Páginas

sábado, 8 de dezembro de 2012

Zonas Íntimas

Autor:  Charlotte Roche
Edição: 2012, Juhho
Páginas: 247
ISBN: 9789892319803
Editora: Lua de Papel

Sinopse:
Logo nas primeiras páginas o leitor é guiado, com arrepiante despudor, para o último reduto da intimidade: o quarto de casal. É ali, debaixo dos lençóis, no decurso de um fellatio, prolongada e minuciosamente descrito, que Elizabeth se apresenta. Ela é uma mulher de 33 anos, mãe de uma filha de sete, a viver o seu segundo casamento. É a personagem principal, mas também o coro grego; expõe-se mas também se observa à distância. E nesse duplo processo, já não é apenas uma mulher casada, mas a mulher contemporânea, onde se desvendam as terríveis cicatrizes da modernidade.
Zonas Íntimas é um romance que nada teme, que despreza rótulos ou tabus. Ergue-se em torno da voz desabrida de uma mulher que não consegue perdoar a mãe (a negação do sexo) e que tenta reconciliar-se com o passado (a traumática perda de três irmãos). Nesse sôfrego monólogo interior, onde cruamente se expõem as marcas da contemporaneidade (a morte de Deus, o ambiente), o sexo surge já não como metáfora, mas como âncora - é no sexo, e pelo sexo, que Elizabeth se tenta (re)construir, perseguir a intimidade e, em última análise, sobreviver.

A minha opinião:
A sinopse e as criticas deixaram-me intrigada em ler um romance que tanto poderia gostar como detestar. Ponderei inclusive não o terminar, mas a curiosidade sobre todos aqueles controversos e perturbados pensamentos e atos descritos por Elizabeth durante um curto período de três dias (de terça a quinta-feira) num formato que poderia ser um diário solicitado pela psicoterapeuta que a acompanhava há 8 anos, levou-me a conclui-lo.

Não sei muito bem o que pensar e sentir sobre este romance intenso, perturbador e até neurótico mas acentuamente de cariz sexual. A personagem principal desnuda corpo e alma numa busca desesperada de algo que não está ao seu alcance e que divide o leitor entre a compaixão e o desdém. A obscessão com a morte ou a perda relacionada com a morte dos seus três irmãos num acidente de automóvel no dia do seu casamento, o divórcio dos pais em criança e as curtas  relações afetivas da mãe com vários homens, condicionaram o seu modo de vida e a sua sexualidade. Aliás, tudo é resumido na intimidade e sexualidade, e narradora e personagem princípal Elizabeth reconhece-se como doente e com demasiado tempo para se ocupar dos seus defeitos.
"(...)seria melhor uma guerra, uma fuga ou uma formação profissional qualquer, pois assim poderia libertar-me um pouco dos meus pais, do meu marido, da minha psique, da minha sexualidade."
(pag. 229)
 
Um tanto chocante ou perturbador, não por pudor, mas porque há  algum paralelo com o sentir real em determinadas circunstâncias.

Sem comentários:

Enviar um comentário