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terça-feira, 29 de janeiro de 2019

O Mundo Ardente

Autor: Siri Hustvedt
Edição: 2014/ maio
Páginas: 464
ISBN: 9789722054713
Tradutor: Tânia Ganho
Editora: Dom Quixote

Sinopse:
Harriet Burden é uma artista plástica consumida pela fúria. Sistematicamente menosprezada pelo meio intelectual nova-iorquino, Harriet decide levar a cabo uma experiência extrema a que chama Máscaras. Escondida por detrás de três identidades masculinas - três artistas que assumem a autoria do seu trabalho e o expõem -, ela tenciona revelar os preconceitos que imperam no mundo das artes. Pretende também desvendar os mecanismos da perceção humana e provar que ideias sobre sexo, raça e celebridade influenciam a maneira como olhamos para uma obra de arte. Mas a experiência vai longe de mais e o envolvimento da artista com a última das suas «máscaras» transforma-se num perigoso jogo psicológico de sedução e violência.
Anos após a morte de Harriet, um professor universitário decide reconstituir os seus passos e reunir numa coletânea fragmentos dos diários dela, recensões críticas e testemunhos dos filhos, companheiro e amigos. Desta multiplicidade de vozes, que tantas vezes se contradizem entre si, começa a emergir a verdadeira história de Harriet Burden, uma mulher enigmática, maior do que a vida.
O Mundo Ardente é um puzzle complexo e rigoroso, irónico e lúdico, que o leitor vai montando de capítulo em capítulo, decifrando pistas e mistérios. Uma obra visceral, comovente e provocadora.

A minha opinião:
"Todo o trabalho intelectual e artístico, incluindo as piadas, ironias e sátiras, tem mais sucesso na mente da multidão, quando a multidão sabe que, por detrás da grande obra, ou do grande embuste, se encontra uma pila e um par de tomates."

Harry era um prodígio. Incompreendida e durante demasiado tempo invisível. Os diários e vários testemunhos dão conta disso. Os homns da vida dela não a souberam amar e admirar. O pai silencioso, o marido distante, o filho fechado. Com a vivuvez e as sessões de psicanálise Harriet reescreveu a sua vida e libertou toda a sua energia criativa em obras para as quais usou pseudónimos, o narcisista Rune, o amigável Phineas e o iludido Anton.

"A arte vive apenas na percepção que temos dela."       
(pag. 292)

O mundo das artes e o microcosmos da interação humana. O devido reconhecimento das artes pelo seu valor. O mundo ardente na cabeça de Harriet Burden. São várias e complementares as temáticas num todo complexo em torno de uma mulher extraordinária. Culta, inteligente e requintada, que se debate com sentimentos de fúria, raiva e ambição. 

Para quebrar a minha ressaca de leitor não podia ter escolhido melhor.

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