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domingo, 22 de novembro de 2015

Pura Coincidência

Autor: Renée Knight
Edição: 2015/ outubro
Páginas: 304
ISBN: 9789898775757
Editora: Suma de Letras

Sinopse:
E se de repente se apercebesse de que é o protagonista do aterrador romance que está a ler? Catherine tem uma boa vida: goza de grande sucesso na profissão, é casada e tem um filho. Certa noite, encontra na sua mesa-de-cabeceira um livro de título O perfeito desconhecido.

Não sabe como terá ido parar ao seu quarto ou quem o terá ali posto. Ainda assim, começa a lê-lo e rapidamente fica agarrada à história de suspense. Até que, depois de ler várias páginas, chega a uma conclusão aterradora: NÃO É FICÇÃO. O perfeito desconhecido recria vividamente, sem esquecer o mais ínfimo detalhe, o fatídico dia em que Catherine ficou prisioneira de um segredo terrível. Um segredo que só mais uma pessoa conhecia. E essa pessoa está morta.

A minha opinião:
O que dizer de um livro quando este é tão bom e nos deixa sem palavras? O que escrever quando quando nos faz sentir muito mais do que esperávamos e ficamos sem saber por onde começar sem revelar demasiado?

"Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidênciaé frase final deste romance que me atingiu como uma bofetada, depois de perceber onde este bem conseguido thriller psicológico me levou com as diferentes graduações e palpitações sentidas pelas personagens, que à vez vão tendo voz desde que aquele maldito livro surgiu nas suas vidas. Diferentes perspectivas com diferentes ângulos sobre factos que os protagonistas não podem ou optam por não revelar. Fotos são os resquícios que sobraram e deram origem a um livro ficcionado.

Catherine é uma mulher bem sucedida e com uma vida familiar estável até que "O Perfeito Desconhecido" surge na sua vida e a obriga a recuar vinte anos atrás e procurar quem a persegue com aquele segredo vergonhoso. Neste processo, como leitores bem informados, vamos entrando na cabeça e motivações do coautor e promotor do livro, bem como na da vitima, num crescendo de ansiedade. 

E neste enredo, de capítulos pequenos, frases curtas, palavras de acção encontrei uma leitura inquietante mas imparável. Controlo de dados e emoções em narrativas bem interligadas e ajustadas para não se perder a fluência e o ritmo da história que nos surge numa capa chamativa com um bom titulo. 

domingo, 15 de novembro de 2015

Pequenas Grandes Mentiras

Autor: Liane Moriarty
Edição: 2015/ maio
Páginas: 480
ISBN: 9789892330945
Editora: ASA

Sinopse:
A vila costeira de Pirriwee é um bom lugar para viver. As ruas são seguras, as casas são elegantes, e os seus habitantes distintos. Bom… quase todos…

Madeline é tudo menos perfeita. Para começar, recusa-se a viver para as aparências e não se coíbe de dar a sua opinião (principalmente quando não é pedida). O seu lema "Nunca perdoar. Nunca esquecer." vai ser inesperadamente testado ao limite.

Celeste tem o tipo de beleza que leva as pessoas a parar na rua. 
É tão serena que ninguém repara que por detrás dos seus magníficos olhos se escondem sombras negras. Nem as suas melhores amigas sabem o que se passa quando a noite cai.

Jane acabou de chegar. Ao fim de anos a tentar encontrar um lar, a idílica vila parece ter tudo o que procura… e até já conseguiu fazer duas amigas, cujas vidas perfeitas, espera, venham a ter uma boa influência sobre si. É mãe solteira e tão jovem que, no recreio da escola, a confundem com uma babysitter. Mas a sua inocência há muito que se perdeu. 

Um acidente vai unir estas três mulheres numa amizade aparentemente indestrutível. Pelo menos, até à noite da festa. Na vila, nada mais será como antes. São muitas as versões mas o facto indiscutível é que houve uma morte. Como aconteceu? Quem viu? Acima de tudo, quem morreu?

A minha opinião:
BRUTAL!
A palavra que me ocorre imediatamente após terminar a leitura. A historia continua a "martelar-me" no cérebro com tantos significativos episódios e muitos detalhes tão banais e plausíveis, que nos passam despercebidos no quotidiano, mas que a autora recolheu para criar um enredo forte pela credibilidade dos acontecimentos e das personagens, que tomamos como nossas amigas e conhecidas nas suas peculiaridades e angustias (algumas podemos reconhecer como nossas, identificando-nos com as personagens).     

"Isto pode acontecer a qualquer pessoa."

Pois pode e acontece!

As historias não são tão preto e branco como as letras impressas nas paginas de um livro e as vitimas de actos cruéis, sádicos e egoístas não se parecem de todo com a imagem que esperaríamos que tivessem. Protegem-se com pequenas grandes mentiras e reagem como se a vida fosse perfeita até que tudo desabe. 
Acasos e equívocos num desfecho desejável onde a amizade prevalece numa pequena comunidade idílica. 

Quando leio uma historia assim fico sempre a pensar na extraordinária capacidade de transpor em palavras um enredo que se formou na mente criativa de quem a concebeu. E mais não escrevo porque não tenho esse dom.   

domingo, 8 de novembro de 2015

O que ela deixou para trás

Autor: Ellen Marie Wiseman
Edição: 2015/ setembro
Páginas: 352
ISBN: 9789897101861
Editora: Chá das Cinco

Sinopse:
luminado e provocador, este é um romance sublime sobre o desejo de pertença e os mistérios sob as vidas mais comuns. 
Há dez anos, a mãe de Izzy Stone disparou sobre o seu pai enquanto este dormia. Arrasada pela insanidade da mãe, a jovem recusa-se a visitá-la na prisão. Para a ocupar, os seus pais de acolhimento inscreveram-na como voluntária num asilo público. Ali, no meio de pilhas de pertences sem dono, Izzy descobre um molho de cartas por abrir, um jornal antigo e uma janela improvável para o seu passado.

Clara Cartwright, com 18 anos em 1929, está encurralada entre os seus pais superprotetores e o amor por um italiano. Irado por Clara recusar um casamento arranjado para ela, o pai coloca-a num lar sofisticado para pessoas nervosas. Mas, quando a sua fortuna se perde com o crash de 1929, não consegue suportar os custos do lar e Clara é enviada para um asilo público.
A história de Clara mergulha Izzy num passado cheio de enigmas. Se Clara, na verdade, nunca foi doente mental, poderia explicar-se de outra forma o crime da sua mãe? Completar as peças deste puzzle do passado conduz Izzy à reflexão sobre a sua própria vida e a questionar-se sobre tudo o que pensava saber e acreditar.

A minha opinião:
Nunca o proverbio "Não se pode julgar um livro pela capa", fez tanto sentido para mim. Um claro exemplo de que não podemos julgar uma obra pela imagem exterior. Um romance bem estruturado e definido, brilhante pela carga psicológica, com uma capa nada adequada. Uma jovem sonhadora e rica pode espelhar "Clara Cartwright, com 18 anos em 1929" mas não me parece que seja esta a moda da época, e tem pouco ou nada a ver com a narrativa de uma jovem sã internada num sanatório estatal lotado e com difíceis condições. Presa devido a uma educação severa que reprimia sem amar, um numero entre a multidão de esposas, mães, irmãs e filhas descartadas e esquecidas.   

Izzy é a outra jovem protagonista desta narrativa, com um passado marcado pelo assassinato do pai pela mãe. Nada romântico mas muito realista. O assombroso passado de Clara revela o o mistério do doloroso passado de Izzy com consequências que não contamos e que nos tiram o fôlego e obrigam a pausas dada a violência das cenas descritas (pouco comum num romance como o que esperamos com esta capa). A crueldade humana priva-nos de lucidez e é intemporal. Bullying e ... algo mais que não revelo. 

Um romance que inesperadamente nos marca sobre duas jovens que admiramos. O final compensa. Mas até lá chegarmos o que penamos na companhia de Clara, ou alternadamente na companhia de Izzy. MARAVILHOSO E INEBRIANTE!!!

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Esta Noite, Fala-me de Amor

Autor: Elin Hilderbrand
Edição: 2015/ maio
Páginas: 360
ISBN: 9789892330921
Editora: ASA

Sinopse:
Esta noite, fala-me de amor, porque esta noite pode ser a última...
A adorável Dabney Kimball Beech é uma lenda viva na ilha de Nantucket. Dabney estudou em Harvard e é uma profissional de sucesso. Mas o seu grande talento é outro: graças a um dom que muitos consideram místico, ela é a casamenteira perfeita. Quando duas pessoas são compatíveis, Dabney vê-as sob uma aura cor de rosa; quando não são, o tom que as envolve é um desolador esverdeado. Ela já juntou mais de quarenta casais. Apenas uma pessoa parece teimosamente imune à sua seta de Cupido: ela própria.

Por mau carma ou piada cósmica, Dabney perdeu o seu grande amor: Clen Hughes, o belíssimo homem de olhos verdes que lhe partiu o coração e que agora, tantos anos depois, está de volta à ilha. A notícia deixa-a inquieta. A mera perspetiva de um reencontro é suficiente para lhe tirar o sono… e com razão. Clen vem virar o seu pequeno mundo do avesso, algo que é simultaneamente maravilhoso e terrível.
Os deliciosos dias e noites que passam juntos não deixam antever a tempestade que se aproxima. No fim, Dabney terá de fazer novamente uso do seu dom… numa corrida contra o tempo.

A minha opinião:
Gosto de finais felizes. E gosto de romances que me proporcionam bons momentos de entretenimento em que posso esperar um final feliz como recompensa pelas circunstancias difíceis que as personagens tiveram que enfrentar. E com o castigo dos maus na trama, claro. 

Mas nem mesmo nos romances temos o final que projectamos e ansiamos. Não significa que não seja um bom final, lógico e razoável, mas não a recompensa esperada dos bons com a punição dos maus. Neste livro temos um romance de encantar com uma personagem de excepcionais qualidades humanas e alta sensibilidade, mas com uma limitação diretamente relacionada com o abandono da mãe em criança (por esta se sentir incapaz de manter uma vida familiar tão insignificante), como sair da ilha de Nantucket para seguir o amor da sua vida Clen. Com o regresso deste, toda a sua vida balança, e a filha entra na confusão, com um pai que sabia mas não conhecia, e um noivo possessivo e controlador a disputar a sua atenção. Um romance tão banal mas envolvente e terno, em que os sentimentos se sobrepõem a tudo o resto e justificam escolhas que podem ser cruciais. 

Parece um romance leve e fútil mas tem muito que se lhe diga. Com um moral a reter e valores a refletir. E tanto para sentir. Gostei muito e não me importo de repetir.