A minha opinião:
Gosto de uma história escorreita, ágil, que não se perde em detalhes em que o foco é a ação e rapidamente percebemos o que o autor nos quer contar. Também por isso gosto de contos e como tal, não resisto a livros pequenos, desde que a sinopse me atraia, como foi o caso. Desengane-se quem julga que é um livro juvenil ou um livro de fábulas mas é um romance de encantar em que as aves e a fulgurante natureza latino-americana marcam presença em torno de personagens fascinantes numa saga familiar que se desenvolve a par com Santiago.
A Herança é o que os emigrantes legaram aos filhos que nunca tinham estado na Europa. Um código de classe e um vestígio de uma vida precedente. A Grande Guerra marcou uma fatura no Chile mas a trama não se limita e prossegue para outros grandes acontecimentos do sec. XX em que os Franco-Chilenos participaram numa narrativa épica. Nada melhor do que as palavras do autor:
"Era fascinante como um tribuno, astuto como um leitor de sinas. Sabia cuidar de pausas, arrastar silêncios de tensão narrativa, conter a emoção de uma personagem para não quebrar o ímpeto, explicar sem dizer, inventar uma artimanha para relançar o relato e desenhar uma paisagem tão real, tão fiel, que quem o escutasse tinha a impressão de estar inteiramente lá."
Autor: Miguel Bonnefoy
Páginas: 192
Editora: Edições Asa
Editora: Edições Asa
ISBN: 9789892356846
Edição: fevereiro/2023
Edição: fevereiro/2023
Sinopse:
A casa na Calle Santo Domingo abrigou três gerações da mesma família. O patriarca chegara no final do século XIX vindo de Lons-le-Saunier, em França. Trazia num bolso um pedaço de videira e no outro um punhado de trocos. Queria emigrar para a Califórnia, mas um golpe do destino desviou-o para o Chile. Ao chegar, um mal-entendido na alfândega fez com que fosse rebaptizado com o nome da sua terra natal - e assim nascia a família Lonsonier.
Anos mais tarde, o filho Lazare regressaria das trincheiras infernais da Primeira Guerra Mundial para se instalar nessa mesma casa com a mulher, Thérèse, construindo no jardim o mais belo aviário dos Andes, que serviria de berço à filha de ambos, Margot. A criança, cuja primeira visão do mundo foi a de cinquenta pássaros nos seus poleiros, cedo começou a sonhar com as alturas, tornando-se uma aviadora pioneira e mãe de um revolucionário, Ilario Da.
Ao longo do século XX, de duas guerras mundiais e de dois continentes, os Lonsonier mantiveram viva a lenda de um misterioso tio desaparecido em França. Mas quando uma tragédia se abate sobre a família, será essa figura mítica a guiá-los de volta a casa.
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