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sábado, 30 de maio de 2020

Canto Nómada

A minha opinião:
Toda a Austrália poderia ser lida como uma partitura. Assim é sentido através deste livro.
 
Muitas histórias deliciosas e curiosas se passam aqui enquanto se segue o canto apaixonado de um homem. Pensamentos, citações, breves encontros, notas de viagem… Um diferente olhar. É espantoso! Fiquei encantada com literatura de viagens!
 
A escrita vibrante e enérgica seduz. Alguma ironia e irreverência também me fizeram sorrir. Qualquer tema seria ótimo mas a Austrália é... Uau! Os Aborígenes são duros de roer e muito pragmáticos e este país é antigo. De cepa velha!
 
A explicação é simples e o canto não é meramente figurativo.
"A maior parte do interior da Austrália era mato árido ou deserto, onde as chuvas raramente caíam e onde um ano de abundância podia ser seguido por anos de penúria. Toda a gente desejava ter, pelo menos, quatro saídas , ao longo das quais poderia viajar em tempo de crise. Todas as tribos - quer quisessem quer não - tinham cultivar relações com os vizinhos." (pag. 74) Estas saídas/ estradas, seguiriam a linha dos infalíveis poços de água, e os bebedouros eram centros cerimoniais onde homens de diferentes tribos se reuniam. Antes de os Brancos chegarem à Austrália, não faltava terra a ninguém, pois todos herdavam como propriedade privada um pedaço do canto do Antepassado e o lote do terreno por onde passava. Os versos de um homem eram o seu título de propriedade.

Tanto que eu não sabia e sequer cogitava. Tanto gozo em desvendar mistérios que o tempo guardou e o nómada revelou. Um livro que fez furor e continua a ser um prazer de ler.

Autor: Bruce Chatwin
Páginas: 360
Editora: Quetzal Editores
ISBN: 9789725648193
Edição: 2009/ setembro
 
Sinopse:
           Uma viagem extraordinária - através dos caminhos mágicos dos antigos aborígenes da Austrália - em busca da beleza, da espiritualidade, do tempo e do sentido da vida.

O grande território da Austrália pré-colonial era um mapa povoado por aborígenes, nómadas e caçadores-recoletores. Os caminhos que eles percorriam, trilhos quase invisíveis e flutuantes, são hoje conhecidos como songlines, mas para os antigos habitantes significavam também um rasto da memória dos seus ancestrais que, como numa lenda sobre a criação do mundo, caminhavam sobre o desconhecido.

É nesse mundo solitário e quase desabitado da Austrália que Chatwin coloca as suas personagens numa espécie de viagem filosófica, esmagadas pela paisagem, cruzando-se com caçadores de fortunas ou feiticeiros aborígenes, campónios desterrados, polícias que gostariam de ser escritores ou camionistas perdidos.

Ao longo dessa viagem destemida, interrogamo-nos acerca do nosso destino, sugerindo que somos uma espécie de nómadas desenhando caminhos sobre a terra.

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