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segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

até que consigas voar

Autor: José Gameiro
Edição: 2014/ novembro
Páginas: 152
ISBN: 9789897690037
Editora: Matéria-Prima

Sinopse: 
Um livro pessoal e profundo, em que o psiquiatra é tão humano como os pacientes; em que todos somos muito parecidos no sofrimento e na esperança.

Quando as pessoas chegam ao consultório de um psiquiatra, já esgotaram todas as suas alternativas. Sentem-se perdidas, vazias ou profundamente tristes. Neste livro, José Gameiro, psiquiatra há 40 anos, dá-nos a oportunidade de sermos os seus olhos e os seus ouvidos. Em Até que consigas voar, encontramos relatos intimistas sobre o luto, os medos, a conjugalidade e todo um conjunto de feridas que não se vêem. Mostra-nos que podemos voltar a encontrar um rumo, mesmo quando enfrentamos o pior dos desgostos.

A minha opinião: 
Não sei porque hesito e protelo durante dias em expressar a minha opinião. Suponho que demoro a processar o que li.

Gostei muito de até que o amor nos separe.
É sempre uma revelação encontrar um autor que passa para o papel tanto do seu saber e da sua experiência sobre o comportamento humano sem que de ficção se trate, com uma simplicidade e autenticidade que satisfaz a minha curiosidade e interesse.  Pequenos episódios que se lêem rapidamente em que percebemos o peso da morte, do medo, da depressão e dos conflitos conjugais que tanta angústia e dor acarretam, levando sabiamente a procurar ajuda profissional.  Frequentemente, desvalorizamos e não compreendemos o sofrimento alheio. Sorri quando li:
"Julgo que uma das coisas que os depressivos nos agradecem é não lhes dizermos "olhe, deixe-se de pieguices e vá passear e gozar a vida". Só quem nunca passou por uma depressão é que não compreende que este é o conselho mais estúpido que se pode dar a um deprimido. É quase a mesma coisa que dizer a um impotente "Você precisa é de fazer sexo..."                                                                                                  (pag. 71)

Possivelmente, neste livro, alguns irão encontrar eco do seu sentir, que por temor não partilham e tentam a custo lidar e ocultar, sem reconhecer que:
"Nós somos uma espécie de cebola(...). As de fora correspondem aos comportamentos, as mais interiores à personalidade. Na relação com os outros podemos mudar a camada exterior, adaptar comportamentos de modo a que a interação seja mais clara e calma. Mas debaixo de maior pressão, esta mudança é mais difícil e funcionam as camadas interiores da cebola."                                                                    (pag. 141)
Um psiquiatra pode ajudar e através da terapia desatar um  nó, funcionando como um acelerador do tempo de sofrimento. Nada mau para um psiquiatra com horror à imutabilidade e crença na capacidade do ser humano de resistir e de superar, convicto de que as soluções estão em cada uma das pessoas que o procuram e que afinal dá um conselho que o próprio seguiu.  

"A seguir a um grande susto no ar do qual pensavam não sair vivos, voltem a meter-se num avião e voem, voem, voem."                                            (pag. 178)

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