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segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Niketche Uma história de poligamia

 

A minha opinião:

Uma franqueza que espanta, uma doçura que encanta. E eu fico abismada com esta Rami que é uma personagem grande e me enche ternura e admiração por este seu esforço em perceber a poligamia. Uma história batida desde que há homens e mulheres no mundo mas Rami, a primeira das cinco mulheres de Tony não se fica e vai atrás da versão de cada uma para compreender a sua dor e solidão. Revelação atrás de revelação e Rami muda. E Tony enfraquece aos olhos destas mulheres que dançam a Nikeche juntas e se afirmam como mulheres, apesar da dicotomia norte e sul. Tantas mulheres cabem no universo quando este se abre como um livro. Muitas metáforas para bem o explicar. E um belo romance que vinte anos idos continua eloquente e sentido. A tradição e cultura numa narrativa com apelo à terra que a inspira.

Autor: Paulina Chiziane
Páginas: 360
Editora: Editorial Caminho
ISBN: 9789722128186
Edição: 2016/  

Sinopse:
Rami, casada há vinte anos com Tony, um alto funcionário da polícia, de quem tem vários filhos, descobre que o partilha com várias mulheres, com as quais ele constituiu outras famílias. O seu casamento, de «papel passado» e aliança no dedo, resume-se afinal a um irónico drama de que ela é apenas uma das personagens. Numa procura febril, Rami obriga-se a conhecer «as outras». O seu marido é um polígamo! Na via dolorosa que então começa, séculos de tradição e de costumes, a crueldade da vida e as diferenças abissais de cultura entre o norte e o sul da terra que é sua, esmagam-na.

E só a sabedoria infinita que o sofrimento provoca lhe vai apontando o rumo num labirinto de emoções, de revelações, de contradições e perigosas ambiguidades. Poligamia e monogamia, que significado assumem? Cultura, institucionalização, hipocrisia, comodismo, convenção ou a condição natural de se ser humano, no quadro da inteligência e dos afetos? Paulina Chiziane estende-nos o fio de Ariadne e guia-nos com o desassombro, a perícia e a verdade de quem conhece o direito e o avesso da aventura de viver a vida.

Niketche, dança de amor e erotismo, é um espelho em que nos vemos e revemos, mas no qual, seguramente, só alguns de nós admitirão refletir-se.

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