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domingo, 30 de agosto de 2015

A Espia do Oriente

Autor: Nuno Nepomuceno
Trilogia: Freelancer (Vol. 2)
Edição: 2015/maio
Páginas: 376
ISBN: 9789897061479
Editora: Top Books

Sinopse:
Dúvida. Confiança. Traição.
Dubai, Emirados Árabes Unidos.
De férias na região, um investigador norte-americano é raptado do hotel onde se encontrava instalado. Uma nova pista sobre um antigo projecto de manipulação genética é descoberta e a Dark Star, uma organização terrorista internacional, está decidida a utilizar os conhecimentos deste cientista para ganhar vantagem.

Contudo, de regresso à Europa, uma das suas operacionais resolve trair o sindicato do crime e oferece-se para trabalhar como agente dupla ao serviço da inteligência britânica. O mistério adensa-se quando esta mulher, de nome de código China Girl, impõe como única condição colaborar com André Marques-Smith, o director do Gabinete de Informação e Imprensa do Ministério dos Negócios Estrangeiros português e espião ocasional.
Obrigados a trabalhar juntos para evitarem um atentado a uma importante líder europeia, uma atmosfera tensa, de suspeição e desconfiança, instala-se de imediato entre os dois. Mas que segredos esconderá esta mulher, cujo próprio nome é uma incógnita? Serão as suas intenções autênticas? Será o espião português capaz de resistir à sua invulgar e exótica beleza?

A minha opinião:
Mais um autor português a destacar-se num género não habitual como a espionagem, com a série Freelancer. 

Freelancer é o nome de código de André Marques-Smith, rival da agente China Girl, protagonistas desta movimentada trama que nos envolve em vários cenários com muito brilho e glamour. 

Claramente, gostei mais deste segundo volumoso livro do que do anterior, talvez porque a protagonista me pareceu mais autêntica, ou a narrativa mais elaborada mas fluída, sempre com alguma suavidade e elegância como é apanágio do autor. O lado humano das personagens não é esquecido. Algum suspense e volte-face fica sempre bem e foi bem conseguido nesta trama. Vislumbres do passado permitem-nos saber mais sobre as personagens e consequentemente conhecer resumidamente o que se passou no primeiro volume desta trilogia.

Um livro que se lê com agrado e nos deixa expectantes com o último livro desta série e com o desfecho destas personagens, sem esquecer Elena e Anssi.

sábado, 22 de agosto de 2015

Perguntem a Sarah Gross

Autor: João Pinto Coelho
Edição: 2015
Páginas: 448
ISBN: 9789722057103
Editora: Dom Quixote

Sinopse:
Em 1968, Kimberly Parker, uma jovem professora de Literatura, atravessa os Estados Unidos para ir ensinar no colégio mais elitista da Nova Inglaterra, dirigido por uma mulher carismática e misteriosa chamada Sarah Gross. Foge de um segredo terrível e procura em St. Oswald’s a paz possível com a companhia da exuberante Miranda, o encanto e a sensibilidade de Clement e sobretudo a cumplicidade de Sarah. Mas a verdade persegue Kimberly até ali e, no dia em que toma a decisão que a poderia salvar, uma tragédia abala inesperadamente a instituição centenária, abrindo as portas a um passado avassalador.
Nos corredores da universidade ou no apertado gueto de Cracóvia; à sombra dos choupos de Birkenau ou pelas ruas de Auschwitz quando ainda era uma cidade feliz, Kimberly mergulha numa história brutal de dor e sobrevivência para a qual ninguém a preparou.

A minha opinião:
Certamente que quem gosta de ler, principalmente romances, sabe da existência deste livro e algo sabe sobre ele. Julgou, como eu, quando leu a sinopse ou ouviu comentar, que se tratava de um livro (mais um) sobre o Holocausto (Auschwitz) e hesitou ou desistiu, por ser um leitura difícil, que nos magoa e de que não nos conseguimos abstrair como sendo ficção. Não se pode esquecer, desvalorizar ou perder de vista. 

Este romance vale mesmo a pena ler e sem expectativas ou ideias preconcebidas. Demorei a escrever sobre ele, porque achei que não era capaz de o comentar com justiça e tinha que acomodar sensações e emoções. Não é tarefa fácil, e com agrado constato que cada vez mais sou surpreendida por autores portugueses que escrevem magistralmente romances de estreia. Parece que toda a sua vida ensaiaram para escrever bons livros. 

Estrutura narrativa bem conseguida, com duas vertentes, sobre os judeus de Auschwitz, recuando ao passado mas evoluindo gradualmente, até reunir a personagem Sarah a Kimberly no colégio. Duas mulheres misteriosas marcadas pelo passado.  

Auschwitz, surge com rigor histórico numa parte final do livro. O enredo e as personagens superam completamente todas as expectativas. E ultrapassam-nos nos acontecimentos. Um romance que nos conquista sem resistência quando estamos armados.

Um prazer de ler!

domingo, 16 de agosto de 2015

A Herança de Eszter

Autor: Sándor Márai
Edição: 2010/ março
Páginas: 180
ISBN: 
Editora: Dom Quixote

Sinopse:
Instalada na casa que herdou do seu pai e com a única companhia de uma parente idosa, Eszter é uma mulher solteira que vive com a placidez de quem conseguiu adaptar-se ao que a vida lhe ofereceu. Até que um dia recebe um telegrama de Lajos, um velho amigo da família, anuciando a sua iminente visita. Um canalha encantador e sem escrúpulos, dotado de um poder de sedução irresistível, Lajos não só traiu o amor de Eszter, mas também destruiu a sua família e roubou tudo o que possuíam, excepto a casa em que vivem e o jardim com que subsistem. Eszter prepara-se então para o receber, comovida por um turbilhão de sentimentos contraditórios.

A minha opinião:
A sinopse resume bem a trama desta história. O que não nos conta, sabemos assim que começamos a ler este romance, e ficamos absortos e inquietos com a força dos sentimentos expressos em personagens que são intemporais.  

Sándor Márai tem uma escrita assim, perturbadora. E isto é dizer pouco. Escrita irrepreensível e acutilante que trespassa a nossa couraça de duros e indiferentes e sem haver sangue. E tudo isto, apenas expondo sentimentos e emoções que ultrapassam a ficção. Provavelmente, o profundo conhecimento que tinha do coração humano não o permitiu continuar. 

Em jeito de confissão, Eszter escreve a história do dia em que Lajos foi vê-la pela ultima vez e a roubou, bem como revela tudo o que sabe sobre ele. A sabedoria de Nunu e a fuga de Eszter,  em luta contra um inimigo mais forte do que elas. Ardiloso e sem escrúpulos, consegue tudo o que quer, sem com isso trabalhar um dia, ou amar com coragem quem quer que seja. Um individuo que sabe o poder que detém, porque tem consciência de uma lei mais dura e severa que estabelece a ligação entre as pessoas e da qual não se pode fugir.

Um pequeno livro com uma grande história, que não nos deixa indiferentes. Imperdível!

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Só Se Morre Uma Vez

Autor: Rita Ferro
Edição: 2015/ julho
Páginas: 312
ISBN: 9789722057677
Editora: Dom Quixote

Sinopse:
Que pensa uma mulher de 60 anos enquanto os homens se matam uns aos outros? Que a preocupa para além da crise e das guerras? Que utilidade lhe encontram, quanto vale para certas pessoas? Que amores ainda a podem surpreender? Que esperanças, que forças lhe restarão antes de se render à idade?
Numa época em que a beleza e a juventude se apresentam como divindades e o dinheiro se revela - dir-se-ia - como a única religião verdadeiramente ecuménica do Mundo, é com a singularidade do indivíduo à margem destes padrões que a grande humanidade se identifica.
Talvez por isso, Rita Ferro teime em deixar o testemunho do seu tempo, lugar e circunstância, partilhando com os leitores o seu Diário 2, interlocutor das suas memórias, perplexidades e reflexões na passagem para os sessenta.

A minha opinião:
Li o primeiro volume do Diário Intimo de Rita Ferro e gostei de conhecer esta mulher que se expõe nas paginas do livro e partilha tantas opiniões e juízos de valor sem grande critério. Tanto de si, para o mundo, que julga conhecê-la  sem saber o mundo que traz dentro de si. 

Neste segundo volume, o tom agridoce mantêm-se. Leio com um sorriso nos lábios, uma gargalhada, lamento ou critica, uma escrita inteligente e reveladora, livre e despretensiosa. Uma mulher de altos e baixos. Uma mulher esclarecida e decidida. Uma mulher aguerrida, mesmo nas horas amargas. Um testemunho muito pessoal destes tempos conturbados que vivemos.

Goste-se ou discorde-se, são muitas as passagens por ordem cronológica e espacial que, nos dão que pensar ou recordar.

Gosto da escrita clara e acessível, numa letra bem visível, num livro de razoáveis dimensões, que me acompanhou durante um curto período nas minhas deambulações por aqui e ali. Quem sabe ainda me cruzo com a escritora Rita Ferro?
Por ora, aguardo o ultimo Diário que me falta ler. 

O Fim Das Estações

Autor: Will North
Edição: 2015/ julho
Páginas: 280
ISBN: 978-972-23-5584-1
Editora: Editorial Presença

Sinopse:
A caminho do trabalho, Colin Ryan encontra Pete - a mulher que ama há 30 anos e que é casada com o seu melhor amigo - caída inconsciente numa curva perigosa da estrada. Acreditando tratar-se de uma tentativa de suicídio, Colin faz o que sempre fez desde que se iniciou a sua amizade turbulenta: trata de Pete e conforta-a, atento às pistas que poderão resolver o mistério que a deixou quase moribunda à beira da estrada enevoada.

A minha opinião:
Suponho que, todos os que temos este vicio de ler, temos alguns autores que seguimos com carinho. As histórias que nos contam, prendem-nos como encantamento, e é quase certo que todo o tempo de que dispomos para a leitura, é... impagável. Especial.

Will North é um desses autores que referi. Uma quase obsessão.
Narrativa forte, segura e cinematográfica, com personagens que nos marcam, e onde nada fica por contar. E sem cansar ou deixar pontas soltas. Histórias dentro da história.

Um grupo de pessoas, habitantes de verão duma pequena ilha, Madrona Beach, Seattle, viviam num "mundo aparentemente isento de problemas civis ou domésticos convencionais e imune ao crime, a sua riqueza fora da ilha funcionando como uma espécie de redoma de fibra de vidro que os isolava das fragilidades e tragédias humanas mais banais. (...) as pessoas de verão também sofriam. Mas guardavam-no para elas." (pag. 140)

Tão semelhante ao que pensamos dos ricos e famosos que acompanhamos através dos meios de comunicação. Como se existissem a um nível superior do comum dos mortais, sem dificuldades de maior, sofrimento, perdas ou dor. Felizes e privilegiados, como se tratasse de uma graça divina. Esquecemos que, os sentimentos e emoções são comuns, bem como os erros.

Famílias. Ligadas durante anos. E o quanto ocultam. E que deliciosa comédia de costumes vamos desvendando gradualmente, em suspense, numa paisagem de sonho, Colin, preconiza um ideal masculino, de tão integro e humano. Como o autor deve ser.

Um prazer de ler!