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quarta-feira, 15 de julho de 2020

Uma Mulher de Cinquenta Anos

A minha opinião:
Não é novidade que gosto de ler um romance no feminino. Um romance de género. As mulheres podem ser complexas, contraditórias e rebuscadas e da fama disso não se livram.
 
Tal como o título indica trata-se do retrato de uma mulher numa idade fronteira que decide pedir a um jornalista com base num diário que escreva as suas memórias sem se revelar.
Não é apenas disso que se trata mas os anseios e esperanças de mulheres nesta condição numa época de transição. E isto, interessa.
 
O subtítulo pode ser dissuasor (ou não) mas não é um livro erótico. E ler esta história conforta porque nos sentimos acompanhadas nos problemas, dúvidas, angústias e medos com que nos identificamos. A intimidade feminina a nu numa narrativa confessional bem escrita que adorei.
 
As imagens de Lisboa surgem nítidas e o povo vívido, enquanto a imaginação da leitora voa solta questionando-se quem se esconde com tanto talento sob pseudónimo porque ler este livro é uma vertigem surpreendente.
 

Autor: Maria Monforte
Páginas: 332
Editora: Gradiva
ISBN:  9789896168032
Edição: 2018/ Abril

Sinopse:
Em cinco dias, com recurso ao diário íntimo, Cármen desnuda a sua vida a um interlocutor que não a conhece nem a pode ver. Entre a consciência e a perdição, entre o que se lhe afigura correcto e a violação das fronteiras, entre o controlo e o irreparável, emergem as fragilidades e desejos, esperanças e desilusões, sensações de companhia e solidão, medos e impulsos irreprimíveis de fruição carnal de uma mulher de 50 anos, viúva há sete.

Mas a autora - Maria Monforte (pseudónimo) - vai mais longe. Explorando a profundidade da dimensão humana; desenvolvendo uma visão feminina transposta para os sentimentos e materializada nas relações que brotam nas esquinas da vida de Cármen; metamorfoseando os tons cinza em cores rubras, no cenário do final dos anos sessenta do Século XX. Uma época em que também o mundo fervilha com novas experiências, e a sociedade portuguesa assiste à queda de Salazar, vivendo a expectativa do fim da ditadura.

Um grande fresco de uma mulher à beira da perdição, num tempo de mudanças estonteantes.

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