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quarta-feira, 30 de março de 2022

O Verão do Lobo

A minha opinião:

A questão dos lobos na Suécia é fraturante. Predadores. Uns querem proteger e outros dizimar. E quando dois deles tiveram como última refeição um ser humano que, foi vitima de um crime, a policia entra em ação.

Hans Rosenfeldt foi um dos autores da série Sebastian Bergman e como tal, não podia protelar ler este thriller policíal. E não defraudou as expectativas. 

De início muitas personagens que guardam segredos de uma vida dupla e que naõ sabemos a ligação que têm baixou um pouco o meu entusiasmo. Kadja e Hannah são obviamente as duas personagens centrais desta série e enquanto Hannah demora a revelar-se, Kadja não perde tempo e a meio do livro já estamos arrebatados com as aptidões e inteligência desta personagem e nesta fase o suspense e a adrenalina aumentam. Os assassinatos em massa também ajudam. Um thriller nórdico ao melhor nível. 

Imparável até ao empolgante desfecho e como não podia deixar de ser um que nos deixa ansisos por pegar no próximo livro.

Autor: Hans Rosenfeldt
Páginas: 432
Editora: Suma de Letras
ISBN: 9789897845161
Edição: 2022/ março 

Sinopse: 
Quando restos humanos são encontrados no estômago de um lobo morto, Hannah Wester, polícia na remota cidade fronteiriça de Haparanda, no Norte da Suécia, sabe que não haverá outro verão como aquele. Os restos mortais estão relacionados com um confronto sangrento entre traficantes de droga na fronteira com a Finlândia. Mas como é que o homem chegou à floresta de Haparanda?

Hannah e os colegas não deixam pedra sobre pedra. Mas o tempo escasseia e eles não são os únicos a procurar. Quando a brilhante e mortal Katja chega, acontecimentos inesperados e brutais sucedem se. em poucos dias, a vida em Haparanda complica-se, também para -Hannah, que se verá forçada a confrontar o próprio passado.

Bem-vindo a Haparanda, uma aldeia fronteiriça onde todos são suspeitos.

quinta-feira, 24 de março de 2022

À Espera no Centeio

 

A minha opinião:

Não sei o que esperava mas não era certamente este tipo de narrativa, apesar de ser um rebelde que conta a sua versão na primeira pessoa. Desajustado e inteligente sente-se muito só e deprimido desde que foi expulso do Colégio de renome para jovens de famílias abastadas. A ternura pela irmã mais nova é o elo que o liga à família que não o parece compreender ou se interessar. Como a sociedade. Bom ritmo, sem pejo e alguma crítica social. O que eu não contava é com a intemporalidade desta personagem que se expressa com tanta clareza mas que me suscita compaixão e algum desconforto porque Holden Caulfield é um inadaptado que não cessa de desabar.

"O romance Á Espera no Centeio (o livro que o assassino de Jonh Lennon lia enquanto aguardava à porta do artista para executar o crime) tornou-se uma das suas obras mais célebres."

Autor: J.D. Salinger
Páginas: 240
Editora: Quetzal Editores
ISBN: 9789725649749
Edição: 

Sinopse: 
A voz do seu protagonista, o anti-herói Holden Caulfield, encontrou eco nos anseios e angústias das camadas mais jovens, tornando-o numa figura icónica do inconformismo. Da mesma forma, os temas da identidade, da sexualidade, da alienação, e do medo de existir, tratados numa linguagem desassombrada e profundamente original, fizeram de The Catcher in the Rye um símbolo da contracultura dos anos 50 e 60. Mas, passados sessenta anos sobre a sua primeira publicação, vendidos mais de 65 milhões de exemplares em quase todas as línguas, e instituído marco incontornável da literatura mundial, À Espera no Centeio mantém toda a actualidade e a frescura da rebelião.

segunda-feira, 21 de março de 2022

Doce Tóquio

A minha opinião:

Doce é como este enredo nos conforta assim que o iniciamos. Quase que o sentimos no palato. Tem intensidade. Tem vida. Um sabor doce, rico e aveludado, é o que imaginamos. Doce é a pasta de feijão artesanal usada para os dorayaki que Sentarô aprende a fazer com Tokue.  E a mudança surge com a passagem das estações, em que as cerejeiras são o marco. Suave e terno, apesar do amargo de boca de Tenshoen ou Doraharu.

As vidas das pessoas não são sempre iguais. Há momentos em que a sua cor muda completamente. Numa narrativa muito simples e linear é contada uma história com uma lição.

Autor: Durian Sukegawa
Páginas: 192
Editora: Edições Asa
ISBN: 9789892353562
Edição: 2022/ março 

Sinopse: 
Apenas as cerejeiras denunciam a passagem do tempo. Primeiro com os seus pequenos botões, depois com as delicadas pétalas que voam ao vento… Numa pequena pastelaria perdida nas ruas de Tóquio, os dias sucedem-se sempre iguais. É aí que Sentarô confeciona dorayaki, um doce tradicional japonês ao qual não dedica grande atenção. Sentarô parece, aliás, ter desistido da vida. Abandonou o sonho de ser escritor, bebe demasiado e não tem amigos.

Mas tudo está prestes a mudar.

No seu caminho surgem Tokue, uma senhora idosa que se entrega à preparação de dorayaki de alma e coração; e Wakana, uma menina solitária que se debate com os seus próprios fantasmas. Aos poucos, os improváveis companheiros descobrem que têm muito a oferecer uns aos outros. Mas Tokue esconde um passado turbulento que, inevitavelmente, vem ao de cima… com consequências devastadoras.

Doce Tóquio é uma história comovente sobre a fragilidade humana, o poder redentor da amizade e a beleza das coisas simples. Numa prosa límpida e bela, Durian Sukegawa fala sobre o nosso propósito na vida, exortando-nos a parar, a escutar e a observar, sempre. Um livro que encanta leitores de todas as idades, intemporal e pleno de sabedoria

A Minha Irmã é uma Serial Killer

 

A minha opinião:

A minha irmã é... linda e... uma serial killer.

Duas irmãs numa relação ambígua. Suspeita-se que o vilão era... ou não? Ayoola é... tanta coisa. A beleza e vulnerabilidade que cega. A Korede é a irmã mais velha. E as irmãs mais velhas tomam conta das irmãs mais novas. E quando um homem se atravessa no meio de ambas ou quando o ausente desperta, tudo pode acontecer.

Não tinha grandes expectativas sobre este thriller e as opiniões não me deixavam muito ansiosa por o ler mas quando descobri que tinha sido traduzido pela Tânia Ganho pensei que não poderia ser uma perda de tempo como não foi.
Gostei da escrita concisa, de capítulos e frases curtas que avança e mais... gostei do lado negro destas personagens cúmplices e antagónicas. De leitura compulsiva.

O final não me agradou. Gostei que ficasse em aberto. Achei perfeitamente lógico nesta trama.

Autor: Oyinkan Braithwaite
Páginas: 240
Editora: Quetzal Editores
ISBN: 9789897226366
Edição: 2021/ junho 

Sinopse: 
Neste breve, sinistro e cómico thriller, Korede — a irmã mais velha —, conta a história da sua irmã mais nova, Ayoola. Ou seja, a belíssima, super insinuante, super amada e desejada Ayoola. Ayoola é completamente fútil. Vive para dormir até tarde, para se vestir (e despir) e se maquilhar, para saltitar de festa em festa, arranjar namorados bonitos e ricos, traí-los — e matá-los. Nada que mereça, portanto, o amor e a devoção que todos lhe dedicam, em especial a irmã, que a ajuda sempre no encobrimento dos crimes. Embora assustada e contrariada, Korede acaba por apoiar e consolar Ayoola — e por limpar os locais do crime. Mas o seu horror aumenta quando Ayoola visita o hospital em que ela trabalha como enfermeira e conhece o simpático médico por quem Korede está apaixonada. O leitor está a ver o que pode acontecer, não está?

Canción

A minha opinião:

Uma cadência, um feitiço, um ponto final para coisas doces e amargas. Eduardo Halfon é um autor guatermalteco imperdível.

A brutal e recente história do seu país deve ser conhecida. "Estima-se que na altura em que o meu avô foi sequestrado, em janeiro de 1967, houvesse já à volta de trezentos guerrilheiros no país. Idade média: 22 anos. Tempo médio na guerrilha antes de morrerem; três anos." (pag. 40)

Canción é a personagem central que dá título ao livro. E o sequestrador do avô do narrador. A pecularidade deste era a sua cara de criança e a sua forma de falar, a sua maneira de se expressar em frases curtas, crípticas, quase poéticas. Tal e qual a escrita deste autor nos seus romances. 

Autor: Eduardo Halfon
Páginas: 120
Editora: Dom Quixote
ISBN: 9789722074018
Edição: 2022/ fevereiro 

Sinopse: 
Numa fria manhã de janeiro de 1967, em plena guerra civil da Guatemala, um comerciante judeu libanês é sequestrado num beco sem saída da capital.

Ninguém ignora que a Guatemala é um país surrealista, tinha ele afirmado anos antes. Um narrador chamado Eduardo Halfon terá de se deslocar ao Japão e revisitar a sua infância na Guatemala dos bélicos anos setenta, e comparecer a um misterioso encontro num bar escuro e lúmpen, para finalmente esclarecer os pormenores da vida e o sequestro daquele homem que também se chamava Eduardo Halfon, e que era seu avô.

Neste novo elo do seu fascinante projeto literário, o autor guatemalteco embrenha-se na brutal e complexa história recente do seu país, na qual se torna cada vez mais difícil distinguir vítimas de verdugos. Acrescenta-se assim uma importante peça à sua subtil exploração das origens e mecanismos da identidade com que conseguiu construir um inconfundível universo literário.

A Violoncelista

 

A minha opinião:

Gabriel Allon. De volta. O agente secreto e restaurador de arte que se admira e não se esquece.

O assassinato de um dissidente russo em Londres na era Covid numa fase de grande proximidade entre o M16 e o Departamento, com o consequente afastamento dos americanos dilacerados por divisões políticas, e é claro que o Gabriel voltaria à ação. Contra os ex-agentes do KGB que se apoderaram do poder na Rússia quando em 2005 o Presidente declarou que o colapso da União Soviética era a maior catástrofe geopolítica do século XX, dando início a uma nova guerra fria e ao fim da democracia russa. Uma guerra contra a democracia ocidental. Qualquer semelhança com a realidade...

Como é habitual, Gabriel deambula pelo mundo e desta vez procura uma suspeita do crime do oligarca russo em Amesterdão. E depois em Zurique, Fuga de informação, levantamento, planemamento e ação. O modus habitual que se desenrolou desta vez em Genebra. Ahhh... e em França. Nem faltou um bom interegno nos EUA a contar com o Presidente e as suas idiossincrasias e tudo muito engendrado. E os  amigos, de outros tempos e operações. Bem contado. De leitura compulsiva e apenas peca por ser demasiado bom mas adoro. A justiça verdadeira que desejava.

Autor: Daniel Silva
Páginas: 448
Editora: HARPER COLLINS
ISBN: 9788491396789
Edição: 2022/ março 

Sinopse: 

A violoncelista é um novo título impressionante da excecional série de Daniel Silva (revista People) e afiança mais uma vez as suas grandiosas perícia e genialidade para a invenção, demonstrando porque é considerado «a par com Le Carré e Forsyth um dos melhores romancistas de espionagem de todos os tempos (The Real Book Spy)».

O mestre da intriga internacional, Daniel Silva, traz-nos um novo best seller para acrescentar aos seus enormes êxitos anteriores, nomeadamente A Ordem, A Rapariga Nova e A Outra Mulher, com esta fascinante história de espionagem e suspense repleta de ação protagonizada pelo restaurador de arte e espião, Gabriel Allon.

O fatal envenenamento de um multimilionário russo envia Gabriel Allon numa perigosa viagem pela Europa na órbita de uma virtuosa música que pode ter a chave da verdade sobre a morte do seu amigo.

A trama descoberta por Allon conduz a canais secretos de dinheiro e influência que atingem o próprio coração da democracia ocidental e ameaçam a estabilidade da ordem internacional.

Autobiografia Não Autorizada

 

A minha opinião:

Escrever é pensar devagar. E eu leio com vagar e tantas vezes releio, principalmente quando as memórias podem ser partilhadas. Crónicas é algo que não renego, aliás abraço com entusiasmo, quando uma narrativa segue o curso de um pensamento ou vivência que se deixa quedar.

A escrita de Dulce Maria Cardoso é exemplar e concisa mas tanto expressa. Banal, não, jamais. Eloquente e sentimental, diria. Avanços e recuos numa história de vida que se conjuga sempre no presente. Mentiras escondidas são probabilidades irrelevantes, quando o que interessa se manifesta em palavras que se sente como "Aqui dentro".

Sem mais, muito bom.

Autor: Dulce Maria Cardoso
Páginas: 232
Editora: Tinta da China
ISBN: 9789896716127
Edição: 2021/ junho 

Sinopse: 

Três anos depois de Eliete, finalmente um novo livro de Dulce Maria Cardoso. As muito celebradas crónicas que saíram na Visão são de uma intimidade sem precedentes na obra da autora: pessoais, memorialísticas, transparentes, e tão depuradas que se tornam universais, abrindo lugar para cada um de nós. Como uma poltrona que «é moldada, dia após dia, pelo peso de um corpo, transformando-se no seu ninho».

domingo, 20 de março de 2022

A Tatuadora de Jaipur

 

A minha opinião:

Depois do último livro lido tinha que mudar de registo mas não me apetecia um thriller. A tatuadora de Jaipur podia ser exatamente o que precisava. Uma história passada noutro tempo, ambiente, outra cultura, onde existem quatro castas e em que um filho é prova de virilidade para um homem. Muitas metáforas para justificar outro olhar. Outros odores. Outros sabores. Muçulmanos, Hindus e Bengalis. Na Indía não faltam ritos e rituais e os pobres não eram os únicos aprisionados pela casta.

Lakshmi fugiu do marido cruel quinze anos antes e com  isso, os pais, a sogra e a irmã (que desconhecia) foram ostracizados e ignorados pela sua deserção. Lakshmi aprendeu a arte da hena. E não apenas...

Um romance encantador. E duas irmãs corajosas. uma homenagem. De leitura compulsiva como referido.

Autor: Alka Joshi
Páginas: 384
Editora: Edições Asa
ISBN: 9789892353258
Edição: 2022/ março 

Sinopse: 
Aos dezassete anos, Lakshmi foge de um casamento arranjado e ruma a Jaipur, a vibrante metrópole cor-de-rosa. É lá que se reinventa como artista, conseguindo tornar-se tatuadora de hena das mulheres mais ricas da cidade, que a buscam atraídas pelo talento mas também pelos seus poderes de curandeira e pela sua discrição como confidente. Mas embora muitos segredos lhe sejam revelados, os dela têm de permanecer guardados a sete chaves.

À medida que a popularidade de Lakshmi aumenta, também os seus esforços para proteger a reputação e a carreira se intensificam. A ameaça, porém, não tarda a bater-lhe à porta: o marido encontrou-a, tem um plano, e não está sozinho, vem acompanhado de uma menina de treze anos, Radha, a irmã que a Lakshmi não sabia ter.

Radha é curiosa e rebelde, uma combinação perigosa que preocupa Lakshmi. Agora que as vidas de ambas estão intrinsecamente ligadas, será ela capaz de manter a liberdade que conquistou a pulso e, ainda assim, proteger a irmã?

Exótico e envolvente, A Tatuadora de Jaipur é um retrato fulgurante de um país e de uma mulher. Há algo de mítico (e místico) na sabedoria ancestral de Lakshmi e na sua ânsia por liberdade numa sociedade que oscila ainda entre as velhas tradições e a modernidade, um mundo que é simultaneamente sumptuoso e fascinante, austero e cruel.

Esta é uma história de amor-próprio e perseverança, de vingança… e perdão.

A Breve Vida das Flores

 

A minha opinião:

Alguns, raros livros, de beleza ímpar, agarram-nos na primeira página. Violette é uma personagem que nos conquista logo que se apresenta (e não é na primeira página que surge) e o mais incrível é que seja num cemitério que esta mulher luminosa vivia há vinte anos. Desilude-se quem espera algo de mórbido ou dramático porque esta é uma estória muito equilibrada, mesmo quando o que conta é amargo como um xarope que cura. 

E há os "lacrimorsos". Uma palavra inventada para reunir  a tristeza, a culpabilidade, os avanços e os recuos. Enfim, tudo o que nos dá cabo da vida. O que nos impede de seguir em frente. Nada disso impede Violette ou Julien, que se lhe juntou graças a Irène Fayolle e Gabriel Prdent, num misto de humor, ternura e afeto, com dor e alento. Um tom mágico para este romance. Nada é superfícial ou óbvio e tudo encaixa, ajusta, como um magnífico puzzle. Até Phillipe Toussaint e principlamente Sasha. A simplicidade universal e complexa dos sentimentos. Um romance que me apaixonou.

Autor: Valérie Perrin
Páginas: 448
Editora: Editorial Presença
ISBN: 9789722368438
Edição: 2022/ fevereiro 

Sinopse: 
Íntimo, poético e luminoso.
O romance protagonizado por uma mulher que, contra tudo e contra todos, nunca deixa de acreditar na felicidade.

Violette Toussaint é guarda de cemitério numa pequena vila da Borgonha. A sua vida é preenchida pelas confidências - comoventes, trágicas, cómicas - dos visitantes do cemitério e pelos seus colegas: três coveiros, três agentes funerários e um padre. E os seus dias pareciam ser assim para sempre. Até à chegada do chefe de polícia Julien Seul, que quer deixar as cinzas da mãe na campa de um desconhecido.

A história de amor clandestino da mãe daquele homem afeta de tal forma Violette, que toda a dor que tentou calar, toda a tristeza pela morte da sua filha vêm ao de cima. É tempo de descobrir o responsável por aquela tragédia.

Atmosférico, tocante e - tantas vezes - hilariante, este é um romance de vida: dos que partiram e vivem em nós, da luz que se pode revelar mesmo na mais plena escuridão. Porque às vezes basta a simplicidade de um gesto, basta a frescura da água viva para nos devolver ao mundo, a nós mesmos e aos outros.

quinta-feira, 17 de março de 2022

A Arca

 

A minha opinião:

Não é um clássico moderno como eu o imaginava mas que sei eu disso. Publicado originalmente em 2002 é um romance muito acarinhado pela autora e percebe-se porquê. Direto. Incisivo. Não deixa muita margem para a imaginação porque as personagens se apresentam com as suas idiossincrasias, dores e os seus erros numa povoação à volta de uma fábrica de papel no ocidente do Maine.

Vidas comuns, com mágoas e esperanças, transversais a qualquer um. Profundos sentimentos que calam mas reconhecem. Homens que faziam o melhor que podiam contra forças incontroláveis. Uma arca, um objeto de grandes dimensões, misterioso, que pertencia a um homem e a uma mulher que tinham passado por uma tempestade sem soçobrar. E a montanha de dor que acompanha uma greve laboral numa pequena comunidade. Emocionante sem ser lamechas. Nove histórias entretecidas.
O tipo de romance que eu gosto. Do que eu não gosto é da capa que não acho nada apelativa. Parece antiga. Mas faz sentido. Uma longa estrada com alguns altos e um pequeno cão. Faz mesmo todo o sentido. Belíssimo.

Autor: Monica Wood
Páginas: 208
Editora: Edições Asa
ISBN: 9789892353227
Edição: 2022/ fevereiro 

Sinopse: 
Ernie Whitten está a viver as semanas finais de uma história de amor. Marie, sua mulher há 45 anos, vai morrer em breve. Homem pragmático, ele nunca partilhara - nem percebera, na verdade - o gosto de Marie pela arte. Mas a relação de Ernie com o mundo está a mudar e a abertura de um concurso para projetos artísticos na universidade local leva-o a tomar a inesperada decisão de participar.

O projeto de Ernie - uma arca inspirada na Arca de Noé - rapidamente se torna um bálsamo para os dois. Marie adora vê-lo no jardim a construir esta excentricidade, e Ernie alimenta-se da atenção dela. Pouco a pouco, a arca torna-se o símbolo da solidez do casamento deles.

À medida que a arca vai ganhando forma, também as vidas dos que o rodeiam se transformam. Há Dan Little, um funcionário da câmara, que vai multar Ernie pela sua construção não autorizada e faz uma descoberta importante. Há Francine Love, uma precoce menina de 13 anos, carente de atenção e carinho. Há o poderoso Henry John McCoy, um homem habituado a ser admirado e temido mas que não consegue recuperar o amor da filha. E há ainda Pumpkin Pie, o cão embaraçoso que coloca Ernie perante si próprio.

Estas são histórias de vidas em rota de colisão, unidas para o melhor e o pior. O que resulta é uma homenagem à grandeza e à fragilidade do espírito humano. E são raros os escritores que conseguem captar a sublime beleza das vidas comuns como o faz Monica Wood.

Todos Os Nossos Ontens

A minha opinião:

Anna é uma jovem burguesa italiana de dezasseis anos que vive numa pequena cidade e conta o desenrolar da sua vida e da sua familia, bem como dos seus vizinhos da casa da frente num período antecendente à Segunda Guerra Mundial mas que se estende para além dela. O modo coloquial e confessional desta narrativa fluída é como se Anna entabulasse conversa com o leitor que impávido assiste ao drama daquele pequeno núcleo de personagens.

Surpreendente e encantador. Intemporal porque os pensamentos, as emoções e os seus sentimentos sucintamente bem descritos não tem prazo de validade e deixam marcas em todas as gerações. E no coração e na mente dos leitores. Natalia Ginzburg era demasiado talentosa para ser esquecida.

"Era livre quem fizesse dos seus pensamentos saúde e riqueza, não quem deles fizesse uma armadilha para nela cair sufocado." (pag. 166) 
Cenzo Rena dizia que sentir angústia era o menos que podia acontecer, porque talvez a terra se desmorononasse dentro em pouco com um estrondo enorme. Triste e atual.

Autor: Natalia Ginzburg
Páginas: 336
Editora: Cotovia
ISBN: 9789729013058
Edição: 20/ janeiro

Sinopse:
Todos os Nossos Ontens narra a existência de duas famílias pequeno-burguesas do Norte de Itália durante a ascensão e queda do fascismo.

O caminho da cidade

 

A minha opinião:

Ler o que Natalia Ginzburg escreveu é a minha cura para a ressaca de leitor. É mágico. A escrita e o enredo de tão simples é extraordináriamente eficaz. Resume os sentimentos e a vida.

Nini era filho de um primo do pai e desde pequeno que ficou orfão e foi viver com a sua familia pobre. Delia, a narradora tem dezasseis anos quando conta a sua história em que Nini é a personagem central.

Uma pequena estória, um conto, de uma mulher que não sabia viver ou que de tão miserável que se sentia que dava pena. Não é triste mas lúcida e melancólica. Uma estória de mulheres.

Autor: Natalia Ginzburg
Páginas: 88
Editora: Cotovia
ISBN: 9789729013362
Edição: 2015/ janeiro

Sinopse: