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quarta-feira, 27 de julho de 2022

Lições de Química

A minha opinião: 

Cozinhar é química. Remar é Física. Para Elizabeth Zoth é simples. Uma gravidez não é complicado. Biologia. E Química é a vida. Química é mudança.

No verão passado, o romance que vi com mais fulgor nas redes sociais foi A breve vida das flores de Valérie Perrin mas atualmente o que vai mexer com as emoções e provocar reações é Lições de Química. Estrondoso. Uma história corrida porque as Zott superam qualquer um, exceto Calvin Evans. Sobredotadas. Pragmáticas e profundamente honestas. Formatadas para superar obstáculos com os que se impunham com a discriminação sexual nos anos cinquenta e sessenta. As Zott dizem exatamente aquilo que pensam porque compreendem como as coisas funcionam.

Uma história que se apresenta leve mas que trata de assuntos muitos sérios e de um jeito muito irreverente conta uma luta que ainda hoje se trava contra o preconceito. Um romance que não se esquece.

Autor: Bonnie Garmus
Páginas: 464
Editora: Edições Asa
ISBN: 9789892354408
Edição: 2022/  junho

Sinopse: 
Elizabeth Zott não é uma mulher comum. Aliás, Elizabeth Zott seria a primeira a dizer que a mulher comum não existe. Mas estamos no início dos anos sessenta e a sua equipa de trabalho no Instituto de Pesquisa Hastings é exclusivamente masculina. Elizabeth pode ter sido uma das melhores alunas do curso de Química (foi), mas todos os colegas esperam que seja ela a ir buscar cafés ou fazer fotocópias (não será). Há, porém uma exceção: Calvin Evans, um jovem brilhante que se apaixona por ela. Entre eles, a química é a sério.

Mas tal como na ciência, a vida nem sempre segue uma linha reta. Anos mais tarde, Elizabeth é mãe solteira e a estrela relutante do programa de culinária mais amado da América, o Jantar às Seis. A sua abordagem à cozinha é extravagante ("combine uma colher de sopa de ácido acético com uma pitada de cloreto de sódio") e revolucionária (mais do que apresentar receitas, ela está a incentivar um número crescente de mulheres a desafiar o mundo). A sua popularidade irrita muita gente.

Longe dos holofotes, Elizabeth também usa a ciência para alimentar o corpo irrequieto e a mente subversiva da filha de quatro anos, Madeline, bem como o espírito crítico de Seis e Meia, o cão. Mas o seu destino parece eternamente adiado. Conseguirá ela cumprir o que em tempos um grande amor profetizou num sussurro?

Elizabeth Zott, ainda vais mudar o mundo.

O Homem que Passeava Livros

 

A minha opinião: 

Gosto muito de passear livros e leio-os em qualquer compasso de espera. Procuro a companhia daquelas personagens que existem nos livros e que regra geral povoam a minha cabeça e não me deixam só ou entediada. E observo os que me rodeiam e muitas vezes faço paralelismo com o que leio, o que muito me diverte ou entristece. Portanto, não podia deixar de ler um livro que é sobre os poderes dos livros mas não só. Ademais, quando os capítulos têm como título livros fantásticos. Carl é uma personagem que se acarinha, assim como os clientes a quem leva livros mas Schascha é uma personagem que nos estimula. Juntos marcam o leitor. E ensinam-nos tanto. 
Um livro maravilhoso.

Autor: Carsten Henn
Páginas: 200
Editora: Lua de Papel
ISBN: 9789892354576
Edição: 2022/  junho

Sinopse: 
Todos os dias, ao fim da tarde, Carl carrega a mochila com uma série de livros embrulhados com esmero. Fecha a porta da livraria e começa a ronda pelos clientes habituais, a quem secretamente dá nomes de personagens (Olá, Mr. Darcy!). Entrega as obras porta a porta ao milionário recluso, à jovem melancólica, à última freira do convento. É assim há décadas, até ao dia em que uma miúda de nove anos lhe aparece no caminho...

Mal se apresenta, Schascha começa a fazer perguntas: o que leva nessa mochila? Que histórias são essas? A quem se destinam? E começa ali uma inesperada relação. Ela, órfã de mãe, passa os dias sozinha, aborrece-se; ele vive preso a rotinas, envelhece. Juntos descobrem, nos passeios pela pequena cidade, um novo sentido para as suas vidas e para as vidas de quem visitam. E enquanto ambos arriscam um itinerário diferente, o horizonte carrega-se de nuvens cada vez mais pesadas e ameaçadoras.

O Homem que Passeava Livros, de Carsten Henn, é um romance inesquecível sobre vidas que são transformadas pela magia dos livros. Polvilhado de referências literárias (a começar pelos títulos dos capítulos), transporta os leitores da tristeza mais funda para o mais profundo encantamento (e vice-versa).

Como matar a tua família

 

A minha opinião: 

O título não deixa margem para dúvida. Uma comédia negra, adequada para férias, foi o que pensei. E errei, porque é um romance bem conseguido com uma boa critíca social (principalmente, a dos muitos ricos) que me fez sorrir.

"Se queremos executar bem um plano, executar um conjunto de pessoas, não podemos deixar as nossas emoções em roda viva." E sem grnade planeamento, apenas reconhecendo as fragilidades e aproveitando as circunstâncias. Grace decidiu matar uma família que era a sua sem nunca o ter sido. Não é confuso mas muito direto, acutilante e viciante porque a empatia com Grace é imediata. Ela não se queixa, ou apela. Uma mulher de vinte e oito anos, muito inteligente, arguta observadiora, que decidiu vingar a mãe. E sem ser responsabilizada, livrar o mundo de pessoas tóxicas.
Adorei.

Autor: Bella Mackie
Páginas: 368
Editora: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-03569-1
Edição: 2022/  junho

Sinopse: 
• Matar a minha família
• Reclamar a fortuna
• Não ser apanhada
• Adotar um cão
Eis Grace Bernard: irmã, colega, amiga, serial killer... Grace perdeu tudo. E agora quer vingar-se.
Quando Grace Bernard descobre que o seu pai milionário ausente rejeitou os pedidos de ajuda da mãe moribunda, ela jura vingança e prepara-se para matar todos os membros da sua família.
Os leitores têm um lugar na primeira fila enquanto Grace elimina a família um a um – e o resultado é tão macabro quanto divertido nesta brincadeira maldosamente escura sobre classe, família, amor... e homicídio.

Grande Turismo

A minha opinião: 

Não se explica no início mas no meio. Grande Turismo é um jogo de carros de uma consola. Não é o que imaginamos.

Os jogadores podem jogar com a câmara de piloto ou externa, principalmente esta, como metáfora para contar histórias numa primeira pessoa que se parece com o autor mas não o é e deste modo tentar compreender comportamentos. Como o de turista que quer ser identificado como viajante mas que não saí do mesmo sítio e nem sabe para onde ir e não passa de um nativo melancólico. Um trapalhão.Um trapalhão inteligente que faz uma análise critíca em dezassete pequenas histórias, em que o sarcasmo se mantém. Uma comédia burlesca da vida.

Autor: João Pedro Vala
Páginas: 176
Editora: Quetzal Editores
ISBN: 9789897227684
Edição: 2022/  fevereiro

Sinopse: 
João Pedro Vala, personagem do escritor João Pedro Vala, é um pobre coitado. De onde vem, não sabe. Para onde vai, menos ainda. Entre burguês e boémio, entre pecador e santo, entre o Bairro das Colónias e uma Loures expandida até ao infinito, João Pedro fantasia o seu lugar no mundo. Tão cómico quanto melancólico, vive como quem não sabe dar troco no autocarro — como quem mal sabe embarcar. Holden Caulfield à portuguesa, com laivos de desalento bem-humorado, deambula pelo mundo com o mal-estar de um permanente turista na sua própria terra e na sua própria pele, tentando responder a essa grande pergunta: mas afinal quem é João Pedro Vala?

Esta história, em que o vazio da existência se vai confundindo com uma constrangedora falta de jeito para habitar um mundo que se desejaria deslocado apenas dois ou três passos para o lado, tem no centro um protagonista sentado nu numa marquesa de hospital, à espera de um diagnóstico que tarda em chegar.

Somos o Esquecimento que Seremos

 

A minha opinião: 

Ouvi falar sobre este livro num podcast. E apesar de conhecer o autor "de vista" nada tinha lido. Com o livro esgotado recorri à Biblioteca. E desde as primeiras páginas me cativou com uma narrativa sentida, honesta e corajosa sobre o ser humano extraordinário que o educou: o pai. E enquanto percorre os meandros da memória faz um balanço desses anos da História da Colômbia e do mundo, sem descurar a familia numerosa ou o casamento dos pais. Um retrato de vida com os aspectos bons e os dolorosos, trágicos e absurdos da existência, como uma lição.
Depois de o ler, e com o tanto que pensei e senti, apenas tenho um desabafo: Que livro soberbo! Deveria ser de leitura obrigatória. Um romance da vida. Não ficção.

"Sem me dizer uma só palavra, sem me obrigar a ler e sem me soltar o sermão de quão sã pode ser para o espírito a música clássica, eu percebi, só de olhar para ele, de ver nele os efeitos benéficos da música e da leitura. Esse senhor escuro e mal humorado que chegara da rua com a cabeça carregada de más influências e das tragédias e das inustiças da realidade, recuperara o seu melhor semblante e a alegria pela mão dos bons poetas, dos grandes pensadores e dos exímios músicos." 

Autor: Hector Abad Faciolince
Páginas: 336
Editora: Quetzal Editores
ISBN: 9789725649046
Edição: 2010/ setembro

Sinopse: 
Reconstrução amorosa e paciente de uma personagem: a do médico Hector Abad Gómez que dedicou a sua vida - até ao dia em que foi assassinado em pleno centro de Medellín - à defesa da igualdade social e dos direitos humanos. É um livro cheio de sorrisos que canta o prazer de viver, mas também mostra a tristeza e a raiva causadas pela morte de um ser excepcional. Conjurar a figura de um pai é um desafio que percorre consagradas páginas da história e da literatura. Quem não se lembra das obras de Kafka, Philip Roth, Martin Amis ou V. S. Naipul? A partir de agora também será difícil esquecer este livro escrito com coragem e ternura.

segunda-feira, 25 de julho de 2022

Velhos Lobos

 

A minha opinião: 

Sebastião Velho na casa dos sessenta anos, recorda a voz de menino que brincava na azinheira grande a mais clara das suas memórias embrulhadas numa espécie de sono e de espera. E logo começa...

Romance de época da nossa gente. Mundos tão dissemelhantes que nos parecem mais recuados e que Campaniço recupera com mestria numa escrita que encanta, expressiva e bela, com uma sonoridade que apetece ler e reler para melhor apreciar.

A solidão dos campos e o silêncio afetam a vida de duas familias vizinhas desavindas, uma pobre e outra rica, em que o ciúme de um e o desejo do outro não permitem acertos. E com o passar dos anos tanto se deu na vida destas duas familias e apenas Jacinto Velho soube o que era a verdadeira riqueza.

Autor: Carlos Campaniço
Páginas: 288
Editora: Casa das Letras
ISBN: 9789896614553
Edição: 2022/  junho

Sinopse: 
Quando Francisco d'Almeida Lobo decide passar a viver o ano inteiro no Monte do Azinhal para cuidar pessoalmente da propriedade, ignora que a presença da família Velho no Montinho lhe vai criar tensões impossíveis de ultrapassar. Primeiro, porque Jacinto Velho se recusa a dar-lhe uma mão; depois, porque descobre que a mulher dele não é senão Maria Barnabé, com quem teve uma história longe de estar resolvida. Os ânimos, porém, só ficarão ao rubro quando - contra a vontade do pai - o primogénito dos Velho lhe pedir trabalho…

No mesmo espaço agreste, debaixo do mesmo sol escaldante, duas famílias distintas em tudo vivem um litígio insanável. em comum, têm apenas o amor e o ódio e uma solidão que parece não ter cura. Será que algum dia conseguirão sobreviver a uma vizinhança tão declaradamente hostil?

Depois do realismo mágico de Os Demónios de Álvaro Cobra, do virtuosismo de Mal Nascer e da comédia de enganos que é o romance As Viúvas de D. Rufia, Carlos Campaniço regressa com uma ficção desafiante que nos faz pensar como a vida social e a civilidade são absolutamente essenciais ao equilíbrio dos seres humanos.

quinta-feira, 21 de julho de 2022

Delparaíso

 

A minha opinião: 

Delparaíso é um condomínio luxuoso com setenta casas em que a imagem é muito importante. Atrás da porta de cada casa há um universo que escapa áqueles que ficam de fora. E a vida de alguns destes ricos proprietários é tudo menos idílica. Drogas e falência, relações afetivas esgotadas e desentendimentos entre pais e filhos. E não são apenas alguns dos que lá vivem mas também outros para quem eles trabalham que fazem parte desta estória em que não falta discriminação e sexo, numa estrutura narrativa peculiar em que se muda de personagens como de parágrafo, sem contudo deixar de ser altamente viciante e perceptível, como se virasse a cabeça e observasse acontecer. Fascinante porque parece um guião. Vidas que se cruzam, pessoas que não são aquilo que parecem. 
E o final é que aquilo que acontece, amanhã continuará tudo na mesma. E tudo se completa com normalidade. 

Autor: Juan del Val
Páginas: 248
Editora: Planeta
ISBN: 9789897775758
Edição: 2022/  junho

Sinopse: 
Em Delparaíso tudo parecia idílico e perfeito, mas as aparências enganam.
Juan del Val abre-nos as portas. Entrem e vejam.
Delparaíso é um lugar seguro, vigiado 24 horas por dia, luxuoso e impenetrável.
Contudo, os seus muros não protegem do medo, do amor, da tristeza, do desejo e da morte. Fará sentido protegermo-nos da vida?

O escritor Juan del Val dirige o seu olhar, lúcido e implacável, ao microcosmos de uma urbanização de luxo nos arredores de Madrid. Mergulha neste mundo tão fechado quanto inacessível para construir uma história absorvente, às vezes divertida e frequentemente incómoda.

Neste livro encontramos personagens cujas vidas se cruzam: maridos infiéis, mulheres insatisfeitas, pais e filhos de costas voltadas, adolescentes a descobrir a sua sexualidade, uma atriz milionária que foi amante do rei na juventude, entre outros.

A cada página, o leitor vê-se confrontado com um dilema moral que o fará ler este livro com o coração apertado.

Os Dez Degraus

 

A minha opinião: 

E com este livro regresso à Idade Media para um romance de Época intriga e morte num mosteiro pela mão de Fernando J. Múnez. Dom Alvar é um cardeal e o protagonista que com a morte do seu mentor foi desafiado para um brutal jogo de enigmas num ambiente fechado em que se mata por interesses espúrios. E Isabel o seu grande amor e coprotagonista que vive um casamento de terror. E esses capítulos muito me custou ler porque Sancho Osório é o marido que agia como dono por matrimónio, uma ideia que talvez ainda perdure de tão enraizada e dê vazão em tanta violência. 

O temporal de inverno também acresce alguma tensão e suspense nesta trama. Mário, o obltato, que auxilia Dom Alvar serve para questionar os dogmas e os preconceitos que perduram e que muito habilmente o autor decompõe numa grande aventura.

Personagens carismáticas numa trama bem pensada mas um tanto extensa. O final foi intenso e uma luta entre o bem e o mal para vencer a superstição e o fanatismo.

Autor: Fernando J. Múñez
Páginas: 496
Editora: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-03484-7
Edição: 2022/  maio

Sinopse: 
Amo-te tanto que me dói a vida se não te tenho…
Reino de Castela, 1283.
Alvar León de Lara, cardeal da Cúria Romana, 20 anos depois de ver a sua alma destruída pelo amor a uma mulher, regressa à abadia onde iniciou o seu postulado.
O pedido especial do seu antigo mentor desencadeia a tragédia: enigmas por trás de portas ocultas, crimes inexplicáveis, símbolos que conduzem a pistas e pistas que conduzem a logros.
Uma descida vertiginosa que fará Alvar enfrentar a verdade da mulher que lhe partiu o coração, a intransigência dos cobardes, a luta por manter-se entre os vivos e, finalmente, os Dez Degraus.
Fernando J. Múñez, autor do bestseller A Cozinheira de Castamar, transporta-nos para o lado mais obscuro da Idade Média, onde os personagens enfrentam demónios antigos que habitam entre nós ainda hoje: os preconceitos, as ideias irracionais e os dogmas inquestionados.
Dez Degraus podem ser os dez passos que faltam para fazer a diferença.

A Noite é um Jogo

 

A minha opinião: 

Um pequeno romance de apenas 120 páginas, dividido em quatro partes, de Camilla, a justiceira, que li em poucas horas.

Quatro jovens de familias abastadas, amigos de longa data, exorcizam os seus demónios quando todos os segredos e mentiras são revelados num jogo de verdade ou consequência na noite de passagem de ano. E nada voltará a ser como antes.

Entretenimento, nada mais. A escrita e as personagens, sem muito enredo ou detalhes, envolvem o leitor que sente empatia e se torna conivente com o desfecho, que se faz breve.

Autor: Camilla Läckberg
Páginas: 136
Editora: Suma de Letras
ISBN: 9789897845970
Edição: 2022/  junho

Sinopse: 
Quatro amigos
Liv, Martina, Max e Anton são melhores amigos há anos. Na véspera de Ano Novo, estão mais do que felizes por passar a noite juntos - a beber, a namoriscar e a jogar.

Quatro segredos aterrorizantes
Mas cada um deles guarda um terrível segredo. E, quando um jogo de verdade ou consequência toma um rumo sombrio, não demora muito a emergir uma verdade chocante.

Uma noite que terminará em assassinato
Agora, os segredos já não o são. Nada mais será o mesmo. E nem todos viverão para ver chegar o novo ano…

O Que Diz Molero

A minha opinião: 

De início não foi fácil. O enredo parecia obtuso. Duas personagens, Austin e Mister DeLuxe dialogaam sobre reparos de Molero mas o porquê de tanta minúcia com muitas personagens não se compreendia. Depois a escrita quase poética e simultâneamente brejeira e bem humorada que remonta a outro tempo num lugar como um bairro típico de Lisboa convenceu e deixou de ser relevante porque gradualmente foi fazendo sentido. O galhardo grupo dos Sertórios, Vai ou Racha e o Angêlo animaram o meu serão. O que diz Molero é para ser lido em voz alta e saborear a cadência das palavras. O mergulhar temeroso e analítico na escrita que tira o fôlego.

Um relatório sobre um rapaz, sem nome, desde a sua infância numa demanda pelo sentido para a vida, para escapar à miséria ou ao peso dos outros. Não é desgraçadamente cómico mas brilhante e intemporal.

Autor: Dinis Machado
Páginas: 152
Editora: Quetzal Editores
ISBN: 9789725647622
Edição: 20/  

Sinopse: 
O que Diz Molero, de Dinis Machado, conta a história de um rapaz, nunca referido pelo nome próprio, oriundo de uma comunidade pobre, que mergulha no mundo em busca da grande aventura vivencial. Molero é um detective incumbido (pelos seus superiores, Austin e Mister Deluxe) de seguir o itinerário - mental, emocional e geográfico - do rapaz e fazer os respectivos relatórios. Esses relatórios vão sendo comentados e discutidos, e é através destes que o leitor conhece a história do rapaz: as viagens, as mulheres, os livros.
Este romance, que revolucionou a linguagem, a literatura, e a maneira de se ver a literatura, teve mais de vinte edições desde a sua primeira publicação, em 1977, e vendeu mais de cem mil exemplares, sendo um dos raros livros que, em Portugal, têm sido aclamados quer pela crítica quer pelo leitor comum, alcançando o estatuto de clássico da literatura do século XX. O que Diz Molero imortalizou Dinis Machado e tem adaptações ao teatro e ao cinema, e traduções em francês, italiano, espanhol, alemão, checo e búlgaro. 

terça-feira, 5 de julho de 2022

Oh, William!

 

A minha opinião: 

Gosto tanto dos romances de Elizabeth Strout que não podia dispensar Oh William!. Os romances são centrados em personagens profundamente humanas e honestas em que o protagonismo têm sido feminino com Lucy Barton e Olive Kitteridge. O que contam é em tom confessional e íntimo sobre todo o tipo de relacionamentos, principalmente os matrimoniais, maternais ou filiais. William foi marido de Lucy Barton e mantém uma relação próxima, amadurecida, que a faz sentir segura. 

"O que eu quero dizer é que as pessoas estão sozinhas. Muitas pessoas não conseguem exprimir a quem conhecem bem aquilo que sentem que talvez queiram dizer." (pag. 113)

Uma saga familiar que nos desconforta porque Lucy Barton nunca facilitou. E o tanto que compôs as suas vidas vai sendo revelado. Oh William é o que se sente. O que devemos descobrir antes que seja demasiado tarde.

Não sei se será um livro para todos ou somente para alguns. Os que a admiram.

Autor: Elizabeth Strout
Páginas: 224
Editora: Alfaguara Portugal
ISBN: 9789897843051
Edição: 2022/  junho

Sinopse: 
No regresso da personagem Lucy Barton — protagonista dos romances O Meu Nome é Lucy Barton e Tudo é possível —, encontramos, desta vez, uma mulher madura, que conquistou fama e sucesso enquanto escritora.

Um acontecimento inesperado traz de volta à vida de Lucy o seu primeiro marido, William, alguém que foi sempre um mistério para ela. Misteriosa é também a forte ligação que os une ainda. Lucy acaba de ficar viúva, William atravessa uma crise no seu terceiro casamento, enquanto procura descobrir um segredo do passado da mãe. É a Lucy que William pede apoio e companhia. Juntos iniciam um périplo geográfico e emocional que os levará para longe de Nova Iorque.

Ao evocar o passado de ambos — os tempos da faculdade, o nascimento das filhas, a dissolução do casamento e as vidas refeitas com novos companheiros —, Strout compõe o retrato de uma convivência de décadas, conturbada e cúmplice. à medida que a narrativa avança, entrevemos as forças silenciosas que mantêm Lucy e William unidos. Percebemos também que, para se habitar em pleno uma nova vida, é preciso sarar feridas e celebrar o que se conquistou.

Oh, William! — saga familiar cujo esqueleto vai sendo desmontado em camadas — assenta num ponto nevrálgico: a voz indómita de Lucy Barton, veículo para uma reflexão profunda e delicada sobre a existência, qualidade presente em todos os livros da magistral Elizabeth Strout. Um romance luminoso sobre o amor, a perda e os segredos de família que regressam sem aviso e nos deixam aturdidos.

sexta-feira, 1 de julho de 2022

O Demónio das Águas Sombrias

A minha opinião: 

Raramente surgem bons mistérios, mas se tiveres um pouco de imaginação, consegues inventar tudo o que quiseres. Stuart Turton tem uma imaginação prodigiosa. A história do Batavia, um navio holandês que naufragou na costa da Austrália, em 1662, proveniente de Amesterdão, a caminho de Jacarta foi o que lhe ficou na cabeça. Daí partiu para um policial de época com mistério, aventura e humor e manteve a tensão, os barcos e o horror. Acrescentou um demónio. Medo. Tudo ficção.

Um romance que certamente exigiu muita investigação e que Stuart sabe bem contar sem maçar por ser divertido e muito rápido. E para finalizar nada descobri, o que prova que para além de ser ótimo a engendrar é ainda melhor a despistar e a surpreender. Stuart, não te vou perder de vista.

Autor: Stuart Turton
Páginas: 500
Editora: Minotauro
ISBN: 9789899027428
Edição: 2021/  maio

Sinopse: 
Um crime impossível, um demónio e uma viagem maldita. Corre o ano de 1634 e Samuel Pipps, o maior detetive do mundo, está preso num barco a caminho de Amesterdão, onde o esperam o julgamento e a forca. Com ele viajam o seu fiel amigo, Arent Hayes, determinado a provar a inocência de Pips, e Sara Wessel, esposa do governador geral da Batávia, nas Índias Orientais.

Subitamente, uma série de eventos misteriosos intriga a tripulação e os passageiros: um estranho símbolo aparece numa vela, um leproso falecido ronda o convés e vários animais são sacrificados. E, como se não bastasse, uma voz aterroriza os passageiros nas sombras com a profecia de que testemunharão três milagres diabólicos.