Autor: Andrea de Carlo
Edição: 2017/ julho
Edição: 2017/ julho
ISBN: 9789722062282
Editora: Dom Quixote
Sinopse:
Tudo se passa na Provença, no outono, quando as primeiras névoas húmidas se entrecruzam com um longo rasto de calor quase estival. As vilas e as aldeias vão-se esvaziando de habitantes e turistas. Não obstante, prepara-se ainda um grande evento - o concerto de uma célebre banda inglesa, em parte com fins humanitários e em parte para comemorar o terceiro casamento de Nick Cruickshank, vocalista e carismático líder do grupo. Fervilham os preparativos, integralmente organizados com pulso firme por Aileen, a futura mulher de Nick.
Na vila há uma gelataria cuja gerente é uma jovem italiana, Milena, que cria, pensa e experimenta gelados com uma tensão de artista. Milena vive há alguns anos uma relação sólida com uma mulher estável e forte, quase a compensar a evanescência dos gelados, a ponto de se ir submeter dentro de alguns dias à fecundação assistida - um importante passo que talvez não tenha decidido. Sem o confessar, sente-se insegura. Tal como Nick, que pergunta a si mesmo a partir de quando a sua relação com Aileen perdeu o encanto dos primeiros tempos.
Assim se cruzam os destinos de um famoso rocker inglês e de uma rapariga italiana e, no decurso de três dias, de quarta a sexta-feira, tudo se acelera e precipita num turbilhão inevitável e entusiasmante.
A minha opinião:
Nesta curiosa demanda por novos autores tenho sido avassalada por revelações e sensações "numa corrente em que a perplexidade e a curiosidade se misturam em doses iguais". (pag.249)
"- Porque é que a maravilha é imperfeita?
(...)
- Porque não dura.
(...)
- Desaparece. Juntamente com o espanto, a curiosidade, a atenção milimétrica, o divertimento, o prazer, a alegria que continha." (pag. 112)
O livro não me passou despercebido. Admitamos que não é fácil. A maravilha a que se refere é a que é apresentada na capa, mas não só. As relações considerando o temperamento de cada um e a sua maneira de reagir às circunstâncias, o conflito de aspirações e exigências que surgem, o equilibrio que é preciso manter sem deixar de ser verdadeiro. Alternando a voz feminina com a masculina, a ligeireza com a profunidade, o simples com o complexo, a comédia com o drama, num romance em que se sobrepõem perguntas dela e dele, de quarta a sábado em trinta e cinco capítulos.
Na contracapa lemos " A vida é demasiado curta para a desperdiçarmos a concretizar sonhos dos outros" e também é disso que se trata. O sentimento de pertença e a liberdade de ser distinto, numa leitura enriquecedora e nada fácil de processar através da introspeção inevitável. Protagonistas cativantes mas perturbados porque sentem a corda à volta do pescoço.
Fascinante. A escrita, o enredo e o sentido. Um romance que apela aos sentidos e nos deixa a cabeça à roda. Um livro que nos pode mudar.
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