopse: 
Giulietta Brenna é uma mulher brilhante, com uma vida cheia e rodeada de afetos, que a ajudam a preencher o vazio deixado pela morte do marido mas não a impedem de viver com um espinho cravado no coração há mais de quarenta anos: o seu primeiro grande amor, o homem que a traiu e humilhou de forma imperdoável.
Ela tem feito tudo para esquecer, mas o rosto dele está em todos os jornais e revistas que falam dos seus sucessos empresariais. Na tentativa de se livrar daquelas memórias de uma vez por todas, Giulietta queima as fotos e cartas que testemunham o seu amor de juventude. Porque, aos sessenta anos, ela quer recomeçar.
Rocco Di Falco tem origens muito humildes. Nascido na Sicília, chegou a Milão na década de 1950. Um acontecimento traumático magoou-o profundamente, e o trabalho passou a ser a sua razão de viver. A intuição e a desenvoltura fizeram dele um dos homens mais ricos e importantes do mundo. No entanto, por mais voraz e brilhante que seja nos negócios, a sua vida é um desastre a nível sentimental. A verdade é que ele nunca deixou de amar Giulietta, a mulher que vergonhosamente traiu. E agora é hora de a reconquistar.
Uma história intensa e emocionante, num turbilhão de reviravoltas que agarrará os leitores da primeira à última página.

domingo, 26 de dezembro de 2021

Nem Um Tostão a Mais, Nem Um Tostão a Menos

 

A minha opinião: 

As histórias de Jeffrey Archer vencem qualquer fastio do leitor. Ritmo rápido dada a rapidez com que os acontecimentos se dão e escassos detalhes. Apenas os sufícientes para dar crebilidade e substância à trama que vicia. Um hábil contador de histórias, que sabe como agarrar o leitor e o transportar como testemunha privilegiada de uma trama onde se movimentam personagens carismáticas, os bons e os vilões, que desta feita surgem enredados num golpe. E uma desforra.

Desde que experimentei que não resisto aos livros de Jeffrey Archer que exalam um cheirinho de época requintado e aventureiro. O que não falta neste primeiro romance que tem mais de trinta anos, originalmente publicado em 1976 e que continua a ser fácil de ler e muito divertido.

Autor: Jeffrey Archer
Páginas: 256
Editora: Bertrand
ISBN: 9789722539791
reEdição: 2021/ novembro 

Sinopse:
Entram em cena os burlados: um professor de Oxford, um médico de sociedade profundamente respeitado, um colecionador de arte francês, cuja elegância é um cartão de visita, um carismático lorde inglês. Todos têm uma coisa em comum: de um dia para o outro, cada um destes recém-investidores perdeu a fortuna de uma vida para um único homem. Entra em cena o burlão: Harvey Metcalfe, o mais brilhante de todos os mestres do logro, um sujeito verdadeiramente perigoso. E, agora, um homem acossado. Com nada mais a perder, estes quatro indivíduos estão prestes a unir esforços - cada um deles hábil na sua própria arte. O plano: encontrar Metcalfe, vigiá-lo bem de perto, enredá-lo num dos seus ardis e extorqui-lo até ao último tostão.

Desde os luxuosos casinos de Monte Carlo, passando pelas apostas de alto risco nas corridas de cavalos de Ascot, os mais movimentados corredores de Wall Street ou as galerias de Londres absolutamente imprescindíveis, o engenhoso jogo destes quatro mosqueteiros acaba de começar. Tem um nome que todos conhecemos - vingança - e foi um mestre quem lhes ensinou a primeira lição.

Austerlitz

 

A minha opinião: 

Austerlitz é uma personagem central peculiar e enigmática que o narrador tenta decifrar, como quando este se dedica aos estudos arquitectónicos como um velho hábito em que se deslumbra com as coisas singulares que construímos. Os encontros esporádicos entre estes dois intervenientes dão origem a conversas bem localizadas no lugar e no tempo e nem este último é descurado como tema. Melancolia é o tom em que estas conversas se realizam até que Austerlitz revela que a sala de espera da velha estação de Liverpool Street, um dos edíficos que se dedicava a apreciar, libertou as memórias soterradas do verão de 1939 em que tinha quatro anos e meio.

Triste, muito triste... Um livro para disfrutar devagar.

Autor: W. G. Sebald
Páginas: 272
Editora: Quetzal Editores
ISBN: 9789897220517
Edição: 2012/ outubro 

Sinopse:
Austelitz é uma narrativa notável, tão curiosa quanto despretensiosa, que nos dá a conhecer Jacques Austerlitz, numa espécie de monólogo meditativo interior, ao longo de um passeio pelas costas de East Anglia.
Com este retrato comovente de um emigrante em busca das suas origens, Sebald descreve um universo peculiar, se bem que reconhecível, que resulta do encontro entre a história pessoal e as particularidades do passeio; tendo a grandeza de tocar questões fundamentais como o tempo, a memória e a experiência humana.

Monstros Fabulosos

A minha opinião: 

Gostei. Mais de uns do que outros, o que se justifica porque alguns Monstros Fabulosos não fizeram parte das personagens literárias da minha vida. 
Surpreendi-me com uma escrita exemplar e uma análise crítica. Um  livro peculiar e muito interessante.

Autor: Alberto Manguel
Páginas: 232
Editora: Tinta da China
ISBN: 9789896715038
Edição: 2019/ setembro 

Sinopse:
Com ilustrações do autor e um «monstro» português: o Mandarim, de Eça de Queirós.

Desde a infância, há personagens de livros que começam a fazer parte da vida de quem gosta de ler. Depois, e apesar de nós, os leitores, envelhecermos, e de elas, as personagens, teoricamente ficarem na mesma, vão crescendo connosco, sofrendo mutações, fazendo companhia a outras que vão surgindo e ganhando significado para lá dos livros de onde saíram, como amigos de longa data com quem se partilha experiências e emoções. O bibliófilo Alberto Manguel apresenta neste livro, com erudição e humor, mais de 30 das suas personagens preferidas, desde o Jim de Huckleberry Finn ao monstro de Frankenstein, passando pela Capuchinho Vermelho ou pelo marido da Madame Bovary. Através desta partilha, desafia cada leitor a explorar as suas relações pessoais com este tipo de «monstros» imortais e amorosos, e com o tanto que estes transportam em si da condição humana.

«Aprendi a minha experiência do mundo — amor, morte, amizade, perda, gratidão, desconcerto, angústia, medo, tudo isto e a minha própria identidade em mutação — com personagens imaginárias que conheci nas minhas leituras, muito mais do que com a minha misteriosa cara no espelho ou o meu reflexo nos olhos dos outros.» — Alberto Manguel, Prefácio

Will

 

A minha opinião: 

Uma biografia. Raramente me chama. Mas... A mensagem do Will de que temos de enfrentar o que nos assusta chegou aos meus aventureiros filhos e como não sabia o suficiente sobre ele ou o que o levou ao sucesso decidi ler. E não desiludiu. Percebi que é realmente digno de admiração e apreço.

A vivacidade, simplicidade e alegria de Will empolga o leitor com as suas conquistas e não nos derruba com as suas mágoas e fraquezas mas leva-nos a aceitar as nossas. O estrelato em míudos é avalassador. A destruição também. E os novos recomeços excelentes quando se aprende a lição. A vida de Will é francamente inspiradora e ainda nos deixa com um sorriso nos lábios e sem fazer comédia.

Eu não resisti a ouvir algumas músicas que deram outra dimensão a esta leitura. E não descurei aquilo que o Will aprendeu. A importância de seguir os seus instintos e se rodear das pessoas que confia e não os abandonar. E a experienciar o melhor que a vida tem.

Autor: Will Smith e Mark Manson
Páginas: 452
Editora: Albatroz
ISBN: 978-989-739-117-0
Edição: 2021/ novembro 

Sinopse:
Uma das personalidades mais dinâmicas e reconhecidas em todo o mundo na área do entretenimento faz um relato sincero sobre a sua vida, num livro arrojado e inspirador, que traça a sua trajetória de aprendizagem até ao sucesso exterior, à felicidade interior e à conexão humana. Pelo caminho, Will conta-nos a aventura de um dos mais incríveis percursos traçados no mundo da música e do cinema.
A forma como Will Smith, um miúdo da zona oeste de Filadélfia, se transforma numa das maiores estrelas de rap da sua época, e depois numa das maiores estrelas de cinema da história de Hollywood, é uma narrativa épica - mas é apenas metade da história. Will acreditava, com bons motivos, que tinha vencido na vida: não só alcançara um sucesso incomparável, como encaminhara toda a família para o estrelato do mundo do entretenimento. Só que os outros não o encaravam dessa forma: sentiam-se mais como estrelas no circo de Will, um emprego sem folgas para o qual não se tinham candidatado. Afinal, o percurso de aprendizagem de Will Smith estava longe de ter terminado.
Este livro é o produto de uma profunda jornada de introspeção, uma tomada de consciência de tudo o que a força de vontade nos pode ajudar a alcançar e obrigar a deixar para trás. Escrito com a colaboração de Mark Manson, autor do sucesso A arte subtil de saber dizer que se f*da, Will é a história de alguém que soube dominar as suas próprias emoções, escrita de forma a ajudar outros a fazerem o mesmo.
«A partir do momento em que conquista a mente, é fácil lidar com o mundo material. Eu acredito nisso. Assim que perceber o funcionamento da sua mente, cada experiência, cada emoção, cada circunstância, seja positiva ou negativa, vai impulsioná-lo para um maior crescimento e uma experiência mais extraordinária. Essa é a verdadeira vontade. Para seguir em frente, apesar de tudo. E avançar de forma a que os outros venham consigo, e não fiquem para trás.» - Will Smith

Sinopse de Amor e Guerra

 

A minha opinião: 

Um pequeno romance que todo ele é sentimento, onde coexiste amor e ódio. Um amor profundo. Predestinado. Apartado por um muro. "...se me perguntarem o que é a vida depois da morte, ou a separação física, o que vai ao mesmo, respondo que é isso: a silhueta que deixamos nas paredes da alma de quem nos ama." (pag. 117)

A narrativa tem o cunho de Afonso Cruz em que se conjuga várias latitudes serenamente ponderadas num olhar que varia entre o fatalista e o terno sobre a natureza humana. E os livros, sempre os livros, que os tios de Theobald, donos de uma livraria, serviam numa bem intencionada pausa de sabedoria e ironia. "Instantes de eternidade, pequenos episódios de sentido que dão propósito e nos enquadram no mundo, não como seres insignificantes que amam. E isso muda tudo." (pag.140)

Sinopse de amor e guerra é o segundo na coleção Geografias: narrativas que partem de uma viagem ou de um lugar. Berlim é a cidade. Não estive atenta mas li Princípio de Karenina, o primeiro e, remonta à Cochichina.

Romances que nos fazem crescer e devem ser lidos por quem tem alma de leitor.

Autor: Afonso Cruz
Páginas: 192
Editora: Companhia das Letras
ISBN: 9789896658113
Edição: 2021/ dezembro 

Sinopse:
Theobald Thomas e Bluma Janek estão fadados a ficar juntos desde que vêm ao mundo. Os livros são o seu ponto de encontro. Mas a Berlim do pós-guerra, uma cidade enlutada e dividida, haverá de contrariar o que o destino parecia ter escrito.

Numa noite de Agosto, sem aviso, o chão de Berlim é rasgado pelos alicerces de um muro o mais famoso da História e a promessa do primeiro beijo fica adiada.

O novo romance de Afonso Cruz parte de uma trama real em que o amor e a guerra se entrelaçam para questionar certos limites, encontrando no fado individual de dois amantes o reflexo de algo universal: o que seríamos capazes de fazer por paixão, que barreiras ultrapassaríamos? Pode o amor saltar muros sem que alguém se magoe?

A Segunda Vida de Olive Kitteridge

 

A minha opinião: 

Adoro esta protagonista aziada e tão humana. De acordo com o testemunho de Elizabeth Strout regressou à Olive porque esta se impôs (comentário de José que me recordou que ela me aguardava), o que se compreende porque ela é assim. Quando se pensa nela já não nos larga.

Senti saudades.
Gosto de uma personagem sem subtilezas, que expressa o que sente. E ela raramente se coíbe de dizer o que pensa. Não é errado mas pode ser rude. Também é um bálsamo para quem a rodeia e quer enfrentar a realidade e combater a solidão.
"... nunca devíamos encarar de ânimo leve a solidão que as pessoas sentiam no seu âmago, que as escolhas que faziam para evitar essa escuridão escancarada eram escolhas que exigiam resspeito".
A Olive não poupa ninguém naquela pequena localidade no Maine. Sequer, ela própria escapa ao seu olhar crítico.

A velhice, a perda, a aceitação e os recomeços. temas que através da vida dos habitantes naquela pequena comunidade encaramos de frente. E o tempo passa como sabemos por Olive e por todos os outros. No fim, tal como Olive, talvez diga "Não faço a mínima ideia de quem fui. Sinceramente, não compreendo nada."

O livro certo no momento certo. Amei.

Autor: Elizabeth Strout
Páginas: 344
Editora: Alfaguara Portugal
ISBN: 9789897843495
Edição: 2021/ julho 

Sinopse:
Elizabeth Strout dá continuidade à vida de Olive Kitteridge, uma personagem inesquecível, que arrebatou a imaginação de milhões de leitores e mereceu um Prémio Pulitzer.

O tempo passa, mas Olive não muda e decidiu que ainda não é tempo de desistir da vida. Rude, inconveniente e teimosa, na mesma medida em que é honesta e generosa, Olive Kitteridge continua a observar a pequena cidade de Crosby com a sua peculiar combinação de empatia e reserva, mesmo quando ajuda uma mulher a dar à luz num momento absurdamente inoportuno ou consola uma rapariga que tenta aceitar a morte do pai. Olive sabe que os outros podem ser um espelho de nós. E ganha finalmente coragem para olhar para dentro com a franqueza desarmante que dedica aos demais.

Porque já é tarde para corrigir os erros do passado e a vida não pode esperar, decide agarrar a oportunidade de recomeçar ao lado de Jack Kennison, professor universitário, reformado e viúvo como ela. Ambos suportam a solidão das noites demasiado longas e sentem a falta dos filhos que não souberam manter perto de si. Juntos, tentam agarrar o futuro que sabem ser demasiado breve.

Neste novo livro, a inesquecível Olive continua a surpreender-nos com as suas tiradas, a comover-nos com a sua humanidade e a inspirar-nos a aceitar o mistério e o tumulto da vida, vincando o seu lugar como uma personagem literária mais real que a própria vida.

Um romance magistral e comovente sobre a solidão, o amor, a perda e os recomeços, e sobre a esperança que resiste em tudo isto.

terça-feira, 30 de novembro de 2021

Ecologia

A minha opinião: 

Perplexa li Ecologia e nem sei o que pensar mas gostei. Estranha-se mas entranha-se. As palavras têm um custo e neste romance não é o custo mas o impacto quando me atingem com a força da realidade de uma distopia. Confuso, é o alternar de personagens, maioritáriamente femininas que partilham o seu sentir. O resto é eco de tudo o que sabemos errado numa escrita exemplar. Muito perturbador e acutilante e neste registo toca a escala próxima do individuo, do casal, da familia.

Mordaz, sarcástico, irónico, amargo e até divertido e sem dúvida muito inteligente. Obriga a algumas paragens para processar se se encaixar noutros contextos e avaliarmos por outros angulos. Nada parecido com algo que tenha lido. E sem dúvida, para reler e será uma outra leitura este inquistionável hino à linguagem humana. Algo que dificilmente refletimos e tanta relevância têm. 

Autor: Joana Bértholo
Páginas: 504
Editora: Editorial Caminho
ISBN: 9789722129374
Edição: 2020/ setembro 

Sinopse:
Numa sociedade que se fundiu com o mercado - tudo se compra, tudo se vende - começamos a pagar pelas palavras.

A estranheza inicial dá lugar ao entusiasmo.
Afinal, como é que falar podia permanecer gratuito? Há seis mil idiomas no mundo.
Seis mil formas diferentes de dizer ecologia, e tão pouca ecologia.
Seis mil formas diferentes de dizer paz, e tão pouca
paz. Seis mil formas diferentes de dizer juntos, e cada um por si.

sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Marilyn - Uma Biografia

A minha opinião: 

Nesta incursão nada vulgar em mim li mais uma novela gráfica e desta feita uma biografia de uma mulher que transformaram num ícone sexual eterno. O mito Mrilyn Monroe não desaparece ou desvanece e a mulher Norma Jean Baker, uma pobre coitada, também parece ser demasiado conhecida e popular. Será que esta mulher brilhante que poucos conheciam intimamente foi justamente imortalizada?

Não sabia que tinha uma importante e interessante biblioteca pesssoal e que, ler e escrever sempre a ajudou nas alturas mais difíceis da sua vida. Contudo, não a salvou e quando li "Os sete maridos de Evelyn Hugo" achei que havia muitas semelhanças com o que já sabia sobre a sua vida e que tinha servido como uma das fontes de inspiração da autora e continuo convencida disso.

Uma mulher à frente do seu tempo que queria ser livre e vingar na sua arte. Bonita homenagem.

Autor: María Hesse
Páginas: 184
Editora: Suma de Letras
ISBN: 9789897843457
Edição: 2021/ setembro 

Sinopse:
Quem era a verdadeira Norma Jeane Baker?
A actriz mais conhecida da História do cinema, o símbolo sexual de uma era inteira, o protótipo, por excelência, de loira burra e, sobretudo, alguém que, até hoje, permanece uma grande incógnita.

Depois de fazer os corações de Frida Kahlo e Bowie florescer, descobrindo o seu lado mais humano, María Hesse revela a alma de Marilyn Monroe, uma mulher que, como tantas outras das suas contemporâneas, explodiu todos os cânones e merece ser lembrada, hoje mais do que nunca, pelo seu talento, a sua sensibilidade, a sua inteligência e as barreiras que quebrou.

Verdades Ocultas

A minha opinião: 

Não há como evitar. Os romances policiais desta dupla de escritores nesta saga, são tremendamente viciantes. Pensar no Sebastian Bergman e ver o livro pousado não era viável e bastou ler as primeiras páginas para não parar. 
Vanja é a chefe da equipa e Sebastian é avô. Mas há mais... Billy, Billy... E Júlia!??? E a lista de alvos. E que desfecho foi aquele???

Em cada livro fica alguma sítuação crítica com alguns dos investigadores por resolver desta brilhante equipa que vive no limite. Como os assassinos. 

O enredo não é original. Verdades ocultas que urge vingar e um gatilho numa festa muito típica de reencontro escolar dez anos depois. Verdades ocultas que não se pode negar quando um "esqueleto aparece". O jogo psicológico que leva a equipa de Unidade de Homicídios a decifrar o mote para os crimes e o suspense e a lógica por trás de todas as ações é o factor que a torna tão envolvente e viciante para o leitor. E a psicopatia que um especialista em perfil criminal como Sebastian Bergman reconhece e a narrativa atinge um  novo pico de adrenalina. 

A melhor saga que li nos últimos tempos. Estou fã. Supunha que era o último mas ainda não foi desta. Contudo, acho que está a perder o fulgor. Venha o próxima para ver como ficamos. 

Autor: Hjorth e Rosenfeldt
Páginas: 472
Editora: Suma de Letras
ISBN: 9789897844591
Edição: 2021/ novembro 

Sinopse:
Três assassinatos em poucos dias. A tranquila cidade sueca de Karlshamn é tomada pelo terror. Vanja e os seus colegas estão sob pressão para parar o atirador antes que ele mate mais pessoas. Mas não há pistas nem testemunhas nem ligações claras entre as vítimas.

Três anos após os acontecimentos que vivenciaram em Mentiras consentidas, Vanja , Torkel , Ursula , Billy e o resto da equipa da Unidade de Homicídios de Estocolmo têm lidar com um assassino em série que deixou um rastro de cadáveres na pequena cidade costeira de Karlshamn . Mas não há pistas, testemunhas ou ligações claras entre as vítimas. Sebastian Bergman escolheu uma vida mais tranquila desde que se tornou avô, regressando ao trabalho de psicólogo e terapeuta.

No entanto, o seu mundo abala quando um australiano lhe pede ajuda para processar a experiência que viveu no tsunami de 2004, durante o qual o próprio Sebastian perdeu a esposa e a filha. Desde o assassinato em Uppsala, três anos atrás, Billy , o ex colega de Sebastian, nunca mais parou de matar, mas, ao tornar se pai, decide parar. Mas as circunstâncias não permitirão que o passado seja esquecido. A questão é: até aonde irá Billy para se certificar de que não será descoberto?

Obscuritas

 

A minha opinião: 

Gosto de policiais mas este estava longe de me agarrar e foram precisas quase cem páginas para começar a sentir empatia pela rapariga dos subúrbios, Micaela Vargas, e pelo Professor Hans Rekke. Eventualmente é propositado porque as personagens centrais são tão retorcidas como a vida. Não porque tenham defeitos óbvios mas é preciso conhecê-los melhor para o desvendar e depois admirar. A mitologia familiar de Rekke com os "black dogs" e os problemáticos irmãos de Vargas não se dão logo a conhecer e quando isso acontece ficamos enredados na trama.

Obscuro, inquietante e engenhoso. Nada é o que parece. Nem a vitima, os investigadores ou as entidades oficiais nesta intriga ao mais alto nível. Obscuritas.

Promissor. Gostei muito. Mais uma saga de uma equipa disfuncional que vamos seguir. Outra dinâmica mas muito viciante.

Autor: David Lagercrantz
Páginas: 400
Editora: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-03451-9
Edição: 2021/ outubro 

Sinopse:
Estamos no verão de 2003 e os Estados Unidos acabaram de invadir o Iraque. Em Estocolmo, um árbitro de futebol de origem afegã é assassinado. Giuseppe Costa, o pai de um dos jogadores, é preso pelo crime. No entanto, Costa insiste na sua inocência e a Polícia decide consultar o Professor Hans Rekke, um especialista em técnicas de interrogatório reconhecido mundialmente.

Mas nada acontece como era esperado. Com um admirável raciocínio, Rekke descarta por completo a investigação preliminar, fazendo desmoronar todo o caso. Costa é libertado e a Polícia não sabe que caminho seguir. Contudo, Micaela Vargas, uma jovem agente entretanto afastada do processo, não baixa os braços e volta a procurar o Professor, porém ele não atende nem retribui as suas chamadas.

Uma circunstância insólita e dramática, contudo, juntará uma vez mais esta dupla singular, agora decidida a retomar o enigmático caso que acaba por conduzi-los a uma caça ao terrorista levada a cabo pela CIA e à guerra dos talibãs contra a música.

Afinal quem era aquele árbitro? Uma vítima ou um criminoso?

Obscuritas é um livro engenhoso e apaixonante onde nada é o que parece.