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sábado, 20 de agosto de 2022

Olho da Rua

 

A minha opinião: 

O título é elucidativo. Olho da rua é uma expressão que significa despedimento, rescisão de contrato (ou despejo, expulsão de casa). Um grupo de pessoas que são identificadas como os animais com os quais partilham características estão em risco de sair de uma agência de publicidade e um modelo "japonês" é utilizado para determinar quem. A lei da selva também serve para o escrutínio nesta "fábula" moderna em que entre si escolhem os que vão para o olho da rua.

Nada nesta trama bem urdida e fantasiosa é alheio à realidade. Os sentimentos subjacentes que comportam diversos comportamentos consoante o tipo de personalidade correspondem e talvez seja interessante pensar nisto porque apesar do humor existem situações terríveis. Um pequeno núcleo que tem que coabitar em conflito até ao desfecho imprevisível.

Muito bom e viciante. A adrenalina que todas as personagens carregam passa para o leitor e apesar do sarcasmo e ironia presente em toda a narrativa é um romance forte e atual que não nos deixa indiferentes. A contrapartida surgiu depois de uma jovem se suicidar no dia de natal depois de mais uma jornada de trabalho de vinte horas. E tanto que este livro contêm sobre os riscos em balancear estabilidade, liberdade e realização.

Autor: Dulce Garcia
Páginas: 328
Editora: Companhia das Letras
ISBN: 9789897841873
Edição: 2022/  junho

Sinopse: 
No Japão, uma rapariga suicida-se na noite de Natal, atirando-se de uma janela do seu local de trabalho, a principal agência de publicidade do país. No mês anterior, tinha cumprido 105 horas extraordinárias. Em Lisboa, uma agência de publicidade decide adotar uma inovadora estratégia japonesa de despedimento: os colaboradores que estão na calha para ir para a rua são convidados a desempenhar o papel de carrasco e escolher entre si quem deverá ser despedido.

Um jogo ingrato e perigoso, que transforma a empresa num campo de batalha. Entre mortos e feridos, ninguém se salva: multiplicam-se as intrigas e os golpes baixos, formam-se alianças improváveis, desperta um romance escaldante, e até ocorre um homicídio bizarro.

Um romance que traz para o universo da ficção a realidade do quotidiano urbano do século XXI: trabalha-se para viver e vive-se para trabalhar. No escasso tempo que sobra, ficamos à mercê de quem nos paga o salário e de uma irremediável solidão. Mordaz e cru, Olho da Rua traz à tona a mesquinhez do ser humano e de uma sociedade garrotada pela competição.

Povoada por figuras com quem nos cruzamos todos os dias mas de quem desconhecemos o lado oculto, eis uma sátira irresistível do nosso mundo e uma alegoria sobre o instinto de sobrevivência e o impulso de liberdade.

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