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domingo, 20 de março de 2022

A Breve Vida das Flores

 

A minha opinião:

Alguns, raros livros, de beleza ímpar, agarram-nos na primeira página. Violette é uma personagem que nos conquista logo que se apresenta (e não é na primeira página que surge) e o mais incrível é que seja num cemitério que esta mulher luminosa vivia há vinte anos. Desilude-se quem espera algo de mórbido ou dramático porque esta é uma estória muito equilibrada, mesmo quando o que conta é amargo como um xarope que cura. 

E há os "lacrimorsos". Uma palavra inventada para reunir  a tristeza, a culpabilidade, os avanços e os recuos. Enfim, tudo o que nos dá cabo da vida. O que nos impede de seguir em frente. Nada disso impede Violette ou Julien, que se lhe juntou graças a Irène Fayolle e Gabriel Prdent, num misto de humor, ternura e afeto, com dor e alento. Um tom mágico para este romance. Nada é superfícial ou óbvio e tudo encaixa, ajusta, como um magnífico puzzle. Até Phillipe Toussaint e principlamente Sasha. A simplicidade universal e complexa dos sentimentos. Um romance que me apaixonou.

Autor: Valérie Perrin
Páginas: 448
Editora: Editorial Presença
ISBN: 9789722368438
Edição: 2022/ fevereiro 

Sinopse: 
Íntimo, poético e luminoso.
O romance protagonizado por uma mulher que, contra tudo e contra todos, nunca deixa de acreditar na felicidade.

Violette Toussaint é guarda de cemitério numa pequena vila da Borgonha. A sua vida é preenchida pelas confidências - comoventes, trágicas, cómicas - dos visitantes do cemitério e pelos seus colegas: três coveiros, três agentes funerários e um padre. E os seus dias pareciam ser assim para sempre. Até à chegada do chefe de polícia Julien Seul, que quer deixar as cinzas da mãe na campa de um desconhecido.

A história de amor clandestino da mãe daquele homem afeta de tal forma Violette, que toda a dor que tentou calar, toda a tristeza pela morte da sua filha vêm ao de cima. É tempo de descobrir o responsável por aquela tragédia.

Atmosférico, tocante e - tantas vezes - hilariante, este é um romance de vida: dos que partiram e vivem em nós, da luz que se pode revelar mesmo na mais plena escuridão. Porque às vezes basta a simplicidade de um gesto, basta a frescura da água viva para nos devolver ao mundo, a nós mesmos e aos outros.

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