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segunda-feira, 22 de julho de 2013

As mulheres casadas não falam de amor

Autor: Melanie Gideon
Edição: 2013, maio

Páginas: 464
ISBN: 9789896721725
Editora: Objectiva

Sinopse:
Alice está casada com William há vinte anos. Recorda-se, como se fosse ontem, do dia em que o conheceu. No entanto, ultimamente, é ao Facebook, e não ao marido, que confia os seus pensamentos mais íntimos.
Um dia, recebe um questionário anónimo sobre amor e casamento da parte de um Investigador 101. Decide responder, sob o pseudónimo Mulher 22, sem imaginar que isso mudará a sua vida.

Confissão após confissão, Alice sente-se cada vez mais livre e também mais apaixonada pelo Investigador 101, genuinamente interessado nos seus sentimentos como há muito ninguém estava. Alice não tarda a ver-se confrontada com uma decisão potencialmente devastadora: cessar toda a comunicação com o Investigador 101 para salvar o casamento ou admitir que o coração lhe levou a melhor e está novamente apaixonada.
Com uma voz fresca, comovente e divertida, As Mulheres Casadas Não Falam de Amor é a história de uma mulher que, tentando reencontrar-se, corre o risco de descobrir que, afinal, quer estar onde sempre esteve.

A minha opinião:
Espirituoso e refrescante ... e romântico.  

Quando peguei neste romance e o abri, vacilei. A letra miudinha num livro volumoso não auguravam uma leitura fácil excepto se fosse inspirada. E a autora escolheu vários modos e ritmos para contar uma estória sobre a influência das novas tecnologias e as redes sociais na intimidade. Muito atual e pertinente, e se por vezes utiliza a comunicação utilizada em Facebook, Twitter e email para passar emoções, também vai buscar um toque de teatro e drama para explorar os excessos da protagonista que se vê enredada numa teia complexa de sentimentos. E o tipo de narrativa - romance, com a variante das respostas ao inquérito, sem conhecermos as perguntas, em que vai recordando o passado e intercalando com o presente num balanço em que tudo se equaciona.

Um romance que pode ser enganador, porque apesar da forma despojada e divertida como aborda os assuntos, estes nada tem de leves ou fantasiosos. As pessoas comuns tem estes problemas e questões com o casamento, os filhos, o trabalho e os amigos. Relações ... e ralações no Sec. XXI.

Uma leitura agradável e viciante, para um público-alvo com alguma experiência de vida, que assim melhor poderá compreender o que a autora pretende projectar - As encruzilhadas da vida.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

O Meu Ano Mágico

Autor: Nina Sankovitch
Edição: 2013, maio

Páginas: 284
ISBN: 9789724621661
Editora: Casa das Letras

Sinopse:
Como 365 livros conseguiram mudar uma vida
Um desafio: ler um livro por dia durante um ano. Aceita?
Foi essa a promessa que Nina Sankovitch fez a si própria. Após perder a irmã mais velha, e embora precisasse de cuidar dos quatro filhos e lidar com os percalços do quotidiano de uma grande família, Nina estabeleceu uma meta para si própria: ler um livro por dia, durante um ano inteiro, de Tolstoy a Ian McEwan, passando por António Lobo Antunes, José Eduardo Agualusa, José Saramago e Mia Couto.

Nesse verdadeiro sonho literário, Nina descobrirá que esse ano de leitura mágica mudará tudo ao seu redor e que os livros são uma ótima terapia.
O Meu Ano Mágico relata também a história da família Sankovitch: o pai de Nina, que escapou da morte por um triz na Bielo-Rússia durante a Segunda Guerra Mundial; os quatro filhos traquinas, que lhe recomendavam livros ao mesmo tempo que a ajudavam nas lides domésticas; e Anne-Marie, a sua irmã mais velha e a sua verdadeira fonte de inspiração, com quem Nina compartilhou os prazeres da leitura, mesmo nos seus últimos momentos de vida.
Os livros são o alimento da alma. Todos os apaixonados por literatura sabem que um livro cura, acolhe e envolve. É o que busca a autora de O Meu Ano Mágico.

A minha opinião:
Romance leve, cativante e comovente.

Não é uma leitura muito ambiciosa ou exigente mas ainda assim, agradável e aprazível, principalmente porque tal como a autora/ protagonista desta história verídica tenho uma forte ligação com os livros. Uma companhia preciosa que partilho, pelo muito que significam e proporcionam.

A empatia deve-se a estes e outros aspectos, como a idade da Nina quando decidiu em consciência retomar o rumo da sua vida mas acomodando o muito que ainda estava em convulsão dentro de si e a fazia viver num ritmo muito acelerado.

A história gira em torno de uma leitora convicta que procurou, num hiato de um ano, a alegria, a sabedoria e o conforto dos livros para a mágoa e dor da perda da irmã. Irmã essa que é uma presença predominante e constante de toda a narrativa.

Um livro que é um convite à introspecção para repensar a sua vida. Foi o que a autora fez de um modo muito original e com inegável sucesso. 

domingo, 14 de julho de 2013

Citação ... Henry Miller

"Tal como o dinheiro, os livros devem ser mantidos circulação constante. Emprestem e peçam de empréstimo - tanto livros como dinheiro! Mas sobretudo livros, porque eles representam infinitamente mais do que dinheiro. Um livro não é apenas um amigo, arranja-nos amigos. Quando possuímos um livro com a mente e o espírito, ficamos enriquecidos. Mas quando o passamos a outrem, o enriquecimento é triplo."

in "O Meu Ano Mágico" de Nina Sankovitch, pag.134

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Bordel Português

Autor: Nelson Quintino
Edição: 2013, maio

Páginas: 344
ISBN: 9789898633026
Editora: Divina Comédia

Sinopse:
Henrique H queria encontrar Deus.
Desempregado em nome coletivo, ex-forcado amador, batoteiro profissional especializado em perder e pagar depois, agente de cobranças difíceis, contrabandista de rebuçados de fruta e chupa-chupas, vendedor de tristezas alheias nas horas vagas, taxista de fim de semana sem carta de condução, Henrique pretendia abandonar de uma vez por todas as azáfamas da má vida.

Com um registo literário semelhante aos primeiros romances de António Lobo Antunes, Bordel Português é o retrato de uma Lisboa atual, mas castiça, com personagens tão coloridas como as de Crónica dos Bons Malandros, de Mário Zambujal.

A minha opinião:
PROVAVELMENTE O MELHOR ROMANCE DO ANO.
Este é o slogan deste livro que vejo diariamente numa livraria. Mas não foi por esse motivo que o escolhi ler. Contudo, mentalmente dou por mim  a concordar. É realmente um romance genial, que muito gozo me deu ler. Sem uma capa apelativa, um título peculiar mas enganador e uma sinopse muito sucinta, pouco há que chame a atenção do leitor menos experimentado.

Atual e simplicista, caricaturiza um grupo de personagens em que o protagonista é Henrique H. (Herculano), e de uma assentada só faz um retrato consciente e irónico dos portugueses e da sua visão do mundo e da vida. A sua particular forma de ser e de estar. O desenrascanço (tão português) que os leva a sobreviver com alguns subterfúgios, jogadas ou negociatas. E a defendê-lo até à exaustão.
Este romance permite-nos rir de nós mesmos e ainda refletir sobre assuntos sérios. A importância de um pénis pequeno não é um desses assuntos mas muito me ri.

Muito haveria a dizer sobre a criatividade do autor ao contar esta estória (em pequenos capítulos). Do que li sobre ele, é que é reservado e pouco falador e que a sua escrita fala por si, e também nesse aspeto, dou por mim, mentalmente, a concordar. E a ansiar que "abra a gaveta" para editar novos romances muito em breve.
Humor inteligente precisa-se. E talento é sempre bem vindo.

domingo, 7 de julho de 2013

O Inimigo Invisível

Autor: Rute Pinheiro Coelho
Edição: 2013, maio

Páginas: 280
ISBN: 9789898461605
Editora: Matéria Prima

Sinopse:
Margarida Vaz Mendonça descobre que o primeiro-ministro foi escolhido e preparado para o cargo pela Maçonaria. Confrontada com um relato detalhado sobre os bastidores dos partidos e da vida politica portuguesa, a jornalista tem acesso a informações que põem em causa a democracia.

O poder escondido da irmandade, a forma como actua nos meios de comunicação social e as ligações que fomenta entre Portugal e Angola, a América Latina e Timor-Leste tornam-se claras aos seus olhos. Numa vertigem de receios e sentimentos contraditórios, a jornalista decide partilhar com o mundo todos os segredos que lhe foram revelados… Mas a tarefa torna-se complicada. A teia do poder da Maçonaria é demasiado complexa. E atingir um inimigo invisível passa a ser mais difícil do que nunca.
Neste livro, o leitor é levado a entrar no perigoso mundo de influências que dominam grande parte das decisões políticas do país. Um jogo de máscaras e sombras que apenas a coragem poderá destruir.

UMA FICÇÃO REVELADORA BASEADA EM FACTOS REAIS.
ATÉ ONDE A FICÇÃO ULTRAPASSA A REALIDADE? DESCUBRA AS SEMELHANÇAS E AS DIFERENÇAS…

A minha opinião:
Estava curiosa em ler este romance. Afinal há muito tempo que sabemos coisas que esta ficção tão bem espelha e facilmente atribuímos rostos aos titulares de cargos políticos, económicos e jornalísticos desta narrativa tão bem conseguida. Mas a autora apenas queria contar uma estória sobre os interesses económicos e a ganancia que subverteu os valores e princípios da Maçonaria numa construção assumidamente ficcional. Contudo, com base em dados reais que expôs no fim do livro e que são de acesso público.

Um romance actual. Aborda temas muito recentes e pragmáticos. Como o clube de Bilderberg, entre tantos outros. Mas o melhor é mesmo experienciar esta leitura e tirar as suas próprias ilações. Eu deixei-me ir e não fiquei nada surpreendida com o desfecho. Uma romance que se lê em poucas horas, tal o nível de interesse que nos suscita ou o modo como está escrito, quase todo ele assente em diálogos.

Mais uma vez fui agradavelmente presenteada com uma boa narrativa, consistente e sólida, bem entrosada e
ritmada que recomendo sem reservas. De uma autora portuguesa. 

Um prazer de ler!

O Desejo

Autor: Nicole Jordan
Edição: 2013, janeiro

Páginas: 399
ISBN: 9789897260360
Editora: Quinta Essência

Sinopse:
Amante lendário e chefe de espionagem, o sombriamente sensual conde de Wycliff evita o matrimónio até que um encontro próximo com a morte o faz ansiar por um filho que perpetue o seu nome. No momento em que Lucian avista a atraente Brynn Caldwell numa praia da Cornualha, sabe que encontrou a mulher que quer para sua esposa.

Brynn acredita que o fascínio daquele conhecido libertino por ela resulta de uma maldição com séculos que condena as mulheres da sua família a tentarem os homens - apenas para conduzirem aqueles que amam à morte. Obrigada por circunstâncias difíceis a casar com Lucian, Brynn entrega o corpo às suas carícias mas não se atreve a entregar-lhe o coração.
Preso numa batalha de vontades com a sua encantadora mulher, Lucian começa a suspeitar que Brynn é uma traidora. Não tarda a verse atraído para uma teia de perigo e traição, na qual o preço de conquistar o coração esquivo da esposa pode ser a sua própria vida.

A minha opinião:
Por vezes, penso no que me leva a escolher ler estes livros. Romances de época - XIX, fantasiosos e de entretenimento. Romances da adolescência. Contudo, atualmente estes romances são mais ousados. Focados no romance mas principalmente no sexo entre os protagonistas. E as descrições são mais que muitas e bem explicitas. Deixam muito pouco à imaginação. Mas, não me chocam. 

O que me faz lê-los é porque são divertidos e bem escritos e remontam-nos para cavalheiros e apaixonados senhores, nobres, que se apaixonavam perdidamente pelas belas e destemidas damas, que argumentavam ou rebatiam, até sucumbirem aos desejos. O príncipe encantado está num lugar bem recôndito da nossa mente mas ainda acirra fantasias e devaneios que nos distraem quando os lemos em livros de histórias (de séculos passados). E para mais, másculo, viril e um excelente amante. Que melhor dispersão quando a realidade se impõe, do que um bom romance sem qualquer traço com o possível e verossímil?

Romance de época erótico desde as primeiras páginas. A narrativa envolve também uma maldição cigana e um perigoso espião, mas este último tema deixou muito a desejar. De facto, o que importa mesmo é a relação dos protagonista. Tudo o resto é acessório.

sábado, 6 de julho de 2013

A Reviravolta

Autor: Michael Connelly
Edição: 2013, junho

Páginas: 376
ISBN: 9789720045874
Editora: Porto Editora

Sinopse:
Em 1986, um crime brutal abalou a vida dos habitantes de Hancock Park: Melissa Landy, de doze anos, foi raptada e brutalmente assassinada, e o seu corpo atirado para uma lixeira. Vinte e quatro anos depois, o caso regressa à barra dos tribunais, sob o olhar atento dos meios de comunicação social. Jason Jessup, o suposto infanticida, tem em seu poder uma prova de ADN capaz de o ilibar do crime.

Porém, o advogado Mickey Haller, conhecido pelas suas defesas vitoriosas, aceita agora uma nova missão: trabalhar pela primeira vez com o gabinete do procurador do Ministério Público para provar a culpa de Jessup.
Com a ajuda do detetive Bosch e da ex-mulher, a destemida Maggie McPherson, Haller terá então de superar um advogado de defesa hábil na manipulação dos meios de comunicação social, um réu ardiloso e uma testemunha relutante em depor ao fim de tantos anos. E o jogo torna-se cada vez mais perigoso à medida que a família de Haller e a de Bosch se veem transformadas em peças de xadrez num tabuleiro fatal.

A minha opinião:
Os meandros da justiça americana num empolgante thriller. Investigação policial e ação judicial bem doseados numa elaborada trama.

Uma gaveta de um arquivo aberta. Um  processo reaberto vinte e quatro depois, quando a ciência permitiu uma análise do ADN encontrado no vestido da vitima e se apurou não ser do arguido condenado. Assim, começa esta aventura repleta de suspense e intriga entre o que se passa nas malhas da lei com o sistema judicial americano e um novo julgamento e uma insidiosa, aprofundada e hábil investigação para apurar ou confirmar a culpa do arguido. O tempo apaga algumas pistas e desaparecem testemunhas mas também cria outros argumentos de defesa e culpa que os advogados Mickey Haller e Maggie McPerson exploram, bem como o "rato" do advogado de defesa, que adora a exposição dos media.

Protagonistas que admiramos e com os quais nos envolvemos. O tipo de leitura que nos permite abstrair de tudo para acompanharmos a par e passo esta trama e assim desvendarmos o desfecho. Um cenário digno de um filme, e contado por um experiente e hábil contador de estórias.
Para quem gosta do género, considero imperdível.