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quarta-feira, 18 de março de 2020

O Pintor de Batalhas

A minha opinião:
Faltava-me ler este livro de Arturo Pérez-Reverte (saiu uma nova edição que incluo abaixo). Segundo consta é o melhor dos melhores deste autor que muito gosto.

Andrés Faulques procura a imagem definitiva, fugaz e eterna que tudo explique. A imagem que não conseguiu captar através da câmara fotográfica em trinta anos e espera na ressaca da memória que talvez a consiga reproduzir com a ajuda de pinceis. 

"De tanto abusar dela, de tanto a manipular, há muito tempo que uma imagem deixou de valer mais do que mil palavras."  (pag. 66)

Um tratado sobre a natureza humana no encontro entre o Ivo Markovic, o croata resiliente que procura o fotógrafo para o matar.  Uma mulher Olvido mudara Faulques, e nele deixara impresso o seu olhar. Um amor em cenários de guerra.

Profundo, dramático e muito intenso mas também inteligente. Realmente bom. Intemporal. Exigente, denso. Não é um romance fácil de ler. Exige concentração para não se perder o fito do que se pretende apreender através das brumas da memória do pintor de batalhas. Curiosamente, lembrou-me um outro grande romance deveras conhecido,  "As velas ardem até ao Fim" de Sàndor Márai, pela interação sombria com o passado e a presença quase fantasmagórica do croata.

Autor: Arturo Pérez-Reverte
Páginas: 224
Editora: Edições Asa
ISBN: 9789724150000
Edição: 2007/ março
 
Sinopse:
A história mais intensa e perturbadora da já longa carreira de Arturo Pérez-Reverte.

Do Vietname ao Líbano, do Cambodja à Eritreia, de El Salvador à Nicarágua, de Angola e Moçambique aos Balcãs e ao Iraque… Depois de trinta anos a tirar fotografias em busca da imagem definitiva, do momento a um só tempo fugaz e eterno que explica tudo, o fotógrafo de guerra André Faulques substituiu a câmara pelos pincéis. Não conseguindo tirar a foto capaz de transmitir o caos do Universo, agora, enquanto tenta compreendê-lo, começa a pintar um grande fresco circular no muro de uma torre de vigia no Mediterrâneo, onde vive sozinho, perturbado pela memória de uma mulher que nunca conseguiu esquecer e pela visita inesperada de um homem que o quer matar. O homem é uma sombra do seu passado, uma das inúmeras faces da guerra com que ele ganhou a vida. Mas o poder da imagem vai muito além da sua existência física e, à medida que o romance avança, a história do artista e do soldado emerge, entrelaçada com uma história de amor condenada e o progresso de uma pintura impregnada de História.

Deslumbrante do início ao fim, O Pintor de Batalhas arrasta o leitor e subjuga-o, através da complexa geometria do caos do século XX: a arte, a ciência, a guerra, o amor, a lucidez e a solidariedade combinam-se no vasto mural de um mundo que agoniza.

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