Autor: Muriel Barbery
Edição: 2008/ dezembro
Edição: 2008/ dezembro
ISBN: 9789722340519
Editora: Presença
Sinopse:
É num edifício situado num bairro rico de Paris e habitado por uma burguesia rica e snobe, que decorre este emocionante romance contado a duas vozes. Alternadamente, as duas protagonistas vão dando a conhecer o seu bairro e as pessoas que as rodeiam. Renée é uma porteira de 54 anos, cultíssima autodidacta e apaixonada pela pintura naturalista holandesa, por filosofia, pelo cinema japonês e uma devoradora de livros. Paloma, a segunda protagonista, é uma adolescente de 12 anos, astuta, que percebe mais do mundo à sua volta do que aquilo que aparenta, e que deseja suicidar-se no dia do seu décimo terceiro aniversário. Entre a aparente humildade e ignorância de Renée e de Paloma, aparece um novo morador no prédio: o senhor Ozu, um japonês que inicia uma relação de amizade com ambas, formando-se um pequeno trio que terá para todos um papel redentor. Um livro terno, divertido e com personagens que irão cativar os leitores desde a primeira página.
A minha opinião:
De repente, estava à toa, sem saber o que me apetecia ler. Não é uma situação inédita mas, é invulgar. Numa feira do livro, resolvi esta dificuldade, quando encontrei "A elegância do Ouriço", romance sobejamente conhecido e deveras elogiado. Devo referir desde já, que todos os elogios são mais do que merecidos, uma vez que também eu fiquei rendida a Renée e Paloma desde as primeiras páginas. As duas principais personagens, almas gémeas, fisicamente próximas, demoraram a encontrar-se e apenas o conseguiram com a ajuda do Kakuro Ozu.
"A senhora Michel (Renée) tem a elegância do ouriço: exteriormente, está coberta de espinhos, uma autêntica fortaleza, mas pressinto que, no interior, também é tão requintada como os ouriços, que são uns animaizinhos falsamente indolentes, ferozmente solitários e terrivelmente elegantes." (pag. 118)
A estranheza com o título fica resolvida com este parágrafo dos pensamentos profundos que Paloma pretende deixar após a sua morte. Se o apreciava antes consegui então compreendê-lo. Personagens invisiveis porque se fecham em si e se ocultam na multidão.
Numa única palavra o que me apraz acrescentar sobre este livro é que é SUBLIME! Leitura fácil e enriquecedora, linguagem erudita, prosa elegante e diferenciada, sentido súbtil e inteligente. Certamente que este é um dos livros da minha vida.
Recordo que este romance foi referido num outro que li recentemente - "O Livreiro de Paris" e a sua Farmácia Literária, em que Monsieur Perdu o sugeriu a uma cliente na pag. 21 deste modo maravilhoso:
"- Precisa de um quarto só para si. Não demasiado luminoso, com uma gatinha nova para lhe fazer companhia. E este livro, que fará o favor de ler com calma. Para que possa descansar entre a leitura. Vai refletir muito e provavelmente também vai chorar. Por si. Pelos anos. Mas depois vai sentir-se melhor. Vai perceber que não tem de morrer agora, mesmo que sinta isso, depois de o tipo não ter sido decente. E vai voltar a gostar de si própria e deixar de se sentir feia e ingénua."
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