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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

O Coro dos Defuntos

Autor: António Tavares
Edição: 2015/ novembro
Páginas: 216
ISBN: 9789896603915
Editora:  Leya

Sinopse:
Vivem-se tempos de grandes avanços e convulsões: os estudantes manifestam-se nas ruas de Paris e, em Memphis, é assassinado o negro que tinha um sonho; transplanta-se um coração humano e o homem pisa a Lua; somam-se as baixas americanas no Vietname e a inseminação artificial dá os primeiros passos. 
Porém, na pequena aldeia onde decorre a acção deste romance, os habitantes, profundamente ligados à natureza, preocupam-se sobretudo com a falta de chuva e as colheitas, a praga do míldio e a vindima; e na taberna – espécie de divã freudiano do lugar – é disso que falam, até porque os jornais que ali chegam são apenas os que embrulham as bogas do Júlio Peixeiro. 
E, mesmo assim, passam-se por ali coisas muito estranhas: uma velha prostituta é estrangulada, o suposto assassino some-se dentro de um penedo, a rapariga casta que colecciona santinhos sofre uma inesperada metamorfose, e a parteira, que também é bruxa, sonha com o ditador a cair da cadeira e vê crescer-lhe, qual hematoma, um enorme cravo vermelho dentro da cabeça. 
Quando aparece o primeiro televisor, as gentes assistem a transformações que nem sempre conseguem interpretar... 

Um belíssimo retrato do mundo rural português entre 1968 e 1974.

A minha opinião:
Decidi ir à livraria no intuito de comprar uns óculos para ler as letras miudinhas em dias que me sinto muito cansada e a leitura se faz com esforço, mas por lá me perdi, sem óculos e com mais um livro que me apressei a ler. Garantiram-me que a linguagem rebuscada em homenagem a Aquilino Ribeiro era fácil de decifrar, senão com uso do glossário no final,  e tratava-se de um divertidíssimo retrato de época em ambiente rural. De facto, assim é.

Talvez por ter memorias de infância de um ambiente assim, não foi difícil entrar na crença de um povo com valores distintos dos de hoje, em que as informações chegavam dispersas e confusas e por vias diversas, e as interpretações estavam ligadas ao senso comum ou à mística com a natureza porque dai provinha o pão de cada dia.

Narrado pela neta de uma mulher sábia e intuitiva que naquela aldeia viveu, com o marido regedor e todo um leque de personagens inesquecíveis que compunham a vida naquele lugar e naquele tempo, entramos num mundo ora fantasioso, ora realista, com o tanto que sabemos e não esquecemos. A nossa identidade que não perdemos.

Um prazer de ler. 

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