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domingo, 30 de outubro de 2011

ÁGUA, PEDRA, CORAÇÃO

Autor: Will North
Edição: 2011
Páginas: 328
ISBN: 9789722344890
Editora:  Editorial Presença

Sinopse:
Andrew Stratton é arquitecto e professor na Universidade da Pensilvânia, e sente-se realizado, até ao dia em que a sua ambiciosa mulher o deixa. Profundamente ferido, resolve deslocar-se a Inglaterra para participar num curso em Boscastle, na Cornualha. Aí, conhece Nicola Rhys-Jones, uma artista plástica americana, também divorciada. As afinidades entre ambos em breve transformam aquele encontro em algo bem mais forte do que a simpatia ou uma amizade. Mas se para Andrew é difícil aceitar os riscos de um novo relacionamento amoroso, para Nicola é quase impossível. Um enredo cativante que decorre num cenário idílico a que a ocorrência de uma catástrofe realmente ocorrida em 2004 naquela região confere um supremo toque de realismo.

A minha opinião:
"Sabes uma coisa Drew?"

Não, não sei, Lee, que coisa?"

Eram sempre assim os encontros matinais entre Lee, aliás Lilly, que se sentava no muro de pedra, junto ao portão da casa de Andrew, virada para a porta da frente, como se esperasse impacientemente que ele se despachasse.

Esta menina era filha dos donos da quinta e provocava um aperto no coração de Andrew porque era exactamente o tipo de criança que ele gostaria de ter tido como filha. Uma menina franzina, inquisitiva, sensitiva e muito viva que apesar da sua idade não tinha paciência para disparates.

Fiquei encantada com esta narrativa e os diálogos em que a pequena Lee se relaciona com os adultos que mais ama depois dos pais, Nicki e Drew.

O romance passa-se em Boscastle, uma aldeia real situada na costa norte da Cornualha no Sudoeste da Inglaterra e a 16 de Agosto de 2004 a conjugação invulgar de um conjunto de fenómenos metereológicos provocou uma das piores inundações registadas em Inglaterra em que milagrosamente não houve vitimas. O autor brilhantemente aproveitou alguns acontecimento verídicos e algumas personagens neste fascinante romance.

Um romance inebriante, envolvente, escrito com alma em que o autor enreda dados de uma região que tão bem descreve e transporta-nos para lá para nos apaixonarmo-nos pela zona e por todas as encantadoras personagens que lá habitam.

Este livro é perfeito para ler num dia de Outono, aconchegadas e tranquilas. Um romance com conteúdo. É comparado a Nicolas Sparks e a escrita talvez tenha traços comuns mas sem os finais emocionalmente dramáticos que é frequente em Sparks.

As personagens principais tem um passado que se reflecte no modo como se relacionam. Nicki conseguia ser muito carinhosa, brincalhona e sensual mas depois tornava-se distante, retraída e hostil, o que confundia e desconcertava Andrew que se apaixonara por ela e era correspondido mas por medo era irascível com ele.

E muito mais haveria para escrever sobre este romance mas o melhor mesmo é lê-lo. Recomendadissimo. Depois de ler o primeiro romance de Will North - Entre o Céu e a Montanha - fiquei atenta a tudo o que fosse publicado deste talentoso escritor e finalmente consegui dedicar-me a lê-lo, o que confirmou que serei uma fiel seguidora.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

NOVIDADE QUE ME SEDUZ

Autor:  José Jorge Letria
Edição: 2011, Outubro
Páginas: 216
ISBN: 9789895558179
Editora:  Oficina do Livro

Sinopse:
Ao longo dos tempos, têm sido proferidas frases por grandes figuras da história da Humanidade que a memória colectiva registou e imortalizou. Apenas dois exemplos: «Não sois vós que me expulsais, sou eu que vos condeno a ficar», pronunciada por Demóstenes, na Grécia Antiga, e «os tempos que nos esperam serão de sangue, suor e lágrimas», da autoria de Winston Churchill, ao anunciar a entrada do Reino Unido na II Guerra Mundial. Como estas, existem centenas de frases, incluindo várias de origem portuguesa («Obviamente, demito-o!», de Humberto Delgado, ou «Sou socialista, republicano e laico», de Mário Soares, entre outras), que merecem ser recordadas e recontextualizadas de uma forma criativa, colocando em cena os autores e as circunstâncias históricas em que foram pronunciadas. Até já temos o «Porreiro, pá», dito pelo (nosso) Sócrates…

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

A evolução de Calpurnia Tate

Autor:  Jacqueline Keely
Edição: 2011, Junho
Páginas: 248
ISBN: 9789896660994
Editora:  Contraponto

Sinopse:
“O meu nome é Calpurnia Virginia Tate, mas, nesses tempos idos, toda a gente me tratava por Callie Vee. Nesse verão, tinha onze anos e era a única rapariga de um total de sete irmãos. Conseguem imaginar pior do que isto?”
O verão de 1899 é quente na adormecida cidade do Texas onde vive Calpurnia, e não há muitas maneiras eficazes de combater o calor…

A única alternativa que Callie encontra é cortar discretamente o cabelo, uns furtivos dois centímetros de cada vez. Também passa muito tempo no rio na companhia do seu irascível avô (um ávido naturalista), e descobre que cada gota de água está cheia de vida – nada como olhar através de um microscópio. Ao mesmo tempo que Callie vai explorando o mundo natural à sua volta, segundo os passos de Darwin, consegue desenvolver uma forte relação com o avô, contornar o perigo que é viver com seis irmãos e aprender o que significa ser-se rapariga na viragem do século.

A minha opinião:
"- E qual é a lição que podemos tirar disto?

... fiquei a olhar embasbaca par ele. Ele respondeu:

- A lição de hoje é: vale mais viajar com a esperança no coração do que chegar em segurança. Compreendes?

- Não, avô.

- Significa que devemos celebrar o fracasso de hoje porque é um sinal claro de que a nossa viagem de descoberta ainda não acabou. O dia em que a experiência tiver êxito é o dia em que a experiência terá um fim. E descobri que, inevitavelmente, a tristeza do fim prevalece sempre sobre a celebração do êxito."

Um livro terno sobre uma criança na viragem para o seculo XX à descoberta do mundo sob a orientação do avô. O avô, sobrevivente de guerra delegara o trabalho da quinta no filho e vivia à margem da familia no seu nicho de interesses e conhecimentos. Num Verão quente e monótono, permitiu que a sua única neta partilhasse o seu espaço e aprendesse algumas lições que estavam vedadas a raparigas.

A vida e o quotidiano na familia e na comunidade de Callie Vee são também outros dos temas que esta narrativa abrange e promove alguns bons momentos de entretenimento tranquilo. Não correspondeu às minhas expectativas mas foi uma leitura aprazível sem grandes pretensões ou arrojos. Medianamente interessante.

sábado, 15 de outubro de 2011

MISTER GREGORY

Autor:  Sveva Casati Modignani
Edição: 2011, Setembro
Páginas: 464
ISBN: 978-972-0-04358-0
Editora:  Porto Editora

Sinopse:
Aos oitenta e cinco anos, Gregorio Caccialupi passa em revista uma vida intensa marcada por contrariedades e vitórias. Para trás ficam as recordações de uma infância pobre na Itália dos anos 1930 e uma decisão que mudou para sempre a sua vida - emigrar para a América em busca de um futuro melhor.
Ambicioso e determinado, coleciona sucesso atrás de sucesso e uma série de mulheres procuram conquistar o seu coração - Florencia, o seu primeiro amor, Nostalgia, com quem se casou, e Erminia, a sua derradeira paixão. Com o decorrer do tempo, Gregorio Caccialupi torna-se Mister Gregory, dono de uma importante cadeia de hotéis, um homem rico e influente. Porém, um investimento mal calculado leva-o à ruina. Conformado com a sua vida discreta num lar de idosos, está longe de saber que um encontro inesperado lhe trará uma revelação surpreendente e a possibilidade de retomar as rédeas do seu destino.
Mister Gregory é um magnífico romance de Sveva Casati Modignani, que pela primeira vez elege como protagonista um homem: complexo, terno e fiel aos seus princípios, sedutor, esquivo e sempre irresistível.

A minha opinião:
Confirmei mais uma vez o quanto admiro e aprecio os romances de Sveva Casati Modignani, pela sua capacidade criativa nas histórias de vida de carismáticas personagens, bem como o seu talento para as contar envolvendo o leitor desde as primeira páginas.

Este volumoso romance é para mim, talvez o mais maravilhoso de todos os que li desta autora.

Mister Gregory que é uma personagem fascinante. Integro e profundamente honesto com uma aurea de mistério para as mulheres, que por ele suspiram. Um porte nobre e elegante apesar das origens humildes. Gregorio enquanto italiano e Gregory com a nacionalidade americana é um homem que se fez a si próprio quando desiludido com a separação dos pais e com o que supunha ciumes da bela Isola, a sua muito amada mãe, embarcou para os Estados Unidos determinado a vencer na vida.

Toda a sua história é luminosa e enquanto leitora também fui seduzida por ele.

Quem conhece a escrita de Sveva e as pausas/ capítulos que nos deixam em suspense sempre que muda de tema ou aborda outra perspectiva percebe que a técnica que usa é de uma hábil contadora de histórias que bem poderia ser uma narrativa verbal. Emoções não ficam de fora e o envolvimento é completo em que visualizamos todas as personagens com as suas caracteristicas fisicas e psicológicas

Romance intenso que me fica na memória e no coração durante muito tempo e que quando com o tempo se esbater vou gostar de o reler com prazer.

sábado, 8 de outubro de 2011

Tantos são os livros que quero ler... neste Outono.

De que são feitos os sonhos

Autor:  Melissa Senate
Edição: 2011, Junho
Páginas: 324
ISBN: 9789899711648
Editora: Noites Brancas (uma chancela Clube do Autor)

Sinopse:
Depois da morte da avó, Holly assume a direcção da sua Escola de Cozinha. As aulas, marcadas por receitas especiais que incluem desejos e memórias na lista de ingredientes, vão mudar a vida de Holly e a dos alunos. Em conjunto, eles vão perceber que podem criar as suas próprias receitas para a felicidade.
Quando Holly Maguire herda a «Camilla’s Cucinotta», a escola de cozinha italiana da avó, dezasseis alunos inscritos no curso de culinária desistem. Afinal, Holly não é Camilla, conhecida por ser a «deusa do amor», cujos molhos secretos possuem propriedades afrodisíacas e cujas adivinhações têm o poder de mudar a vida dos seus alunos. Holly é uma mulher de trinta e dois anos, desencantada com a vida, que nem sequer sabe cozinhar. Mas depois da morte da avó, decide manter vivo o seu legado. Armada do caderno de receitas de Camilla, Holly acolhe os novos alunos: Mia, uma menina desesperada por aprender a cozinhar para impedir o pai de casar com a namorada imbecil; Juliet que chora a filha perdida; Simon, que se esforça por ser um pai presente para a filha depois do divórcio; e Tamara, que anseia pelo verdadeiro amor. Todas as receitas de Camilla incluem desejos e memórias, tristes ou doces. Misturando desejos ardentes e memórias agridoces com molhos apetitosos e deliciosos pratos italianos, Holly e os seus alunos acabam por criar as suas próprias receitas para a felicidade e descobrir que, afinal, o futuro pode ser bem doce…

A minha opinião:
Que delicia!!!

No Verão, em férias, vi este livro e pensei "Mais um livro que mistura a fantástica comida italiana com relacionamentos e sentimentos". Não me enganei. Apesar de não ser original, a estória simples e quase banal, tem um leque de maravilhosas personagens que encantam enquanto exprimem os seus anseios, mágoas e receios na confeccção de pratos que deixam água na boca.

Agradeço a preciosa critica da Fernanda que me ajudou a decidir em lê-lo.

Holly é uma terna e um tanto perdida personagem que retoma ao Maine depois de mais um desgosto de amor. Com a morte da avó que sempre a amparou e acarinhou, vê-se na contigência de assumir o negócio que ela com o seu dom assegurou contra todas as adversidades e ressentimentos. Insegura, Holly e os seus apenas 3 alunos e Mia - uma criança inteligente e sensivel, cozinham em conjunto todos os ingredientes que incluem desejos e memórias. Na cumplicidade e partilha, constroem uma maravilhosa amizade e encontram o amor.

Não conhecia esta autora mas vou estar atenta aos próximos romances. Sabe contar e escrever bem. Uma estória ritmada e fluida que envolve e conforta com tão apetitosa e apelativa comida. Um prazer de ler.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

O Lago dos Sonhos

Autor:  Kim Edwards
Edição: 2011, Agosto
Páginas: 448
ISBN: 978-972-26-3371-0
Editora: Civilização

Sinopse:
Depois de vários anos no estrangeiro, Lucy regressa a casa. Encontrando-se numa encruzilhada na sua vida, sente-se perseguida pela morte misteriosa do pai, que ocorreu há uma década. Certa noite, já tarde, enquanto deambula pela enorme casa familiar na margem de um lago, descobre, escondida no assento de uma janela, uma coleção de objetos que, à primeira vista, parecem simples curiosidades, mas que depressa irão revelar uma complexa história familiar.
As saudades do passado, avivadas pelo reencontro com o seu primeiro grande amor, conduzem-na a situações inesperadas. Lucy descobre e explora os contornos do seu passado. A história da família como ela a conhecia é destruída – e, depois, dramaticamente reconfigurada, animando-a a viver com uma liberdade que ela nunca tinha experimentado antes.
Com constantes surpresas e cheio de detalhes vibrantes, O Lago dos Sonhos é uma saga poderosa e envolvente, que seguramente vai cativar os milhões de leitores que adoraram Segredos de Família.

A minha opinião:
Desta vez a minha opinião não é tão positiva como outras que tenho deixado aqui.Definitivamente esta saga não me cativou. Apesar da capa e da sinopse me teremr agradado, a leitura foi um tanto fastidiosa. Provavelmente, por motivos meramente subjectivos, mas na minha humilde opinião a autora não conseguiu imprimir ritmo a esta estória com demasiadas descrições e outros detalhes que nada acrescentavam.

A linguagem é cuidada mas a narrativa é longa e o encanto perde-se. A interação das personagens não era a de uma familia que se reencontra depois de algum tempo afastados porque não parecem ter intimidade ou ligação.

A personagem principal "nada em águas turvas" desde a morte do pai. Ao encontrar casualmente o rasto de uma corajosa familiar que esteve na luta pelo sufrágio feminino começa uma exaustiva investigação para desvendar o passado e encontrar um sentido no presente. Os segredos ou mistérios que desvenda contam uma história de vida.
Não fiquei envolvida ou senti empatia mas compaixão e compreensão com esta leitura.

Encantador mas ... não viciante ou ...