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sexta-feira, 30 de junho de 2017

Debaixo da Pele

Autor: David Machado
Edição: 2017/ maio
Páginas: 304
ISBN: 9789722062725
Editora: Dom Quixote

Sinopse:
Júlia nunca contou toda a verdade sobre o que lhe aconteceu. Nem aos pais, que a sentem cada vez mais distante; nem às amigas, que não vê há meses. Acreditou que dessa forma seria possível esquecer tudo; mas a memória que o seu corpo guarda não pode ser apagada, e por isso, apesar dos seus dezanove anos, Júlia só deseja ficar quieta, encolhida numa vida vazia, longe de tudo e de todos.

No prédio onde mora, vive Catarina, uma menina de quatro ou cinco anos, filha de uns vizinhos cujas discussões violentas Júlia escuta através das paredes. Salvar essa criança torna-se então essencial à sua própria salvação. Mas será possível fugir do passado quando ele permanece debaixo da pele?

Eis o ponto de partida deste romance fascinante e profundamente actual, que acompanhará os momentos cruciais das vidas de Júlia e Catarina ao longo de mais de trinta anos, nos quais as suas histórias ora se entretecem, ora se afastam.


A minha opinião:
Sabia que ler um romance de David Machado não seria pacifico. Ademais com o que era sugerido pelo título e pela capa. Preparei-me psicologicamente para as personagens Júlia e Catarina, vitimas de violência. Mas... não me preparei de todo para o que iria ler. Não é possível ficar indiferente ao teor do que escreve muito bem.  

"Júlia não está cá" é um conto de "pouco mais de cem páginas sobre um dia na vida de uma rapariga chamada Júlia, que no ano anterior, foi agredida pelo namorado e que desde então, quer viver o menos possível. Porém, nesse dia em particular, conhece uma criança que precisa de ajuda e..." a missão de Júlia foi demais para mim que abandonei a leitura. Como é óbvio, retomei, graças a uma conversa com uma amiga mais esclarecida do que eu sobre o que se seguia.

O distinto segundo conto, de frases curtas e algumas rectificações, é  mais próximo no tempo. Trata a relação com contornos trágicos de uma jovem inquilina de um homem mais velho. Tinham em comum o eco da dor das suas infâncias, entranhadas debaixo da pele. E o medo. Uma constante de quem sofre. Salomão, o narrador fictício, criado pelo protagonista para se proteger da violência do texto que explanava o sucedido em duas versões paralelas. 

E por fim, o último conto, sobre "As cassetes do Manuel", actual e factual. A infância do Manuel enquanto a mãe travava uma guerra que durava a sua vida toda contra o medo e nisto se resume todo o livro. Um emaranhado que encadeia algumas personagens, que começam por ser vitimas e por vezes, acabam como agressores, resultado do medo e da dor que fica debaixo da pele, porque mesmo que se apague da memória o corpo recorda.

Muito bom e de leitura compulsiva, mas difícil, não pelo discurso que muda, como seria de esperar.

sexta-feira, 23 de junho de 2017

Quando Perdes Tudo Não Tens Pressa de Ir a Lado Nenhum

Autor: Dulce Garcia
Edição: 2017/ fevereiro
Páginas: 272
ISBN: 9789897022524
Editora: Guerra & Paz

Sinopse:
Um homem, duas mulheres, uma criança. A história de um triângulo amoroso à luz do que são hoje as relações sentimentais, marcadas por separações e recomeços e jogos psicológicos variados. Um romance onde se fala de paixão, desejo, raiva e um medo incrível da loucura. Também tem ameaças, mentiras e sexo. E humor, esse lado cómico que existe em todos os episódios, até nos mais trágicos.
O que nos leva a apaixonarmo-nos e deixar tudo para trás? Como é possível mentirmos para obrigarmos alguém a ficar ao nosso lado. É normal um pai não gostar de um filho? E o amor, sempre o amor, é hoje uma doença ou a única terapia?
Isabel sempre disfarçou os seus sentimentos debaixo de uma capa de serenidade, sobretudo desde que o irmão enlouqueceu depois de assistir a uma autópsia. Mas apaixona-se.
Uma história de amor escandalosamente contemporânea, que fala de desejo e raiva, da violência do fim dos casamentos e da luta em torno da guarda dos filhos, da culpa de quem decide partir e de como isso pode arrasar o futuro.


A minha opinião:
"O amor é o único lugar onde os adultos recuperam uma parte da infância."  (pag. 126)

Depois de um romance histórico numa perspectiva feminina, nada melhor do que ler um romance atual com ambas as perspetivas, alternadamente, a feminina e a masculina. Um primeiro romance com muito génio, perspicácia e humor. A temática não é fácil. E nem todos poderão querer ler um romance acerca de um triângulo amoroso num jogo psicológico tão comum hoje em dia. Afinal, andamos todos atrás da felicidade, procuramos escapar à solidão e é tudo tão intenso e dramático que se torna ridiculo, cruel e imaturo. Com "bagagem" se chega e com mais "bagagem" se parte e daí os saltos temporais em que se ganha em entendimento e nada se perde da estória. 

Atrevo-me a escrever que o título é perfeito. Longo, mas combinado com a capa e a sinopse ficamos logo com uma ideia do que se espera desta leitura. E é mais, muito mais. Um romance que não se deve perder. Sem pressa, ler e descobrir pontos em comum que nos podem levar a alguns lugares. 

"Que estranha raça (...) A nossa. Fazemos os possíveis por passar cada vez menos tempo sozinhos; arranjamos amantes, amigos, empregos absorventes e doenças que nos afastem da consciência; procuramos a salvação fora do casulo quando o único sentido da vida está no forro do que somos." (pag. 18) 

"O pior é que vivemos tempos imediatos em que já ninguém aguenta nada. Ninguém aguenta a dor. De cabeça ou do coração. Ninguém aguenta estar triste. Ninguém aguenta estar sózinho. Tomam-se conselhos e comprimidos. Procuram-se escapes e alternativas. Mas a tristeza só há-de passar entristecendo-se. Não se pode esquecer alguém antes de terminar de lembrá-lo."  (pag.95) 

Café Amargo

Autor: Simonetta Agnello Hornby
Edição: 2017/ junho
Páginas: 368
ISBN: 9789897243691
Editora: Clube do Autor

Sinopse:
Café amargo acompanha a vida de uma mulher que não se curva perante o poder masculino. O romance nasce na Sicília, mas a autora transporta-nos até muito mais longe. A protagonista é uma mulher de paixões, marcada também por vários sofrimentos que engole com altivez, como se fosse uma chávena de café amargo. A história de Maria e das suas escolhas pouco convencionais retrata uma época decisiva da Europa. Um romance histórico marcado por memórias pessoais e vividas.

A minha opinião:
Com muito agrado recebi este livro que já tinha debaixo de olho.

Um romance no feminino. Não que seja um romance dedicado ou exclusivamente compreendido por leitoras, mas a perspectiva é feminina. Maria é uma personagem impactante. Reservada, discreta e firme. Inteligente, sem dúvida, uma vez que soube impôr-se sem grandes atritos. Feminista, ou melhor, socialista na Sicília no inicio do Sec. XX. O papel da mulher era procriar, cuidar e servir e Maria renegava-o. Parece biográfico mas é ficção. 

Pietro Marra propôs casamento a Maria assim que a viu. Contrariamente, ao que era habitual na época, ela determinou as condições. Não teve uma vida fácil apesar de priveligiada. Uma familia sólida, um casamento com um homem rico e três filhos fantásticos, mas as invejas e rivalidades determinaram o Café Amargo que cedo teve que tomar. Pietro, amante do belo e de vícios era um problema que ela também tinha que gerir. Não se trata de um romance sobre a pobre menina rica apesar de ter de amar em segredo.

Ao longo da sua vida, que corre paralelamente com alguns dos grandes acontecimentos de Itália, uma estreita amizade a liga a Giosué que a instrui e a ajuda a ver as coisas do mundo. A conquista de África, o racismo contra os negros e contra os judeus. Narrativa crua e pouco dada a devaneios românticos com exceção da correspondência de Giosué durante a Segunda Guerra Mundial numa escrita segura que é pontuada por descriçoes que nos situam no tempo e nos lugares. 

Adorei ler este livro num breve período de férias. Uma maravilhosa oferenda. 

sexta-feira, 16 de junho de 2017

A Magia das Pequenas Coisas

Autor: Sarah Addison Allen
Edição: 2017/ abril
Páginas: 280
ISBN: 9789897417085
Editora: Quinta Essência

Sinopse:
Por detrás das sebes de um jardim encantado, está aninhada a casa da família Waverley. As mulheres que a habitam são herdeiras de um legado mágico: a macieira, que produz frutos proféticos, e as flores comestíveis, com os seus poderes únicos. Mas algo se passa ultimamente. Uma estranha inquietude parece invadir tudo e todos.

A discreta Claire tem um novo negócio. Inspirada pelo jardim, ela produz doces artesanais em que usa a lavanda para atrair a felicidade, as rosas para reconquistar os amores perdidos, a lúcia-lima para acalmar a garganta e o espírito… E o sucesso destas guloseimas é tanto que ameaça afastar Claire das pessoas e da vida que tanto ama. A rebelde Sydney anseia apenas por um novo começo... e um novo bebé. 

Mas as tentativas têm sido vãs. A sua alegria de viver perde um pouco de brilho a cada dia que passa. A "pequena" Bay, agora uma adolescente, acabou de declarar o seu amor pelo rapaz errado. Apenas Evanelle continua a dar às pessoas exatamente aquilo de que precisam…

E quando um misterioso forasteiro chega à cidade e desafia a essência da própria família, cada uma destas mulheres terá de fazer escolhas difíceis e inesperadas.

A minha opinião:
A Magia das Pequenas Coisas é encantador por fora e por dentro. 

Apaixonei-me pelas estórias de Sarah Addison Allen há muito e desde então acho que não perdi nenhuma. Aromas e magia desde o primeiro das Irmãs Waverley com o título O Jardim Encantado.

Se bem me lembro ... cada uma das estórias é sobre uma das mulheres Waverley e o seu dom especial. Claro que a ligação entre elas prevalece e cada uma das narrativas é independente das anteriores e abreviada no contexto atual. Desta feita, a protagonista é Bay, a filha de 15 anos de Sydney. O seu dom especial é a capacidade de captar o lugar de pertença de cada um com que se cruza e Josh ser o seu par, o que unanimemente não é bem aceite. Depois, cada uma das mulheres tem os seus próprios conflitos e dificuldades para superar num romance repleto de desejos, sensações e percepções que fazem parte do universo feminino. 

O ano em que tudo mudou é um marco,  uma mudança de vida, e a primeira geada é quando a velha e sábia macieira floresce e tudo se ajeita como num passe de mágica num romance de encantar. Um romance que é um bálsamo para contrabalançar dias difíceis. Positividade, confiança e aceitação num enredo tão bom. Um prazer de ler!

domingo, 11 de junho de 2017

O Rio das Pérolas

Autor: Isabel Valadão
Edição: 2017/ maio
Páginas: 248
ISBN: 9789722533782
Editora: Bertrand Editora

Sinopse:
Maria e Mei Lin podiam ser duas pessoas diferentes. Na verdade, são duas facetas da mesma mulher. Quando Mei Lin, uma menina irreverente, com grandes sonhos, foge do convento e das freiras que a criaram para não se ver condenada a uma vida sem fulgor, predestinada por outros, estava longe de imaginar que a sua escolha a precipitaria para o submundo das casas de ópio e de prostituição de Macau. Mas o destino prega-lhe uma partida e Mei Lin acaba por ser vendida como pei-pa-chai — no fundo, uma escrava sexual. É então que conhece Manuel, filho de uma das famílias portuguesas mais importantes do Território, alguém que lhe pode dar outra vida.

Mas será a nova família capaz de a aceitar? E será que o passado ficou verdadeiramente para trás? Uma viagem por Macau nas décadas de 40, 50 e 60 e pelas contradições da vida num território português às portas da China, no rescaldo da Segunda Guerra Mundial e da guerra sino-japonesa.

A minha opinião:
Gosto tanto quando um livro me agrada a ponto de se tornar compulsiva a leitura como aconteceu com "O Rio das Pérolas". Não é a primeira vez que o escrevo e acho sinceramente que é isso que nos torna leitores. Quando encontramos um livro que é o certo, dada a expectativa e a satisfação ao virar de cada página até ao desfecho. Outro aspecto já referido é a alegria na descoberta de novos autores para mim. 

Apesar da nota de abertura dificilmente não se percebia que o contexto histórico é preciso e que a autora sabia bem do que escrevia, resultado de um apurado trabalho de investigação, bem como de algum tipo de experiência pessoal. A escrita é fluída e natural como as águas de um rio, o enredo é simples e cede às vicissitudes do tempo e do local onde se passa a ação e as personagens principais são femininas e maleáveis. 

Sem pretensões elevadas é um romance histórico que parte da premissa do abandono de recém-nascidos, normalmente do sexo feminino naquela região. "Nascidas em circuntâncias menos favoráveis, marcadas pelo estigma da desvalorização da mulher para o trabalho nas regiões mais pobres, o destino de muitas raparigas era o abandono à porta das igrejas ou orfanatos ou, frequentemente afogados à nascença." (pag. 13)

A trama evolui e temos um mix de aventuras, espionagem e romance quando Maria/ Mei Lin foge do colégio aos doze anos, depois de ouvir uma conversa entre o padrinho e a madre a respeito do seu possível casamento. O casamento com um homem bom acaba por acontecer anos mais tarde mas a vida de Maria/ Mei Lin continua presa a segredos do passado.

Muito interessante e enriquecedor. Não será certamente um best-seller mas deu-me imenso gozo ler um livro assim, pontuado por usos e costumes longínquos de outros tempos. 

quarta-feira, 7 de junho de 2017

As Oito Montanhas

Autor: Paolo Cognetti
Edição: 2017/ abril
Páginas: 224
ISBN: 9789722062220
Editora: Dom Quixote

Sinopse:
Pietro é um rapazinho da cidade, solitário e pouco sociável. Os seus pais estão ligados pela paixão da montanha que os uniu desde sempre, mesmo na tragédia, e o horizonte linear de Milão enche-os agora de saudade e nostalgia.

Quando descobrem a aldeia de Grana, no sopé do Monte Rosa, sentem ter encontrado o lugar certo: Pietro passará ali todos os verões onde, à sua espera, está Bruno. São da mesma idade mas, em vez de estar de férias escolares, ocupa-se a pastar vacas.

Têm assim início verões de explorações e descobertas, entre as casas abandonadas, o moinho e os carreiros mais íngremes. São também os anos em que Pietro descobre que a montanha é um saber, um verdadeiro e adequado modo de respirar. E descobre também que o pai lhe deixa o legado mais verdadeiro: «Ali estava a minha herança: uma parede de rocha, neve, um montão de pedras em quadrado, um pinheiro.» Uma herança que passados muitos anos o reaproximará de Bruno.

As Oito Montanhas é um livro magnético e adulto, que explora ligações acidentadas mas graníticas, a possibilidade de aprender e a procura do nosso lugar no mundo. Maravilhoso, literário, intenso e lírico, invade-nos com o ar puro e a luz da natureza e com as cores e os cheiros das estações.

A minha opinião:
Há livros que nos deixam sem palavras, ou pelo menos, sem encontrar as palavras certas. É assim que me sinto agora. Não sei como transmitir o muito que me fez sentir. Sei que é um livro extraordináriamente tocante na sua simplicidade e despojamento. Maduro e lírico. A plentitude na montanha que liga dois jovens numa amizade que dura uma vida inteira. 

(...) não resta mais do que vaguer pelas oito montanhas...  (pag. 222)

O autor assume que esta história lhe pertence como as suas memórias e que se trata de dois amigos e uma montanha, mas para mim é muito mais do que isso. A infância, a adolescência e a maturidade. O reencontro. A auto-descoberta. Tudo isto dividido em três partes: Montanha da Infância, A Casa da Reconciliação e Inverno de um Amigo. 

Escrita límpida e fluída para uma história mais contemplativa. A comunicação faz-se no silêncio da montanha dos Alpes. Um livro que não se esquece. 


"O passado é a jusante, o futuro a montante.(...) Seja o que for o destino, habita nas montanhas que temos acima da cabeça."     (pag.34)

"O verão apaga as recordações tal como derrete a neve, mas os glaciares são a neve dos invernos longínquos, é uma recordação de inverno que não pode ser esquecida. Só então compreendi de que que falava. E sabia de uma vez por todas ter tido dois pais: o primeiro era o estranho com quem vivera durante vinte anos, na cidade, e cortara relações durante outros dez; o segundo era o pai da montanha, aquele que apenas entrevira e no entanto conhecera melhor, o homem que caminhava atrás de mim pelos carreiros, o amante dos glaciares."    (pag. 136)

segunda-feira, 5 de junho de 2017

Desaparecida

Autor: Elizabeth Adler
Edição: 2017/ março
Páginas: 368
ISBN: 9789897416811
Editora: Quinta Essência

Sinopse:
Ao entardecer, na belíssima paisagem do Mar Egeu, uma mulher de cabelos ruivos cai da amurada de um iate de luxo. Em terra, o pintor Marco Polo Mahoney vê a queda, percebe que a jovem está ferida e assiste, perplexo, à embarcação a afastar-se deliberadamente. Marco tenta imediatamente salvá-la mas não a consegue encontrar. É como se a bela ruiva nunca tivesse existido. Mas ele tem a certeza do que viu. E está disposto a tudo para resolver o mistério.

Angie Morse acabou de ser atingida na cabeça com uma garrafa de champanhe. Caiu no mar, ferida, e os seus companheiros parecem estar a abandoná-la. O iate onde ela seguia está a afastar-se, levando consigo os supostos amigos e o namorado. E, embora cada um deles tivesse algo contra si, Angie estava longe de imaginar que quisessem vê-la morta. Agora, enquanto as ondas a tentam submergir, invade-a um sentimento apenas: raiva.

É a raiva que lhe vai dar forças para sobreviver… e também para se vingar...

A minha opinião:
O primeiro livro que li desta autora foi "Casamento em Veneza" e fiquei tão bem impressionada que procurei ler outros, mas o efeito não se repetiu. Aliás, depois de "Desaparecida" também eu vou desaparecer com esta autora do meu radar. Creio que este foi o meu último.

Normalmente, tento ser moderada nos comentários que faço porque avalio o empenho e dedicação da parte de quem escreve, mas não me parece que isso tenha existido neste livro, uma vez que a narrativa é paupérrima, incongruente e as personagens são desinteressantes. Fiquei furiosa porque esperava um enredo leve e sonhador, adequado a um período de lazer e entretenimento depois de leituras mais exigentes e frustei as minhas expetativas. Acontece...