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domingo, 30 de abril de 2017

O Velho e o Gato

Autor: Nils Uddenderg
Edição: 2017/ março
Páginas: 224
ISBN: 9789722533331
Editora: Bertrand Editora

Sinopse:
O Velho e o Gato conta a história de como Nils Uddenberg, antigo professor universitário de Psiquiatria, se tornou dono de uma gata, embora nunca tenha querido ter qualquer espécie de animal doméstico. Certa manhã de inverno, o autor encontrou uma gata no jardim da sua casa. A partir desse momento, Kitty introduziu-se, suave mas firmemente, na sua vida, para nunca mais a abandonar. Sendo, um escritor premiado com formação em Psiquiatria, não podia deixar de investigar mais profundamente a vida interior do gato, assim como a natureza da relação entre um animal e um ser humano.

Com humor e um grande sentido de observação, Nils conta-nos como a sua vida mudou depois de Kitty ter ido viver para sua casa. Os sentimentos que ela desperta nele são uma surpresa para o autor, que não tarda a dar por si apaixonado pela encantadora gatinha tigrada.


A minha opinião:
Uma história banal, quase ridicula. Uma história de amor. 

Uma gata determinada, metódica e cautelosa venceu a resistência de um septuagenário professor e ofereceu calor e aconcheco que descontrai e inspira segurança. No âmago independente. Assim são os gatos. Animais domésticos por opção que caçam por prazer. 

Pequeno livro com imagens singelas e enternecedoras, uma narrativa suave e pessoal para um leitor que aprecie a companhia destes animais. Como eu, que desde que me lembro sempre tive a presença de um gato por perto. Um gato que se mantêm vigilante e descontraído enroscado ao meu lado, que parte quando se sente mais desperto e ativo. Um gato que regressa quando lhe apetece. 

Este livro é um pequeno mimo como o que os gatos me proporcionam. Um mimo antes de leituras mais pesadas ou exigentes e não tão agradáveis e aprazíveis. Um mimo que revela algumas curiosidades sobre felinos, umas que eu sabia e outras não, assim como grandes autores que escreveram sobre a natureza destes animais. Um livro de lazer. 

terça-feira, 25 de abril de 2017

A tentação de sermos felizes

Autor: Lorenzo Marone 
Edição: 2017/ março
Páginas: 216
ISBN: 978-972-0-04849-3
Editora: Porto Editora

Sinopse:
Um velho e cínico «embusteiro».

Sem nos alongarmos mais, poderíamos assim definir Cesare Annunziata. Setenta e sete anos de idade, viúvo há cinco, e pai de dois filhos, Cesare decidiu, positivamente, marimbar-se para os outros. As suas opiniões são marcadas por uma ironia feroz, talvez por medo de não ser capaz de continuar a transmiti-las por muito mais tempo, e a sua vida segue o curso normal, rumo ao final previsível e universal, entre os copos de vinho tomados com Marino, o velho neurótico do segundo andar, as conversas indesejadas com Eleonora, a louca «velha dos gatos», e os breves encontros sexuais com Rossana, prostituta e enfermeira a meio tempo, que concede uma especial atenção aos viúvos do bairro.

Mas um dia chega ao prédio a jovem e enigmática Emma, casada com um indivíduo sinistro, com quem nada parece ter em comum, e Cesare não demora muito a perceber que há algo de errado no casal. No entanto, tal não significa que se vá intrometer… exceto quando recebe um silencioso pedido de ajuda, expresso no olhar triste de Emma.

Os segredos que Cesare desvenda acerca dos novos vizinhos, mas, em particular, aquilo que descobre sobre si mesmo, irão formar o enredo deste romance formidável, revelando-nos uma personagem singular, que vive em alegre contradição, entre o cinismo mais feroz e a humanidade mais profunda.

 
A minha opinião:
Romance formidável. Adorei da primeira à ùltima página.

A personagem Cesare Annunziata é uma personagem singular e marcante. Um "velho" com uma humanidade e autenticidade que lhe dá vida para além das páginas deste livro. Um embusteiro no cinismo que exibe com os seus comentários irónicos e os títulos falsos para intimidar ou persuadir os outros a agir corretamente. Um "velho" que segue a sua intuição e gosta de viver de uma forma fantasiosa e faz tudo para não se sentir idoso porque decidiu atirar-se à vida enquanto lhe é permitido. Um "velho" lúcido com dificuldade em demonstrar afetos. Um "velho", como eu gostaria de conhecer.

Uma história tão simples e tão bem conseguida. Por vezes, são as melhores. As que nos tocam mais profundamente porque sentimos mais próximas. Mas... este romance não é um mero exercício de escrita lamechas e "cor-de-rosa". Um olhar em redor numa cidade como Nápoles. Um olhar que detecta os problemas da velhice, da solidão, do vazio que se colmata mal e da violência doméstica. 

Narrativa consistente e sem quebras. Escrita fluída e corrente. Um romance para qualquer um. Drama e ternura em doses iguais com ótimas personagens e um Cesare. Formidável!

domingo, 23 de abril de 2017

A Rapariga de Antes

Autor: J. P. Delaney
Edição: 2017/ abril
Páginas: 400
ISBN: 9789896652029
Editora: Suma de Letras

Sinopse:
«Por favor, faça uma lista de todos os bens que considera essenciais na sua vida.»

O pedido parece estranho, até intrusivo. É a primeira pergunta de um questionário de candidatura a uma casa perfeita, a casa dos sonhos de qualquer um, acessível a muito poucos. Para as duas mulheres que respondem ao questionário, as consequências são devastadoras.

EMMA: A tentar recuperar do final traumático de um relacionamento, Emma procura um novo lugar para viver. Mas nenhum dos apartamentos que vê é acessível ou suficientemente seguro. Até que conhece a casa que fica no n.º 1 de Folgate Street. É uma obra-prima da arquitectura: desenho minimalista, pedra clara, muita luz e tectos altos. Mas existem regras. O arquitecto que projectou a casa mantém o controlo total sobre os inquilinos: não são permitidos livros, almofadas, fotografias ou objectos pessoais de qualquer tipo. O espaço está destinado a transformar o seu ocupante, e é precisamente o que faz…

JANE:Depois de uma tragédia pessoal, Jane precisa de um novo começo. Quando encontra o n.º 1 de Folgate Street, é instantaneamente atraída para o espaço —e para o seu sedutor, mas distante e enigmático, criador. É uma casa espectacular. Elegante, minimalista. Tudo nela é bom gosto e serenidade. Exactamente o lugar que Jane procurava para começar do zero e ser feliz.
Depois de se mudar, Jane sabe da morte inesperada do inquilino anterior, uma mulher semelhante a Jane em idade e aparência. Enquanto tenta descobrir o que realmente aconteceu, Jane repete involuntariamente os mesmos padrões, faz as mesmas escolhas e experimenta o mesmo terror
que A Rapariga de Antes.

A minha opinião:
Gosto de thrillers psicológicos. Daqueles que me deixam arrepiada e inquieta. Por esse motivo, este livro não me podia passar ao lado. A complexidade ou a perturbação de algumas personagens atrai-me para uma leitura que sei compulsiva e viciante e induz em erro até um conseguido final.

Um elemento novo é quase protagonista desta narrativa onde antes e agora se passa a ação com duas mulheres, Emma e Jane, que vivem esperiências que o autor compara como se de duas imagens onde procuramos as diferenças se tratasse, e refiro-me, à casa minimalista e tecnológicamente avançada, concebida para uma vida confortável e segura que as personagens ambicionavam. Para a conseguirem a um módico valor sujeitam-se a um escrutínio por inquérito e aceitam muitas regras que o obscecado Edward impõe e que põem em causa o contrato se não forem cumpridas.

Li a entrevista do autor em que fiquei a saber que usou um pseudónimo para este livro que levou 15 anos a escrever.  O rumo do enredo foi mudando e nota-se várias influencias inclusive um Edward ao jeito de Mr. Grey e um desvio do foco da trama. A dado momento, algo de muito pessoal do autor passou para a narrativa através de Jane, a minha personagem favorita.


Um livro que merece bem a pena ler.  Não sabia de toda a campanha publicitária que foi gerada e como tal, não fui afetada por elevadas expetativas e gostei. 



quarta-feira, 19 de abril de 2017

O Poder das Pequenas Coisas

Autor: Jodi Picoult
Edição: 2017/ março
Páginas: 512
ISBN: 9789722359788
Editora: Editorial Presença

Sinopse:
Ruth Jefferson é uma enfermeira obstetra com mais de vinte anos de experiência. Um dia, durante o seu turno, começa uma avaliação de rotina a um recém-nascido. Minutos depois é informada de que lhe foi atribuído outro paciente.

Os pais do bebé são supremacistas brancos e não querem que Ruth, afro-americana, toque no seu filho. O hospital acede a esta exigência, mas no dia seguinte o bebé enfrenta complicações cardíacas.

Ruth está sozinha na enfermaria. Deve ela cumprir as ordens que lhe foram dadas ou intervir? O que se segue altera a vida de todos os intervenientes e põe em causa a imagem que têm uns dos outros.

Com uma empatia, inteligência e simplicidade notáveis, Jodi Picoult aborda temas como a raça, o privilégio, o preconceito, a injustiça e a compaixão num livro magistral sem respostas fáceis.
 
A minha opinião:
Small Great Things é o título original e uma referência a uma citação frequente de Martin Luther King Jr., usada pela autora para explicar nesta narrativa que é através de pequenos atos que o racismo é tanto perpetuado como parcialmente desmontado. O poder das pequenas coisas. Singelo e maravilhoso este título que me atraiu para uma leitura que supunha erradamente banal e prevísivel.

Racismo nos Estados Unidos. Atual ... e pertinente.

A perspetiva de uma enfermeira negra que trabalhava em obstretícia há mais de vinte anos e é impedida por um pai supremacista branco de tocar no seu filho.

A perspetiva de uma defensora oficiosa bem intencionada sem ser idealista que não se considerava de todo racista e que vai aprender mais sobre si mesma.

A perspetiva de um racista que foi orientado desde jovem para canalizar assim a sua raiva.

A perspetiva de um jovem negro talentoso que foi educado a crer que trabalhando arduamente conquistaria o seu lugar e foi confrontado com a injustiça.

Várias perspetivas para a temática da diferença que benefica uns à partida e estes nem percebem que ganham porque outros perdem.

 Um romance que começou por me irritar a ponto de ponderar abandoná-lo e acabou por me convencer. Uma estreia com Jodi Picoult que me levou à reflexão introspetiva.

terça-feira, 11 de abril de 2017

A Viúva Negra

Autor: Daniel Silva
Edição: 2017/ março
Páginas: 508
ISBN: 9788491391098
Editora: HARPERCOLLINS

Sinopse:
O lendário espião e restaurador de arte Gabriel Allon está prestes a tornar-se chefe dos serviços secretos israelitas.
Porém, em vésperas da promoção, os acontecimentos parecem confabular para o atrair para uma última operação no terreno.
O ISIS fez explodir uma enorme bomba no distrito do Marais, em Paris, e um governo francês desesperado quer que Gabriel elimine o homem responsável antes que este ataque novamente.

Chamam-lhe Saladino...
É um cérebro terrorista cuja ambição é tão grandiosa quanto o seu nome de guerra, um homem tão esquivo que nem a sua nacionalidade é conhecida. Escudada por um sofisticado software de encriptação, a sua rede comunica em total segredo, mantendo o Ocidente às escuras quanto aos seus planos e não deixando outra opção a Gabriel senão infiltrar uma agente no mais perigoso grupo terrorista que o mundo algum dia conheceu. Trata-se de uma extraordinária jovem médica, tão corajosa quanto bonita.

Às ordens de Gabriel, far-se-á passar por uma recruta do ISIS à espera do momento de agir, uma bomba-relógio, uma viúva negra sedenta de sangue.
Uma arriscada missão levá-la-á dos agitados subúrbios de Paris à ilha de Santorini e ao brutal mundo do novo califado do Estado Islâmico e, eventualmente, até Washington, onde o implacável Saladino planeia uma noite apocalíptica de terror que alterará o curso da história.
A Viúva Negra é um thriller fascinante de uma chocante presciência. Mas é também uma viagem ponderada até ao novo coração das trevas que perseguirá os leitores muito depois de terem virado a última página.
Uma teia de enganos.


A minha opinião:
Ao reparar nos livros de Daniel Silva associei aos romances de José Rodrigues dos Santos. Não me recordo se encontrei alguma semelhança, mas voltei à série Gabriel Allon depois de ter lido o primeiro. Com espanto, descobri que li o 16º livro e não me parece que o autor vá ficar por aqui.

Apesar do volume dos livros é uma leitura de ritmo acelerado ou não se tratasse de bons livros de espionagem inspirados em factos reais. A venda de antiguidades roubadas para angariarem dinheiro e a destruição de tesouros do passado não são ficção, bem como o recrutamento para o califado de jovens desencantados e desenraízados, nomeadamente mulheres que cedo ficam viúvas.
Não os li todos. Pontualmente, gosto do reencontro com o Gabriel para desanuviar e espicaçar. O bom senso, inteligência e segurança dele é reconfortante. As situações em que se vê enredado nem tanto. Nesta fase, à luz de acontecimentos recentes é inquietante mas elucidativo.

"O restaurador tinha-se restaurado." Além de espião, Gabriel é um talentoso restaurador de arte, que superou trauma e vingou como chefe do Departamento em Israel.
Natalie era judia. Perfeita. Para espia. Leila era palestiana. E forte. Viúva negra. 

domingo, 2 de abril de 2017

Um Instante de Amor




Autor: Milena Agus
ReEdição: 2017/ fevereiro
Páginas: 96
ISBN: 978-972-23-5969-6
Editora: Editorial Presença

Sinopse:
Um Instante de Amor conta-nos a história de uma mulher extraordinária que viveu em Cagliari, na Sardenha, durante a Segunda Guerra Mundial. A rigidez e os preconceitos do meio onde nasceu não se compadecem com a sua natureza sonhadora e romântica. Embora seja extremamente bonita, os homens estranham-na, e o amor teima em fazer-se esperar. Atormentada pelo desejo que um casamento de conveniência não aplacou, reinventa a sua própria vida, num rasgo de erotismo e poesia, belo e assombroso como o próprio romance que deslumbrou a Itália e a França e veio confirmar Milena Agus como uma voz única, deliciosamente irreverente, da actual narrativa italiana.

Uma história arrebatadora que ganha nova vida no cinema com Marion Cotillard, Louis Garrel e Alex Brendemühl.

A minha opinião:
Uma história que inspirou o filme, agora em exibição, e que não terei oportunidade de ver, de modo que, decidi-me a ler o pequeno livro numa tarde de lazer. Não foi o esperado. Não foi uma agradável surpresa, e dada a sua modesta dimensão para uma história contada pela neta sobre a avó louca, foi uma leitura moderadamente convincente sobre o período pós-guerra na Sardenha.

"Um instante de Amor" deve o titulo ao que foi escrito num caderninho preto com a borda vermelha sobre a relação da sua avó com um veterano da guerra que conheceu nas Termas, onde ambos procuravam libertar-se das pedras (nos rins) que lhes afetara a saúde. Uma mulher linda, considerada louca pela paixão exaltada com que se manifestava numa época que  tal não era aceite, ou compreendido. Do casamento com um viúvo imposto pela família surge o rol do que sabia fazer para que o marido não gastasse dinheiro com as mulheres da casa de passe, e surgem descrições inesperadas de sexo sem sentimento e sem poesia. 

A escrita é corrida e fluída, com escassa pontuação, o que me obrigava a reler para "não perder o fio à meada", Interessante que baste mas longe de ser um livro brilhante. 

Um instante de agradável leitura. 

sábado, 1 de abril de 2017

Deus Não Mora em Havana

Autor: Yasmina Khadra
Edição: 2017/ março
Páginas: 256
ISBN: 9789725305867
Editora: Bizâncio

Sinopse:
No momento em que o regime castrista perde o alento, «Don Fuego» continua a cantar nos cabarés de Havana. Outrora, a sua voz electrizava as multidões. Agora, os tempos mudaram e o rei da rumba tem de ceder o seu lugar. Entregue a si próprio, conhece Mayensi, uma jovem «ruiva e radiosa como uma chama», pela qual se apaixona perdidamente. Mas o mistério que cerca essa beldade fascinante ameaça o seu improvável idílio.

Cântico dedicado aos fabulosos destinos contrariados pela sorte, Deus não Mora em Havana é também uma viagem ao país de todos os paradoxos e de todos os sonhos.

Aliando a mestria e o fôlego de um Steinbeck contemporâneo, Yasmina Khadra conduz uma reflexão nostálgica sobre a juventude perdida, incessantemente contrabalançada pelo júbilo de cantar, de dançar e de acreditar em amanhãs felizes.

A minha opinião:
Que surpresa maravilhosa! Um autor que nunca antes lera transporta-me para o ambiente de Havana com uma narrativa viva, colorida e cativante, que me fez sonhar com um país que nunca visitei, mas de que ouvi sobejamente falar como destino de férias. Não é habitual, mas enchi o pequeno livro de post-its dado o fascínio que a escrita de Yasmina exerceu sobre mim. Parece um nome de uma mulher e no entanto é um homem que tão bem o faz. 

"Em Havana, Deus perdeu a sua cotação. Nesta cidade que trocou o seu brilho de outrora por uma humildade militante feita de privações e de abjurações, a pressão ideológica liquidou a fé. " (pag.44)

"Em Havana, vivem várias familias num mesmo apartamento. Desde 1959 e da revolução castrista, a população centruplicou, mas a cidade não aumentou, como se uma maldição a mantivesse cativa de um passado tão flamejante como o inferno." (pag.49/50)

"Havana está repleta desses individuos "descaracterizados" que passam o tempo a vigiar os actos e os gestos das pessoas."  (pag. 70)

Cantar era a vida de "Don Fuego", o sopro incendiário das Caraíbas que se vê impedido de o fazer quando o Buena Vista é vendido e se confronta com dificuldades em regressar ao palco. Vai tomando o pulso à vida e à realidade que o rodeia. Para agravar o quadro, apaixona-se perdidamente por uma jovem. No fim, uma aventura. 

Panchito, o velho sábio e trompetista excepcional, que se refugiou com o seu cão Orfeo numa velha barraca depois da glória, é o mistério que procuro desvendar durante toda a narrativa. 

Uma leitura arrebatadora carregada de cheiros e de sons numa paisagem distante que deixa adivinhar. Uma viagem inebriante. Jonava é o mago que nos dá a mão nesta viagem. Que bom!

"O poeta inspira-nos, o cantor respira-nos. O poeta ilumina-nos, o músico inflama-nos. (...) Não se presta a mesma atenção a um recital de poesia e a um concerto de música. Não se está lá pela mesma razão, ainda que, em ambos os casos, o objetivo seja o mesmo: procurar a evasão. A relação com a poesia é mais íntima. É a procura tranquila de si próprio. Com a música, uma pessoa adere às outras, expande-se em vez de se conter, dá-se em vez de se procurar. As pessoas não vão aos concertos procurar verdades mas sim romper com elas."  (pag.174/5)