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domingo, 30 de abril de 2023

Porco Assado

A minha opinião:

Hesito quando se trata de um romance de um autor asiático. Nem sempre os consigo compreender por alguma estranheza e distanciamento. Contudo, de quando em quando sou agradavelmente envolvida por uma estória bela, suave e tranquila que fluí bem.

Porco Assado é um título curioso. A capa é linda e a sinopse intrigante e misteriosa. Não desilude. Um certo equilibrio entre uma estória simples e a misteriosa cultura chinesa. Uma jovem viúva que pouco obtém de herança, abandonada pela familia dele, procura dar rumo à sua vida, enquanto tenta desvendar o desenho que o marido deixou de um homem peixe. E surpresa das surpresas, a empatia com as personagens foi imediata. Jia jia é a narradora/ protagonista que se acarinha enquanto enfrenta as vicissitudes. Orgulhosa e solitária revela o mundo das águas. Introspectivo.

Autor: An Yu
Páginas: 216
Editora: Quetzal Editores
ISBN: 9789897229237
Edição: abril/2023

Sinopse:
Numa manhã de outono em Pequim, Jia Jia toma o pequeno-almoço com o marido, que prepara as malas para uma viagem. Porém, minutos depois encontra-o morto na banheira; ao lado, o desenho a lápis de uma estranha figura aquosa, uma imagem tão perturbadora que Jia Jia nunca mais vai esquecer e que a obriga a procurar uma explicação para ambas as coisas: a morte do marido e natureza daquele desenho. Então, livre do casamento (que a oprimia), Jia Jia inicia uma jornada que a leva às alturas do Tibete ou a lugares fantásticos e imaginários que ela não sabia que existiam.

Mostrando a complexidade da vida de Pequim e evocando a atmosfera cinematográfica da China urbana de classe média, Porco Assado explora a estranheza íntima da dor, os mistérios dos mundos invisíveis e a autodescoberta cheia de energia de uma mulher jovem e independente em busca de respostas e novidade.

E se Eu Morrer Amanhã?

 

A minha opinião:


Uma pergunta pertinente que, não convém saber a resposta mas que conduz à reflexão.

Os romances de Filipa Fonseca Silva habitualmente são uma lufada de ar fresco. Irreverentes, abordam assuntos sérios, muitas vezes com humor. Helena é uma personagem acutilante e divertida, que mantém um interlúdio com o leitor.

Mantenham a mente aberta e lembrem-se que não estão mortas. Que gozo. Este livro é de facto um manifesto contra a discriminação etária.

Autor: Filipa Fonseca Silva
Páginas: 184
Editora: Suma de Letras
ISBN: 9789897848742
Edição: abril/2022

Sinopse:
O novo romance de Filipa Fonseca Silva é uma caixa de surpresas e uma história que todos deveriam ler.

Helena é uma viúva de 79 anos, aparentemente pacata. Vive com o gato num apartamento, independente dos filhos e netos adultos, gozando de ótima saúde física e mental. Até ao dia em que, por acidente, pega fogo à sala de estar.

Obrigada a mudar-se para casa da filha, que começa a questionar a sua sanidade, acaba por revelar um segredo que deixará toda a família boquiaberta: afinal, tem uma vida sexual ativa. Muito ativa.

A partir desta confidência, Helena conta-nos as suas aventuras amorosas e o lema de vida que adotou desde a morte do marido, com quem partilhou mais de quatro décadas de descontentamento.

E se Eu Morrer Amanhã? é um romance hilariante, que nos leva a refletir sobre os preconceitos em relação às mulheres mais velhas e o enorme tabu em torno da sua sexualidade. É também uma luz de esperança, iluminando a ideia de que nunca é tarde para descobrir o que nos faz feliz.

quinta-feira, 27 de abril de 2023

Laranjeira-Amarga

 

A minha opinião:

Depois de Corpos Celestes não podia deixar de ler Laranjeira-Amarga. Jokha Alharthi tem uma escrita intimista, com laivos de ancestralidade que mantém as mulheres subjugadas e vitimas de um patriarcado na Peninsula Arábica e uma dignidade e força que lhes permite transcender amarras e alcançar a intemporalidade. Algumas, privilegiadas, conseguem dar voz a essas mulheres. As primeiras páginas deste romance cativam e impressionam o leitor. Bint Aamir é a personagem que nos toca o coração. Zuhour é a narradora que partiu.

Romance em que muitas são as personagens femininas que em paralelo intervém com apontamentos sobre as suas vidas. Enquanto umas cresciam convencidas que as escolhas da vida já estavam predestinadas, outras rebelam-se sem deixar de sentir culpa. E muitas quebram. Pujante narrativa que numa prosa refinada nos enriquece tanto. De cortar a respiração. Obrigatório ler. 
Uma pena que certos livros não tenham o destaque que merecem.

Autor: Jokha Alharthi
Páginas: 208
Editora: Relógio D'Água
ISBN: 9789897833014
Edição: fevereiro/2023

Sinopse:
Zuhour, uma estudante omanense numa universidade britânica, encontra-se entre o passado e o presente. Tenta fazer amizades e assimilar a cultura britânica, mas não consegue esquecer as relações que foram centrais na sua vida, sendo a mais importante a que manteve com Bint Aamir, mulher que sempre considerara sua avó, e que morreu assim que Zuhour abandonou a Península Arábica.

À medida que a narrativa acompanha as dificuldades por que Bint Aamir passou, entrelaça-se com o presente isolado e insatisfatório de Zuhour, numa combinação de sonhos e memórias. Laranjeira-Amarga é uma exploração sobre estatuto social, desejo e o lugar da mulher na sociedade, feita através de um retrato em mosaico da vida de uma jovem mulher que procura entender as suas origens enquanto imagina uma idade adulta em que o seu poder e a sua felicidade consigam encontrar a liberdade necessária para florescerem.

Lucy à Beira-Mar

 

A minha opinião:

Não li a sinopse quando comprei o livro. Sequer importava porque os romances de Elizabeth Strout dizem-me muito. A empatia e proximidade conferem-lhe autenticidade e universalidade. A autora é exímia na síntese desasombrada e delicada do quotidiano.

Neste romance Lucy é arrastada pelo William para o Maine sem sair da perplexidade com a epidemia da Covid. A mudança no modo de vida e os resgastes que tiveram que fazer acentuaram a estranheza, assinaladas por coisas boas e más. Sem o leitor se aperceber também este faz uma retrospectiva de um tempo recente que urge reflectir. A solidão e o medo do confinamento em que outras fases são sentidas. A sensação de irrealidade com o que se vive. 
O que fazemos é o melhor que podemos.

Autor: Elizabeth Strout
Páginas: 280
Editora: Alfaguara
ISBN: 9789897848674
Edição: abril/2023

Sinopse:
Distinguida com o Prémio Pulitzer, a extraordinária escritora Elizabeth Strout regressa, neste romance, à sua icónica personagem Lucy Barton, protagonista de uma história de empatia, emoção, perda e esperança.

Quando o medo pandémico se apodera da cidade, Lucy Barton abandona Manhattan e muda-se com William, o seu ex-marido, para uma pequena cidade costeira no Maine. nos meses que se seguem, os dois vivem numa casa perto do mar, experiência que vai revelar-se transformadora. Lucy e William voltam a ser os companheiros de há tantos anos — a diferença é que se encontram isolados do mundo em colapso, estando a sós com um complexo passado, com as suas memórias e com os seus desejos.

Elizabeth Strout explora os interstícios do coração humano e compõe um retrato revolucionário e luminoso das relações íntimas durante os confinamentos. no cerne desta história estão os laços profundos que nos unem, mesmo quando separados: o vazio após a morte de alguém que amamos, ou o consolo de um antigo amor que afinal perdura.

Weyward

 

A minha opinião:


A capa é belíssima e o livro perfumado porque na pequena caixa onde foi introduzido também constava um saquinho de cheiros. Uma experiência de leitura que apela mais ao olfacto, em que não temos apenas o cheiro de um novo livro. Boa estratégia de marketing. A trama conta alternadamente a história de três mulheres da mesma familia de diferentes gerações  com uma forte conexão com a natureza, principalmente com as aves e os insetos. Um chamamento que era quase uma maldição. E por muitos considerado bruxaria.

Fascínio. O poder desta narativa que remonta para as histórias de encantar que lemos na infância. O exterior deste livro corresponde ao interior pela empatia com três mulheres que quebram grilhões. A violência e a guerra. O lado negro de qualquer história. Uma boa estreia, este primeiro romance de Emilia Hart. Um livro sobre a força que as mulheres nem sabem que têem. Fantasioso mas lindo. E com significado. Um deleite.

Autor: Emilia Hart
Páginas: 344
Editora: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-03632-2
Edição: setembro/2022

Sinopse:
«Tentaram domar-nos. mas uma mulher Weyward pertence à Natureza. Não pode ser domada.»

Em 2019, Kate foge de uma relação abusiva e refugia-se em Crows Beck, uma aldeia remota na Cúmbria. O seu destino é a Casa Weyward, herança da sua tia-avó Violet, uma entomologista excêntrica.
Enquanto lida com o trauma do seu passado, Kate descobre um segredo sobre as mulheres da sua família. Uma história que remonta a 1619, quando Altha Weyward foi julgada por feitiçaria…
Tecendo as vidas de três mulheres extraordinárias, Weyward é um romance absolutamente maravilhoso sobre o empoderamento feminino, a esteira de violência masculina ao longo de séculos e o poder libertador da Natureza.

A História de Roma

 

A minha opinião:

Curioso o impacto que as expectativas têm num novo livro. Há uns meses comecei e larguei sem opinar. Aborreceu-me e não me consegui conectar com a viagem nostálgica. Quando o reiniciei, agora, e sem expectativas, rápidamente me encantei com a escrita ritmada e a linguagem cuidada e desarmada de Joana Bértholo que me levou a um romance em Buenos Aires, depois de uns dias de reencontro em Lisboa dez anos depois em que desfia estas memórias. A percepção é que se trata de um romance autobiográfico e o não é (segundo o que ouvi). O enamoramento com as duas cidades é outro atrativo desta história de Roma (anagrama de amor).

O diálogo que se estabelece com a ideia da maternidade é brilhante. 

Autor: Joana Bértholo
Páginas: 312
Editora: Editorial Caminho
ISBN: 9789722131711
Edição: setembro/2022

Sinopse:
Duas pessoas que foram outrora um casal encontram-se passados dez anos de se separarem. Ela, lisboeta, condu-lo a ele, o estrangeiro, por diferentes percursos na sua cidade, enquanto desnovelam memórias. Na tentativa de estabelecer um passado comum, raros são os trajectos que coincidem. Resta-lhes os nomes de certas ruas, de certas cidades — Buenos Aires, Berlim, Marselha, Beirute — que se tornam topografias íntimas, que não poderão mais ser visitadas, como o nome da filha que nunca tiveram.

A Mais Preciosa Mercadoria

 

A minha opinião:


Gosto de contos.
Rápidos de ler e resumidos ao essencial. 
Sou impaciente.
A "preciosa mercadoria" continuava a aguardar vez porque o tema Holocausto perturba. Não consigo refugiar-me na premissa de ficção. Uma leitura conjunta em discussão levou a que relutante o iniciasse e Era uma vez... Uma bela história de amor. 
Muito bom.

Autor: Jean-Claude Grumberg
Páginas: 120
Editora: Dom Quixote
ISBN: 9789722069465
Edição: março/2020

Sinopse:
Era uma vez um casal de lenhadores muito pobres que vivia numa floresta, por onde passava um comboio de mercadorias. Como estavam em guerra e era inverno, não tinham quase nada para comer. Por isso, a lenhadora sonhava que um dia alguém lhe atiraria uma coisa boa e deliciosa do comboio. Os lenhadores não tinham filhos, o que para ele era um alívio mas, para ela, um grande desgosto.


Era uma vez um casal de judeus que viajava num comboio com dois bebés praticamente recém-nascidos. O pai sabia que não iam para um lugar nada bonito e, ao atravessar a floresta, teve uma ideia bastante insensata…


Vendido em mais de dez países, finalista de uma série de prémios literários, escolhido pelo realizador Michel Hazanavicius para ser em breve um filme de animação, A Mais Preciosa Mercadoria é uma fábula sobre Auschwitz que se inspira num episódio real e não cessa de perturbar e comover leitores em todo o mundo, sobretudo por ter essa rara qualidade de poder ser lida por pessoas de todas as idades. Em França, onde foi originalmente publicado, já se imprimiram mais de 90 000 exemplares.

Onde o Lobo Espreita

 

A minha opinião:

Os livros da Elsinore são tão agradáveis ao toque que tenho dificuldade em lhes resistir. A sinopse deste romance não o permitiu.

Lilakl é uma narradora que inquieta e agarra o leitor desde a primeira pagina. Uma mãe de um jovem de dezasseis anos, israelita a viver nos EUA, que é investigado após a morte de um jovem negro muçulmano numa festa particular.

Uma perspectiva intima e psicosocial de um drama atual. Uma mulher que nos obriga a olhar para dentro de nós e a questionar o que sabemos sobre os nossos filhos e o ambiente em que os criamos. Bullying, xenofobia e racismo num romance carregado de tensão e suspense. E esses são os romances que marcam.

Autor: Ayelet Gundar-Goshen
Páginas: 320
Editora: Elsinore
ISBN: 9789896239060
Edição: fevereiro/2023

Sinopse:
Da aclamada autora de Despertar os Leões, eis um romance negro, repleto de suspense e mistério, sobre o medo e o questionamento das nossas certezas mais profundas.

Longe da sua terra natal há quase duas décadas, Lilakh Schuster reconstruiu a sua vida em São Francisco, com o marido, Mikhael, e o filho, Adam. Vivem o sonho americano, alicerçado na segurança e na liberdade que Israel nunca lhes conseguiu oferecer. Porém, essa sensação de segurança vai dando lugar à suspeita e ao terror quando um colega de liceu de Adam aparece morto numa festa em circunstâncias pouco claras. Um acontecimento que abala toda a comunidade e sobretudo Lilakh, para quem o seu filho, acusado de ódio racial e alvo de uma investigação policial, se tornou um desconhecido.

Exímia em avolumar densidade emocional e psicológica num enredo de suspense, Ayelet Gundar-Goshen regressa com um romance repleto de tensão construído à volta do medo — o medo do futuro e do outro, mas também daqueles que nos são mais próximos e que se podem tornar num estranho, num lobo à espreita.

A Minha Adorável Esposa

 

A minha opinião:

O título chamou-me a atenção porque pensei numa ironia. Um bom título para um thriller. Ao ler interpretei de outra maneira porque Millicent era uma mulher adorada numa familia perfeita. O narrador " Tobias" e desde o início é uma personagem dúbia.  Millicent, a esposa "adorável". Rory e Jenny, os filhos. E depois é um jogo de espelhos. 

Não é frenético. Lento. Curioso. Intrigante. Organizado. Sem muita excitação. Como a dinâmica do casal. Apesar disso, a meio do livro quis saber o desfecho e ler o castigo quando Claire deu um novo impulso à trama. O final foi bom.

Autor: Samantha Downing
Páginas: 392
Editora: Suma de Letras
ISBN: 9789897848025
Edição: janeiro/2023

Sinopse:
A nossa história de amor é simples. Conheci uma mulher deslumbrante. Apaixonámo-nos. Tivemos filhos. Mudámo-nos para os subúrbios. Contamos um ao outro os nossos maiores sonhos e os nossos segredos mais sombrios. E depois aborrecemo-nos.

Parecemos um casal normal. Somos os seus vizinhos, os pais do amigo do seu filho, os conhecidos com quem está sempre a querer jantar.
Todos nós temos segredos para manter vivo um casamento.

Acontece que o nosso é matar…

Sete Mulheres

 

A minha opinião:

O prólogo deste livro de 1998 conta tudo, como se a voz da autora já desaparecida regressasse para nos explicar que escrevia para viver e essa paixão guiou a sua vida. Uma dúzia de contos em seis anos e sete deles vieram parar a este livro que não planeou. Fortes e intimamente ligados aos conflitos e temáticas que lhe interessavam. Sete mulheres contam fragmentos das suas vidas, metamorfoses ou conquistas. Estórias fortes, perturbadoras como Amor de mãe ou Os olhos rasgados numa escrita que tem o cunho firme da romancista que os escreveu. A boa filha é o meu preferido.
Muito bom.

Autor: Almudema Grandes
Páginas: 168
Editora: Editorial Presença
ISBN: 9789722323550
Edição: novembro/1998

Sinopse:
Através de sete intensos retratos de diferentes universos femininos que reflectem um pulsional domínio da narrativa, Almudena Grandes reafirma nesta obra um conhecimento profundo e alargado do universo perturbante da mulher.

quinta-feira, 6 de abril de 2023

As Primas

 

A minha opinião:

Uma familia disfuncional mas muito emocional. Várias deficiências num quotidiano que Yuna procura compreender e expressar através das suas pinturas e desta narrativa que tem tanto de crua e desconcertante como de irónica e honesta, sem recorrer à compaixão, condescendência ou camuflagem. Amarguras de amor e morte.

Do mesmo modo que Estela de Limpa de Alia Trabuccco Zéran também Yuna tem passagens em que aborda o leitor como que a pedir a sua adesão a um ponto de vista. Yuna tem limitações cognitivas e uma escrita limpa e fluída que jorra sem malícia. Brilhante narrativa de uma tragicomédia.

Autor: Aurora Venturini
Páginas: 208
Editora: Alfaguara Portugal
ISBN: 9789897843884
Edição: abril/2022

Sinopse:
A obra-prima de uma escritora catapultada para a fama literária mundial aos 85 anos. A história de uma família em que as mulheres procuram fugir à norma, com ecos de Lucia Berlin, Shirley Jackson e Carson McCullers.

Na cidade argentina de La Plata, nos anos de 1940, conhecemos Yuna e Petra, duas primas que pertencem à mesma família disfuncional, precária e destinada à desgraça. Pela voz de Yuna, vemos um universo tortuoso de mulheres abandonadas à sua sorte, a braços com a pobreza, a deficiência, o delírio fantasmagórico e a pressão social.

Para se evadir do cerco das histórias de ameaças, violações e homicídios, Yuna recorre à sua imaginação artística: a cada episódio de violência, pinta uma nova tela. Vendo na arte uma fuga ao estropiamento familiar, Yuna lança sobre o seu mundo um olhar selvático — ora cândido e perspicaz, ora violento e ensimesmado — e protagoniza uma história que desafia todas as convenções literárias.

Aurora Venturini poderia ser uma das peculiares personagens dos seus romances, já que o seu percurso ficou marcado pelo fait-divers de ter vencido um concurso literário para novos talentos quando já tinha escrito dezenas de livros e se aproximava do fim da vida.

Entre o romance de formação, a delirante autobiografia, o divertimento literário e a radiografia de uma época, As Primas é uma obra que celebra, ao mesmo tempo, as dimensões universal e privada da literatura, revelando a desconcertante originalidade de uma autora que ousa colocar perguntas quase sempre cuidadosamente mantidas em silêncio.