Estarrecida li este romance autobiográfico de uma franqueza desarmante sobre uma relação ilícita de um homem maduro com uma adolescente carente e solitária. Um relato terrivelmente corajoso e simultaneamente um brilhante acerto de contas com este intelectual predador.
As personagens não tem nome próprio, apenas as iniciais. E nesta narrativa carregada de tensão não há lugar para a vulgaridade ou obscenidades, apenas a lucidez de quem refletiu sobre o assunto anos depois e o deixou como testemunho numa escrita sublime. Um tema que pode dar azo a polémica e sempre atual.
Um romance que é um grito de libertação. Um romance de intervenção. Quisera eu que muitos mais fossem os leitores a quem chegasse.
Autor: Vanessa Springora
Páginas: 184
Editora: Alfaguara
ISBN: 9789897840494
Edição: 2020/ setembro
Sinopse:
O idílio amoroso chega ao fim quando V. percebe, com uma terrível desilusão, que G. coleciona relações com adolescentes e que faz das sucessivas conquistas a matéria-prima da sua obra literária. Debaixo da aparência melíflua de homem de letras esconde-se um perigoso predador, enfeitiçado pela juventude das suas vítimas, encoberto por uma sociedade complacente.
Mais de trinta anos volvidos sobre os factos, Vanessa Springora narra, de forma lúcida e fulgurante, esta história de amor e perversão. Uma história individual - a sua história com o escritor Gabriel Matzneff - que espelha tantas outras e que expõe as derivas de uma época deslumbrada pelo talento e pela celebridade. Corajoso e comovente, este romance autobiográfico incendiou o meio literário francês e reacendeu o debate sobre o consentimento um pouco por todo o mundo.
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