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domingo, 28 de janeiro de 2024

Niassa

 

A minha opinião:

Depois de ler  O Monte do Silêncio tinha que conhecer outros romances de Francisco Camacho e procurei o livro Niassa que, tanto quanto me disseram ainda era melhor. E neste romance viajamos para África, Moçambique, no início da guerra. E ao pós-guerra. Desconhecida Niassa. A mais extensa e menos povoada província. 

Com este romance reencontrei o mesmo carisma nas personagens imperfeitas e a mesma escrita sintética e visual. "No fim do mundo estava o princípio da minha vida."

Um narrador autocrítico e com um olhar acutilante e muito irónico (que adoro). Desencantado regresso às origens com Fred Roque. Uma história, da avassaladora História recente. Um romance que de tão realista deixa marcas. Um grande romance que certamente muitos desconhecem mas Francisco Camacho é um escritor incrivel. 

Autor: Francisco Camacho
Páginas: 250
Editora: Edições Asa
ISBN: 9789724149875
Edição: abril/2009

Sinopse:
Farto da vida que leva em Lisboa, um homem de trinta anos resolve partir para o Niassa, a região de Moçambique onde existe um dos maiores e mais enigmáticos lagos africanos, à procura do irmão que desapareceu em circunstâncias misteriosas e que ele mal conhece.

A investigação do paradeiro de Rafa leva-o a peregrinar pelos sonhos de grandeza dos tempos coloniais, pela brutalidade da guerra civil moçambicana e pela história trágica da sua família, numa viagem ao imprevisto que decorre entre paisagens deslumbrantes. Niassa é uma história crua de amor e traição, amizade e sobrevivência, que evoca o passado português em África pelo olhar descomplexado das novas gerações.

Invisível

 

A minha opinião:

Considerado um YA (young adult - literatura juvenil), um rótulo, que não condicionar os leitores porque este livro é transversala filhos e pais. Obrigatório até.

No ritmo de vida acelerado em que se vive, inadvertidamente, perde-se a noção do que é fundamental. Numa linguagem muito simples e em pequenos excertos cruzam-se várias perspectivas em torno de um jovem que sofreu um acidente e está hospitalizado.

Um romance de grande carga emocional e tão bem escrito que intriga no que há por desvendar e que com dificuldade se tem que largar. O que se lê é que não nos abandona e ainda bem que assim é.

Autor: Eloy Moreno
Páginas: 224
Editora: Editorial Presença
ISBN: 9789722369633
Edição: agosto/2022

Sinopse:
Emotiva, surpr­eendente e diferente, esta história podia ser a de qualquer um de nós.

Um rapaz acorda no hospital após um acidente grave. Quando os pais lhe pedem para falar com uma psicóloga, ele explica-lhe que tudo aconteceu porque se tornou invisível e desenvolveu uma série de superpoderes. É então que começa a contar como tudo se passou…

Ele pega na sua mochila, desce as escadas e caminha para a escola. Poderia ter sido uma sexta-feira como qualquer outra, não fosse o teste de Matemática na última hora. E se, daquela vez, o rapaz tivesse dado outra resposta, talvez as coisas tivessem sido diferentes. Mas aquela resposta muda a sua vida.

De um dia para o outro, o seu mundo fica cheio de monstros: que vão e voltam, que magoam e humilham. e outros monstros que assistem a tudo e viram a cara. O rapaz sente a raiva crescer dentro dele, mas não sabe o que fazer com ela. Gostaria de se tornar um super-herói, de ter um superpoder capaz de impedir que se magoe novamente.

E, de repente, ele encontra esse poder, o poder da invisibilidade.

Coisa que Não Edifica Nem Destrói

 

A minha opinião:

Conhecendo o autor que é humorista e escreve umas coisas, não me admirei que em todos os capítulos alertasse o leitor que discorre chatamente sobre alguns assuntos (não me dediquei a ouvir o podcast porque outras chatices têm prejudicado a minha concentração e disponibilidade). Desavergonhadamente fala de humor, uma coisa que não edifica nem destrói. E crítica social.

Humor inteligente, que questiona, interpreta e dá que pensar. Humor que corrói certezas instaladas. Não edifíca nem destrói mas desconstrói.

Autor: Ricardo Araújo Pereira
Páginas: 104
Editora: Tinta da China
ISBN: 9789896717995
Edição: novembro/2023

Sinopse:
Coisa Que não Edifica nem Destrói é uma experiência social em que Ricardo Araújo Pereira divaga sozinho durante bastante tempo sobre assuntos que o entusiasmam muito mas talvez não interessem a mais ninguém. Às vezes, aborrece as pessoas.

O objectivo começou por ser obter o maior número possível de ouvintes, como «quando aquele ovo era a fotografia com mais likes do Instagram, e agora é obter também o maior número possível de leitores. Partindo de temas específicos — como o medo, a precisão de uma piada, excrementos, moscas, irritações e, sempre, o humor —, RAP ilustra os seus argumentos recorrendo a textos, desde a antiguidade clássica até aos nossos dias, que usam a linguagem como motor da eficácia nos mecanismos humorísticos.

O podcast homónimo está disponível nas plataformas do Expresso e da SIC.

«Vai falar-se desavergonhadamente de humor. É melhor dizer esavergonhadamente, porque isto de um humorista falar do seu ofício é um passatempo que às vezes é não só escarnecido, como até desaconselhado. A primeira frase da História do Riso e do Escárnio, de Georges Minois, é: ‘O riso é assunto demasiadamente sério para ser deixado aos cómicos.’ Ora, eu estou-me borrifando para as advertenciazinhas do Georges e falo do que eu quiser. Mas de facto não falta quem ache esquisito que um humorista se entretenha a falar de humor, e eu tenho impressão que isso se deve a algumas expectativas que nós costumamos ter não só em relação ao humor, mas também, por extensão, aos humoristas.


Por exemplo, isto não acontece em outras área de actividade, muito pelo contrário. O que causaria estranheza seria que um músico, um pintor ou um realizador não tivessem uma ideia sobre o que o seu trabalho deveria ser. E um escritor que não saiba nada de literatura é, aliás, muito justamente, reputado de idiota. Quando se trata de humor, parece que se considera que falar do assunto estraga uma espécie de magia, ou destrói aquela espontaneidade que está normalmente associada ao discurso humorístico. Mas convém não perder de vista que essa espontaneidade é quase sempre apenas aparente e que é tanto mais persuasiva e eficaz quanto melhor for fingida. No fundo, o que eu quero dizer é que isto do humor tem tanto de místico como qualquer outra forma de escrita ou de trabalho, ou seja, nada.» —RICARDO ARAÚJO PEREIRA