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quinta-feira, 4 de agosto de 2022

Pela Graça de Deus

 

A minha opinião: 

Os crimes da Torre de Belém. Um local considerado inexpugnável transformado como cenário para um jogo macabro. Uma história violenta inserida na História da Fortaleza da Torre. O primeiro crime enigmático é de um físico famoso. Um homem do saber que desafiava os dogmas dos escolásticos. O segundo crime é um académico reconhecido, que defendia a reforma das universidades. O terceiro, um cortesão. Um jurista, que visava a sociedade burguesa. A última vitima, um astrólogo. Ou não será a última?

Um thriller histórico surpreendentemente bom para quem nada tinha lido de Luísa Beltrão. As perseguições aos judeus, ou cristãos novos, porque ninguém tolera ser considerado inferior, sobretudo os que têm poder. A Cabala. A astrologia. A corrupção e a Peste. A profecia. A arte da memória, quando os monumentos contam histórias. E tanto que abrange sem maçar. E sem aprofundar mais do que o suficiente para cativar. E sem esquecer o protagonista António Cardoso de Mello, que investiga e arrebata o leitor. Um romance histórico empolgante que nos leva ao encontro de figuras da época num tempo de convulsão social e política em que Portugal era um Reino muito vasto.

Autor: Luísa Beltrão
Páginas: 320
Editora: Casa das Letras
ISBN: 9789896614171
Edição: 2022/  maio

Sinopse: 
Em pleno século XVI - num período em que Portugal se cumpre como Império - a fortaleza da Torre de Belém torna-se palco de uma série de crimes insólitos e violentos. Acessível por mar e aparentemente inviolável, o monumento é o símbolo máximo da expansão do reino, mas, nos seus pequenos detalhes, parece anunciar também a sua queda...

António de Mello, o jovem Ouvidor da Casa do Cível encarregado de investigar as ocorrências e descobrir o autor dos homicídios, debater-se-á entre os que atribuem as mortes à sanha do demónio e os que, observando as afinidades das vítimas, creem nos planos de uma seita que deplora as mudanças que se avizinham. Porém, em vez de soluções, encontrará cada vez mais obstáculos e a ideia de que, quanto mais avançar, mais tudo ficará na mesma.

Num thriller absolutamente excecional pelo qual perpassam muitas personagens históricas - de Pedro Nunes a Garcia de Orta ou Damião de Góis -, bem como temas tão diversos como a Cabala, a Inquisição, a Astrologia ou a corrupção e os atos praticados em nome de Deus, Luísa Beltrão constrói uma teia exemplar na qual o leitor se enredará tanto como o protagonista para concluir que o passado, ao contrário do que frequentemente se pratica, tem de ser compreendido, e não julgado.

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