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terça-feira, 30 de agosto de 2011

A Decisão Final do Major Pettigrew

Autor: Helen Simonson
Edição: 2011, Agosto
Páginas: 400
ISBN: 978-972-26-3372-7
Editora: Civilização

Sinopse:
O Major Ernest Pettigrew não está interessado nas frivolidades do mundo moderno. Desde a morte da mulher, Nancy, que ele tenta evitar as coscuvilheiras da aldeia, o seu ganancioso filho e a cada vez mais evidente sub-urbanização do campo inglês, preferindo levar uma vida calma defendendo os valores tradicionais pelos quais as pessoas se regem há várias gerações.
Mas quando a morte do irmão desencadeia uma amizade inesperada com a Sr.ª Ali, uma viúva paquistanesa, dona da loja da aldeia, o Major é arrastado do seu mundo disciplinado e forçado a confrontar as realidades da vida no século XXI. Unidos pelo amor à literatura e pela perda dos respetivos cônjuges, o Major e a Sr.ª Ali cedo descobrem que a sua amizade se está a transformar em algo mais profundo. Mas, embora o Major tenha nascido em Lahore e a Sr.ª Ali em Cambridge, a sociedade da aldeia insiste em considera-lo, a ele, como um verdadeiro inglês e a ela como uma permanente estrangeira. O Major sempre teve um orgulho especial na sua aldeia, mas como irão os caóticos acontecimentos recentes afectar a sua relação com o local que ele considera o seu lar?
Escrito com uma percepção aguda e um encantador sentido de humor, este livro é uma história de amor enternecedora com um inesquecível elenco de personagens, e questiona o que cada um deve sacrificar da sua felicidade pessoal a favor das obrigações familiares e dos valores tradicionais.

A minha opinião:
Encantador - talvez seja o adjectivo que melhor se adequa para caracterizar este romance. 

Um maduro e sarcástico major que sempre organizou a sua vida com compostura e decoro numa preconceituosa e tacanha vila provinciana inglesa, sofre uma reviravolta inesperada quando se aproxima e encanta por uma mulher culturalmente distinta. Toda a comunidade e famílias tem um papel activo no desenrolar dos acontecimentos que nos fazem reflectir nos valores e personalidades dominantes. 

Uma interessante análise de várias personagens. E como numa sociedade marcada pelo consumismo, imagem ou até mesmo títulos "rótulos" que granjeiam prestigio e insuflam o ego, se distanciam de valores ou condutas mais éticas e equilibradas. 

Irónico e sarcástico este romance não é uma leitura fácil ou fluída por ser pautada com muitas descricões. Suponho que a autora pretenda contextualizar bem as acções e que o leitor aprecie as caricatas ou dramáticas peripécias. Não foi o romance que mais apreciei este ano mas tem o seu mérito e deve ser apreciado com serenidade e disponibilidade.

domingo, 28 de agosto de 2011

Assuntos Domésticos

Autor: Eileen Goudge
Edição: 2009
Páginas: 416
ISBN: 978-989-666-013-0
Editora: Contraponto

Sinopse:
Abigail e Lila são duas amigas de infância que se separam quando a mãe de Abigail, governanta da família abastada de Lila, é expulsa da casa, afastando a filha do único lar que alguma vez conheceu.

Agora, passados 25 anos, Abigail é uma figura conceituada no mundo televisivo, tendo vencido por mérito próprio. Em contrapartida, Lila – que durante décadas levou uma vida esplendorosa nos meandros da alta sociedade de Park Avenue – sofre um trágico revés, perdendo toda a sua fortuna.

Sem um tostão e completamente inapta para trabalhar, Lila vai ao encontro de Abigail para lhe implorar um emprego, e esta arranja-lho: como sua governanta. A vingança, porém, não é tão doce como Abigail imaginara...


A minha opinião:
Este é um daqueles livros que nos predispõe para a impressibilidade da vida e em que nada deve ser considerado como dado adquirido porque tudo pode mudar drasticamente. Mas da mudança, que implica luta, sofrimento e perda, pode surgir um novo eu e um diferente modo de vida. 

A história bem construída gira em torno de um núcleo de pessoas: Lila e o gémeo Vaught e a Abigail, e tudo o que perderam, conquistaram e viveram sem nunca desistirem do que era essencial. 

Li com entusiasmo e satisfação.

Estou pelos Cabelos

Autor: Katharina Münk
Edição: 2009
Páginas: 208
ISBN: 978-989-811-518-8
Editora: Gestão Plus

Sinopse:
É verdade, chegou a hora de todas as revelações! 
Nos últimos tempos, têm-se tornado bem conhecidos os excessos financeiros de alguns directores de empresa; mas ninguém conhece tão bem as suas histórias quanto as mulheres que reservam os seus hotéis e viagens, que justificam os seus atrasos, que inventam desculpas para as suas faltas, que compram presentes de anos para os seus colegas e para a sua família, que lhes vão buscar o cafezinho, que lhes lembram das obrigações, que lhes organizam as vidas… as suas incansáveis secretárias! 
Hoje em dia, ser secretária tem pouco a ver com aquela figura de glamour e alguma inércia do passado; as assistentes de direcção de hoje são verdadeiros Blackberrys vivos, uma espécie de IPhone que nunca se desliga, especialistas em flexibilidade e polivalência, com um toque de criatividade à mistura. 
Neste livro, best-seller em toda a Europa, Katharina Münk reúne algumas das histórias mais reveladoras, cómicas – e surpreendentes – do que fazem os directores… e o que fazem as suas fiéis secretárias para corrigir os seus erros! Um livro absolutamente imperdível para todos os habitantes de um escritório.
Ela é a mulher que sabe como funciona uma direcção. É ela que convive, entre dez a doze horas por dia, com as exigências, os caprichos, as manias e os humores dos directores de empresas. Mantêm sempre a cabeça fresca, mesmo nas crises mais dramáticas, e conhecem todos os pormenores das suas vidas. 
São as mulheres por trás do homem. São a chefia por trás dos chefes. A maioria é muitíssimo discreta, e só aos colegas mais próximos é que confidencia os pequenos defeitos do seu superior. Mas Katharina Münk decidiu romper o véu do silêncio e revelar tudo aquilo que testemunhou, directa e indirectamente, ao longo da sua extensa carreira como assistente de direcção. Nunca mais vai olhar para um director com os mesmos olhos…

A minha opinião:
Este livrinho correspondeu plenamente às minhas expectativas.
Relata na primeira pessoa as aventuras e desventuras de uma secretária com os seus chefes. 
O sucesso, poder e o dinheiro modificam as pessoas e provocam inveja aos outros. Têm carisma mas por vezes desmerecidamente, porque são inseguros, arrogantes, ambiciosos e solitários e com quem eles priva e os auxilia sabe disso.
É necessário algum distanciamento e sentido de humor para contar com sarcasmo e ironia as suas peripécias.
Para qualquer "habitante de escritório" este livrinho é irresistível. 
Felizmente, existem pessoas que desempenham as suas funções com responsabilidade e empenho, mas sobre esses não se escrevem livros.

sábado, 27 de agosto de 2011

Ingredientes para o Amor

Autor: Erica Bauermeister
Edição: 2009
Páginas: 198
ISBN: 978-989-628-146-5
Editora: Quidnovi


Sinopse:
Uma vez por mês, numa segunda-feira à noite, oito alunos de um curso de culinária reúnem-se no restaurante de Lilian para mais uma aula. Entre eles encontram-se Claire, uma jovem mãe ainda a habituar-se a esta sua nova identidade, Tom, um advogado cuja vida foi virada do avesso por uma grande perda, Antónia, uma designer de cozinhas italiana que está a tentar adaptar-se à vida na América e Carl e Helen, um casal já idoso cuja longa relação guarda surpresas de que o resto da turma nunca poderia suspeitar. Os alunos começam a aprender a arte que está por detrás das inspiradoras refeições criadas por Lilian, mas rapidamente se torna claro que todos andam, na realidade, à procura de uma receita para qualquer coisa que está muito além da cozinha. Um por um, vão sendo, pois, transformados pelos aromas, os sabores e as texturas do que vão criando, como por exemplo um bolo branco que desencadeia uma série de reflexões sobre a doce fragilidade do amor e um molho de tomate e alho que parece fazer desabrochar uma paixão mas esmorecer outra. Com o tempo, os percursos destas pessoas vão-se entre-cruzando e a essência da arte culinária de Lilian vai extravasando do restaurante para os recantos mais ocultos das suas vidas, com resultados muitas vezes surpreendentes e sempre deliciosos.

A minha opinião:
Este livro foi um miminho. Miminho pelas suas dimensões, os seus pequenos capitulos alusivos a cada personagem (e às especiais circunstâncias em que se encontram),e pela escrita inspirada que propõe despertar-nos os sentidos e reavivar memórias. 
Lilian, dona de restaurante e quem administra o curso de culinária de um modo muito particular é alguém que em criança foi seduzido pelos alimentos e pela sua preparação transformando essa arte num verdadeiro dom que consegue modificar a vida das pessoas que o partilham. Os alunos do curso vão ser surpreendidos e estabelecer imprevisíveis laços entre si.

O Mundo Invisível

Autor: Shamim Sarif
Edição: 2009
Páginas: 272
ISBN: 978-989-666-022-2
Editora: Edições Contraponto

Sinopse:
África do Sul. 1950. As primeiras leis raciais do apartheid começam a ser implementadas. Amina é uma jovem de espírito livre que desafiou as convenções da comunidade indiana em que cresceu e decidiu trabalhar por conta própria. É dona de um café, um sítio cheio de boa disposição, música, comida caseira… e mistura de raças.O seu sócio é negro, a sua empregada é mestiça, a clientela é de todas as cores e feitios – e Amina tem muitas vezes de subornar a polícia para conseguir manter o café aberto. 
Miriam é uma jovem indiana mãe de família, tradicional e subserviente. O seu casamento foi combinado pela família e ela faz todos os possíveis para manter um bom ambiente em sua casa – apesar dos acessos de raiva do marido.
Quando estas duas mulheres se conhecem, o encontro entre os seus dois mundos vai transformar as suas vidas

A minha opinião:
A mestria em contar uma história e o talento da escritora são inquestionáveis nesta obra. 
Tenho lido bons livros mas este enquadro-o na categoria de excelente.
De uma simplicidade tocante relata um tempo e um lugar - África do Sul e a comunidade indiana em que as leis e as convenções sociais marcavam o ritmo de vida e subjugavam sem o direito à diferença ou à liberdade individual. 
As grandes conquistas são pequenas e invisíveis mas determinação e coragem podem manifestar-se na pessoa mais humilde, dócil e servil como a Miriam ou na rebelde Amina que com inteligência luta contra o sistema e faz a diferença. 
Impossível não reflectir enquanto se lê.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Um Coração Cheio de Estrelas

Autor: Francesc Miralles e Álex Rovira
Edição: 2011, Julho
Páginas: 136
ISBN: 978-972-711-902-8
Editora: Pergaminho

Sinopse:
Um Coração Cheio de Estrelas leva-nos até ao ano de 1946, a Selonsville, uma pequena aldeia dos Alpes. Os rigores de um Inverno duro e longo teimam em não deixar esta aldeia, que luta por recuperar das feridas da guerra recentemente terminada.No telhado do orfanato onde vivem, Michel e Eri, amigos inseparáveis, admiram o céu estrelado. Nenhum deles sabe, contudo, que na manhã seguinte Eri não despertará. Entra num coma profundo e misterioso, que os médicos não conseguem explicar nem tratar. Michel é o único que poderá mudar o destino da sua amiga…Guiado pelos conselhos de uma sábia anciã, o rapaz terá de encontrar as nove pessoas que representam as nove qualidades-chave do amor – e, com retalhos da sua roupa, confeccionar um novo coração para Eri. Mas para que este plano mágico funcione, Michel tem de empreender um desafio ainda mais difícil: encontrar o segredo do amor ilimitado, que se esconde nas profundezas da sua alma. Francesc Miralles e Alex Rovira, autores de diversos best-sellers internacionais, oferecem-nos ao longo destas páginas uma comovente história de redenção e esperança, que nos convida a descobrir o verdadeiro poder da emoção.

A minha opinião:
"Ler é um ato de amor"... e ler este pequeno e emocionante livro que é exclusivamente sobre o amor é mágico. Difícil de definir por palavras, o variado tipo de sensações e emoções que provoca. Desperta o nosso lado infantil de que nunca deveríamos perder o contacto. 

O amor é um tema universal e provavelmente o mais celebrado de todos mas este terno e belo livro é mais uma singela homenagem ao que existe de mais verdadeiro e essencial.

Sou suspeita porque sempre gostei muito de contos e fábulas e este era simplesmente irresistível. Leitura obrigatória. Escrito com alma e coração. Os meus filhos vão ser premiados com este precioso livrinho, bem como alguns dos meus amigos. Nunca tinha lido nada de Francesc Miralles mas fiquei rendida.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Um Ano à Beira Mar

Autor: Joan Anderson
Edição: 2011, Julho
Páginas: 220
ISBN: 978-989-97116-5-5
Editora: Noites Brancas

Sinopse:
Este bestseller do New York Times tem inspirado milhares de pessoas em todo o mundo. Baseado nas experiências pessoais da autora, Um Ano à Beira-Mar é uma obra autobiográfica sobre o percurso de uma mulher até à auto-descoberta e auto-realização. 
Quando o marido lhe comunicou que teria de mudar-se para outra cidade por razões profissionais, Joan Anderson soube instintivamente que não o acompanharia nessa mudança. O desgaste da relação e a saída de casa dos filhos de ambos apontavam-lhe outro caminho. Foi então que decidiu passar uma temporada numa casa da família, junto ao mar. Quem sabe se algum afastamento da vida quotidiana, até aí inteiramente dedicada ao marido, aos filhos e ao lar, não seria aquilo de que estava a precisar? Quem sabe se o ritmo das marés não seria o tónico necessário para uma transformação interior que lhe devolvesse a auto-estima e o prazer de viver? 
Durante o ano seguinte, Joan desfrutou da solidão, viveu novas experiências e aprofundou a sua própria personalidade. Descobriu o seu lado mais íntimo e determinada a sair do marasmo em que se encontrava decidiu tomar as rédeas do seu futuro. O resultado? Um livro inspirador e cheio de reflexões no qual os sentimentos assumem um protagonismo especial.

A minha opinião:
Maravilhoso – um prazer de ler. Um compreensível best-seller para um público-alvo mais vivido e amadurecido. 

“É preciso o silêncio activo de quem pensa”. 

Uma frase que li algures mas que faz todo o sentido depois de ler este belo livro autobiográfico de Joan Anderson. Sem pretensões moralizadoras ou instrutivas Joan Anderson narra um ano da sua vida que se revelou uma surpreendente e enriquecedora sucessão de sensações e experiências ao escolher a reclusão e o isolamento naquela casa de praia daquela vila piscatória. A extraordinária amizade que travou com Joan Erikson é um bálsamo ao introduzir a sua visão e verdade. 

A sinopse e as críticas elucidam bem sobre o conteúdo deste livro e depois é só desfrutar e absorver esta fluída e singela leitura sobre o balanço de uma vida na cadência da natureza. 

Bonito por dentro e por fora. A capa é como se pode ver e o interior com todas as páginas marcadas com sombreado de conchas, caracóis e estrelas-do-mar, onde cada capítulo é distinguido com o que suponho ser um relógio que indica a mudança das marés e uma citação, fazem com que ler este livro seja mesmo um prazer. O tipo de papel e a dimensão das letras também tornam o contacto agradável e a leitura acessível. Este é mesmo um livro de sensações. Uma preciosidade. Não sei se resisto a voltar a lê-lo no futuro ou a oferecê-lo a algumas amigas que sei que irão certamente aprecia-lo.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Perfume da Paixão

Autor: Jude Deveraux
Edição: 2011, Julho
Páginas: 392
ISBN: 978-989-8228-48-2
Editora: Quinta Essência

Sinopse:
Noiva do encantador e sedutor Greg Anders, Sara Shaw mal consegue esperar pelo dia do seu casamento em Edilean, na Virgínia. A data foi marcada, as flores encomendadas e o seu vestido, já usado por várias gerações de noivas da família, está pronto. Mas apenas três semanas antes do dia do casamento, Greg recebe um telefonema durante a noite e sai sem dar qualquer explicação. Dois dias mais tarde, um homem aparece através de um alçapão no soalho da casa de Sara, afirmando que é o irmão da sua melhor amiga e informando-a que se vai mudar para casa dela.Embora Mike Newland esteja realmente a dizer a verdade sobre a sua identidade, a razão que o levou ali tem muito mais que se lhe diga. É um detective que trabalha infiltrado; a sua missão é usar Sara para descobrir o paradeiro de uma mulher — uma das criminosas mais notórias dos Estados Unidos — que, por acaso, é a mãe do homem com quem Sara tenciona casar.
Mike acredita que a investigação não será difícil — isto é, caso consiga arranjar maneira de fazer com que uma jovem de «boas famílias» como Sara confie em si. No entanto, Mike não faz a mais pequena ideia do que aquela missão lhe reserva. Esforçou-se ao máximo para esconder as suas ligações a Edilean, as quais remontam ao tempo em que a sua avó vivera naquela localidade, em 1941. Mas à medida que Mike e Sara se vão conhecendo, ele não consegue evitar partilhar segredos que nunca tinha partilhado com ninguém. Ela retribui confidenciando a Mike aspectos da sua vida que jamais teria revelado a Greg. Enquanto trabalham juntos para resolverem os dois mistérios, o amor crescente que desabrocha entre os dois começa a sarar cicatrizes de uma forma que nunca teriam imaginado ser possível.
Com Perfume da Paixão Jude Deveraux continua a série centrada em Edilean, que teve início com Jardim de Alfazema.

A minha opinião:
A bonita capa com a imagem de um aprazivel lanche num ambiente requintado e perfumado, bem como a sinopse que sugere mistério, intriga, suspense, accção e paixão são componentes que tornam este livro uma tentação irressistivel.

Escolhi ler "Perfume de Paixão" por saber que iria encontrar um romance encantador com personagens principais que de tão perfeitos me deixariam a sonhar acordada.

Mike "lindo, inteligente e talentoso" detective inflitrado vai para Edilean caçar a esquiva e manipuladora vigarista Mitzi e simultâneamente protegar a doce Sara, melhor amiga da sua lindissima irmã, vitima do noivo abusador e manipulador, Greg Anders (filho da viagarista).

Como os contos que ouvimos e lemos em criança sobre principes e princesas, fadas, feiticeiros, bruxas, também esta narrativa é criativa e bem elaborada, sem excessivos e desnecessários detalhes que quebrem o ritmo empolgante e intenso e onde também encontramos uma moral. A moral é sobre o modo como envolvidas em fantasias românticas afastamos familia e amigos para sermos subjugadas por homens prepotentes, dominadores e frequentemente violentos.

A reter porque nem sempre encontramos corajosos e fortes Mikes para nos seduzir e salvar de tais vilões. Uma agradável leitura de Verão com maravilhosas personagens e um final feliz.

domingo, 21 de agosto de 2011

A Rainha dos Gelados

Autor: Anthony Capella
Edição: 2011, Junho
Páginas: 480
ISBN: 978-989-231-443-3
Editora: Edições Asa

Sinopse:
Já ouvi o amor ser comparado a um fogo, mas essa comparação está errada. O amor é como o gelo. Penetra no nosso corpo de forma furtiva. Quando vi Louise, o mundo parou. Amava-a, e nunca a poderia ter. Sabia que outro a amava também. Mas ele era rei e eu não. Ele podia tê-la e eu não. O gelo acabaria por deixar o seu coração , mas ficaria para sempre no meu.
1670. No palácio de Versalhes, que alberga a corte mais elegante do mundo, o jovem Carlo Demirco é famoso pela sua arte de fazer gelados. 
As suas técnicas trouxeram-lhe riqueza, os favores de Luís XIV e a admiração de todas as mulheres. Todas excepto a que ama: Louise, a dama de companhia de Henrietta, irmã do rei de Inglaterra. Quando Henrietta morre, Louise e Carlo são enviados para Londres como presente para o rei em sofrimento. Chegados a um país de costumes pouco refinados, cujo rei rapidamente se dispõe a seduzir Louise custe o que custar, torna-se claro para ambos que as suas únicas armas serão uma boa dose de diplomacia e quantidades extravagantes de gelo.

A minha opinião:
É o primeiro livro que leio de Anthony Capella e as expectativas eram elevadas. Contudo, na primeira e segunda parte, senti-me um tanto desapontada, porque as personagens principais, como Carlo Demirco e Louise de Keroualle, não me conseguiam cativar.
Metade deste romance é essencialmente dedicado aos gelados. O engenho e criatividade na arte de confecção dos gelados é uma parte extensa deste romance, como se de uma personagem rica e sumptuosa se tratasse. 

O desenvolvimento e o meu interesse surge quando a trama histórica se adensa "porque a política inglesa era um carrossel constante de traição e contra-traição, de subornos, intrigas e ambição. Neste contexto, destaca-se Louise que, depois de muito pressionada e de desencantada com a viabilidade de um honroso casamento, com que o seu virtuoso nome e antigo título a agraciassem, assume o seu papel de amante. Uma mulher sagaz e astuta, com abordagens subtis e que dispõe de influência para tomar decisões pelo rei.

Hannah é uma personagem secundária mas que me arrebatou, pela ousdia e força das suas convicções.

Um bom romance histórico que foi uma agradável leitura apoiada numa boa pesquisa mas do qual esperava mais.

3º Grau

Autor: James Patterson
Edição: 2011, Maio
Páginas: 336
ISBN: 978-989-822-855-0
Editora: Quinta Essência

Sinopse:
A detective Lindsay Boxer está a fazer jogging numa bela rua São Francisco quando uma explosão violenta ecoa na zona. A casa de um magnata da internet irrompe em chamas e, quando Lindsay lá entra à procura de sobreviventes, descobre três pessoas mortas. Uma criança que morava na casa desapareceu - e uma mensagem misteriosa encontrada no local deixa Lindsay e o Departamento de Homicídios da Polícia de São Francisco completamente perplexo. 
Em seguida, um proeminente empresário é encontrado morto em circunstâncias bizarras, com outra misteriosa mensagem deixada pelo assassino. Lindsay pede às amigas que a ajudem a descobrir quem anda a cometer aqueles crimes e porque tenciona matar alguém a cada três dias.
Ainda mais aterrorizante, o assassino tem na mira uma das quatro amigas do Clube das Investigadoras. Qual deles será? Enquanto a investigação se desenrola, Lindsay trabalha em estreita colaboração com um agente federal encarregado do caso. Ao mesmo tempo, descobre que um membro do clube está a esconder um segredo tão perigoso e inacreditável que pode destruí-las a todas.
Lindsay Boxer, a detective, é determinada e corajosa; Cindy Thomas, jornalista, é uma jovem brilhante e espevitada; Claire Washburn é a médica-legista, competente e intuitiva; e Jill Bernhardt é uma advogada ambiciosa e viva. As quatro formam O Clube das Investigadoras, determinadas a encontrar criminosos a todo o custo.

A minha opinião:
Mais um thriller policial de James Patterson que li com muito agrado. 

Os seus livros nunca defraudam o leitor que espera intriga, drama, mistério, thriller, acção e romance bem doseado numa narrativa viva e bem pensada sem excessivas ou banais minúcias.

Uma estória apoiada em problemas reais e actuais, como a violência latente nas sociedades com os diferentes estratos e desigualdades, ou algo tão oculto ou íntimo como a violência doméstica.

Mas a verdadeira "arma" deste autor são as sensacionais personagens femininas que formam o Clube das Investigadoras. Mulheres inteligentes e sensíveis, dedicadas às suas profissões, em que são exímias, e grandes amigas entre si.

Os crimes que estas brilhantes mulheres têm que compreender e desvendar, absorvem o leitor que dificilmente pára de o ler, porque a técnica do autor não o permite. 

Também os leitores formam o Clube dos fãs de James Patterson. Quem conhece... gosta.

O Ladrão de Sombras

Autor: Marc Levy
Edição: 2011, Julho
Páginas: 176
ISBN:
Editora: Contraponto

Sinopse:
No seu novo romance, Marc Levy conta a história de um rapazinho com um dom invulgar: ele consegue «roubar» as sombras das pessoas com quem se cruza. Ao princípio, acontece-lhe involuntariamente e isso chega a assustá-lo. Sempre que se cruza com alguém – seja um amigo, um inimigo ou um perfeito desconhecido –, a sombra da outra pessoa passa a segui-lo. Por vezes contra a vontade do rapaz, as sombras contam-lhe os mais profundos desejos, temores e aspirações das pessoas a quem pertencem.E o rapaz vê-se em mãos com um dom que traz uma grande responsabilidade: ao saber estes segredos, terá de ajudar as pessoas – ajudá-las a recuperar «essa pequena luz que lhes iluminará a vida».Durante umas férias de verão à beira-mar, apaixona-se por uma rapariga muda, chamada Cléa, com quem comunica através da sua sombra. E a sombra deste primeiro amor acompanhá-lo-á durante anos…Mais tarde, o nosso «ladrão de sombras» torna-se estudante de Medicina, e debate-se com a questão de usar ou não o seu dom para ajudar a curar – tanto os seus pacientes como os seus amigos. Afinal, será ele verdadeiramente capaz de adivinhar o que poderá fazer felizes aqueles que o rodeiam? E ele próprio, saberá onde o espera a felicidade?

A minha opinião:
Sublime! Possivelmente o melhor romance de Marc Levy que é um prodigioso contador de histórias.

Dividido em duas partes e narrado pelo protagonista que não se identifica, encontramos uma perspectiva da sua vida: quando, em criança, descobre ter o dom insólito de "ladrão de sombras" e, numa segunda parte, o início da sua vida adulta. 
Sublime é a ternura que expressa numa história simples, terna e eloquente que cativa e emociona o leitor sobre um ser humano excepcional, que sente a tristeza dos outros e tudo faz para a minimizar e superar com entrega e cuidado.

Amizade e amor são os temas de fundo. 
"Há pequenas coisas que deixamos atrás de nós, momentos de vida agarrados à poeira dos tempos. Podemos tentar ignorá-los, mas esses pequenos nadas postos ao lado uns dos outros formam uma cadeia que nos liga ao passado".
Impossível não reflectir no modo como conduzimos a nossa vida e como acarinhamos os que cruzam o nosso caminho.
IMPERDÍVEL.

Quando Sopra o Vento Norte

Autor: Daniel Glattauer
Edição: 2011, Junho
Páginas: 222
ISBN: 978-972-0-04306-1
Editora: Porto Editora

Sinopse:
Tudo começa por acaso: Leo recebe por engano alguns emails de uma desconhecida chamada Emmi. Educadamente, responde-lhe, e Emmi retribui.
Esta troca de e-mails desperta uma curiosidade intensa entre os dois e, quase de imediato, Emmi e Leo começam a partilhar confidências e desejos íntimos.
A tensão erótica aumenta e o encontro entre ambos parece iminente. Mas Emmi e Leo adiam o momento. Porque, afinal de contas, Emmi é casada e feliz. 
Serão os sentimentos que nutrem um pelo outro suficientemente profundos para sobreviver a um encontro real? E depois desse momento, o que os espera?
Quando sopra o vento norte é um romance divertido, animado e irresistivelmente cativante, cheio de reviravoltas, sobre um caso de amor vivido exclusivamente por email.

A minha opinião:
Irresistível desde as primeiras páginas. A proximidade com o real e a vivacidade e intensidade dos diálogos entre o Leo e Emmi prendem-me de imediato. 

Casualmente, num momento de fragilidade, trocaram e-mails sem imaginarem a importância e reviravolta que daria nas suas vidas. Anoninamente, expuseram sentimentos, emoções e pensamentos e essa partilha originou uma paixão avassaladora.

O autor conseguiu uma história actual, original e verossímil que nos leva também a imaginá-los como eles se imaginam um ao outro. 

Maravilhoso romance para este Verão, mas com um final que não esperava ou desejava (apesar de o compreender). 

Uma história de príncipes e princesas na era das tecnologias.

Desculpa, mas Quero Casar Contigo

Autor:  Federico Moccia
Edição: 2011, Maio
Páginas: 584
ISBN: 978-989-666-089-5
Editora: Contraponto

Sinopse:
A arrebatadora história de Desculpa, mas vou chamar-te amor continua…

Alex e Niki, mais apaixonados do que nunca, regressam do farol na Ilha Azul, onde passaram dias inesquecíveis.
Niki reencontra as amigas, mas o seu grupo – as Ondas – vai deparar-se com grandes mudanças que irão pôr à prova a sua amizade.
Alex retoma a sua antiga vida e os seus velhos amigos. Flavio, Enrico e Pedro passaram de maridos tranquilos e seguros a ter de enfrentar muitas dificuldades que têm vindo a abalar os seus casamentos.
E todas estas pessoas – homens e mulheres de diferentes idades –, cada uma à sua maneira, vão reflectir sobre o amor.

O amor existe? A crise dos sete anos será mesmo verdade? Aqueles que dizem que o amor não pode durar mais de três anos têm razão? E a pergunta mais difícil: O amor pode durar para sempre?

A minha opinião:
Romance leve, fresco e divertido sobre a relação passional de Alex e Niki, que decidem casar depois de um surpreendente e bem preparado pedido de casamento, digno de um conto de fadas moderno.

Os amigos de Alex e as Ondas, amigas de Niki com as suas aventuras e desventuras afectivas preenchem um variado quadro de conflitos existenciais, semelhante a muitas outros que conhecemos na vida real. 

Descontraído e despretensioso, com uma linguagem corrente, fluída e muito divertida, as eloquentes personagens cativam o leitor. Potencialmente indicado para um público jovem, feminino e sonhador.
Uma perfeita leitura de Verão que, apesar do volume do livro, se lê entusiasticamente.

As Sábias

Autor: Roger R. Talbot
Edição: 2011, Junho
Páginas: 416
ISBN:
Editora: Edições Asa

Sinopse:
"Ensinar-te-ei a usares os teus medos como alento, o teu corpo como arte, a tua voz como arma."

Salomé, Ana Bolena, Maria Callas, Jacqueline Kennedy...
Muitas mulheres poderosas têm escrito a História.
E se todas elas estiverem unidas por um segredo?
E se todas elas pertencerem a uma irmandade secreta e milenar?
Quem desvendar os seus enigmas possuirá a chave do mundo...

Um pouco por todo o globo, vários acontecimentos enganadoramente isolados põem em marcha um plano no qual a jovem Nadja tropeça involuntariamente. Só e desamparada desde a morte da mãe, uma atriz famosa cuja morte durante a rodagem de um filme foi considerada acidental, Nadja não se conforma com a indiferença das autoridades. Não poderia saber que em jogo está a mais espantosa revelação da História da Humanidade. 
Um romance irresistível, que cruza esoterismo e história, conspiração e suspense, sonho e realidade...

A minha opinião:
"Único objectivo: Seduzir e subjugar os homens mais poderosos da Terra, para lhes orientar as escolhas. Porquê? Porque elas sabiam fazê-lo melhor."

Esta frase encantou-me e é um elogio fantástico às mulheres. Pena que elas próprias não se tenham em tão elevada consideração.

Um intrincado romance e um intenso thriller foi o que encontrei nesta surpreendente leitura.
Por desatenção, não li convenientemente a sinopse e esperava um romance sobre a argúcia e sensibilidade feminina que, depois de bem orientada e com instrução superior, permitira a algumas mulheres atingirem os seus objectivos. 
Mas não contei com um poderoso e badalado oligarca russo envolvido em negócios sujos, mas que ainda assim é leal e não suporta a traição.

O autor cria uma enigmática história em pequenos capítulos que, depois de uma apresentação prévia, se vai desenrolando na mesma sequência de tempo e me manteve em suspenso. 
Uma excelente leitura em tempo de férias.

A Favorita do Rei

Autor: Sandra Worth
Edição: 2011, Abril
Páginas: 392
ISBN:
Editora: Planeta

Sinopse:
Ferozmente dedicada ao pai adorado e ao rei, Isabel de York, de dezassete anos, acredita que ele quis deixar a Inglaterra nas mãos de um dirigente justo e meritório. Como o jovem sucessor não está pronto para reinar, o poder passa para o tio de Isabel, Ricardo de Gloucester – um homem no qual a mãe nunca confiou. Pouco depois, Isabel receia que a sua própria confiança não se justifique. 
Após a subida de Ricardo ao trono, a família dela sofre desaires sucessivos e devastadores: o pai, já falecido, é exposto como um bígamo; ela e os irmãos são estigmatizados como bastardos; e os irmãos são presos pelo novo rei e, segundo consta, assassinados. Como pôde o pai acreditar num homem capaz de tamanha perfídia?
Mas numa noite fatídica, Isabel é levada a questionar todos os seus preconceitos. Através dos olhos da rainha consorte de Ricardo, que está doente, ela vê um homem digno de respeito e de uma adoração eterna. A dedicação dele ao povo inspira um amor proibido e acaba por dar a Isabel coragem para aceitar o seu destino, casar com Henrique Tudor e ser rainha. Embora a sua alma pertença secretamente a outro, o seu coração pertence para sempre à Inglaterra…

A minha opinião:
Um romance histórico vertiginoso que me cativou nas primeiras páginas, com todas as personagens a posicionarem-se conforme as suas ambições e expectativas. 
Isabel de York é uma personagem que cria empatia como criança/jovem observadora, atenta e muito afeiçoada ao pai, o rei Eduardo IV e ainda quando se apaixona por um jovem que não podia desposar. 
A admiração e afecto pelo seu tio, o Rei Ricardo III e Anna Neville é a parte mais aprazível deste romance com fundamentos históricos.
Difícil foi ler sobre a tirania e os crimes que marcaram o reinado de Henrique Tudor que, por receio de perder a coroa e a vida, eliminou sem dó nem piedade todos os que o poderiam colocar em risco e aos seus descendentes. Nesses capítulos, a leitura tornou-se mais difícil, porque a fraca intervenção e invisibilidade da rainha Isabel em todas as perdas que sofreu, dispersou-me como leitora. 
Um livro bem documentado, mas que se torna um tanto fastidioso quando já estamos embrenhados na sua leitura. Gostei mas não fiquei rendida.

A Lacuna

Autor: Barbara Kingsolver
Edição: 2011, Maio
Páginas: 494
ISBN: 978-989-845-240-5
Editora: Clube do Autor

Sinopse:
México, 1935. Harrison Sheperd trabalha em casa do muralista Diego Rivera e da sua mulher, Frida Kahlo, com quem estabelece uma amizade profunda e duradoura. Por vezes cozinheiro, outras vezes secretário, mas sempre observador, o jovem regista todas as suas experiências em diários e cadernos. Quando o líder bolchevique Trotsky se refugia em casa dos artistas, Sheperd vê-se inadvertidamente impelido por ele e o seu objectivo de levar uma vida invisível fica pelo caminho. Mais tarde, de volta aos Estados Unidos, onde nasceu, Shepaerd acredita que se pode recriar e reclamar a sua própria voz enquanto autor de romances históricos. Inesperadamente, vê-se vítima de um rumor, numa época dominada pela "caça às bruxas", que pode colocar a sua vida em risco… Um poderoso e importante romance acerca da identidade, da nossa ligação ao passado e do poder criativo e destrutivo das palavras. Ganhou o Orange Prize for Fiction e foi também finalista do PEN/FaulknerAward.

A minha opinião:
"Um romance precisa de um bom colapso - sucesso e fracasso. As pessoas lêem livros para escaparem às incertezas da vida. E constroem pirâmides para a eternidade, e para terem alguma coisa a que trepar e de onde contemplar a vista."

De vez em quando, lemos um livro marcante. Um livro que nos modifica, porque se "entranha" em nós e na nossa memória. 
Uma escrita soberba com descrições coloridas e vibrantes; uma narrativa absolutamente credível que nos envolve na existência silenciosa e observadora de Harrison William Shepherd como testemunhas invisíveis.

Violet Brown foi a colaboradora de Mr. Shepherd numa fase da sua vida e testemunhou a grandeza deste homem de letras, um homem muito tímido que sabia cozinhar.
Decidiu guardar esta imagem e fixá-la no papel, ao escrever um manuscrito com todos os seus apontamentos, porque "as pessoas talvez quisessem olhar para trás, para aqueles que trabalharam e deram à luz os tempos que elas herdaram". 

Um absoluto deleite esta intensa história...


O Clube de Cinema

Autor: David Gilmour
Edição: 2011, Fevereiro
Páginas: 192
ISBN:
Editora: Pergaminho

Sinopse:
Quando o seu filho Jesse tinha 15 anos, David Gilmour tomou uma decisão que muitos pais e educadores considerariam radical: deixou o filho desistir da escola. Esta decisão, contudo, não teve nada de simples ou fácil. Ao ver o filho debater-se com a falta de motivação e as dificuldades em estudar, concentrar-se e ter notas positivas, David Gilmour percebeu que talvez a escola não fosse o ambiente ideal de aprendizagem para o filho – e que as probabilidades de que ele não acabasse o liceu eram elevadas. Assim, permitiu que deixasse a escola; em contrapartida, exigiu que o filho adquirisse com o pai (um notável crítico de cinema) alguma forma de educação alternativa para a vida, o amor e o crescimento pessoal. A condição para o filho deixar a escola era passar três noites por semana a ver um filme com o pai – aquilo a que chamaram O Clube de Cinema.
O que se segue é um percurso de aprendizagem e formação invulgar, rico e comovente. Na companhia do pai – e através de filmes que vão desde Os 400 Golpes, de François Truffaut, a Instinto Fatal, de Paul Verhoeven, de Crimes e Escapadelas, de Woody Allen, a Há Lodo no Cais, de Elia Kazan – Jesse aprende poderosas lições acerca dos valores humanos e do sentido da vida. E David aprende aquilo de que tantos pais se apercebem demasiado tarde: que cada momento passado com o filho é uma oportunidade de crescimento para ambos.

A minha opinião:
O Clube de cinema é um livro que retrata um período da vida de Jesse Gimour que, durante três anos, se aproximou do pai e desfrutaram de "tempo tranquilo, às vezes aborrecido que é a verdadeira marca de viver com alguém; aquele tempo que achamos que vai durar para sempre, e subitamente, um dia, já não existe". 

Tinham o clube de cinema. Mas o propósito não era uma educação sistemática em cinema, mas sim uma óptima desculpa para estarem juntos e terem todo o tipo de conversas... e que conversas. Diálogos curtos e incisivos sobre a vida, afectos, mulheres, drogas e tudo o que afecta os jovens.

"Escolher filmes (livros) para outras pessoas é uma coisa arriscada. De certa forma, pode ser tão revelador... mostra a forma como pensamos, mostra aquilo que nos move; por vezes, pode até mostrar como pensamos que o mundo nos vê a nós".

Adorei ler este livro, talvez por ter um jovem da mesma idade e encontrar alguns paralelismos com o que li. É um importante testemunho do quão difícil é estabelecer uma relação de confiança e partilha entre pai e filho e permite-nos recordar muitos e bons filmes que marcaram a nossa vida e o nosso crescimento.

Recomendadíssimo.

Milagre em Nova Iorque

Autor: Luanne Rice
Edição: 2011, Maio
Páginas: 232
ISBN: 978-989-822-853-6
Editora: Quinta Essência

Sinopse:
Christy Byrne é um viúvo que ganha a vida a cultivar pinheiros de Natal no Canadá e a vendê-los em Manhattan. Um dia, o impensável acontece. Christy discute com o filho, Danny, de dezasseis anos. A polícia é chamada e, enquanto Christy é algemado, Danny foge. A viúva Catherine Tierney vê a luta, toma Danny sob a sua protecção, e dá-lhe acesso à biblioteca privada onde trabalha. 
Passa um ano e Christy regressa a Nova Iorque com a filha de doze anos para vender as suas árvores. Ele e Catherine sentem-se atraídos um pelo outro, mas ela enfrenta um dilema: irá dizer a Christy que sabe onde Danny está e quebrar a confiança do rapaz, ou trair Christy, mantendo o paradeiro do seu filho um segredo? Unidos na sua preocupação partilhada por Danny, Christy e Catherine vão ajudar-se a esquecer os seus passados conturbados e a avançar juntos em direcção ao futuro.

A minha opinião:
Um livro maravilhoso.
Um romance enternecedor sobre a perda, a desilusão e o reencontro do amor, contra todas as expectativas, na cidade das luzes - NY.
Este livro tão bem escrito e que flui sem conseguir interromper a leitura até chegar ao seu fim, tem um lado espiritual com o afastamento de Catherine da sua fé, ao perder o amor da sua vida.
Um outro lado da história é a vida árdua de Christy e os seus desejos de que o seu filho Danny lhe dê continuidade, mas ignorando o sonho do mesmo, o que origina uma ruptura familiar.
Recomendadíssimo. Contudo, talvez seja mais adequado de ler no Natal, época a que reporta esta estória.

A Árvore dos Segredos

Autor: Sarah Addison Allen
Edição: 2011, Maio
Páginas: 276
ISBN: 978-989-822-856-7
Editora: Quinta Essência

Sinopse:
Sarah Addison Allen dá-nos as boas-vindas a uma nova povoação: Walls of Water, na Carolina do Norte, onde os segredos são mais espessos do que o nevoeiro das famosas quedas de água da cidade, e as superstições são, de facto, reais.
Willa Jackson vem de uma antiga família que ficou arruinada gerações antes. A mansão Blue Ridge Madam, construída pelo bisavô de Willa durante a época área de Walls of Water, e outrora a mais grandiosa casa da cidade, foi durante anos um monumento solitário à infelicidade e ao escândalo. E a própria Willa há muito se esforçou para construir uma vida para lá da sombra da família Jackson. Não é tarefa fácil numa cidade moldada por anos de tradição e com fronteiras bem demarcadas entre ricos e pobres.
Mas Willa soube há pouco que uma antiga colega de escola – a elegante Paxton Osgood - da abastada família Osgood, restaurou a Blue Ridge Madam e a devolveu à sua antiga glória, tencionando transformá-la numa elegante pousada. Talvez, por fim, o passado possa ser deixado para trás enquanto algo novo e maravilhoso se ergue das suas cinzas. Mas o que se ergue, afinal, é mais um segredo que gira à volta de algo encontrado sob o solitário pessegueiro da propriedade.
Setenta e cinco anos antes, o carismático vendedor ambulante Tucker Devlin, exerceu os seus encantos sombrios em Walls of Water, e deixou a sua marca. Quem terá ele sido realmente? E por que motivo estão de repente a acontecer coisas estranhas em toda a cidade?
Agora, unidas numa improvável amizade e por um enorme mistério, Willa e Paxton tem de confrontar as paixões perigosas e as trágicas traições que outrora uniram as suas famílias e descobrir a verdade acerca dos antepassados que transcenderam o tempo e desafiaram a sepultura para tocar os corações e as almas dos vivos.
A Árvore dos Segredos é uma história sobre o poder profundo e duradouro da amizade, do amor e da tradição, e um retrato dos laços inquebráveis que – nos bons e nos maus momentos, de uma geração para a seguinte – duram para sempre.

A minha opinião:
Algum tempo atrás, fui seduzida pela escrita e histórias de Sarah Addison Allen. Desde então, não perco nenhum dos seus livros que me seduzem, arrebatam e envolvem com personagens ternas e sensíveis em ambientes mágicos que, de tão bem descritos, nos transportam com todas as imagens que os nossos sentidos captam, com cheiros e sabores deliciosos. 
Um deleite!

Uma escrita simples e elegante que flui numa história intensa sobre a amizade, o amor e um segredo com setenta e cinco anos que altera a vida de alguns descendentes dos envolvidos.

Um livro que analisa as relações e o sentir das mulheres e que certamente cativa o público feminino.

Adorei!

Vai Dando Notícias

Autor: Catherine O'Flynn
Edição: 2011, Junho
Páginas: 280
ISBN: 978-972-252-260-1
Editora: Bertrand

Sinopse:
Vai Dando Notícias conta a história divertida e emocionante de Frank, o apresentador do noticiário de uma televisão local. Por baixo da sua identidade desajeitada e pouco original, Frank é assombrado por desaparecimentos: a misteriosa morte do seu predecessor, Phil Smethway, provocada por um condutor que fugiu; a demolição da arquitectura pós-guerra do seu pai e a passagem incógnita dos que morrem sozinhos na cidade.Frank esforça-se por entender estas ausências enquanto tem de transmitir intermináveis notícias locais sobre buracos que se abrem nos jardins das pessoas e tenta lidar com a sua mãe irredutivelmente infeliz.
O resultado é uma coisa rara: um romance cujas páginas se voltam incansavelmente, que faz as perguntas importantes de uma forma acessível, que nos faz rir em voz alta, e que é genuinamente tocante e inevitavelmente animador.

A minha opinião:
Interessante e tocante, mas não achei divertido. Aborda, de um modo desprendido e algo melancólico, o mundo das notícias e a existência invisível de algumas pessoas que desaparecem sem saudade, assim como a de outros que se dedicam à carreira que os devia perpetuar, ou mesmo aqueles que valorizam tanto a imagem e o exterior que perdem o essencial de si mesmos.
No fim, a nossa ausência é o que resta de nós.

Um irónico romance, que me pareceu um tanto tenebroso na análise de como escolhemos viver e do impacto/testemunho que deixamos no mundo e naqueles que amamos e que nos amam.
Um livro que questiona os valores da sociedade actual.

Uma Americana em Pequim

Autor: Ann Mah
Edição: 2011, Fevereiro
Páginas: 352
ISBN: 978-989-231-282-8
Editora: Edições ASA

Sinopse:
Todas as pessoas se alimentam de vivências e lugares inesperados…
Um romance sobre comida, amor e autodescoberta. Depois de ver a sua carreira ruir e o namorado pedir "um tempo", Isabelle Lee toma a primeira decisão drástica da sua vida e troca o mundo das revistas de moda de Manhattan pelo mundo das revistas generalistas de Pequim. Um mundo consideravelmente mais limitado dado que o seu conhecimento de mandarim é quase nulo. É que, apesar de ter ascendência chinesa, ela só conhece a linguagem falada na cozinha, pela mãe…
Felizmente, a linguagem da comida é suficiente para a iniciar na crítica gastronómica. Por entre o pato à Pequim ou o huoguo mongol, alguns choques culturais e outras tantas peripécias amorosas, Liz enfrenta os desafios de começar de novo do outro lado do mundo. Anos antes, também a sua irmã, Claire, trocou Manhattan por Pequim. É agora uma advogada de sucesso com um ritmo de vida tão alucinante quanto o da própria cidade. As irmãs nunca tiveram uma relação de cumplicidade. Na verdade, mal se conhecem. A milhares de quilómetros de casa e mais solitária do que nunca, Isabelle começa a interrogar-se se a frenética e vibrante cidade do futuro não será um lugar demasiado estranho para si…


A minha opinião:
Um livro que reflecte sobre as dúvidas quanto à identidade étnica das irmãs Isabelle e Claire que fisicamente são diferentes, mas culturalmente são idênticas, seja como americanas, seja como chinesas, pois os sentimentos e a forma como reagem são americanas. 

A vontade de singrar numa carreira e todas as dificuldades em o conseguir, assim como os relacionamentos familiares, misturados com a linguagem da comida e os conflitos existenciais de Iz, e temos um romance um tanto extenso como se se tratasse de um diário.

Talvez tivesse expectativas elevadas, mas a verdade é que este romance não me conquistou. Achei-o um tanto maçador e simplicista. 

Uma linguagem acessível, mas, com excepção das características gastronómicas tão sensíveis ao nosso palato, nada mais me cativou neste romance.

Olhos Brilhantes

Autor: Catherine Anderson
Edição: 2010, Outubro
Páginas: 438
ISBN: 978-989-280-027-1
Editora: Arcádia

Sinopse:
Zeke Coulter gostava de viver sozinho - ou pelo menos achava que gostava - até conhecer a sua vizinha, a atraente cantora Nathalie Patterson. Jeke tinha ido a casa de Nathalie para ter uma conversa séria sobre o filho dela, Chad, que tinha vandalizado o jardim e a casa nova de que Jeke tanto se orgulhava.
Na esperança de ensinar ao rapaz o que é a responsabilidade, Zeke insiste em que Chad trabalhe em sua casa para recuperar os danos. Nathalie e a sua filha Rosie querem ajudar igualmente para que Chad não falhe o acampamento de Verão. Nathalie, recentemente divorciada e lutando para sobreviver com os dois filhos, sabe que Chad está a atravessar uma fase difícil, mas não adivinhava que o tempo passado com Jeke era precisamente aquilo de que Chad necessitava.
Quando as obras acabam, Jeke dá por si numa casa imensamente vazia, mas ainda a tempo de tomar a decisão que pode mudar a sua vida.

A minha opinião:
Chester, o ganso.
Ri com gosto sobre os ataques territoriais/defensivos do Chester. 

Um verdadeiro romance que nos faz sonhar com o amor e com a possibilidade de um final feliz, com um viril e inteligente vaqueiro que conquista não apenas a mulher que o arrebatou com a sua voz e a sua beleza, mas também os seus filhos que o pai ignorava. 

Uma escrita simples, mas bem estruturada, que me permitiu desanuviar e enlevar-me nos acontecimentos que envolveram estas personagens.

Um romance que não desilude, para quem conhece outros romances de Catherine Anderson.

Veneno de Cristal

Autor: Donna Leon
Edição: 2011, Maio
Páginas: 280
ISBN:  978-989-657-173-3
Editora: Planeta

Sinopse:
Nesta nova aventura, o Comissario Brunnetti vai mergulhar nos segredos da ilha de Murano, onde se encontram as fábricas do vidro mundialmente famoso.
Morte pela água? Ou morte pelo fogo?
Está um dia luminoso de Primavera, quando o Comissario Brunetti e o Inspettore Vianello decidem fazer uma pausa na Questura para ajudar um amigo de Vianello, Marco Ribetti, que foi detido enquanto se manifestava contra a poluição química da lagoa de Veneza. Mas não foi Marco quem revelou o segredo vergonhoso das fundições de vidro poluidoras da ilha de Murano, nem é dele o corpo que foi encontrado diante dos fornos que ardem a 1400 graus, de noite e de dia. A vítima deixou pistas num exemplar de Dante e Brunetti tem de descer a um inferno para descobrir quem está a sujar as águas da lagoa…

A minha opinião:
Mais um livro da série de policiais com a carismática e integra personagem principal, o Comissário Guido Brunetti, que começa uma investigação a título particular. Esta investigação tem como temas de fundo questões ecológicas e sociais e conclui-se previsivelmente com uma vertente política. Retrato fiel de muito do que se passa por esse mundo, em que, por ganância e despotismo, se polui um património e se compromete a saúde e o futuro das gerações vindouras.
Esta autora foca-se em problemas reais das sociedades actuais e consegue construir enredos muito envolventes para o leitor e simultâneamente muito autênticos.
Não é o crime o cerne deste enredo, mas a própria investigação, numa fascinante Veneza que tão bem descreve.
Para quem gosta do género e conhece o estilo desta autora, é um bom policial sem muito emoção ou acção, mas, ainda assim, que nos prende.

Reflexos num Olho Dourado

Autor: Carson McCullers
Edição: 2011, Maio
Páginas: 100
ISBN:
Editora: Presença

Sinopse:
Uma das vozes mais originais da literatura norte-americana, McCullers, explora, neste romance, os limites sempre instáveis entre a «normalidade», por um lado, e o foro íntimo das pulsões, que se lhe opõe. Numa pequena base militar americana, a rotina e o isolamento criam uma tensão insuportável que agudiza perigosamente as contradições em que se movem as personagens. McCullers escreve esta história com simplicidade despretensiosa e um registo inquietante que lhe conferem uma dimensão trágica.

A minha opinião:
Um pequeno e peculiar livro que retrata um tempo e um lugar, em que perturbadas personagens, confinadas a um entediante e rotineiro espaço, desenvolvem intensos sentimentos e obsessões que rompem os ténues laços com o equilíbrio e a sanidade mental.

Apesar de tudo, este livro reflecte os anos 40, mais concretamente 1941, data em que foi escrito e em que um pobre soldado fica obcecado com um corpo feminino visto do exterior e um cobarde e narcisista capitão luta contra as suas tendências homossexuais, ao interessar-se pelos amantes da mulher.

Não me cativou.
Interessante análise humana, mas um tanto antigo.