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domingo, 28 de janeiro de 2024

Coisa que Não Edifica Nem Destrói

 

A minha opinião:

Conhecendo o autor que é humorista e escreve umas coisas, não me admirei que em todos os capítulos alertasse o leitor que discorre chatamente sobre alguns assuntos (não me dediquei a ouvir o podcast porque outras chatices têm prejudicado a minha concentração e disponibilidade). Desavergonhadamente fala de humor, uma coisa que não edifica nem destrói. E crítica social.

Humor inteligente, que questiona, interpreta e dá que pensar. Humor que corrói certezas instaladas. Não edifíca nem destrói mas desconstrói.

Autor: Ricardo Araújo Pereira
Páginas: 104
Editora: Tinta da China
ISBN: 9789896717995
Edição: novembro/2023

Sinopse:
Coisa Que não Edifica nem Destrói é uma experiência social em que Ricardo Araújo Pereira divaga sozinho durante bastante tempo sobre assuntos que o entusiasmam muito mas talvez não interessem a mais ninguém. Às vezes, aborrece as pessoas.

O objectivo começou por ser obter o maior número possível de ouvintes, como «quando aquele ovo era a fotografia com mais likes do Instagram, e agora é obter também o maior número possível de leitores. Partindo de temas específicos — como o medo, a precisão de uma piada, excrementos, moscas, irritações e, sempre, o humor —, RAP ilustra os seus argumentos recorrendo a textos, desde a antiguidade clássica até aos nossos dias, que usam a linguagem como motor da eficácia nos mecanismos humorísticos.

O podcast homónimo está disponível nas plataformas do Expresso e da SIC.

«Vai falar-se desavergonhadamente de humor. É melhor dizer esavergonhadamente, porque isto de um humorista falar do seu ofício é um passatempo que às vezes é não só escarnecido, como até desaconselhado. A primeira frase da História do Riso e do Escárnio, de Georges Minois, é: ‘O riso é assunto demasiadamente sério para ser deixado aos cómicos.’ Ora, eu estou-me borrifando para as advertenciazinhas do Georges e falo do que eu quiser. Mas de facto não falta quem ache esquisito que um humorista se entretenha a falar de humor, e eu tenho impressão que isso se deve a algumas expectativas que nós costumamos ter não só em relação ao humor, mas também, por extensão, aos humoristas.


Por exemplo, isto não acontece em outras área de actividade, muito pelo contrário. O que causaria estranheza seria que um músico, um pintor ou um realizador não tivessem uma ideia sobre o que o seu trabalho deveria ser. E um escritor que não saiba nada de literatura é, aliás, muito justamente, reputado de idiota. Quando se trata de humor, parece que se considera que falar do assunto estraga uma espécie de magia, ou destrói aquela espontaneidade que está normalmente associada ao discurso humorístico. Mas convém não perder de vista que essa espontaneidade é quase sempre apenas aparente e que é tanto mais persuasiva e eficaz quanto melhor for fingida. No fundo, o que eu quero dizer é que isto do humor tem tanto de místico como qualquer outra forma de escrita ou de trabalho, ou seja, nada.» —RICARDO ARAÚJO PEREIRA

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