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sábado, 19 de julho de 2014

A Beleza das Coisas Frágeis

Autor: Taiye Selasi
Edição: 2014/ março
Páginas: 392
ISBN: 9789897221484
Editora: Quetzal

Sinopse:
Um dia, Kweku Sai, um cirurgião de renome, americano de origem ganesa, abandona a sua família, na América, e regressa ao Gana. É uma família africana da «nova geração» a viver na América. Folásadé Savage (Folá) abandonou a Nigéria e partiu para a Pensilvânia, onde conheceu o seu marido Kweku. O filho mais velho, Olu, segue as pisadas do pai e é um médico brilhante; Kehinde é uma pintora cujos quadros atingem cotações elevadas no mercado de arte; Taiwo, uma aluna brilhante, é uma notável pianista; e Sadie está na lista de espera para entrar em Yale. É esta família que Kweku abandona quando regressa ao Gana, onde morre – à porta de casa, na sua cidade natal, Acra.

As notícias da morte de Kweku correm rapidamente mundo fora e acabam por reunir a família. A Beleza das Coisas Frágeis (Ghana Must Go) conta a história destas pessoas – e mostra os caminhos que as reaproximam.
Neste reencontro, no Gana, é revelada a história que levou ao seu afastamento, bem como os corações destroçados, as mentiras e os crimes cometidos em nome do amor. Cada um, transportando os seus degredos e mágoas, descobrirá no Gana que um novo caminho e uma nova família estão prestes a emergir.
Neste seu belíssimo e eletrizante romance de estreia – o retrato de uma família moderna –, Taiye Selasi desloca-se com elegância através do tempo, mostrando que só a verdade pode curar as feridas escondidas.

A minha opinião:
Há livros que temos que ler demoradamente, porque são de uma beleza ímpar. A escrita, as personagens e a história. Tudo neste romance é caloroso, suave e sensível, como as coisas frágeis e belas que tanto devemos prezar e preservar. 

O grafismo da capa e o título atraíram, mas foi a promessa contida na sinopse que determinou esta leitura, que quando concluída, apetece recomeçar.

As personagens são seis. E seis, são os elementos desta família. Todos participam de igual modo, no que é comum a todos eles, mas todos o sentiram de forma diferente. Todos cresceram ou evoluíram como seres únicos que são. Todos têm a sua história para contar. O retrato de uma família que regressa às suas raízes para uma despedida e acaba por enfrentar a verdade. As mágoas que os afastaram podem ser esclarecidas sem muitas palavras entre eles, e o amor que os liga pode ser mais forte que a distância e os temores.

"Os irmãos irradiam brilho. Olu, Taiwo, Kehinde e Sadie. Há o fulgor calmo de Olu, a sua voz profunda e confiante que lhe vem do conhecimento dos factos. Há o génio obscuro de Taiwo, o tom rouco e sedutor da sua voz, (...) o seu denso ar de mistério e de encanto natural, como só têm as mulheres cuja beleza é uma espécie de facto, sem possibilidade de mais do que interpretação. Há o talento puro de Kehinde, a sua ligação às imagens e a calma confiança com que olha para as coisas, como se o mundo estivesse coberto por um padrão tão indescritivelmente belo e cheio de significado, que se alguém visse tudo tão claramente como ele, também teria enfrentado o cavalete em branco com um pincel na mão e do modo natural e simples com que se vê um filme e o telejornal, sem nenhum empenho especial, vendo apenas e tentando compreender o que se vê. E há a baby Sadie. Com uma década de atraso, chegada no inverno, um engano feliz, com a sua mistura de competências, mas sem nenhum dom acima da média."                                                          (pag. 265)

E há o pai Kweku Sai. Um cirurgião sem igual, que tudo fez para ser merecedor da sua princesa nigeriana. Para ser merecedor de Folá, para dar um sentido ao seu sacrifício, ele tinha que ser bem sucedido. E por isso, não foi capaz de lidar com o que lhe sucedeu.

Prosa elegante e requintada para desfrutar ao ritmo dos sons africanos e imaginando as paisagens descritas com os cheiros característicos. 

Um livro como poucos. Um prazer de ler.

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