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quarta-feira, 9 de maio de 2018

A Filha

Autor: Anna Giurickovic Dato
Edição: 2018/ fevereiro
Páginas: 192
ISBN: 9789722064347
Tradutor: José Colaço Barreiros
Editora: Dom Quixote

Sinopse:
Ambientado entre Rabat e Roma, A Filha coloca-nos perante uma perturbante história familiar, em que a relação entre Giorgio e a sua filha Maria oculta um segredo inconfessável. A narrar tudo na primeira pessoa está, porém, a mulher e mãe Silvia, cuja paixão pelo marido a torna incapaz de reconhecer a doença de que este sofre.

Enquanto observamos Maria, que não dorme durante a noite e renuncia à escola e às amizades, revoltar-se continuamente contra a mãe e crescer dentro de um ambiente de dor e de suspeita, vamos pouco a pouco descobrindo a subtil trama psicológica dos acontecimentos e compreendendo a culposa incapacidade dos adultos em defender as fragilidades e as fraquezas dos filhos.

Quando, após a misteriosa morte de Giorgio, mãe e filha se mudam para Roma, Silvia apaixona-se por Antonio, e o almoço que organiza para apresentar o novo companheiro à filha despertará antigos dramas: Será Maria de facto inocente, será realmente a vítima da relação com o seu pai? Então, porque tenta seduzir Antonio sob os olhares humilhados da mãe? E seria a própria Silvia verdadeiramente desconhecedora do que Giorgio impunha à filha?

Um livro que põe em causa todas as nossas certezas: as vítimas são ao mesmo tempo algozes e os inocentes são também culpados.

A minha opinião:
Desejava e receava ler este livro. Sabia qual era o tema e que este mexe comigo, e ainda assim estava convicta de que o devia ler. A medo comecei, preparada para o largar. Não aconteceu e li, incomodada, mas absorta, uma narrativa que vicia.

Uma extraordinária estreia, para mais com um tema forte. Não é para qualquer um, pelo que vou aguardar com expectativa os próximos romances.

O cenário de fundo é em Rabat, Marrocos, idílico, sobre o qual paira uma sombra funesta. Na perspectiva de Silvia, confusa e cansada, que vai olhando para trás e para a frente, num jogo entre o consciente e o inconsciente, sem conseguir intervir e é neste registo que decorre toda a narrativa. As memórias alegres e também as horrendas, onde sente que ainda pertence, enquanto atualmente em Roma, Itália, sente que não existe, presa num jogo perverso que assiste apática aquando da visita do namorado. Como leitora, li chocada. Compreensivel mas difícil de processar. Sofrimento, solidão e vergonha. Complexo. O pai desaparecido causa uma forte impressão na mãe e na filha, e afeta permanentemente a relação entre elas.

Muito bom. Em tempo de Eurovisão, replicando, se pontuasse leituras, teria quase nota máxima. 

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