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sexta-feira, 10 de maio de 2019

Maré Alta

A minha opinião:
Gosto de ser surpreendida por um bom livro. Ocasionalmente acontece, quando o livro não é tão divulgado quanto devia, principalmente, quando se trata de novos autores portugueses não consagrados.

Li agora o segundo dos três romances que Pedro Vieira já publicou. O primeiro não li. A ânsia de ler este romance surgiu na sequência de uma entrevista ao autor numa livraria bem conhecida. O avô materno de quem nem o nome sabe foi o mote para um romance que me fisgou logo nas primeiras páginas, pela linguagem brejeira, pejada de expressões populares que, uso e abuso e pelas personagens de ficção que me provocaram comoção e apreço.  E foi uma leitura compulsiva, em suspense, por aquelas vidas difíceis e árduas que povoaram um passado recente. Vidas incompreendidas. Vidas comuns. 

Retrato de um homem, de um família, de um povo.  Portugal do sec. XX. Um romance bestial de homens e mulheres valentes. Bem pensado e bem concebido. Uma epopeia que marca. Não vou perder nenhum outro romance do Pedro.

Autor: Pedro Vieira
Edição: 2019/ fevereiro
Páginas: 472
ISBN: 9789896657314
Editora: Companhia das Letras

Sinopse:
Cabe quase tudo num século de vida de um povo. Naufrágios e glórias, luz e trevas, gente levantada e de joelhos. E, durante todos esses anos, a maré sobe e desce. Há um país que se vai transformando, mesmo visto de longe. Há homens em fuga para a frente, que trocam de nome e de moral. Há mulheres de dentes cerrados. Há filhos deixados para trás. Meadas de histórias e de sangues às quais se perdeu o fio.

Num romance sem heróis, onde todos lutam, sobrevivem e morrem a tentar ser livres, é possível, embora vão, tentar destrinçar, no meio do medo e da culpa, onde acaba a ficção e começa a realidade. E se, por vezes, a intimidade da escrita nos aproxima de acontecimentos distantes, noutros, é a frieza da narrativa que resguarda momentos de grande profundidade. Cortesia de um dos romancistas mais promissores da literatura portuguesa contemporânea, Maré alta é um retrato cru e épico do Portugal do século XX e de quem o viveu, no limiar onde a esperança, o sonho e a memória se confundem e perdem na sucessão de marés.

Um século é muito tempo. Um século não é nada, quando aprendemos a nadar.

1 comentário:

  1. muito obrigado pelo feedback em relação ao livro, Vera. espero continuar a merecer a confiança.

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