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quarta-feira, 22 de junho de 2022

O Regresso dos Andorinhões

A minha opinião: 

Que livraço.

Diariamente toni redige umas notas com a sua verdade, por muito triste, dolorosa ou repulsiva, que seja, para deixar como legado, eventualmente ao seu filho, uma vez que planeia o suicídio para dentro de um ano. Com o regresso dos andorinhões. Com esta sintese muitos serão os que se sentirão a não o ler por julgarem lúgrube ou amargo e nada disso se pode atribuir. As palavras "de uma sinceridade descarnada" são de um homem que queremos conhecer e de quem se gosta muito. No balanço e desapego Toni redimensiona e o que se percebe é o que vale a pena. 
E é brilhante como uma vida banal se pode tornar uma história que a todos toque, mesmo que as circunstâncias sejam diferentes. Terno e compassivo Toni muito me divertiu e as páginas voaram. Um clichê mas 800 páginas podem ser muito pouco quando a história é apaixonante. E não é apenas a sua história mas as dos poucos que constituem o seu circulo próximo, com o restrito núcleo familiar, o único amigo e uma ex-namorada. E não se esqueceu do estado da nação... Espanha. 
Afinal, e o fim? Toni sabia quando, mas... É melhor ler. Eu irei reler, com certeza.

Autor: Fernando Aramburu
Páginas: 808
Editora: Dom Quixote
ISBN: 9789722074988
Edição: 2022/  maio

Sinopse: 
Toni, um professor de Filosofia zangado com o mundo, decide pôr fim à vida. Por mais livros que tenha lido, Toni confessa que há coisas que não entende, e acredita que já viveu o que tinha de viver. Meticuloso e sereno, escolheu a data: dentro de um ano. Até lá, tentará colocar todos os seus assuntos em dia e descobrir as verdadeiras razões desta resolução. Mas apenas o regresso dos andorinhões, na primavera, confirmará se tomou a decisão certa.

Durante a contagem decrescente que vai de 1 de agosto de 2018 até à data escolhida para o suicídio, Toni desfaz-se gradualmente dos seus pertences e, todas as noites, no apartamento que partilha com a cadela Pepa, dedica-se a escrever uma crónica pessoal, dura e descrente, mas não menos terna e cheia de humor.

Na sucessão de episódios amorosos e familiares de uma constelação humana viciante, Toni, um homem desorientado, mas determinado a contar as suas ruínas, dá-nos, paradoxalmente, uma lição de vida inesquecível.

terça-feira, 14 de junho de 2022

A Colónia de Férias

 

A minha opinião: 

Um romance emocionante contado sobre a perspectiva de três irmãs líbias de 9, 7 e 5 anos que foram enviadas para uma Colónia de Férias em Itália, e ficaram presas do regime no início da Guerra. 

Conforme já tinha referido, os romances que se baseiam na Segunda Guerra Mundial e são muitos os que por aí grassam e alguns deles eventualmente muito bons não me tentam, com uma ou outra honrosa exceção. Ou seja, quando acrescentam algo ou apresentam a História numa outra perspetiva. Desconhecia a existência destas Colónias que deixaram cativas treze mil crianças. 

A narrativa mistura habilmente dados históricos com fição e focando aspectos da Guerra apenas nos curtos excertos de notícias da época no início de cada capítulo, é um romance muito bem escrito que não nos deixa indiferentes sobre sete anos das suas vidas. A extraordinária resiliência e ligação destas irmãs, que tudo fazem para se proteger e regressar fazem deste um grande romance. 

Autor: Manuela Piemonte
Páginas: 340
Editora: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-03566-0
Edição: 2022/  abril

Sinopse: 
Três irmãs reféns da guerra, unidas pelo desejo de regressarem a casa.
Sara, Angela e Margherita crescem numa família feliz na Líbia, então uma possessão italiana.
No início de 1940, por ordem de Mussolini, as três irmãs, juntamente com outras treze mil crianças da Líbia, são levadas a conhecer a Itália durante as férias de verão e embarcam cheias de expectativas. Mas com o início da guerra, as férias de três meses transformam-se num interminável cativeiro: as irmãs acabam num campo para jovens fascistas, obrigadas a crescer num mundo sem pais, onde reinam a disciplina de ferro e o terror, obedecendo aos ditames da propaganda de Mussolini.
Quando o desejo de regressar a casa se torna insuportável, as três irmãs só veem uma saída: fugirem juntas, pondo em risco a própria vida...
Um romance comovente sobre uma página desconhecida da história da Itália na Segunda Guerra Mundial

terça-feira, 7 de junho de 2022

Café de Gatos

A minha opinião: 

Um romance, bastante romântico e que aquece o coração. Personagens encantadoras e uma gata, a Mimi, que é a primeira residente do café, que todos os clientes seduz.

Ternurento, não apenas para quem compreende os gatos, o que Leonie não conseguiu quando Susann lho pediu, mas para todos os outros leitores já que as peripécias foram muitas e bem divertidas. 

Que bem que soube. Um romance que nos dispõe tão bem que tudo o resto se esquece, enquanto passeamos em Colónia, perto do Reno ou numa ilha, Ísquia. 

E o final feliz tem um segredo bem doce.

Autor: Charlie Jonas
Páginas: 304
Editora: Edições Asa
ISBN: 9789892353494
Edição: 2022/  março

Sinopse: 
Susann está prestes a partir para Itália numas férias que poderão ser as últimas. Quando regressar, vai submeter-se a uma cirurgia que a impedirá de viajar durante muito tempo. É agora ou (provavelmente) nunca. Mas a ideia de deixar a sua querida gata Mimi com estranhos deixa-a desconsolada. É então que se lembra de Leonie, a vizinha com quem se dá tão bem. Estará a jovem professora disposta a aceitar o seu pedido? Com certeza que sim, afinal, a Mimi é um amor…

Leonie está familiarizada com as excentricidades das outras pessoas (principalmente se forem homens franceses), não com as de pequenos animais de estimação. Mas quando Susann lhe expõe o seu plano, ela não consegue recusar, pois tem a sensação de que a felicidade da vizinha depende demasiado daquela viagem.

Mas Leonie rapidamente percebe que ela e Mimi não fazem uma boa dupla: a gata parece fazer de propósito para tornar a sua vida num inferno, desde personalizar o sofá a destruir os frascos de verniz Chanel. E quando Susann decide prolongar as férias, Leonie entra em pânico e recorre a Maxie, a sua melhor amiga, que acaba de abrir um café. Pois Maxie também não consegue recusar um pedido de ajuda e aceita ficar com a gata. E é assim que Mimi e os seus bebés (sim, Susann vai ter uma surpresa…) tomam o café de assalto.

A vida destas três mulheres (e do café) não voltará a ser a mesma.

Porque a Mimi sabe o que nós humanos apenas intuímos: um gato muda tudo - para melhor, obviamente.

segunda-feira, 6 de junho de 2022

O sonho americano de Ivy Lin

A minha opinião: 

Ivy Lin é apresentada pela própria sem floreados ou rodeios e sentimos empatia por esta criança tortuosa , carente de afeto.

Contudo, não há regra sem exceção. Ivy começa por ser uma personagem fascinante na primeira parte mas na segunda e terceira quase se banaliza num clichê, quando dividida entre a familia entre a familia chinesa que mantêm as raízes ancestrais pressiona para cumprir os seus desejos, em contraponto com a sua ambição de uma vida faustosa como a que as familias de dinheiro antigo e tradição dispunham. Gideon era o seu passaporte.

A beleza das máscaras venezianas que podem esconder o glorioso ou o grotesco. É este o dilema do leitor que sente que segue uma farsa, sem simpatia pelas personagens mas na expectativa de que tudo seja revelado, como um puzzle que preenche peça a peça. Ivy Lin é a antagonista deste romance. A dificuldade maior é que não já protagonistas.

No fim, tudo se resume a dinheiro. E o sonho americano é... o que se vai descobrir mas não gostei particularmente da viagem amarga de Ivy Lin.

Autor: Susie Yang
Páginas: 376
Editora: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-03553-0
Edição: 2022/  maio

Sinopse: 
IVY LIN É UMA LADRA E UMA MENTIROSA, MAS NINGUÉM O DIRIA.
Criada nos arredores de Boston, Ivy aprende com a avó a tirar partido do seu ar inocente para realizar pequenos furtos em vendas de garagem e lojas de artigos usados. E, para além de bem-sucedida na arte de viver de expedientes, consegue atrair a atenção de Gideon Speyer, o menino de ouro de uma família privilegiada. Quando a mãe de Ivy descobre, manda-a de volta para a China, para fortalecer os seus valores ancestrais.
Anos depois, já de regresso a Boston, Ivy dá de caras com Sylvia Speyer, a irmã de Gideon, e sente que o destino lhe está a oferecer uma segunda oportunidade. Aos poucos, Ivy consegue insinuar-se na vida de Gideon e do seu clã, passando a ser presença assídua em jantares chiques e em viagens de fim de semana à sua casa de férias na costa. Mas, quando está prestes a alcançar tudo aquilo que sempre desejara, surge um fantasma do passado, que ameaça a vida perfeita que ela tão arduamente conquistou.
Repleto de reviravoltas surpreendentes e explorando de forma original as questões de cultura e de classe, O sonho americano de Ivy Lin dá-nos a conhecer o lado sombrio de uma mulher que procura o sucesso a qualquer custo.