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sexta-feira, 23 de setembro de 2022

Bolo negro

 

A minha opinião:

O bolo negro significa irmandade. A herança que trazem de uma pequena ilha das Indías Ocidentais. Ao estilo caribenho. E como leitora não me consegui afastar, vibrando com esta familia. O meu tipo de romance.

Bryon e Benny perderam a mãe e não parecem capazes de encontrar o caminho de volta um para o outro e o pior é que Byron e Benny costumavam ser inseparáveis. Perda, arrependimento e pertença.

Uma saga familiar extraordinária. O facto de serem negros não é o mais relevante até chegar ao surf. O que importa é o que descobrem sobre a sua identidade. O tipo de violência que as mulheres estão sujeitas e do qual se sentem envergonhadas. E o tipo de discriminação que os estereótipos geram. E a mensagem Aproveitem a onda. E cuidem dos oceanos. Do futuro.

Uma familia multicultural que amei. O bolo e o mar neste romance despertam os sentidos e é realmente difícil parar de o ler e não querer conhecer estas personagens.

Autor: Charmaine Wilkerson
Páginas: 404
Editora: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-03577-6
Edição: 2022/ setembro

Sinopse: 
Os irmãos Byron e Benedetta não se veem há oito anos, mas a súbita morte da mãe obriga-os sentarem-se finalmente à mesma mesa. Eleanor deixou-lhes um bolo no congelador com a críptica instrução de que o deverão partilhar «na altura certa».
Para além do bolo, uma homenagem às origens caribenhas da família, há ainda uma longa gravação áudio que abre com uma revelação impensável: Byron e Benedetta têm uma irmã.
Este, porém, é apenas o primeiro dos muitos segredos que a mãe quer agora, depois de morta, revelar, na esperança de emendar alguns erros do passado.
Nesta estreia surpreendentemente madura, Charmaine Wilkerson explora com fina sensibilidade as questões difíceis da identidade pessoal e social, numa saga familiar intensa, que cruza o tempo e a geografia, fazendo-nos acreditar que é sempre possível regressar a casa.

Nós e mais ninguém

 

A minha opinião:

Demorei a pegar neste thriller. Genericamente gosto para desanuviar a cabeça de leituras mais sérias e pertubadoras. Não que um thriller não o seja mas encaro como diversão ou ficção, desde que seja empolgante e de suspense para me manter alheada na trama. Não foi o caso.

Nós e mais ninguém é o que um recém casal reflecte quando decidem passar três dias isolados numa casa longe de Nova Iorque. Ele professor de Literatura e ela aluna de mestrado da mesma área. Um tanto clichê para protagonistas que não são nada empáticos. O prolema é que quando a trama muda não me convence. Um longo texto para um ajuste de contas que já tinha sido deduzido.

A expiação e o enredo é válido mas não resultou para mim. Nós e mais ninguém não resultou.

Autor: Laure Van Rensburg
Páginas: 356
Editora: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-03562-2
Edição: 2022/ junho

Sinopse: 
UM THRILLER PSICOLÓGICO, PERVERSO E ELETRIZANTE
Steven Harding é um professor atraente e respeitado. Ellie Masterson é uma jovem estudante universitária de olhar apaixonado.
Juntos, dirigem-se para sul de Nova Iorque, para as suas primeiras férias: três dias numa cabana isolada, longe da cidade. Diante deles, a promessa de noites longas e escuras e a oportunidade
de explorarem o corpo um do outro, longe de olhares reprovadores. Deveria ser o passeio romântico perfeito.
Só que ele não é quem diz ser. Mas ela também não...

quinta-feira, 22 de setembro de 2022

A Profeta

 

A minha opinião:

 Não sei de onde tirei a ideia de que era um livro de contos. Sob esse prisma, cada capítulo tem o nome de uma personagem que carrega uma dor percepcionada pela protagonista e narradora Mariana. Cada uma dessas personagens tem uma história enquanto vítima. E como leitora fiquei desconcertada, sem perceber estes atos de libertação nada éticos mas ainda assim muito bem escritos e empáticos que têm o seu fascínio. O lado negro exposto. O lado que tanto se renega e oculta mas que neste romance se impõe. A não aceitação leva à justiça pelas próprias mãos. E gera seguidores, até de entre os leitores. E o que dizer das muitas questões que se coloca, nomeadamente sobre o que se crê ou ilude. O que é difícil de assumir ou tolerar. Sem deixar o mantra: acredita em ti e segue a profeta que acredita em si mesma.

Crítica social. O invisível. Promissor vindo de uma jovem escritora.

"Guardem as vossas experiências de voluntariado e não insistem em dizer-me que ajudam no que podem, que dão o que têm, que se solidarizam com as causas que consideram nobres. 
As vossas vidas são nuitas cheias de vós. São cheias dos vossos pequenos dilemas, das vossas escaladas sociais, das vossas ambições desmedidas e dos vossos dramas teatrais , que vos ocupam o tempo que têm e aquele que se queixam de não ter."

Autor: Maria Francisca Gama
Páginas: 152
Editora: Suma de Letras
ISBN: 9789897846076
Edição: 2022/ junho

Sinopse: 
Uma nova voz da ficção portuguesa com um livro original e profundo.

Mariana é uma jovem mulher solitária. Tem um emprego do qual não gosta, passa os dias e as noites sozinha a ler um livro misterioso. Sente um profundo desprezo pela Humanidade, mas não consegue evitar ajudar quem precisa, mesmo que a ajuda venha na forma de um frasquinho de veneno indetetável.

Através das pessoas com quem se vai cruzando, todas vítimas de alguém, Mariana vai eliminando o mal do mundo e, ao fazê-lo, junta uma legião que jura segui-la para sempre, como a uma profeta.

Neste livro, Maria Francisca Gama faz uma reflexão sobre a religião, o certo e o errado, e a aleatoriedade de acontecimentos que em segundos destroem uma vida. É a incapacidade de aceitação e a busca por uma justiça divina que, não chegando, é feita pelas próprias mãos.

domingo, 18 de setembro de 2022

Terra

A minha opinião: 

Inicialmente este livro não me chamou a atenção. Julguei sem ler a sinopse que era mais um romance pertinente sobre a destruição da Terra pela ação humana mas não me apetecia confrontar-me com essa realidade em ficção. O rumor de outros leitores que o tinham apreciado muito fizeram com que o lesse e logo percebi. Capítulos curtos para duas histórias alternadas numa dinâmica que intriga como um thriller em que o leitor fica em suspense para saber mais. 

Um pai faz um jogo aos dois filhos que lhes muda a vida e um reallity show com oito pessoas. Duas histórias interligadas e ambas perturbadoras. Ademais, outras sub histórias surgem que dão que pensar sobre o real e o comportamento humano. E o quão condicionados estamos ou o quão manipulados. O brilhante é como nos apresenta. Linguagem simples e acessível numa estrutura narrativa em espiral. O título é compreensível. Um olhar necessário. Um reflectir aprofundadamente sobre muitas questões que são levantadas.Brutal!

Autor: Eloy Moreno
Páginas: 568
Editora: Suma de Letras
ISBN: 9789897845338
Edição: 2022/ maio

Sinopse: 
Dentro de uma cabana escondida na floresta, um homem faz uma promessa aos dois filhos: «Pensem naquilo que mais vos agradaria neste mundo, no que gostariam de alcançar quando fossem mais velhos. Seja o que for, se conseguirem terminar o jogo, prometo que farei os possíveis para que se torne realidade.» Mas esse jogo nunca acabou.

Trinta anos depois, uma das crianças conseguiu realizar o seu desejo, mas a irmã não. É então que ela recebe um presente estranho, um objeto que lhe permitirá continuar o jogo.

Oito pessoas decidiram voluntariamente participar num reality show que consiste em isolar-se do mundo, para sempre. o público pensa que sabe tudo sobre elas, mas nem suspeita os motivos pelos quais tomaram essa decisão.

A criança que não conseguiu realizar o seu desejo, agora jornalista, deve descobrir a ligação entre o presente que recebeu e aqueles oito concorrentes, de modo a realizar o seu desejo, caso ainda seja essa a sua vontade. A resposta está na Islândia.

Os Abismos

 

A minha opinião: 

Um pequeno e rápido romance narrado na voz de uma criança que vive numa casa cheia de plantas que parecia uma selva. Apesar de ser rápido implica uma leitura atenta e até uma releitura porque o assombro de uma criança e o descaso do que testemunhou não são coisa pouca para o leitor. Mulheres que não se realizam em várias gerações. O casamento e a maternidade. A solidão, o vazio afetivo e o suicídio. Brilhante narrativa que assola o leitor e o desperta. Muitas pistas para reflectir, como a natureza luxuriante tão presente, os nomes próprios iguais entre mãe e filha e os abismos que impressionam e intimidam.

Não é o primeiro romance que leio de Pilar Quintana. O anterior foi A cadela. E não se esquecem.

"Os mortos do meu pai, comecei a pensar, viviam nos seus silêncios, como afogados mum mar tranquilo."

Autor: Pilar Quintana
Páginas: 200
Editora: Dom Quixote
ISBN: 9789722075251
Edição: 2022/ setembro

Sinopse: 
Claudia tem nove anos e é filha única. A sua vida gira à volta da mãe homónima, já que o pai - com idade para ser seu avô - passa os dias no supermercado que gere com a irmã, casada às escondidas com um tipo muito mais novo. Quando, porém, uma centelha de aventura parece disparar entre este rapaz e a jovem mãe de Claudia, a crise familiar instala-se abruptamente e mergulha a Claudia adulta numa depressão profunda, durante a qual se mete na cama a ler revistas, comentando com a filha como as mortes de Grace Kelly e Natalie Wood não podem ter sido senão suicídios. E, quanto mais a pequena Claudia precisa de esperança, mais a mãe lhe cria temores que a empurram para o abismo, donde nem as bonecas regressam.

Tomando como cenário um mundo em que as mulheres não conseguem escapar a casamentos impostos e prisões domésticas, esta é a história inquietante de como uma criança assume as revelações da mãe e os silêncios do pai para construir o seu próprio mundo, sem saber que, apesar de continuarem todos juntos, a família já ruiu há uma eternidade.

Rei Branco

 

A minha opinião: 

Antonia Scott não esquece nada. Poderia ser uma grande tolice já que é um tanto inverossímel mas Juan Gómez-Jurado humanizou e deu vida a esta personagem que viu o seu parceiro, Jon Gutiérrez, ser raptado. Outra personagem inesquecível, na eventualidade remota de alguém se ter esquecido. Sr. White é o assassino fantasma. As referidas personagens ficam na memória do leitor depois de ler Rainha Vermelha e o Loba Negra. Assim como o Menthor, com esta trilogia, marcada pelo sarcasmo constante e um ritmo alucinante, em que não antecipamos as maquinações macabras que a extraordinária inteligência de Antonia e a colaboração com Jon vão procurar resolver numa trama muito viciante. O grande efeito deste livro é que é muito visual e o leitor sente uma miscelênia de emoções. E muita adrenalina.

Fechar com chave de ouro. Não poderia ser mais adequado. Muito bom.

Autor: Juan Gómez-Jurado
Páginas: 400
Editora: Planeta
ISBN: 9789897775994
Edição: 2022/ agosto

Sinopse: 
Quando Antonia Scott recebe esta mensagem, sabe perfeitamente quem a enviou.
Também sabe que este jogo é quase impossível de ganhar, mas Antonia não gosta de perder.

Depois de tanto tempo a fugir, a realidade acabou por apanhá-la. Antonia é perita em mentir a si própria, mas agora tem bem claro, que se perder esta batalha, terá perdido todas.

«- A rainha é a figura mais poderosa do tabuleiro - diz o Rei Branco. - Mas por muito poderosa que seja uma peça de xadrez, não deve esquecer... - ... Que há sempre uma mão que a move - completa Antonia.»

Depois do sucesso de Rainha Vermelha e Loba Negra, o autor best-seller Juan Gómez-Jurado fecha a trilogia, que já vendeu mais de 2 milhões de exemplares.

O final é apenas o princípio.

terça-feira, 13 de setembro de 2022

Os Cavalos de Hitler

 

A minha opinião: 

Assim que vi este livro e li a sinopse fiquei tentada. Contudo, superou em muito as minhas expectativas. A escrita escorreita e objectiva, o humor e um grande enredo que ademais é real sobre o comércio ilegal de património cultural, nomeadamente dos nazis torna-o imperdível. A "arte castanha". Um negócio bilionário.

Os dois cavalos de Thorak tinham estado por baixo da janela do escritório de Hitler na Chancelaria do Reich e julgados desaparecidos há setenta anos. A investigação de Arthur foi meticulosa e mais não conto porque a adrenalina que esta investigação nos dá não se pode perder com spoiler. Brutal! Nem os russos escapam à tramoia. Por vezes a verdade é mais estranha do que a ficção. Será que...

Autor: Arthur Brand
Páginas: 224
Editora: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-03516-5
Edição: 2022/ maio

Sinopse: 
A incrível – e verdadeira – história de um dos roubos mais extraordinários do século XX.

Quando o detetive Arthur Brand é convocado para uma reunião com o seu antigo mentor e esquivo negociador do mundo da arte, recebe uma pista que poderá solucionar um dos mistérios da Segunda Guerra Mundial: o que realmente aconteceu às estátuas favoritas de Hitler, os Schreitende Pferde («cavalos galopantes») de Josef Thorak, que todos julgavam desaparecidas durante o bombardeamento de Berlim. Contra todas as probabilidades, a pista revela-se verdadeira e Brand lança-se na busca das estátuas. Isto leva-o a mergulhar num mundo terrível, onde a ideologia nazi continua bem viva e a ser financiada pela venda de memorabília do Terceiro Reich. As apostas são cada vez mais altas à medida que Brand e a sua equipa, com o precioso auxílio de um comissário da polícia alemã, preparam uma armadilha para apanhar os criminosos que tentam vender as estátuas no mercado negro. Mas quem são esses criminosos? E conseguirá Brand desmascará-los antes que a sua verdadeira identidade seja descoberta?