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sábado, 11 de março de 2017

O Leitor do Comboio

Autor: Jean-Paul Didierlaurent
Edição: 2017/ março
Páginas: 196
ISBN: 9789897243462
Editora: Clube do Autor

Sinopse:
O poder dos livros através da vida das pessoas que eles salvam. Uma obra que é um hino à literatura, às pessoas comuns e à magia do quotidiano.
Jean-Paul Didier Laurent é um contador de histórias nato. Neste romance, conhecemos Guylain Vignolles, um jovem solteiro, que leva uma existência monótona e solitária, contrariada apenas pelas leituras que faz em voz alta, todos os dias, no comboio das 6h27 para Paris.
A rotina sensaborona do protagonista desta história muda radicalmente no dia em que, por mero acaso, do banquinho rebatível da carruagem salta uma pen drive que contém o diário de Julie, empregada de limpeza das casas de banho num centro comercial e uma solitária como ele… Esses textos vão fazê-lo pintar o seu mundo de outras cores e escrever uma nova história para a sua vida.
O Leitor do Comboio revela um universo singular, pleno de amor e poesia, em que as personagens mais banais são seres extraordinários e a literatura remedia a monotonia quotidiana. Herdeiro da escrita do japonês Haruki Murakami, dotado de uma fina ironia que faz lembrar Boris Vian, Jean-Paul Didierlaurent demonstra ser um contador de histórias nato.


A minha opinião:
Dificilmente quem gosta de ler fica indiferente a este livro. Este é um desabafo impulsivo e sentido. As criticas de imprensa que aparecem na contracapa, ao contrário do que acontece com muitos outros livros, correspondem à minha verdade. Um demasiado pequeno romance que me arrebatou e enterneceu desde o início. Primeiro Guylain e depois Julie. Que personagens excepcionais! Realmente, as pessoas comuns escondem um mundo extraordinário.

Gosto de recorrer a excertos do autor. Neste caso, para apresentar a personagem Guylain, um homem simples e solitário que salva diáriamente umas quantas páginas soltas da Coisa e partilha o seu conteúdo com os passageiros do comboio. E com os leitores. 

"Gosto de livros apesar de passar a maior parte do meu tempo a destruir grande parte deles. O meu único bem é um peixinho vermelho que se chama Rouget de Lisle, e conto por únicos amigos um amputado que passa o tempo á procura das suas pernas e um versejador que só sabe falar em versos alexandrinos." (pag.189)

Duas idosas solicitam a sua comparência na sua residência uma hora por semana para lhes ler como fazia no comboio e a surpresa não termina por aí. Um dia, através dos docs da pen drive que achou, descobriu o diário de Julie e ficou interessado em a conhecer.
A vida de Julie é igualmente solitária e simples. O seu trabalho que ela não menospreza, em que precedeu a tia, deixou-lhe vários tialogismos que ela debita a torto e a direito. Também ela gosta de ler livros. E escrever os seus pensamentos. Os sons que lhe chegam através das portas cerradas e que a tia classificou em três grandes categorias e ela acrescentou outra, são pura diversão. Refinado humor!

Personagens quase invisiveis para os outros mas atentas aos que os rodeia. Personagens que não vivem apenas nas páginas de um livro. 

Os bons amigos incentivam a novos desafios, com novos e/ou maravilhosos livros. Amigos que compreendem a necessidade de nos embrenharmos em mundos cada mais longíquos através dos livros. Obrigada Cristina Delgado. Tinhas razão. Gostei muito.

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