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sábado, 25 de fevereiro de 2023

A Escuridão

 

A minha opinião:

O caso de Elena, a rapariga que fora para a Islândia em busca de asilo e aí morrera. É esta a última investigação de Hurla depois de dispensada por estar próximo da reforma.

Um romance policial. Hurla é a protagonista que desconcerta mas o que mais me incomodou e inicialmente prendeu nesta narrativa foi esta e uma jovem mãe solteira serem vitimas de discriminação. E a sensação de sufoco e tensão que se espera de um bom thriller aumenta no ambiente gelado e árido com as mudanças de perspectivas numa história que avança rapidamente.

O final foi uma surpresa. Nada previsível. Nem o assassino e o mote, como quem Hurla se revelou. O frio não é apenas na ilha...
Gostei. Esperava algo mais sanguinário ou trepidante que abstraisse e o revés foi bom.

Autor: Ragnar Jónasson
Páginas: 288
Editora: TopSeller
ISBN: 9789898917904
Edição: 

Sinopse:
Abrangendo as ruas geladas de Reiquiavique, os fiordes isolados e as Terras Altas da Islândia, "A Escuridão" é o novo romance de um dos nomes mais entusiasmantes do policial nórdico atual.
Aos 64 anos, a inspetora Hulda Hermannsdóttir, da Polícia de Reiquiavique, está prestes a ser forçada a reformar-se, mas antes quer levar a cabo uma última investigação: Elena, uma jovem refugiada proveniente da Rússia, foi encontrada sem vida numa enseada rochosa em Vatnsleysuströnd, na Islândia.


Assim que começa a fazer perguntas, Hulda não demora muito a perceber que não pode confiar em ninguém. Elena não foi a única mulher a desaparecer naquela altura, e ninguém parece estar a contar a história toda. Quando os próprios colegas tentam pôr um travão na investigação, Hulda tem muito pouco tempo para desvendar a verdade, mas está determinada a descobrir quem é o assassino. Ainda que isso signifique colocar a própria vida em risco.

O Retrato de Casamento

A minha opinião:

Maggie O'Farrell é uma autora que já deveria ter lido (na verdade, já li Antes de nos Encontrarmos mas não me lembro) depois dos muitos comentários elogiosos.

Lucrezia é uma personagem magnética. Uma mulher jovem que apesar da sua vivacidade e inquietude foi considerada estranha e pouco apreciada no seio da familia que a casou com o noivo da irmã numa aliança política. A filha do meio que a partir do retrato do seu casamento recua à infância para recuperar memórias e contar a sua história. Alfonso é outra personagem forte que não fica apagado na narrativa.

O talento de Maggie é semelhante ao de um pintor e o que apreciamos é muito visual. Evoca no leitor outros tempos. O que parecia distante fica próximo. Não é uma história rápida e é contada a dois tempos. Belo e inspirado romance mas o final não me surpreendeu.

Autor: Maggie O'Farrell
Páginas: 376
Editora: Relógio D'Água
ISBN: 9789897833021
Edição: janeiro/2023

Sinopse:
A autora de Hamnet visita agora a Itália renascentista para nos dar um inesquecível retrato ficcional da jovem duquesa Lucrezia de’ Medici, cuja vida decorre numa corte turbulenta. Estamos na Florença de 1560 e Lucrezia, a terceira filha do grão-duque, sente-se confortável com o lugar obscuro que ocupa no palácio, entregue às suas ocupações artísticas. Mas, quando a sua irmã mais velha morre na véspera do casamento com o soberano de Ferrara, Modena e Reggio, Lucrezia é inesperadamente lançada na ribalta política.

O duque de Ferrara não perde tempo para a pedir em casamento e o seu pai é rápido a conceder autorização. Mal saída da infância, Lucrezia entra numa corte que lhe é estranha, com costumes que lhe são desconhecidos e onde a sua chegada não é bem recebida por todos. Começa por não perceber se o seu marido Alfonso é o esteta sofisticado, amigo de artistas e músicos, que aparentava ser antes do casamento ou um político impiedoso que as próprias irmãs receiam. Enquanto posa para uma pintura que lhe promete que a sua imagem perdurará nos séculos seguintes, vai-se tornando evidente que a sua principal obrigação é gerar um herdeiro que garanta o futuro da dinastia de Ferrara.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

Canções para o Incêndio

 

A minha opinião:

A escrita de Juan Gabriel Vásquez é poderosa. Incómoda. Escreve sobre a violência, a guerra e as vitimas que são muitas. A morte de um filho ou do pai/ mãe. O acaso que muda destinos. Temas difíceis.

Os contos, todos eles, em sucintas palavras fazem-nos sentir tanto. A dor, a injustiça, o medo, a vergonha, o abandono e a paz. Tão bom que não podia esperar por o ler em ebook.

Nove contos, num estilo muito próprio, em que se admira a mestria e o conhecimento da natureza humana. Difíceis como a vida o pode ser, na ambiguidade que bem consegue captar. "A sensação, derivada da incerteza, de que tudo pode ser ficção ou, o que é pior, de que tudo pode ser verdade."

Autor: Juan Gabriel Vásquez
Páginas: 240
Editora: Alfaguara
ISBN: 9789897848650
Edição: fevereiro/2023

Sinopse:
Nas histórias de mulheres e homens comuns declinam-se temas como a memória, o poder e significado da violência, e a relação complexa entre literatura e verdade.

Uma fotógrafa de renome apercebe-se de algo que teria preferido ignorar. Um veterano da Guerra da Coreia confronta-se com um segredo do passado durante um encontro que parecia inofensivo.

Um escritor depara-se com a história apaixonante de uma órfã da Grande Guerra. Na Colômbia, em Espanha, Paris ou Hollywood, as histórias deste livro irradiam a estranha luz das coisas que ferem. Juan Gabriel Vásquez dá prova, uma vez mais, de mestria narrativa e profundo entendimento da existência humana.

Um livro belo e cru sobre a força do acaso, que declina temas como a memória, o poder e significado da violência, e a relação complexa entre literatura e verdade.

Desenhos Ocultos

A minha opinião:

Gosto de um bom thriller. Perfeito para desanuviar de leituras mais sérias. E este, apesar de suficientemente elogiado não o iria ler tão cedo, se não fosse uma sugestão de fevereiro de um clube de leitura. E cumpriu. Não o consegui pousar ... no tempo livre.

Suspostamente não é um thriller mas um livro de terror. Não percebi. Sobrenatural tem um pouco e talvez por isso mas é tão poucochinho. O que gostei foi da excelente escrita, boa trama e um desfecho que nada antecipei. 

Autor: Jason Rekulak
Páginas: 384
Editora: Edições Asa
ISBN: 9789892355429
Edição: outubro/2022

Sinopse:
Mallory Quinn tem 21 anos e está pronta para começar de novo após uma tragédia que quase lhe custou a vida. E a sorte parece estar do seu lado pois consegue um emprego como ama interna de um menino de 5 anos. Mallory gosta imediatamente de Teddy, um rapaz doce e tímido habituado a falar com uma amiga imaginária chamada Anya. Sempre acompanhado por um caderno e lápis, Teddy faz os rabiscos típicos das crianças: árvores, coelhos, balões. Mas um dia, ele desenha algo diferente… algo bastante sinistro… e não fica por aí.

À medida que os seus desenhos se tornam mais detalhados e assustadores, a própria Mallory começa a desconfiar de que algo está errado com ele. Nenhuma criança de 5 anos consegue atingir aquele grau de complexidade. É como se os desenhos fossem feitos por outra pessoa. Mas quem? Não está mais ninguém em casa. Certo?
Atormentada, Mallory pressente que o tempo escasseia e está disposta a tudo para decifrar o enigma e salvar Teddy - e a si própria - antes que seja tarde de mais.

Que a Vida Nos Oiça

 

A minha opinião:

Que a vida nos oiça é um romance que começa por ser amargo, critíco, cínico até, de um cineasta e escritor que chegou aos quarenta com um passado com muits lacunas. A mãe tem Alzeihmer. 

Parei porque julguei que não era livro para mim. O teor interessava mas não me convencia e enredava. Estranhamente percebi que estava curiosa e "maternal" com esta desengraçada personagem. O Vasco era alguém que gostaria de conhecer e recomecei a ler com entusiasmo. Uma grande vantagem de ler os nossos autores que nos transportam para cenários e experiências comuns, em que há "imagens" maravilhosas. Uma surpresa e um alerta. Os interlocutores/ outras personagens vão surgindo sem aviso mas quando o filme é planeado estou estou em sincronia e completamente enredada nesta estória. Um romance de descoberta que seria melhor se não fosse um pouco longo.

Autor: Vicente Alves do Ó
Páginas: 376
Editora: Oficina do Livro
ISBN: 9789896615901
Edição: janeiro/2023

Sinopse:
Vasco é realizador de cinema, tem um filme novo para estrear e não sabe o que fazer com o futuro.

A braços com uma crise de meia-idade, é apanhado de surpresa quando a mãe, com quem tem uma relação moldada por uma tragédia familiar e pelo divórcio dos pais, vem ao seu encontro para lhe contar que sofre de Alzheimer.

Abalado pela notícia, Vasco começa a trabalhar na ideia de um filme sobre a vida da mãe, para que ela consiga recordar o seu passado quando a memória começar a falhar. No entanto, durante o processo de investigação para esta biografia em forma de cinema, o realizador descobre uma história escondida que põe em causa as suas próprias raízes. Vasco inicia então uma autêntica aventura à procura da verdade, que tem tanto de real como de cinematográfica.

domingo, 12 de fevereiro de 2023

Quem Sai aos Seus

 

A minha opinião:

Os romances de Liane têm uma característica que me atraí. Personagens muito bem desenvolvidas em interação social e familiar onde procuramos pistas para uma ou mais teorias conspiratórias sobre os mistérios ou dramas, em que invariavelmente erramos. Apenas porque não compreendemos, que muitas das trivialidades mundanas, que até têm piada, ocultam mágoas e desgostos que afetam tão simpáticas e glamorousas personagens e as levam a reagir num encadeado de situações que não acabem bem. A familia Delaney, jogadores de ténis, competitivos, vão num jogo de espelhos revelando as suas faces e a tensão aumenta num romance ao melhor nível de Liane Moriarty. E há um elemento surpresa - Savannah.

Bem contado é credível. Viciante. E é um livro grande. O desfecho... Vale a pena. Quem saí aos seus... Bom título.

Autor: Liane Moriarty
Páginas: 528
Editora: Edições Asa
ISBN: 9789892354385
Edição: janeiro/2023

Sinopse:
Vista de fora, a família Delaney é perfeita. Joy e o marido, Stan, são treinadores de ténis famosos e arrasam nos courts e fora deles. Os seus quatro filhos - Amy, Logan, Troy e Brooke - já são independentes. Após vidas ativas tão intensas, Joy e Stan decidem vender a sua reputada academia de ténis e desfrutar da tranquilidade da reforma.

Mas quando uma mulher misteriosa entra inesperadamente na vida do casal e Joy desaparece sem explicação, deixando apenas uma mensagem enigmática, tudo é subitamente posto em causa. A polícia interroga Stan. Para alguém que se diz inocente, o marido parece ter muito a esconder. Dois dos filhos acreditam na inocência do pai, mas os outros dois não têm assim tanta certeza.

Divididos, eles têm pela frente o desafio mais duro e a pergunta mais arrepiante das suas vidas: será que alguma vez conheceram verdadeiramente os pais?
Está na hora de os irmãos Delaney reavaliarem a história da família… Os direitos para TV de Quem Sai aos Seus foram já adquiridos, após o estrondoso sucesso das adaptações televisivas das obras da mesma autora: Pequenas Grandes Mentiras e Nove Perfeitos Desconhecidos (ambas protagonizadas por Nicole Kidman).

W. B. Yeats — Onde Vão Morrer os Poetas

 

A minha opinião:

Uma pessoa genial. Nasceu e viveu na Irlanda, a Ilha Esmeralda. Uma mente inquieta, que escreveu milhares de poemas. E houve o teatro.

A biografia romanceada deste homem é apaixonante por pulsar de vida e deslumbramento. O cenário impressionante e envolvente por um amor intenso que perdura. E naturalmente era um místico. Intenso, carismático e talentoso, trabalhou para que o estilo celta e a lingua gaélica se imponham. Sem esquecer Maud Gonne, a musa inspiradora e manipuladora para tanta atividade cultural e intelectual deste homem sempre atormentado. Onde vão morrer os poetas?

Maravilhosa homenagem. Belíssima escrita para uma cativante personagem.

Autor: Cristina Carvalho
Páginas: 176
Editora: Relógio D'Água
ISBN: 9789897833137
Edição: dezembro/2022

Sinopse:
«Quero dar a conhecer alguém que dedicou toda a vida à poesia, ao teatro, à cultura mais enraizada no espírito celta da sua terra irlandesa: lendas, histórias muito antigas, canções, danças e crenças. Todo este folclore pertence a uma civilização muito especial, bela, ancestral. Depois do renascimento cultural irlandês, as motivações de um certo orgulho nacional que se julgava perdido vieram a ser acarinhadas por todo este povo. W. B. Yeats foi um dos mais notáveis impulsionadores desta identidade, das suas raízes e origens.»