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quarta-feira, 24 de março de 2021

A dança das estrelas

A minha opinião:

Emma Donoughue é uma estreia para mim que não li ou quis ler O quarto de Jack. E está a ser auspiciosa, apesar do tema, muito atual, pertinente e difícil  que, irremediavelmente enreda. O trio feminino de protagonistas é admirável e a empatia total.

Nota prévia: Qualquer semelhança com a realidade não é pura coincidência nesta empolgante história.

Quatro grandes capítulos, com as cores que os pacientes têm quando não recebem oxigénio suficiente no sangue e quanto mais grave altera a escala de cor. Um terrível arco-íris. A ação passa-se num hospital com parturienses infetadas com a gripe espanhola num atulhado quarto de apenas três camas. E a dura vida daquelas mulheres naquela época em que, após a guerra tantos pereceram e se debatem com a escassez, a doença e a ignorância em famílias numerosas é avassalador. Dublin, outubro de 1918. Os dogmas da igreja. O milagre da vida e da morte numa dança de estrelas. As mulheres sempre foram umas heroínas.

"Doença desalmada. Por vezes, leva meses até os pacientes sucumbirem à gripe, que se vai insinuando neles sob a forma de complicações decorrentes de pneumonia, lutando por cada polegada de território. Outros sucumbem em questão de horas." (pag.19)

"A raça humana acaba sempre por conseguir vencer qualquer praga... Ou aquietá-la, pelo menos. De alguma maneira, acabamos por nos adaptar, partilhando a terra com as novas formas de vida que vão surgindo." (pag. 270)

Obrigada. Porto Editora.

Autor: Emma Donoghue
Páginas: 304
Editora: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-03408-3
Edição: 2021/ março

Sinopse: 
Dublin, 1918.
Numa Irlanda duplamente devastada pela guerra e doenças, a enfermeira Julia Power trabalha num hospital sobrelotado e com falta de pessoal, onde grávidas que contraíram uma gripe desconhecida são colocadas em quarentena. Neste contexto já bastante difícil de gerir, Julia terá ainda de lidar com duas mulheres enigmáticas: a Dra. Kathleen Lynn, procurada pela polícia por ser uma líder revolucionária do Sinn Féin, e uma jovem ajudante voluntária sem experiência de enfermagem, Bridie Sweeney.
É numa enfermaria minúscula, escura e sem condições, que estas mulheres vão lutar contra uma pandemia desconhecida, perder pacientes, mas também trazer novas vidas ao mundo. No meio da devastação, histórias de amor e humanidade no dia a dia de mães e cuidadoras que, de várias formas, acabam por cumprir missões quase impossíveis.

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