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segunda-feira, 8 de agosto de 2016

As Histórias que não se Contam

Autor: Susana Piedade
Edição: 2016/ julho
Páginas: 344
ISBN: 9789897415524
Editora: Oficina do Livro

Sinopse: 
Ana pergunta-se como seria hoje o seu dia-a-dia se tivesse sabido detetar no namorado os indícios da doença que o levou inesperadamente. Isabel, seis meses depois da tragédia que lhe virou a vida do avesso, ainda se sente culpada por não ter chegado a horas ao infantário naquela tarde de chuva. Marta, que ousou abandonar, ainda adolescente, uma casa onde era maltratada, não tem agora a coragem de confessar que o amor em que apostou tudo está longe de ser um mar de rosas. São três mulheres jovens, com a vida inteira pela frente, mas para quem o presente se tornou um fardo difícil de carregar e o futuro um tempo sem qualquer esperança. Quem poderia entender a sua dor incomparável? Para quê, então, contarem as suas histórias? Um acidente acabará por cruzar estas três desconhecidas num lugar onde muitas vidas se perdem, mas que para elas representará sobretudo o nascimento de uma amizade que lhes vai permitir lutarem contra o sofrimento e recuperarem aos poucos o ânimo e a vontade de viver. Porque quanto maior é o drama, maior tem de ser a partilha. Com uma linguagem cuidada e uma estrutura francamente original, este belíssimo romance de estreia, finalista do Prémio LeYa em 2015, traz para a cena questões de grande atualidade que afetam muitas mulheres e não devem ser silenciadas, e lê-se de um fôlego, mantendo o suspense até à última página.

A minha opinião: 
"As histórias que não se contam" é sugestivo. Um bom título. As histórias de três protagonistas femininas que vão intercalando as suas vozes enquanto avaliam o que sentem intensamente. Não deve ter sido nada fácil analisar a fundo emoções tão difíceis como as que Ana, Isabel e Marta vivem, como também não foi para mim ler.

Depois de um período em que li bons romances, estava indecisa sobre o que ler a seguir. Procurava um livro que continuasse nessa linha. Não necessariamente um romance exemplar, mas um que me levasse ao abandono dos meus pensamentos enquanto o lesse. E este livro ...hesitei durante dois dias, receava o conteúdo, especificamente a temática da dor da perda e a violência doméstica. O fim dos sonhos e o encarar de uma realidade que não se quer crer. Atual e intemporal.

Gostei da escrita e da fluidez da narrativa, e o meu receio revelou-se certo. Custava-me a avançar e tinha de abrandar para interpretar o sentido das palavras e amortecer o seu impacto, ainda que admirando quem assim escreve. Com alma.

Aproximadamente a meio do livro, dei por mim a lê-lo com avidez, curiosa com o desenrolar de acontecimentos ou o concretizar de possibilidades deixadas em suspense. A amizade entre Ana, Isabel e Marta faz a diferença. Progressivamente, na partilha, vão desconstruindo os problemas, num rumo inesperado que me agradou muito.

Por tudo isto, um romance que recomendo. Uma ótima estreia. Um caso sério ou para ser levado a sério. 

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