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domingo, 13 de fevereiro de 2022

Choram Mães-Casa seus Filhos-Metade

 

A minha opinião:

Não li a sinopse deste livro tão pequenino e belo após ler o prólogo Naugrágio soube logo ao que ia. Aos milhares de imigrantes naufragados no mar Mediterrâneo.

Por norma evito livros que me magoam demasiado porque não consigo o distanciamento suficiente de quem tanto ouve e sabe sobre cruéis realidades. Mentalizo-me para o ler e para enfrentar o que gostaria de erradicar. O medo, a solidão e a morte.

Li devagar pela beleza das palavras e pelo peso do sentido. É um livro pequeno mas não poderia ser grande porque as enormidades cabem em pouco. Curtos capítulos dedicados aos esquecidos. A menina sem nome de Moçambique, os meninos das minas de carvão da Indía, às crianças findas na Síria, ou suspensas nos campos na Grécia. E tantos artigos que salvaguardam os direitos das crianças mas que o homem precisa de recordar para cumprir a sua humanidade. Como este livro precisa de ser lido para perceberem a dimensão do sofrimento que leva a seguir a esperança. E... que fazemos nós?

Autor: Rute Simões Ribeiro
Páginas: 80
Editora: Distopia
ISBN: 9798708340290
Edição: 2021/ abril 

Sinopse: 
Choram Mães-Casa seus Filhos-Metade sucede à obra A Revolução dos Homens Sentados e apresenta sete breves histórias que franqueiam, sem concederem à amenidade, a violenta vivência, ainda hoje, de muitas crianças em vários lugares do mundo. São textos-nus, de força crua, inexoráveis, não complacentes com o esquecimento. Rute Simões Ribeiro transporta para a literatura a verdade sem ambiguidade e sem transformação, a não ser a da estética humanista do quase-poema. Desobediente uma vez mais a convencionalismos literários ou sequer deles consciente, a autora impõe aos textos somente o ritmo da rudeza e o fôlego da sensibilidade que dessa brutalidade se extrai, concluindo-se em narrativas breves delicadamente cruas, irredutivelmente humanas. Não obstante exalarem os textos reais existências na mais dura das suas possibilidades, a autora nunca compromete o lugar da literatura, antes a exalta à função de consciência. O livro recorda, em diversas citações, a Convenção sobre os Direitos das Crianças, a Declaração Universal dos Direitos Humanos e a Convenção de Genebra relativa ao Estatuto dos Refugiados. Constrange o leitor ao desassossego da humanidade que nele se agite e dificilmente se separará do que for capaz de transpor as suas páginas. Encontra-se nesta série o texto O Naufrágio, que integrou os microcontos nacionais finalistas selecionados pela Escrever Escrever, no âmbito do European Association of Creative Writing Programmes (EACWP) Flash Fiction Contest III Ed. 2020.

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