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quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Princípio de Karenina

Autor: Afonso Cruz
Edição: 2018/ novembro
Páginas: 168
ISBN: 9789896656928
Editora: Alfaguara

Sinopse:
Um pai que se dirige à filha e lhe conta a sua história, que é a história de ambos, revelando distâncias e aproximando-se por causa disso, numa entrega sincera e emocional.

Uma viagem até aos confins do mundo, até ao Vietname e Camboja, até ao território que antigamente se designava como Cochinchina, para encontrar e perceber aquilo que está mais perto de nós, aquilo que nos habita. Um pai que ergue muros de silêncio, uma mãe que faz arco-íris de música, uma criada quase tão velha como o Mundo, um amigo que veste roupas de mulher, uma amante que carrega sabores e perfumes proibidos. São estas algumas das inesquecíveis personagens que rodeiam este homem que se dirige à filha, que testemunham - ou dificultam - essa procura do amor mais incondicional.

Uma busca que nos leva a todos a chegar tão longe, para lá de longe, para nos depararmos connosco, com as nossas relações mais próximas, com os nossos erros, com as nossas paixões, com as nossas dores e, ao somar tudo isto, entre sofrimento e júbilo, encontrar talvez felicidade.

A minha opinião:
Relutei em ler este novo romance de Afonso Cruz. Li alguns dos seus livros e tive o prazer de o conhecer. Uma pessoa rara. Os seus romances são belos e duros, e daí a minha relutância. A escrita que pede para ser lida em voz alta, dada a musicalidade das frases, bem como o sentido das palavras que afloram sentimentos profundos, fazem-me estremecer sem ceder.  

Romance pequenino, de capítulos curtos e muitas metáforas, intercalado com imagens e alguns excertos de outras latitudes, conta a história de um homem que escreve à filha que não conheceu. Um homem com uma deformidade de nascença que foi amado pela mãe apesar dessa diferença, aprendeu com o pai o medo do estrangeiro e o tédio existencial, foi salvo pelo amor que corrige o mundo mas também aleija muito. 

"Todos os anjos caídos serão levantados."
Uma história com princípio, meio e fim de um menino que se tornou homem, marido, amante e pai, sem se preocupar com a felicidade, mas acabou por reflectir muito nela. E o leitor também, preso das palavras lúcidas e sábias de Afonso Cruz.

Gostei muito.

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