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sexta-feira, 30 de julho de 2021

Mulheres que Não Perdoam

A minha opinião:

O movimento #MeToo para libertar mulheres ao expor poderosos abusadores é o mote para este romance. Camilla Läckberg agarrou essa causa mas levada ao extremo. Três mulheres, em diferentes circunstâncias, que não se conhecem, resolvem aliar-se para eliminar os conjugues. Não é uma ideia original e sequer é o primeiro romance da autora com este tema mas não lhes consigo resistir. Adoro uma boa vingança. E adoro as protagonistas. Não acho muito credível mas... estas mulheres são do Norte. Da Europa. 

Autor: Camilla Läckberg
Páginas: 224
Editora: Suma de Letras
ISBN: 9789897842849
Edição: 2021/ julho 

Sinopse: 
Prisioneiras dos seus casamentos, cansadas de sofrer e com vontade de se vingar, três mulheres que não se conhecem trocam confidências num fórum da Internet.
Ingrid, esposa de um famoso editor de jornal que sacrificou a sua carreira de jornalista em benefício do marido, descobre que este a está a trair sem escrúpulos.

Birgitta, a doce professora apreciada por toda a comunidade, sabe que está doente há vários meses, mas continua a adiar a consulta ao médico. As contusões que cobrem o seu corpo podem trair a violência que ela sofre em silêncio.

Victoria deixou a sua Rússia natal para se estabelecer na Suécia com um homem que conheceu num site de encontros. Mas ele não é de forma alguma o marido que ela imaginou e a sua nova vida é um pesadelo. É prisioneira de um bêbado obeso que a trata «como uma boneca inflável capaz de cozinhar e manter a casa limpa».

Um dia, levadas ao limite, planeiam, mesmo sem se conhecerem, o crime perfeito.

Tatiana

A minha opinião:

Tatiana é a jornalista incómoda na Rússia moderna e altamente corrupta de Putin que segundo as autoridades que perderam o corpo se suicidou. Arkady é o inspector-chefe cético e sarcástico que investiga o assassinato dela. E nesta teia vão cobrir duas cidades a centenas de quilómetros de distância para perceber o que é que um solitário intérprete sabia e registou numa linguagem pessoal num caderno que todos querem mas nenhum consegue ler. 

O mais difícil é memorizar nomes próprios com y, k e z, nest thriller irreverente e surpreendentemente divertido. Os diáogos e a obstinação de Arkady são viciantes. Poderia ser um livro de banda desenhada se não estivesse em prosa. E não é o primeiro ou o segundo mas o terceiro de Arkady Renko. Não sabia se ia gostar ou detestar este protagonista tão... num clima de... mas no final adorei e não consegui parar de o ler.

Autor: Martin Cruz Smith
Páginas: 288
Editora: Bertrand
ISBN: 9789722540889
Edição: 2021/ junho 

Sinopse: 
A intrépida jornalista de investigação Tatiana Petrovna salta para a morte da varanda de um sexto andar em Moscovo na mesma semana em que Grisha Grigorenko, um bilionário mafioso é baleado e enterrado com honras de figura pública. Ninguém associa os dois casos exceto Arkady Renko, que fica surpreendido com o que descobre nas gravações de Tatiana: crimes hediondos encobertos pelas versões oficiais. Todas as pistas o conduzem a Kaliningrado, "cidade secreta" da Guerra Fria, que, apesar de ficar a centenas de quilómetros do resto da Rússia, é o local onde se encontra estacionada a Frota do Báltico. Quanto mais Arkady investiga, mais se aproxima do passado de Tatiana, numa viagem surpreendente à Rússia da era Putin e à corrupção maciça que a mina.

terça-feira, 27 de julho de 2021

A Face Norte do Coração

A minha opinião:

Título incrivel para uma excelente história. Thriller policial.

Amaia Salazar é uma personagem marcante. Jovem, forte e corajosa, é uma detective inata. Tem instinto e uma inteligência fora da média e por isso foi incluída na equipa do agente Dupree do FBI para impedirem um assassino de familias de voltar a atuar, oculto pela destruição de catástrofes naturais.

Mais, Amaia é uma rastreadora, dotada da capacidade de discernir o rasto do mal. O seu passado não é alheio a esse dom. Nova Orleães encontra-se debaixo de um feitiço perpetuo da noite de Samedi e Dupree tem uma forte razão para querer a sua colaboração. 

Provavelmente, o romance mais arrebatador que irei ler este ano. Depois de o começar é dificil parar. Nova Orleães, o Katrina, e as marcantes personagens tornam este romance extraordinário e místico, numa perfeita combinação. O fim não amei, porque foi um tanto abrupto.

Autor: Dolores Redondo
Páginas: 616
Editora: Planeta
ISBN: 9789897774072
Edição: 2020/ novembro  

Sinopse: 
«Quando Amaia Salazar tinha doze anos esteve perdida no bosque durante dezasseis horas. Era de madrugada quando a encontraram, trinta quilómetros a norte do lugar onde se havia desviado do trilho. Desmaiada debaixo da chuva intensa, a roupa enegrecida e chamuscada como a de uma bruxa medieval resgatada de uma fogueira e, em contraste, a pele branca, limpa e gelada como se acabasse de surgir do gelo.»
Em agosto de 2005, muito antes dos crimes que chocaram o vale do Baztán, Amaia Salazar uma jovem de vinte cinco anos, subinspetora da Policia Foral de Navarra, participa num curso de intercâmbio para polícias da Europol na Academia do FBI, nos Estados Unidos, dado por Aloisius Dupree, o chefe da unidade de investigação. Uma das provas consiste em estudar um caso real de um assassino em série a quem chamam O Compositor , que age sempre durante grandes catástrofes naturais, atacando famílias inteiras e seguindo uma encenação quase litúrgica. Amaia integrará inesperadamente a equipa de investigação que os levará até Nova Orleães, em vésperas do pior furacão da história da cidade, para tentar antecipar-se ao assassino… Contudo, um telefonema da sua tia Engrasi de Elizondo despertará em Amaia fantasmas da sua infância, obrigando-a a enfrentar de novo o medo e as recordações que podem mudar tudo, expondo-a de novo à face norte do coração.

quarta-feira, 21 de julho de 2021

O Belo Verão

A minha opinião:

Cesare Pavese sabia escrever. A escrita é elegante, natural e sem maneirismos. Uma escrita com propósito e segurança, sedutora e cinematográfica. O leitor é convidado a assistir às voltas e reviravoltas da vida das personagens que se projecta nas palavras.

 O Belo Verão em que se goza a juventude e se tem uma paixão. Amelia, uma nova amiga, mais vivida, leva a jovem, solitária e inexperiente Giulia a descobertas de passagem à idade adulta. Subtil e encantador mas não menos perverso.

Autor: Cesare Pavese
Páginas: 112
Editora: Livros do Brasil
ISBN: 978-989-711-128-0
Edição: 2021/ junho 

Sinopse: 
Vive-se um verão quente, festivo, leve, e Ginia, de dezasseis anos, anseia por aventura. Conhece então Amelia, jovem sofisticada que se move pelo meio cultural boémio, e com ela descobrirá um mundo novo de liberdade intoxicante, repleto de prazeres reservados apenas àquela estação – andar pelos campos para lá das colinas, abrir as janelas e sentir o perfume da noite, descobrir o que há por detrás de um cortinado vermelho. O Belo Verão é uma história intensa e delicada sobre a perda da inocência e o primeiro amor, narrada por um dos mais talentosos autores italianos do século xx. Escrito na primavera de 1940, mas publicado apenas em 1949, O Belo Verão foi distinguido em 1950 com o Prémio Strega.

Um ponto de interrogação é um coração partido

A minha opinião:

Muito bom desde as primeiras páginas. Alguns autores não desiludem. Depois de ler A Agenda Vermelha não podia perder este novo romance. E Elin já me conquistou. Fredrik promete.

A vida profissional de Elin está ao rubro mas o casamento com Sam está a descambar, depois de Alice atingir a maioridade e sair de casa, quando recebe um mapa das estrelas e uma breve mensagem de Fredrik e o passado irrompe pela porta azul e Elin é assolada pelas memórias. Tocante e envolvente numa escrita clara que torna muito presente o que é narrado. 

Seguramente o melhor romance que li este ano. Um romance que marca porque emociona e através da protagonista sentimos emoções fortes enquanto testemunhas priveligiadas do tanto que foram afetados. Será que nos lembramos através das memórias que ficam gravadas das coisas tal qual nos aconteceram?

Autor: Sofia Lundberg
Páginas: 312
Editora: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-03450-2
Edição: 2021/ junho 

Sinopse:  
Elin Boals parece ter a vida ideal: é uma bem-sucedida fotógrafa de moda em Nova Iorque e tem a família perfeita, composta por um marido maravilhoso, Sam, e a filha de dezasseis anos, Alice. Porém, quando Elin recebe um mapa celeste enviado por Fredrik, o seu único amigo de infância, esse simples gesto impede-a de se concentrar na resolução de problemas mais prementes: o seu casamento está à beira do fim e ela não consegue sequer arranjar disponibilidade para a terapia de casal.
Neste difícil contexto, Fredrik é a lembrança viva de um passado que Elin fez tudo para esquecer e ocultar, principalmente dos que lhe são mais próximos. As memórias da vida difícil em Gotland, na Suécia, e de todos quantos ela deixou para trás voltam à tona, juntamente com a revelação do terrível segredo que determinou a sua fuga, aprofundando ainda mais o fosso entre ela e a família. Todavia, ao fim de décadas mergulhada na mentira, Elin acaba por compreender que a única maneira de salvar a existência que construiu é reconciliando-se com o passado.

Se te pudesse contar

A minha opinião:

O que li, intrigada, com o terrivel segredo que afastou duas irmãs que se adoravam por vinte anos e oito anos e que com a grave doença da mãe se vêem confrontadas com o passado. A imaginação solta sem descortinar o porquê.

Gosto de ler histórias de vida e este romance foi um prazer de ler. Um enredo no feminino, em que alguma dor as rodeia, importentes para resolver. Não é amargo mas há tristeza e culpa no afastamento dos laços de familia. E no final, comovente, a redenção. O amor que protege. 

Contemporâneo e elegante, como a bela capa deste romance. Ma-ra-vi-lho-so e por isso, inesquecível. Uma história de vida bem contada e muito realista que emociona.

Autor: Hannah Beckerman
Páginas: 336
Editora: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-03457-1
Edição: 2021/ junho 

Sinopse:  
Como mãe, o sonho de Audrey sempre foi que as filhas fossem tão próximas quanto só as irmãs podem ser. E de todos os seus sonhos que ficaram por cumprir, este é o que mais lhe pesa. Há trinta anos, um doloroso acontecimento dividiu a pequena família – Jess e Lily, agora adultas, vivem em Londres, a poucos quilómetros uma da outra, mas há muito que não se falam. As filhas adolescentes de ambas também nunca se puderam conhecer; Jess não o permitiu, ainda que Lily não saiba o que fez à irmã para que esta a tenha passado a odiar.
Agora Audrey está gravemente doente e, antes de partir, gostaria de realizar vários sonhos, entre eles o de reconciliar a sua família. A tarefa não é fácil e, à medida que a tensão aumenta, os segredos e as escolhas do passado que originaram a rutura emergem. Depois de tantos anos de silêncio, conseguirão elas encontrar o perdão e reatar os laços desfeitos décadas antes?

As Pontes de Madison County

A minha opinião:

Dispensa comentários mas este livro é um fantástico tributo ao amor verdadeiro numa prosa bela e sedutora e tão natural e intensa como o viveu Francesca e o último dos cowboys, Robert Kincaid.


Autor: Robert James Waller
Páginas: 200
Editora: Clube do Autor
ISBN: 9789897245640
Edição: 2021/ março 

Sinopse: 
Em agosto de 1965 Robert Kincaid de 52 anos, carrega a sua carrinha e parte para Madison County no interior dos Estados Unidos, onde ficam as sete pontes cobertas que ele tem de fotografar para a revista National Geographic. A existência plácida de Francesca Johnson, casada e com dois filhos, é completamente abalada com a chegada inesperada do fotógrafo.

Neste clássico da literatura contemporânea, James Waller põe em cena o amor profundo entre Robert e Francesca Inicialmente, nenhum deles espera que este encontro fortuito conduza a uma aventura, porém, a atração que ambos sentem é inegável e dará lugar a um amor profundo e duradouro.

A sua história prova ao mundo que o valor das coisas está na intensidade que elas carregam e não no tempo que duram.

O pássaro noturno

 A minha opinião:

Enredada em thrillers segui para um nórdico. Não costumam desiludir e não são meigos. Os crimes e os contornos dos mesmos são fortes.

Hanna retorna à terra natal após a morte do pai e tem de enfrentar o passado de má memória e um crime com um adolescente, filho da melhor amiga que naõ via há 16 anos enquanto investigadora local. Suspense... mas o ritmo é mais lento do que eu desejava apesar dos capítulos curtos, enquanto muitos segredos se vão revelando. Hanna é uma protagonista ambígua e mal resolvida por quem não senti empatia e onde falta firmeza na condução da investigação. A equipa é difusa mas ainda assim eficiente. Não assusta ou perturba e é mais um drama do que um thriller. O foco é os que sofrem depois de um crime, como a familia e os amigos. Os efeitos colaterais sobre os que ficam, do lado da vitima ou dos assassinos. 

Autor: Johanna Mo
Páginas: 408
Editora: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-03414-4
Edição: 2021/ junho 

Sinopse: 

A detetive Hanna Duncker está de regresso à terra natal. Dezasseis anos depois de trocar Öland por Estocolmo, a morte do pai obriga-a a revisitar a ilha onde passou a infância. Apesar de tudo o que aconteceu lá, apesar dos mexericos e de sentir todos os olhares postos em si, é naquele lugar remoto junto ao mar que se sente em casa.
Quando Joel, um adolescente de 15 anos, é encontrado morto e com sinais de violência no parque de merendas de Möckelmossen, Hanna é arrastada para uma investigação que envolve a sua antiga melhor amiga – aquela que abandonara sem qualquer explicação.
Ao mesmo tempo que procura descobrir o assassino de Joel, Hanna continua a viver as consequências de um crime horrendo cometido pelo pai, muitos anos antes. Conseguirá, algum dia, quebrar a ligação ao passado?

domingo, 18 de julho de 2021

A Noiva Cigana

A minha opinião:

Percebo finalmente o furor com este thriller policial. A vertigem em acompanhar a BAC com a misteriosa e carismática detective Elena Blanco e um hediondo crime por desvendar com uma noiva cigana. O ritmo é a lógica imparável numa narrativa bem conseguida no encalço das pistas, das provas e suspeitos. Empolgante... e viciante. 

Não ficam dúvidas de que é um thriller marcante. Se não, pela investigação que se repudia, mas pelo drama paralelo de um desaparecimento de uma criança que deixa uma mãe em luta para o encontrar e tudo isto conjugado não é para estômagos fracos ou pessoas sensiveis. Essas também não devem gostar de thrillers. Uma coisa é certa. Elena e a sua equipa vão voltar e tal como a série Sebastian Bergman não a vou perder.

Autor: Carmen Mola
Páginas: 368
Editora: Suma de Letras
ISBN: 9789897842528
Edição: 2021/ maio 

Sinopse: 
Susana Macaya, filha de pai cigano mas educada fora da comunidade, desaparece depois da sua despedida de solteira. O corpo é encontrado dois dias depois na Quinta de Vista Alegre no bairro madrileno de Carabanchel. Poderia ser mais um homicídio, não fosse o facto de a vítima ter sido torturada na sequência de um ritual inusitado e atroz e de a sua irmã, Lara, ter sofrido o mesmo destino sete anos antes, também na véspera do casamento. O assassino de Lara cumpre pena desde então, pelo que há apenas duas possibilidades: ou alguém imitou os seus métodos para matar a irmã ou há um inocente encarcerado.

Investigar uma pessoa implica conhecê-la, descobrir os seus segredos e contradições, a sua história. No caso de Lara e Susana, a detective Elena Blanco deve olhar para a vida de alguns ciganos que renunciaram aos seus costumes para se integrarem na sociedade, e de outros que não lhes perdoam, e levantar cada véu para descobrir quem poderia vingar-se com tanta crueldade de ambas as noivas ciganas.

O Último Refúgio

A minha opinião:

No clube de leitura já ouvira falar dos brutais thrillers de Pedro Garcia Rosado. E estava intrigada e curiosa. Mais um bom autor português que devia conhecer. O último refúgio era um bom livro para começar e rápidamente me vi encvolvida numa intriga de leitura compulsiva em que os protagonistas têm carisma e fortes diálogos e se encontram ligados por crimes e paixão. Oscilando entre Portugal e os EUA, presente e passado recente (quatro anos) vamos desvendando os verdadeiros contornos da tragédia pessoal de Jim Castello e a manipulação de uma mulher inteligente e de uma beleza fatal. Bem conduzida a narrativa deixa o leitor em suspense e a congeminar possibilidades, sem vislumbrar o desfecho pretendido e ansioso por saber mais. Exatamente o que se espera de um bom thriller e ao nível dos melhores que li.

A pandemia não foi alheia e os efeitos do estado de emergência limita a ação de quem se encontra em fuga. E não podia faltar um impactante desfecho. Um rato e uma ratoeira na praia das bruxas.

Autor: Pedro Garcia Rosado
Páginas: 316
Editora: Clube do Autor
ISBN: 9789897245671
Edição: 2021/ maio 

Sinopse: 
Pedro Garcia Rosado, com um turnpage arrasta o leitor para o interior do submundo da máfia, da violência e do crime. De Nova Iorque a Lisboa, o autor transporta nos através de uma espiral de reviravoltas até ao surpreendente final.

Tudo começa quando o detetive Castello conhece Maria DeMeira advogada luso americana, cuja família tem uma relação privilegiada com a máfia nova iorquina, e se apaixona por ela. Quem é, afinal, esta mulher fascinante e misteriosa, que deixa atrás de si um rasto de cadáveres? Será que precisa realmente de ajuda ou Castello não passa de um peão nas suas mãos?

Sem dar conta, Castello vê se enredeado numa complexa teia e tem de matar para não morrer. O plano de vingança é posto em cena em Lisboa, numa cidade fechada pela declaração do estado de emergência. O último refúgio é uma casa isolada na praia das Bruxas, no litoral atlântico, onde Castello terá de enfrentar uma morte (quase) certa...

domingo, 4 de julho de 2021

A Boa Sorte

A minha opinião:

Alguns livros chamam por nós mas este gritou. Rosa Montero é uma boa amiga que não dispenso e não desilude. Aconchegante. Sensivel. Inteligente. Maravilhosa. E as personagens que nos dá a conhecer são especiais. Não se apresentam logo, mesmo que seja algo excêntica como a Raluca ou misteriosa como o Pablo Hernando mas cada vez quer viramos a página gostamos mais e mais delas.

Tudo isto para dizer que estou encantada com esta estória. Aliás, extasiada, é a palavra certa. As bem escritas estórias tocam o leitor porque as personagens são tão humanas que o enredo se torna convincente, para mais quando aborda a banalidade do quotidiano em que coexiste o bem e o mal, a vida e a morte, a alegria e a dor e no fim o amor e a esperança.
Raluca é uma personagem iluminada que acredita na sua boa sorte, enquanto Pablo, sensível à beleza e á ordem desistiu dela e foi esconder-se na fealdade de Pozonegro. O encontro destas duas personagens é A Boa Sorte.
Fantástico. É por romances assim que leio Rosa Montero.


Autor: Rosa Montero
Páginas: 232
Editora: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-03191-4
Edição: 2021/ junho 

Sinopse: 
O que leva um homem a descer de um comboio antes do fim da viagem e ir esconder-se numa cidadezinha decadente? Um desejo de recomeço ou a necessidade de acabar de vez com a vida?
Pablo, o protagonista em fuga, é conduzido pelo destino a Pozonegro, um antigo centro de extração de carvão que é hoje uma localidade moribunda.
No entanto, há humor nesta cidade triste e maldita, porque a vida é feita de alegria. E de segredos, claro. Todos os habitantes de Pozonegro possuem o seu. Alguns são apenas ridículos. Outros, sombrios e muito perigosos. Há gente que finge ser quem não é ou que esconde a sua verdadeira motivação, num intrincado jogo de espelhos; e há também a luminosa, imperfeita e um pouco louca Raluca, que pinta quadros e cuja vida se cruza com a de Pablo.
Um romance sobre o bem e o mal, uma radiografia dos anseios humanos – medo e serenidade, culpa e redenção, ódio e desejo –, uma história de um amor terno e febril, A Boa Sorte espelha, sobretudo, um profundo amor à vida. No fim de contas, depois de cada perda, pode haver um recomeço. Porque a sorte só é boa se assim o decidirmos.