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terça-feira, 25 de abril de 2017

A tentação de sermos felizes

Autor: Lorenzo Marone 
Edição: 2017/ março
Páginas: 216
ISBN: 978-972-0-04849-3
Editora: Porto Editora

Sinopse:
Um velho e cínico «embusteiro».

Sem nos alongarmos mais, poderíamos assim definir Cesare Annunziata. Setenta e sete anos de idade, viúvo há cinco, e pai de dois filhos, Cesare decidiu, positivamente, marimbar-se para os outros. As suas opiniões são marcadas por uma ironia feroz, talvez por medo de não ser capaz de continuar a transmiti-las por muito mais tempo, e a sua vida segue o curso normal, rumo ao final previsível e universal, entre os copos de vinho tomados com Marino, o velho neurótico do segundo andar, as conversas indesejadas com Eleonora, a louca «velha dos gatos», e os breves encontros sexuais com Rossana, prostituta e enfermeira a meio tempo, que concede uma especial atenção aos viúvos do bairro.

Mas um dia chega ao prédio a jovem e enigmática Emma, casada com um indivíduo sinistro, com quem nada parece ter em comum, e Cesare não demora muito a perceber que há algo de errado no casal. No entanto, tal não significa que se vá intrometer… exceto quando recebe um silencioso pedido de ajuda, expresso no olhar triste de Emma.

Os segredos que Cesare desvenda acerca dos novos vizinhos, mas, em particular, aquilo que descobre sobre si mesmo, irão formar o enredo deste romance formidável, revelando-nos uma personagem singular, que vive em alegre contradição, entre o cinismo mais feroz e a humanidade mais profunda.

 
A minha opinião:
Romance formidável. Adorei da primeira à ùltima página.

A personagem Cesare Annunziata é uma personagem singular e marcante. Um "velho" com uma humanidade e autenticidade que lhe dá vida para além das páginas deste livro. Um embusteiro no cinismo que exibe com os seus comentários irónicos e os títulos falsos para intimidar ou persuadir os outros a agir corretamente. Um "velho" que segue a sua intuição e gosta de viver de uma forma fantasiosa e faz tudo para não se sentir idoso porque decidiu atirar-se à vida enquanto lhe é permitido. Um "velho" lúcido com dificuldade em demonstrar afetos. Um "velho", como eu gostaria de conhecer.

Uma história tão simples e tão bem conseguida. Por vezes, são as melhores. As que nos tocam mais profundamente porque sentimos mais próximas. Mas... este romance não é um mero exercício de escrita lamechas e "cor-de-rosa". Um olhar em redor numa cidade como Nápoles. Um olhar que detecta os problemas da velhice, da solidão, do vazio que se colmata mal e da violência doméstica. 

Narrativa consistente e sem quebras. Escrita fluída e corrente. Um romance para qualquer um. Drama e ternura em doses iguais com ótimas personagens e um Cesare. Formidável!

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