Edição: 2016/ abril
Páginas: 192
ISBN: 9789722127998
Editora: Editorial Caminho
Sinopse:
Numa sociedade imaginada, o materialismo controla todos os aspetos das vidas dos seus habitantes. Todas as pessoas têm números em vez de nomes, todos os alimentos são medidos com total exatidão e até os afetos são contabilizados ao grama. E, nesta sociedade, as famílias têm artistas em vez de animais de estimação. A protagonista desta história escolheu ter um poeta e um poeta não sai caro nem suja muito – como acontece com os pintores ou os escultores – mas pode transformar muita coisa. A vida desta menina nunca mais será igual… Uma história sobre a importância da Poesia, da Criatividade e da Cultura nas nossas vidas, celebrando a beleza das ideias e das ações desinteressadas.
A minha opinião:
Um precioso pequeno livro para mim. Uma lição de vida. Uma reflexão obrigatória nas palavras de uma criança de 12 anos.
Uma família e a relação desta com o mundo, e mais importante ainda com o poeta, porque um poeta não faz muita porcaria. E assim entra a cultura no quotidiano desta família e tudo muda.
Afonso Cruz brinca com as palavras para se expressar sobre coisas tão serias. E que bem que o faz. Ironia e metáforas num livro que se lê num ápice, mas que se volta a ler. Um pouco diferente do registo que lhe conhecia. Mais terno, talvez. E com um posfácio que explica muita coisa, para quem se der ao cuidado de ler. Termina com uma oração difícil de esquecer:
"Tenho milhas a percorrer antes de dormir. E não abandonar os poetas nos parques."
A reter:
"Dizem que é bom transacionarmos afectos, liga as pessoas e gera uma espécie de lucro que, não sendo um lucro de qualidade, já que não é material e não é redutível a números ou dedutível nos impostos ou gerador de renda, há quem acredite - é uma questão de fé -, que nos pode trazer dividendos." (pag. 11/2)
"Percebi que estava cada vez mais inutilitista e que pensava em coisas só pela sua beleza e não queria saber do seu valor monetário ou instrumental." (pag. 66)
"A cultura não se gasta. Quanto mais se usa, mais se tem." (pag.67)
"As rugas são as cicatrizes das emoções que vamos tendo na vida." (pag. 76)
"Nunca li um bom verso que não voasse da página em que foi escrito. A poesia é um dedo espetado na realidade." (pag. 87)
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