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segunda-feira, 31 de março de 2014

Traição

Autor: Jason Matthews
Edição: 2013/ outubro
Páginas: 504
ISBN: 9789892324654
Editora: Lua de Papel

Sinopse:
Nate Nash acaba de ser descoberto.
O jovem agente está em Moscovo, onde trafica informações com o mais valioso espião da CIA no Kremlin. Os russos não sabem quem os anda a trair. Mas perceberam que Nate é a peça-chave para desmascarar o agente duplo.
Os russos jogam então o seu trunfo - Dominika Egorova, estrela do ballet clássico caída em desgraça no Teatro Bolshoi. Extremamente atraente, dotada de uma capacidade excecional para "ler" emoções, é forçada a aceitar uma missão: seduzir Nate Nash.

Começa o jogo.
Da Grécia a Helsínquia, dos corredores de Washington aos aposentos imperiais de Vladimir Putin a trama complica-se. As embaixadas agitam-se, os russos apertam o cerco, há um sádico assassino à solta, sucedem-se as armadilhas, fazem-se e desfazem-se alianças. Nate e Dominika percebem que dependem um do outro para sobreviver.
Traição é provalmente o melhor e mais credível romance de espionagem publicado neste século, nos EUA. O autor, Jason Matthews, trabalhou na CIA durante 33 anos. Foi diretor de operações, recrutou espiões, comandou missões clandestinas. Pôs todos os seus conhecimentos ao serviço deste thriller trepidante, que agarra o leitor até um épico final.
Aclamado pela crítica, Traição ameça tornar-se o equivalente contemporêneo de O Espião que Veio do Frio, de John Le Carré. Um romance preciso, de um suspense sufocante, povoado de personagens que não esqueceremos tão cedo - como a dilacerada Dominika, digna rival de Lisbeth Salander, da trilogia Millennium.

A minha opinião:
"Traição" não é um romance de espionagem fácil de ler. Intrincado e minucioso, com um cunho de autenticidade que o autor imprimiu numa trama adaptada aos dias de hoje. A acção passa-se entre um agente da CIA e uma agente do regime de Putin, mas muitos outros intervenientes surgem ao longo da narrativa. Gable é um dos mais carismáticos, mas o protagonismo é de Dominika Egorova, uma sinesteta, treinada para encontros com informadores e abordagens de recrutamento.  "Alguém que aprende os sons, as letras ou os números como cores... também vê as emoções como cores".

Numa demanda para descobrir quem é o traidor que colabora com a CIA e passa informações em breves encontros, inicialmente em Moscovo onde quase foram apanhados, e mais adiante em Helsínquia para onde Nate fora afastado, Dominika que ultrapassara duras provas é enviada para o aliciar e recrutar. Os sentimentos atrapalham e depois tudo se descontrola com muita espionagem.

Uma visão de uma outra guerra fria no pós-guerra fria mas mais moderna e ligada em que as armas são o petróleo e o gás natural e nos bastidores existe tanta crueldade, repressão e corrupção e os americanos são os bons da fita, mas nem sempre bem sucedidos. 

terça-feira, 25 de março de 2014

As Mulheres do Marquês de Pombal

Autor: María Pilar Queralt del Hierro
Edição: 2014/ fevereiro
Páginas: 160 + 8 extratextos
ISBN: 9789896265243
Editora: Esfera dos Livros

Sinopse:
Por detrás de um grande homem de Estado como Sebastião José de Carvalho e Melo não está uma grande mulher, mas sim várias.Umas unidas por laços de sangue, como a sua mãe Maria Teresa Luiza de Mendonça e Melo, outras por laços afetivos como as suas duas esposas. A primeira, dez anos mais velha que o jovem Sebastião, foi a viúva Teresa de Mendonça e Almada. O namoro não foi bem aceite, mas Sebastião José não hesitou, raptou a noiva e casou em segredo, escandalizando tudo e todos. Amor ou ambição por um casamento com uma mulher de uma classe superior à sua? O casamento foi curto, a mulher morreu de doença enquanto o jovem ascendia na carreira diplomática. Primeiro Londres, depois Viena. Foi aqui que conheceu a sua segunda mulher, companheira de uma vida e mãe dos seus quatro filhos, Maria Leonor Ernestina Daun.
Mas Sebastião José era um homem inteligente, frio, mais dado às suas ambições políticas que às artes do coração. Há uma mulher que fica na história como a grande protetora e responsável pela sua ascensão ao poder: a rainha Maria Ana de Áustria que o colocou ao lado de D. João V e depois do filho D. José I. Mas também foram as mulheres as responsáveis pela sua queda. O seu confronto com a Marquesa de Távora, D. Leonor, o processo sangrento daquela família e o desafeto de D. Maria I por este homem levaram-no à desgraça.
A autora bestseller María Pilar Queralt del Hierro traz-nos a história destas mulheres que, de uma forma ou de outra, estiveram presentes na vida do Marquês de Pombal, o estadista ilustrado que soube fazer com que Lisboa renascesse das cinzas em 1755. Viajamos pela sua escrita através do século XVIII, pelos palácios reais, pelas intrigas da corte, pelos salões onde se reuniam escritores, artistas, políticos unidos pelos ventos do Iluminismo, é aqui neste ambiente que conhecemos Teresa Margarida da Silva ou Leonor de Almeida Lorena, Marquesa de Alorna.
 
A minha opinião:
Algum interesse pela nossa História, sem pretender parecer erudita, fizeram-me querer ler este livro e, como mulher, não podia passar-me ao lado. De igual modo, não me passa despercebida diariamente a estátua deste grande estadista que foi Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal.

É indiscutível a importância das mulheres na vida de grandes homens, mesmo que o seu poder seja exercido na sombra, como acontecia no Séc. XVIII. Neste caso, não me deleitei com aventuras galantes, porque, apesar de ser uma época de fausto e opulência com o muito que provinha do Brasil, o Marquês de Pombal foi um homem sério, inteligente e calculista que soube conduzir a sua vida sem excessos e aproveitar o pensamento do Século das Luzes nas suas reformas. Mais do que as obras que perduraram e os factos que sobejamente conhecemos e pelos quais o Marquês de Pombal não foi esquecido, pretendia conhecer a sua faceta humana e ter um retrato genérico do ambiente que se vivia - um retrato de Época - e esse objetivo foi plenamente alcançado neste pequeno e bem escrito livro. O retrato das mulheres que o rodearam e a sua influência foram o mote para esta leitura.

Bem elaborado, conciso e factual, este pequeno livro foi um maravilhoso interregno entre leituras mais fantasiosas, que me permitiu saber mais sobre mulheres cultas e inteligentes que aglutinaram o saber e o poder. Valentes!

domingo, 23 de março de 2014

Jesus Cristo bebia cerveja

Autor: Afonso Cruz
Edição: 2012/ abril
Páginas: 252
ISBN: 9789896721336
Editora: Alfaguara

Sinopse:
Uma pequena aldeia alentejana transforma-se em Jerusalém graças ao amor de uma rapariga pela sua avó, cujo maior desejo é visitar a Terra Santa. Um professor paralelo a si mesmo, uma inglesa que dorme dentro de uma baleia, uma rapariga que lê westerns e crê que a sua mãe foi substituída pela própria Virgem Maria, são algumas das personagens que compõem uma história comovente e irónica sobre a capacidade de transformação do ser humano e sobre as coisas fundamentais da vida: o amor, o sacrifício, e a cerveja.

Jesus Cristo bebia cerveja é o novo e esperado romance de uma das vozes mais fortes e originais da literatura portuguesa actual, a que é impossível ficar indiferente.

A minha opinião:
Até há bem pouco tempo não conhecia Afonso Cruz e as suas obras. A oportunidade surgiu num encontro de leitores que muito o admiravam e fervorosamente recomendavam os seus livros. "Para onde vão os guarda-chuvas" foi o primeiro romance que li e apesar de apreciar a sua prosa fiquei desagradada como o final que me marcou. O intuito seria esse mas fiquei relutante em ler outros livros. Receava que o choque se repetisse e fosse confrontada com outros finais perturbadores. Este livro, teve o mérito de me reconciliar com o autor e permitir novas incursões no seu fantástico mundo criativo e critico, que nos desafia com tantas personagens que parecem irreais ou mera ficção mas que se enquadram perfeitamente no quotidiano ou no real pelos seus valores e princípios. O bom e o mau conjugam-se e convivem numa bem estruturada estória num ambiente surreal mas vibrante de vida e energia.

É gratificante quando para além do aspecto lúdico conseguimos extrair muito mais e esse objectivo é plenamente alcançado com interpretações e questões filosóficas, religiosas, sociais e espirituais mais ou menos subtis ou despercebidas que cada um em cada momento absorve à sua maneira através desta leitura. Muitos excertos/ fragmentos podem ser extraídos mas seria exaustivo fazê-lo. Considerei apenas um que se segue. A minha sugestão é ler e reler esta espécie de tragicomédia de uma mente delirante mas muito assertiva.

"Há dois tipos de Deus: o que nasce da barriga vazia e o que nasce da barriga cheia. O primeiro é vazio, terroso, carnal, necessário para criar uma sensação de amparo e justiça num mundo em que não há nada disso. O segundo é um luxo, fruto de elucubrações. Não precisamos dele mas ainda assim fazemo-lo existir. É feito de argumentos. Nasce de barrigas cheias. No primeiro acreditamos com o corpo, com o fígado, com o estômago, com os rins e com o sangue. No segundo, acreditamos com a cabeça. O primeiro tem mãos, unhas encardidas, barbas e relâmpagos na voz. O segundo não tem forma, nem corpo, nem nome."
(pag. 127)

domingo, 16 de março de 2014

O Barco Encantado

Autor: Luanne Rice
Edição: 2013/ outubro
Páginas: 292
ISBN: 9789897260919
Editora: Quinta Essência

Sinopse:
Luanne Rice apresenta-nos o retrato caloroso, embora pungente, de três irmãs que vivem separadas e que regressam uma última vez a Martha`s Vineyard para se despedirem da casa de família. Recordações da avó, da mãe e do pai irlandês, que partiu de barco no ano em que Dar, a mais velha, fazia doze anos, vieram ao de cima e expuseram as ténues brechas no mito da família - especialmente quando cartas antigas, agora descobertas, revelam uma verdade que as faz percorrer a terra natal dos seus antepassados.

Transpostas para um lugar desconhecido, cada irmã encara a vida, os sentimentos e os laços com a casa de família sob uma nova perspetiva. Mas como abrirem mão de um local que contém o amor complexo da sua imperfeita família?
O romance encerra uma temporada em Martha`s Vineyard, uma missão à Irlanda, um elenco memorável de amigos, incluindo um místico extravagante, a paixão pelo surf e três irmãs muito diferentes com uma vida repleta de beleza, sofrimento e um amor profundo em que nunca tiveram a certeza de poder confiar. O Barco Encantado é um romance tão intemporal quanto o mar à volta do qual se desenrola e que tem Luanne Rice no seu melhor, capturando com o seu talento invulgar a família em toda a sua complexidade.

A minha opinião:
Há livros que exercem um tal fascínio sobre nós que perdemos a noção do tempo enquanto nos deixamos arrebatar pelas personagens e pela sua história, como se os conhecêssemos ou participássemos na trama. Mais do que isso, alteram o nosso estado de espírito e a nossa respiração acelera ou abranda  ao ritmo da narrativa. A harmonia desta narrativa e os fortes afectos que ligavam as personagens apaziguaram-me. 

Li todas os livros de Luanne Rice em português, e houve uns que gostei mais do que outros. Aprecio a escrita madura e segura desta autora que sabe como contar uma história ligando bem o passado e o presente com personagens honestas em que os epílogos podem não ser idílicos mas sempre com uma componente mística.

Três irmãs assombradas pela figura do pai que partira num barco à vela e nunca regressara. Três irmãs que se encontram para uma despedida e um confronto com o passado. Dar, a mais velha das três, teve de lutar e vestir a pele de uma das suas personagem nas suas novelas gráficas  e tornar assim invisível o seu sofrimento, guardado no fundo da sua memória enquanto as irmãs com problemas mais prosaicos aceitaram e lidaram com a vida de uma forma mais simples. Cada uma das irmãs McCarthy, seguira de formas diferentes o rasto das suas origens e usara a imaginação para perscrutar o enigma da Irlanda e do pai. 

As revelações e descobertas tornam tudo mais complicado porque se questionam porque tem de lutar para manter o que sempre amaram e tomaram como certo, quando não se falava de dinheiro ou valores ou impostos e tudo parecia perfeito.

Um livro memorável. Laços familiares e afectos numa ambiente inspirador que me deixou verdadeiramente ENCANTADA.

O Ano em que Me Apaixonei por Todas

Autor: Use Lahoz
Edição: 2014, fevereiro
Páginas: 304
ISBN: 9789898626301
Editora: Topseller

Sinopse:
Uma ode à beleza da vida, ao amor e à amizade.
Sylvain, um jovem parisiense que está a caminho dos trinta, sofre de um caso grave de síndrome de Peter Pan: recusa-se a entrar na idade adulta. Embora possua inúmeras virtudes — é perspicaz, simpático, inteligente e versado em várias línguas —, tem também muitos defeitos: é incapaz de seguir em frente quando se trata de amor. A ideia de crescer assusta-o de morte, o que o leva a aceitar um trabalho mal remunerado em Madrid, para estar mais perto de Heike, a antiga namorada que ele não consegue esquecer.

Sylvain traz consigo um plano para reconquistar Heike, mas, entre tantas outras pessoas incríveis com quem se cruza, alguém muito especial irá levá-lo a fazer uma escolha. E quando descobre acidentalmente um manuscrito que contém toda a saga da família do seu vizinho Metodio Fournier, revela-se diante dos seus olhos uma história maravilhosa e excitante, cheia de estranhas coincidências, que muda para sempre a sua visão do amor e do mundo.
No final desse ano inesquecível em Madrid, Sylvain regressará a casa, onde abraçará o seu destino.

A minha opinião:
Expresso a minha opinião agora, com uma outra perspectiva, devido a algum distanciamento por ter lido este romance há alguns dias. Na ocasião, li-o com gosto e não me pareceu tão pueril como agora o sinto. Personagens não tão jovens assim, refiro-me ao grupo de Sylvain, que viviam intensamente e sem responsabilidades lidando com as perdas e fracassos com novos relacionamentos e algumas farras desgarradas. Sem dúvida, que retrata uma geração que tarda em crescer e a acção decorre em Madrid, cidade bem conhecida pela intensidade da vida nocturna e ambiente aprazível e propício ao convívio e diversão.
“Dizem que uma pessoa é do local onde se apaixona”

Sempre que Sylvain ou a mãe tinham desgostos de amor reparavam o coração na velha oficina de Monsieur Tatin, num registo surreal que nos surpreende ao longo de toda a narrativa. Um toque irreverente e fantástico que adorei porque sempre desejamos ter um Monsieur Tatin nas nossas vidas e este era realmente especial. 

Em paralelo, surge Metodio Founier com o seu manuscrito “Aberto por Amor” numa saga famílial a oferecer à mulher amada. Um percurso de vida precocemente amadurecido, de muita labuta e dedicação, diametralmente oposto ao de Sylvain com quem se cruza.

Um romance que não sendo excecional é apaixonante pela estória equilibrada e personagens masculinas. O título é esclarecido no final do livro e deixa-nos plenos de reconhecimento e satisfação.

quarta-feira, 5 de março de 2014

O Quanto Amamos

Autor: W. Bruce Cameron
Edição: 2013/ outubro
Páginas: 200
ISBN: 9789892324685
Editora: ASA

Sinopse:
Uma lição de vida. Um romance inesquecível sobre lealdade, generosidade, o poder redentor do amor... e a ternura que o olhar de um cachorrinho inspira até no mais insensível dos corações.
Após o fim traumático de uma relação amorosa, Josh Michaels decidiu isolar-se do mundo. Tudo corria como planeado até ao dia em que um vizinho abandona uma cadela à sua porta. O momento não podia ser pior.

Josh está deprimido e nunca antes teve animais de estimação mas há algo de que tem absoluta certeza: nunca será cruel para com um ser vivo. Ainda que inexperiente, está disposto a dar o seu melhor para que a meiga Lucy se sinta protegida. Mas nada o podia preparar para o facto de Lucy estar grávida e, pior, prestes a dar à luz. Em pânico, pede ajuda ao abrigo de animais local. É aí que conhece Kerri, uma aguerrida defensora dos animais que o vai ajudar a cuidar de Lucy e a preparar os cachorrinhos para adoção. E não só... A relação entre ambos rapidamente se intensifica e dá a Josh a esperança que ele pensava perdida para sempre.
Sem mãos a medir perante tantas mudanças, Josh fica surpreendido consigo mesmo ao aperceber-se do quanto ama a sua nova vida. Mas todas as relações precisam de entrega e dedicação totais.
Contra todas as expectativas, Josh construiu um lar... mas terá aberto verdadeiramente o seu coração?

A minha opinião:
Um pequeno livro ternurento, tal como o imaginamos.

A capa e a sinopse remete-nos para uma estória simples de afetos com animais, nomeadamente com o melhor amigo do Homem, o Cão. Josh e Lucy são os protagonistas. Para aumentar o núcleo surgem cinco fantásticos cachorrinhos - Sophie, Oliver, Lola, Rufus e Cody e ainda como orientadora de todo o processo para um principiante intimidado, a jovem Kerri. Depois, é só deixar as emoções fluir e acompanhar o despertar de sentimentos duradouros e verdadeiros por companheiros de quatro patas que enternecem corações sensíveis numa narrativa leve e divertida.

Um daqueles romances que correspondem às expectativas e que se lêem num ápice com um sorriso no rosto e o coração repleto de afeto. 

Este livro é indicado para quem compreende a importância de ter um animal na sua vida. 

segunda-feira, 3 de março de 2014

As Lágrimas de Lúcifer

Autor: James Thompson
Edição: 2013/ outubro
Páginas: 296
ISBN: 9789720043795
Editora: Porto Editora

Sinopse:
Um ano após o caso Sufia Elmi, o inspetor Kari Vaara regressa a contragosto a Helsínquia, numa tentativa desesperada para conseguir ultrapassar as insónias e os fantasmas que persistem em persegui-lo.
Ao serviço da Brigada de Homicídios de Helsínquia, Kari terá nas suas mãos os dois casos mais mediáticos do momento: o brutal homicídio da mulher dissoluta de um homem de negócios russo e o estranho envolvimento em crimes de guerra de um herói nacional da Segunda Guerra Mundial, já nonagenário, cujos contornos políticos estão na iminência de provocar um incidente diplomático entre a Finlândia e a Alemanha.

Assombrado pelo passado, serão as circunstâncias do presente que o farão descobrir a verdade e as respostas que tanto procura.

A minha opinião:
Sei que parece cliché mas este policial prendeu-me da primeira à última página como só um bom livro o consegue. Absolutamente viciante. James Thompson sabe como contar uma história com desprendimento e empenhamento suficiente para seguirmos todas as pistas e todos os raciocínios de Kari como se fossem nossos e ainda partilhamos os seus pensamentos de agrado e desagrado com o todo que o rodeia. A empatia natural com o inspector Kari Vaara ajuda em muito ao envolvimento com esta narrativa num ambiente culturalmente distinto e gélido como a Finlândia.

Kari é chamado a investigar dois casos com contornos políticos e sujeitos a pressões. Um crime brutal de uma mulher devassa  e a participação de um nonagenário que pretendem extraditar acusado de crimes de guerra durante a Segunda Guerra Mundial onde o seu avô também esteve. Passado e presente em confronto, enquanto fortes dores de cabeça o dilaceram. 
 
Li a biografia de James Thompson e percebi que foi buscar em muito as suas experiências pessoais para compor as personagens de Kari e Kate. Kate é americana como James o é, a viver na Finlândia.
Marido e mulher temerosos de falhar quando esperam uma filha após um passado difícil a superar. Boas pessoas que conseguiram singrar depois de uma infância terrível. Família que não escolhemos.

O lado mais sórdido da vida é com isso que Kari e os policiais se deparam no dia-a-dia. Crimes e suicídios. Perversões sexuais e um consumo excessivo de álcool. Embrenhada teia com variados desempenhos que o obcecado Kari e o génio arrogante Milo desvendam. 

Fantástico. Dos melhores policiais que já li. 

sábado, 1 de março de 2014

CAVALO DE FOGO Congo

Autor: Florencia Bonelli
Edição: 2013/ outubro
Páginas: 624
ISBN: 9789720044921
Editora: Porto Editora

Sinopse:
A cirurgiã pediátrica Matilde Martínez abandona Paris rumo ao Congo levada por um sonho: aliviar o sofrimento das crianças vítimas da violência e da fome que imperam naquele país africano. No entanto, deixou para trás uma difícil história de amor que não consegue esquecer.
Por outro lado, o mercenário Eliah Al-Saud chega ao Congo movido por uma ambição: apoderar-se de uma mina de coltan, o minério mais cobiçado pelos fabricantes de telemóveis, que lhe renderá enormes lucros. Mas, acima de tudo, para recuperar Matilde, que considera a razão da sua vida.

Os traumas e segredos que os distanciaram em Paris continuam latentes e, rodeados por um contexto cruel e injusto, a reconciliação parece impossível. Mas Matilde e Eliah tentarão fazer tudo para que o seu amor triunfe.
Um romance carregado de erotismo que dá seguimento à história de CAVALO DE FOGO Paris.

A minha opinião:
Um romance intenso, vibrante e arrebatador. Em nada inferior ao volume anterior desta trilogia. Continuação de espionagem, intriga, suspense, acção e muita paixão.  
Um prazer de ler!

Descobri Florencia Bonelli através do site Segredo dos Livros onde participo, e desde então não mais perdi um dos seus livros. Narrativas fortes e seguras, marcadas por muita acção e imensas personagens em vários cenários por todo o globo terrestre. As personagens destacam-se, sejam eles vilões ou heróis, homens ou mulheres, todos tem um passado e apresentam uma faceta humana que prende os leitores. Esta autora é mestre na arte de contar uma história intrincada e romântica porque os sentimentos e emoções estão presentes, com momentos de desespero e angústia, enquanto outros são de felicidade e alegria. 

Nesta história os ciumes e a impossibilidade de Matilde gerar filhos afastaram os protagonistas, mas o profundo amor recíproco aproxima-os, apesar dos rivais que os rodeiam num ambiente opressivo e sufocante como o do clima, e o conflito bélico disfarçado de guerras tribais mas influenciado por interesses multinacionais gananciosos que muito sofrimento provocam ao povo. 

"O que se passa no Congo é um genocídio de ninguém fala (...). Aqui mata-se com AK-47, mas também com a negligência e com a corrupção. Morrem aos milhares devido à ausência de uma política de saúde. E ninguém se interessa desde que se possa continuar a saquear os recursos das províncias (...).
- Qual é a realidade da mulher congolesa? (...)
- A mulher transformou-se no campo de batalha do Congo. As diversas fações  sabem que, destruindo a mulher congolesa, desarticulam o tecido social. Entre as mulheres veem-se mais mortes resultantes de violações do que de tripanossomíase africana. Os ataques são de uma crueldade inaudíta. Se os violadores não as matam, mutilam-nas."  (pag. 306)

Ficção que podemos enquadrar em exemplos bem reais em África. 

Confesso que não gosto das capas que foram escolhidas para esta trilogia. Estes romances perdem leitores que poderiam apreciá-los se não os considerassem exclusivamente para um público feminino. A dimensão deste livro deve assustar quem não conhece a escrita e as histórias de Florencia Bonelli. Mas, ousando descobre-se que o terceiro e último "Cavalo de Fogo - Gaza" é absolutamente imperdível.